ESTUDO DA ACESSIBILIDADE: BIBLIOTECA E RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ. Marcelo Lemos Barini 1



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Transcrição:

ESTUDO DA ACESSIBILIDADE: BIBLIOTECA E RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ RESUMO Marcelo Lemos Barini 1 Thiago Morais de Castro 2 Fernanda Antonio Simões 3 Bruno Luiz Domingos De Angelis 4 Célia Regina Granhen Tavares 5 Aline Giseli Martim 6 Fabiana Bassani 7 A falta de acessibilidade segrega pessoas de diversas condições sócio-econômicas da sociedade. No contexto ambiental, a problemática da acessibilidade está inserida em quase todos os espaços. Na Universidade Estadual de Maringá (UEM) a situação não é diferente, pois há presença de barreiras que se opõem á acessibilidade. Essa situação ocorre devido à falta de preocupação com os acessos adequados, inexistindo assim, os direitos de ir e vir com autonomia, independência e segurança dos portadores de deficiência física. O presente estudo analisa as condições de acessibilidade da área proposta, a saber: a Biblioteca Central e o Restaurante Universitário da UEM em Maringá, bem como, as vias de acesso a esses locais como, por exemplo, calçadas, rampas de acesso, escadas e estacionamentos. Propõe-se com este artigo, promover a conscientização dos usuários, dos gestores da Universidade e da comunidade em geral, quanto às questões de acessibilidade. A visita in loco permitiu verificar que há a intenção de um planejamento voltado à inclusão dos portadores de deficiência, por parte da Universidade, mas mesmo assim, em alguns aspectos, a área de estudo pouco se enquadra na norma NBR 9050/2004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Palavras-chave : Acessibilidade, Pessoa portadora de deficiência, Inclusão social. 1 Mestrando, Universidade Estadual de Maringá UEM, Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana PEU, marcelobarini@hotmail.com 2 Mestrando, Universidade Estadual de Maringá UEM, Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana PEU, thiagoeapp@yahoo.com.br 3 Prof a. Dr a., Universidade Estadual de Maringá UEM, Departamento de Engenharia Civil DEC, fasimoes@uem.br 4 Prof. Dr., Universidade Estadual de Maringá UEM, Departamento de Agronomia, brucagen@uol.com.br 5 Prof a. Dr a., Universidade Estadual de Maringá UEM, Departamento de Engenharia Química, celia@deq.uem.br 6 Mestranda, Universidade Estadual de Maringá UEM, Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana PEU, gisa.martim@hotmail.com 7 Mestranda, Universidade Estadual de Maringá UEM, Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana PEU, fbassani86@hotmail.com 1

1. INTRODUÇÃO Uma Universidade é uma instituição de ensino superior, pesquisa e extensão. Por meio da concessão de títulos acadêmicos, ela provê educação tanto em nível de graduação quanto em nível de pós-graduação. A Universidade, conforme se pode observar pelo próprio nome, pressupõe a universalidade de conhecimentos acompanhada de um ideal de multidisciplinaridade, que deseja a contemplação de todas as áreas do conhecimento cientifico. Entretanto, no que pesa essa proposta, verifica-se uma troca de valores somente entre áreas afins como, por exemplo, a confluência entre a engenharia urbana e o aspecto social das ciências humanas. No tocante ao ensino, a Universidade proporciona a formação profissional, cientifica e técnica da população. Além de ser a base para a busca e para a descoberta do conhecimento científico e da realidade, proporcionando assim, uma melhoria na qualidade de vida da população. A acessibilidade inadequada e a pouca preocupação com o Desenho Universal dos espaços públicos dificultam a integração dos portadores de deficiência na carreira acadêmica. Dessa forma, a proposta de discussão deste artigo é a acessibilidade no entorno do Restaurante Universitário (R.U.) e da Biblioteca Central (BCE), para que os frequentadores portadores de deficiência possam utilizar o local sem restrições, com autonomia e segurança necessárias, sem que necessitem de auxílio para tanto. Esse é um fator essencial à auto-estima dos mesmos que necessitam de adaptações do espaço público para a sua inserção social. Este estudo teve como objetivo a verificação in loco das principais barreiras arquitetônicas na área de estudo, a fim de fomentar a discussão e apoiar futuros trabalhos de adequação do espaço visando à acessibilidade física, social e emocional desses usuários. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. Definição da área de estudo O local escolhido para o estudo foi a Universidade Estadual de Maringá (UEM), cuja área está representada pela Figura 1, na qual estão inseridos o Restaurante Universitário (R.U) (Figura 2) e a Biblioteca Central (Figura 3), além de seus respectivos entornos. Os espaços escolhidos estão fisicamente próximos e são de uso comum de toda a comunidade da UEM, a saber: estudantes, professores, funcionários e o público em geral. Verifica-se que essa é uma área onde há uma grande aglomeração de pessoas diariamente. Figura 1 Área de estudo do trabalho. Fonte: Google Earth, 2008, modificado pelos autores. 2

