ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho ACÓRDÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO N 018.2012.001.881-9/001 Comarca de Guarabira RELATOR: Des. Genésio Gomes P. Filho AGRAVANTE: Pedro Paulo Soares de Andrade ADVOGADO: José Gouveia Lima Neto AGRAVADO: Município de Cuitegi CONSTITUCIONAL e ADMINISTRATIVO Agravo de Instrumento Servidor em estágio probatório Concessão de licença remunerada para realização Mestrado Faculdade da Administração Pública Observância ao interesse do ensino e à dotação orçamentária Ausência dos requisitos autorizadores Desprovimento do Agravo de Instrumento. Consoante art. 34, parágrafo único da Lei n 158/98 que dispõe sobre o Plano de Carreira e Remuneração do Magistério Público de Cuitegi, a licença para aprimoramento profissional é uma faculdade e não um dever da administração municipal, a depender de dotação orçamentária e desde que não haja prejuízo aos alunos, vez que a referida licença, nos termos do mencionado dispositivo legal, "poderá ser concedida por ato do Chefe do Executivo Municipal, respeitando o interesse do ensino e o orçamento específico". VISTOS, relatados e discutidos os autos T., acima identificados. ACORDAM os integrantes da Eg. Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, negar provimento ao Agravo
, de Instrumento, à unanimidade, nos termos do voto do relator e da certidão de julgamento de fl. 146. RELATÓRIO Pedro Paulo Soares de Andrade interpôs Agravo de Instrumento com pedido de atribuição de efeito suspensivo nos autos do Mandado de Segurança com Pedido Liminar, impetrado pelo agravante em face do Prefeito do Município de Cuitegi, com o fim de lhe ser concedida a licença remunerada para aprimoramento profissional. Aduz que foi aprovado no Mestrado Profissionalizante (PROFMAT), do Programa de Pós Graduação em Matemática do CCEN-UFPB, em regime integral, iniciado em março do corrente ano, porém, teve seu pedido indeferido pela administração municipal, em virtude de se encontrar em estágio probatório, bem como pela carência de professores e por não ter dotação orçamentária. Pede a concessão do pedido liminar para que seja deferida a licença remunerada para aperfeiçoamento profissional, nos termos da legislação municipal vigente (lei n 158/98). Pedido liminar indeferido às fls. 77/78. Conforme certidão de fl. 85, não foram prestadas as informações pelo juízo a quo, tampouco houve resposta do agravado. Instada a se pronunciar, a d. Procuradoria de Justiça opinou pelo desprovimento do Agravo (fls. 86/89). Informações prestadas pelo magistrado de primeiro grau (fls. 93/94), com juntada de documentos (fls. 96/141). É o relatório. VOTO Cuida-se de Agravo de Instrumento com pedido de atribuição de efeito suspensivo, interposto nos autos do Mandado de Segurança com Pedido Liminar também impetrado pelo ora agravante, ern face do Prefeito do Município de Cuitegi, com o fim de lhe ser concedida a licença remunerada para aprimoramento profissional. Extrai-se dos autos que o agravante foi aprovado no Mestrado Profissionalizante (PROFMAT), do Programa de Pós Graduação em Matemática do CCEN-UFPB, em regime integral, iniciado em março deste ano, porém, teve seu pedido de licença remunerada indeferido pela Administração Municipal, sob o argumento de que ainda se encontra em estágio probatório, ademais, não haveria professor que pudesse substituí-lo.
Por fim, que não há dotação orçamentária. Como afirmado na ocasião da análise do pedido liminar, consoante art. 34, parágrafo único da Lei n 158/98 que dispõe sobre o Plano de Carreira e Remuneração do Magistério Público de Cuitegi, a licença para aprimoramento profissional é uma faculdade e não um dever da administração municipal, a depender de dotação orçamentária e desde que não haja prejuízo aos alunos, vez que a referida licença, nos termos do mencionado dispositivo legal, "poderá ser concedida por ato do Chefe do Executivo Municipal, respeitando o interesse do ensino e o orçamento especifico". (grifamos) De fato, o agravante é servidor público ainda em estágio probatório, o que, a princípio, inviabilizaria a concessão da licença pretendida. Embora a lei municipal seja omissa quanto à estabilidade do servidor como condição para deferir a licença para aperfeiçoamento profissional, a LC n 58/2003 (lei que trata do regime público dos servidores civis do Estado da Paraíba) é expressa e se aplica aos municípios nos casos de lacunas da lei. Prescreve o art. 20, 4 0 da referida lei estadual: "ao servidor em estágio probatório somente poderão ser concedidas as licenças e o afastamento previstos no art. 82, incisos I a IV, e art. 91, bem assim, o afastamento para participar de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na Administração Pública Estadual". O mencionado art. 91 trata de mandato eletivo. Por sua vez, o art. 82 prevê os casos em que a licença remunerada, poderá ser concedida aos servidores em estágio probatório. São eles: I - por motivo de doença em pessoa da família; II por motivo de afastamento do cônjuge ou do companheiro; III para o serviço militar; IV- para atividade política". Por fim, ressalte-se que a concessão de licença de servidor que ainda não cumpriu o prazo do estágio probatório não se trata de ato discricionário da Administração, pois a lei prescreve, taxativamente, todas as hipóteses em que é possível a concessão de licença ao servidor não estável. Ademais, a lei municipal é clara (art. 34) quanto à faculdade da Administração Pública quanto à concessão desta licença, não sendo, pois, um dever do ente público, o qual deve ter em vista ainda o interesse do ensino e orçamento. Neste sentido, a LC 58/2003 assevera: Art. 88 - Como dispuser legislação específica, o servidor poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do cargo efetivo, sem prejuízo da respectiva remuneração, para participar de curso de capacitação, treinamento, reciclagem e aperfeiçoamento.
Sendo assim, impossível conceder o direito perseguido pelo agravante, mormente por meio do presente recurso. Instrumento. Isto posto, nego provimento ao Agravo de É como voto. Presidiu a Sessão o Exmo. Sr. Des. Genésio Gomes Pereira Filho. Participaram do julgamento, o Exmo. Des. Genésio Gomes Pereira Filho, Dr. João Batista Barbosa, Juiz Convocado para substituir o Exmo. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos e o Exmo. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides. Presente ao julgamento a Dra. Jacilene Nicolau Faustino Gomes, Procuradora de Justiça. Sala de Sessões da Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, João Pessoa, 22 de outubro de 2012. CÁ_ Des. Gen io Gome Relator eira Filho
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