PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ic6edã TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA REGISTRADO(A) SOB N IIIIIIIIIIIIIIIIIIUI *01407332* Vistos, relatados e discutidos estes autos de AGRAVO DE INSTRUMENTO n 690.136-5/7-00, da Comarca de BIRIGUI, em que é agravante CESP - COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO sendo agravados JOÃO ALVES DOS SANTOS e OUTRA: ACORDAM, em Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO, POR MAIORIA, VENCIDOS O 3 o JUIZ QUE NÃO CONHECIA POR INCOMPETÊNCIA DA CÂMARA E O 2 o JUIZ QUE DAVA PROVIMENTO E DECLARARÁ VOTO", de conformidade com o voto do Relator, que íntegra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores RENATO NALINI e AGUILAR CORTEZ. São Paulo, 23 de agosto de 2007.
PODER JUDICIÁRIO Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Agravo de Instrumento n 690.136 5/7 Voto n 14.940 Comarca de Bingui - 03 a Vara Cível Agravante: CESP - Companhia Energética de São Paulo Agravados: João Alves dos Santos e outro AGRAVO DE INSTRUMENTO - Meio ambiente - Reintegração de posse - Área de preservação permanente - Bacia de Acumulação da Usina Hidrelétrica Três Irmãos - Decisão que indeferiu a liminar - Motivação suficiente - Ocupação ocorrida há mais de 02 anos - Recurso desprovido. Trata-se de agravo de instrumento interposto pela CESP - Companhia Energética de São Paulo contra o indeferimento da liminar nos autos da ação de reintegração de posse movida em face de João Alves dos Santos e outro. Alega a recorrente, em síntese, ausência de motivação da decisão; que seria legítima proprietária da área expropnada, que as edificações dos agravados estariam em área de preservação permanente, faixa de segurança do reservatório para geração de energia elétrica, causando danos ambientais, e, finalmente, que o bem seria público, cabendo a reintegração independentemente do tempo. de informações. É o relatório Desnecessária a intimação dos agravados e a requisição O recurso deve ser desprovido O Juízo a quo, ao apreciar o pedido de reintegração na posse, entendeu: h Agravo de Instrumento n 690 136 5/7 - Comarca de Bingui / 1
"deve ser aplicada ao caso a segunda parte do artigo 924 do Código de Processo Civil, ainda que consideradas as particularidades do caso.a propósito já se decidiu que: REINTEGRAÇÃO DE POSSE - Liminar - Posse velha de mais de ano e dia - Prazo decadencial - Reservatório de Usina Hidrelétrica - Imóvel pertencente à CESP - Bem público - Prevalência das regras do Código de Processo Civil - Ainda que se trate de imóvel, bem público, a liminar de reintegração de posse, deve obedecer as regras do Código de Processo Civil, quanto ao prazo de um ano e dia da turbação ou do efetivo esbulho - Decisão confirmada - Recurso não provido (Agravo de Instrumento n 263.264-5 - Paraibuna - 5 a Câmara de Direito Público - Relator: Xavier de Aquino - 23.05.02 - V U). (..)" (fl. 65/66). Inicialmente, ressalte-se, que a decisão está suficiente fundamentada, mexistindo qualquer ofensa ao princípio constitucional invocado. Não obstante a degradação, por ocupação da área de preservação permanente, destinada à faixa de segurança do reservatório para geração de energia, o fato é que impossível determinar a demolição das construções pelo tempo transcorrido desde a ocupação - 01 /06/2002, cf. documentos apresentados pela própria agravante fl. 55. Não se desconhece que todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, e que todos, o Poder Público e a coletividade, têm "o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações" (art. 225, caput, da CR/1988), mas isto não autoriza concluir não é possível que se despreze princípios comezinhos de direito e se atropele a instrução na busca de tal preservação próprios fundamentos. Portanto, a r. decisão atacada deve ser mantida por seus Em face de tais razões, nega-se provimento ao recurso. Agravo de Instrumento n 690 136 5/7 - Comarca de Bingui
PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO SEÇÃO DE DIREITO PUBLICO CÂMARA ESPECIAL DO MEIO AMBIENTE VOTO VENCIDO N 13-403 AGRAVO DE INSTRUMENTO N 690.136-5/7-00- BIRIGUI - Agravante: CESP - COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO Agravados: JOÃO ALVES DOS SANTOS e OUTRO Respeitada a convicção da Douta Maioria, meu voto proveria o agravo. O que está em jogo é a preservação do maltratado ambiente brasileiro, paradoxalmente protegido pela Constituição da República, mas continuamente vulnerado na conduta diuturna por autoridades e por cidadãos. Não incide a regra da posse velha para terrenos públicos, insuscetíveis de apropriação por particulares ou de prescrição aquisitiva. A ocupação da área ocorreu na reserva de preservação permanente, faixa de reservatório para geração de energia elétrica. O tema é eminentemente ambiental Não é o interesse econômico da CESP, menos ainda um desvio na utilização da Câmara Especial do Meio Ambiente. A irreparabilidade dos danos dessa ocupação indiscriminada - o que já ocorre em torno às famigeradas represas Billings e Guarapiranga - é bem minudenciada pela agravante. Examine-se o teor de suas informações a fls. 9 e 10 dos autos para se dimensionar o alcance da lesão ambiental: a ocupação irregular pode causar assoreamento do Rio Paraná e afluentes, extinção de espécies, prejuízo da fiscalização da CESP, afetação da AGRAVO DE INSTRUMENTO N 690 136-5/7-00-B1RIGUI - VOTO VENCIDO V 13.403
PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO SEÇÃO DE DIREITO PUBLICO CÂMARA ESPECIAL DO MEIO AMBIENTE economia regional, dano à integridade dos invasores, perigo de contaminação dos rios, iminente risco ao desenvolvimento econômico social e extinção da mata ciliar. Bastaria uma dessas potenciais ameaças para legitimar a concessão da medida liminar. Ocorre que o formalismo, o procedimentalismo, a tecnicalidade exagerada contribuem para debilitar a defesa de um ambiente que não tem por si senão um reduzido pugilo de ecologistas conscientes. A leniência com que se encaram as lesões ambientais estimula a continuidade das infrações e a invocação ao fato consumado, que tem se resignado a não atuar depois de causado o mal irreparável. No momento em que a administração pública se propõe a recuperar o tempo perdido e a conferir ao meio ambiente o tratamento consentâneo com a ordem constitucional, uma concepção ainda anacrônica de processo impede efetiva tutela do único direito intergeracional explicitado na ordem fundante brasileira. Respeitosamente, meu vojro conferiria provimento ao agravo da CESP para/a concessão da imprescindível e saneadora medida Uminar nos autos da reintegração de posse por ela^movida contra os agravados. jr ^ RENATO NALINI AGRAVO DE INSTRUMENTO N 690 136-5/7-00-BIRIGUI - VOTO VENCIDO N" 13.403