Figura 2 Restaurante Universitário da UEM Figura 3 Biblioteca Central da UEM 2.2. Revisão da literatura 2.2.1. A acessibilidade e a inclusão social Uma das formas de se entender a acessibilidade é a possibilidade que um indivíduo tem de compreender e interagir com o espaço, seja ele privado, público ou urbano. É nesse ambiente que o individuo ira comunicar-se com outros cidadãos, tendo ou não limitações de mobilidade ou de percepção sensorial (NUNES et al., 2007). O ato de promover a acessibilidade é uma garantia constitucional ao direito de ir e vir de toda a população, com ênfase na autonomia e independência, incluindo as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, proporcionando assim, o seu fortalecimento social. A NBR 9050/2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) relata que uma pessoa com mobilidade reduzida é aquela que permanentemente ou temporariamente, possui sua capacidade de se relacionar com o meio e utilizá-lo, de forma limitada. Logo entende-se por pessoa com mobilidade reduzida: pessoa com deficiência, idosa, obesa, cardíaca, gestantes, entre outras. Todo indivíduo possui direitos e obrigações perante a sociedade, a qual integra e participa como acesso à moradia, à saúde, à educação, ao trabalho e ao lazer. Para que estes possam ser exercidos, há a necessidade de respeitar os princípios de independência, autonomia e dignidade, de forma coletiva e individual. Estes princípios devem contemplar a totalidade dos indivíduos que compõem a sociedade; entretanto, uma parcela da população sofre com a exclusão social causada, principalmente, pela dificuldade de locomoção e movimentação na cidade e demais ambientes de uso comum (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2005). Para que a acessibilidade seja completa é necessário o estabelecimento e cumprimento de legislações, normas técnicas e planejamento, sem desconsiderar, contudo, a qualidade do desenho, da execução ou da manutenção dos equipamentos, das instalações ou do meio urbano. Contudo, compete ao poder público, em todas as esferas, promover e fiscalizar a implantação de novas obras considerando as condições de acessibilidade ao meio urbano (Decreto 5.296/2004). 2.2.2. Conceito de acessibilidade A acessibilidade deve ser entendida, valorizada e reivindicada por todos com o objetivo de melhorias na qualidade de vida. A reabilitação e a interação de pessoas não se tornarão possíveis ou reais se os ambientes não forem modificados, adequados ou planejados com consciência, responsabilidade e informação. A NBR 9050/2004 define a acessibilidade como a possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos. De acordo com a mesma norma, um local acessível, é um espaço, edificação, mobiliário urbano ou elemento que possa ser alcançado, acionado, 3

utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com mobilidade reduzida. O termo acessível implica tanto a acessibilidade física como de comunicação. Uma barreira arquitetônica, urbanística ou ambiental é qualquer elemento natural, instalado ou edificado que impeça a aproximação, transferência ou circulação no espaço, mobiliário ou equipamento urbano (NBR 9050/2004). O Desenho Universal tem como seus princípios básicos: permitir que pessoas de diversos padrões (idosos, adultos, crianças, etc.), em diferentes situações (em pé, sentados) possam interagir sem restrição com o ambiente projetado; reduzir o esforço para a utilização de produtos ou equipamentos em um ambiente; considerar as distâncias e espaços para que estes não obriguem o indivíduo a ter um esforço adicional ou cansaço físico; permitir que ambientes e produtos sejam mais compreensíveis para pessoas com deficiência auditiva ou visual, criando recursos que assegurem o acesso; além de integrar os equipamentos e produtos para que sejam concebidos como um todo e não como partes isoladas. O termo pessoa com deficiência deve ser entendido além do senso comum, no qual engloba nessa categoria somente aqueles que possuem deficiências mais visíveis, tais como: a utilização de próteses e orteses; deficientes auditivos e visuais e os que possuem uma estrutura mentas diferente. Estes fatos não sintetizam as deficiências, já que, uma pessoa com deficiência é aquela que se encontra impotente face às situações da vida cotidiana. De acordo com a ONU o termo pessoa deficiente, diz respeito a qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades da vida individual ou social normal, decorrente da deficiência congênita ou não, em suas capacidades físicas, sensoriais ou mentais (ONU, Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, artigo I, de 9 de dezembro de 1975). 2.2.3. A acessibilidade e as legislações Pode-se afirmar que o Brasil possui um favorável conjunto de leis e normas para a implantação de elementos que se referem à acessibilidade, isto comparado a outros países. As normativas elaboradas pela ABNT objetivam proporcionar à maior quantidade possível de pessoas, independentemente da idade, da estatura, da limitação de mobilidade ou de sua percepção - a utilização de maneira autônoma, independente e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos. A Legislação Brasileira engloba decretos e normas para assegurar a acessibilidade. A seguir são citadas algumas destas leis e normativas que serviram de referencia para o estudo: O Decreto 5.296 de 2/12/2004, regulamenta as Leis n os 10.048, de 8/11/2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19/12/2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e fornece outras providências. A Lei de Acessibilidade - Lei 10.098, 19/12/2000, estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e apresenta outras providências. O Decreto 3.298, 20/12/1999, regulamenta a Lei no 7.853/1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência consolida as normas de proteção e passa outras providências. A Lei 7.405, 12/11/1985, torna obrigatória a colocação do Símbolo Internacional de Acesso em todos os locais e serviços que permitam sua utilização por pessoas portadoras de deficiência e fornece outras providências. A NBR 9050/2004 da ABNT refere-se à Norma Técnica de Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência a edificações, espaço, mobiliário e equipamentos urbanos. A Lei Federal 7.853, 24/10/1989, dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência e sua integração social. Alem disso, discorre sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da 4

Pessoa Portadora de Deficiência Corte e institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas. Além disso, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes e dá outras providências. A Lei Estadual 13.126, 10/04/2001, cria o programa de remoção de barreiras arquitetônicas ao portador de deficiência: "Cidade para todos", por meio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano, com participação da iniciativa privada que receberá incentivos fiscais para tanto. A Lei Estadual 15.119, 16/05/2006, institui o "Programa de compromisso das empresas e órgãos públicos do Governo do Paraná com as condições de acessibilidade em calçadas e vias públicas". Já a Lei Estadual 15.449, 30/01/2007, altera o item c do art. 3 da Lei nº 15.119/2006 (Padrões de acesso às calçadas e vias públicas). 2.2.4. A NBR 9050/2004 da ABNT Com relação ao rebaixamento de calçadas e sarjetas, a Figura 4 ilustra como deve ser a adequação conforme a NBR 9050/2004. A mesma norma também recomenda uma largura mínima de 1,50 metros da calçada (Figura 5). Figura 4 Exemplo de rebaixamento de calçada adequado. Figura 5 Duas pessoas em cadeiras de rodas. Para os portadores de deficiência visual, são recomendadas pela norma supracitada, a sinalização tátil de alerta (Figura 6) ou direcional (Figura 7), conforme a necessidade. Figura 6 Sinalização tátil de alerta Modulação do piso. Figura 7 Sinalização tátil direcional Modulação do piso. 5

Segundo a NBR 9050/2004, os corrimãos devem ser instalados em ambos os lados dos degraus isolados, das escadas fixas e das rampas, além de prolongar-se pelo menos 30 cm antes do início e após o término da rampa ou escada, sem interferir nas áreas de circulação ou prejudicar a vazão e as extremidades, ainda segundo tal norma, os corrimões devem ter acabamento recurvado, ser fixados ou justapostos à parede ou piso, ou ainda, ter desenho contínuo (Figura 8). A NBR 9050/2004 informa ainda que, para os degraus isolados e escadas, a altura dos corrimãos deve ser de 0,92 m do piso, medidos de sua geratriz superior. Para rampas e opcionalmente para escadas, os corrimãos laterais devem ser instalados a duas alturas: 0,92 m e 0,70 m do piso, medidos da geratriz superior (Figura 9). Figura 8 Prolongamento do corrimão. Figura 9 Altura dos corrimãos em escadas e rampas. Segundo a NBR 9050/2004, todo degrau ou escada deve ter sinalização visual na borda do piso, em cor contrastante com a do acabamento, medindo entre 0,02 m e 0,03 m de largura (Figura 10). Figura 10 Sinalização visual no piso dos degraus (dimensões em cm). Outro tema também importante com relação à acessibilidade refere-se aos estacionamentos de veículos. Nos locais onde são reservadas as vagas de estacionamento aos portadores de deficiência, deve haver uma representação de acordo com o símbolo internacional de acesso que consiste no pictograma branco sobre fundo azul (referência Munsell 10B5/10 ou Pantone 2925 C). Este símbolo pode, opcionalmente, ser representado em branco e preto (pictograma branco sobre fundo preto ou pictograma preto sobre fundo branco), conforme Figura 11. A figura deve estar sempre voltada para o lado direito. Nenhuma modificação, estilização ou adição deve ser feita a este símbolo. 6

Figura 11 Símbolo Internacional de Acesso. De acordo com a NBR 9050/2004, as vagas para estacionamento de veículos que conduzam ou que sejam conduzidos por pessoas com deficiência devem: a) ter sinalização horizontal conforme Figura 12; b) contar com um espaço adicional de circulação com no mínimo 1,20 m de largura, quando afastada da faixa de travessia de pedestres. Esse espaço pode ser compartilhado por duas vagas, no caso de estacionamento paralelo, ou perpendicular ao meio fio, não sendo recomendável o compartilhamento em estacionamentos oblíquos; c) ter sinalização vertical para vagas; d) quando afastadas da faixa de travessia de pedestres, conter espaço adicional para circulação de cadeira de rodas e estar associadas à rampa de acesso à calçada; e) estar vinculadas à rota acessível que as interligue aos pólos de atração; f) estar localizadas de forma a evitar a circulação entre veículos. 2.3. Metodologia Figura 12 Sinalização horizontal de vagas. A visita in loco, objetivou a análise e institui-se principalmente de levantamento fotográfico, a fim de detalhar os espaços construídos que dificultam a acessibilidade na área de estudo. Foi feita uma análise do mesmo espaço em termos legais comparando o existente com a NBR 9050/2004. Para tanto, foi utilizada uma câmera fotográfica digital, imagens aéreas do Google Earth bem como, normas e legislações pertinentes ao tema para análise comparativa. 7

2.4. Contextualização do estudo O Campus sede da UEM possui uma área de mais de 1 milhão de m 2 e está localizado em Maringá, no Noroeste do Paraná. O Município detém cerca de 330 mil habitantes e conta com uma economia baseada na agroindústria e na prestação de serviços. A UEM possui características nacionais e polariza, principalmente as regiões Sul e Sudeste do País. Suas atividades de ensino, pesquisa e extensão estão dispostas em cinco Campi: Cianorte, Cidade Gaúcha, Diamante do Norte, Goioerê e Umuarama. Com uma comunidade universitária formada por mais de 20 mil pessoas, entre alunos, professores e funcionários cujo orçamento anual perpassa mais de R$ 180 milhões, a UEM pode ser comparada a uma cidade de médio porte. A Biblioteca Central (BCE) da UEM dispõe de acervo com quase 400 mil exemplares e de um portal da Capes com mais de 2.500 periódicos on-line. A Biblioteca é aberta ao público interno e externo, com o objetivo de prestar apoio aos servidores, docentes e discentes da UEM, comunidade universitária e sociedade em geral. A consulta ao acervo é de livre acesso. O Restaurante Universitário (R.U.) tem por finalidade o preparo de refeições balanceadas aos servidores, aos acadêmicos e à comunidade em geral. Milhares de refeições são servidas pelo R.U. à comunidade acadêmica diariamente. Alem disso, centenas de projetos de extensão asseguram a integração entre a Universidade e a comunidade externa. Estas são as principais informações da UEM relacionadas com o estudo. 2.5. Resultados e discussão Ao iniciar a análise, percebe-se que a circulação na área de estudo apresenta muitos obstáculos à acessibilidade. A começar pelo acesso principal à Universidade. O portão lateral esquerdo da entrada principal, destinado ao acesso de pedestres, possui obstáculos que tem o objetivo de impedir o trânsito de bicicletas e de motos, porém estes obstáculos impedem também a passagem dos cadeirantes. A Figura 13 ilustra a situação citada. Verifica-se por conhecimento da norma e legislação sobre a problemática que o ideal seria retirar as barreiras juntamente com um trabalho de conscientização aos ciclistas e motociclistas por meio de informativos que o local é exclusivo ao trânsito de pedestres e de portadores de deficiência, aliada a uma fiscalização constante. Figura 13 Barreiras no portão lateral esquerdo da entrada principal da UEM. Com relação ao portão lateral direito, não há barreiras para a sua travessia, porém não há rebaixamento adequado das calçadas internas e externas, para o adequado acesso ao campus da UEM (Figuras 14 e 15). No local deveria haver o rebaixamento das calçadas de acordo com a NBR 9050/2004. 8

Figura 14 Local de intensa travessia de pedestres, porém não há rebaixamento da calçada (19/05/2008). Figura 15 Vista frontal do local da travessia de pedestres (19/05/2008). A maioria das calçadas localizadas na área de estudo não apresenta uma largura mínima de 1,50 metros recomendada pela NBR 9050/2004, que se refere ao deslocamento em linha reta de duas pessoas em cadeiras de rodas. A maior parte da calçada é composta por placas de concreto intercaladas por seixos rolados, atualmente estes materiais não são mais utilizados por não atenderem as normas de acessibilidade. Em nenhum trecho das calçadas existe sinalização tátil de alerta ou direcional destinadas aos portadores de deficiência visual. Na maioria dos passeios públicos há uma falta de manutenção do revestimento, e em alguns locais, agravados pela má arborização ali implantada, onde as raízes das árvores de grande porte desestruturaram o passeio, ocasionando quebras e deslocamentos de parte da calçada. (Figura 16). Figura 15 Calçada danificada pela falta de manutenção e pela arborização inadequada Com relação às escadas que dão acesso ao R.U. (Figura 17), apenas uma delas possui corrimãos laterais (Figura 18), porém, em desacordo com as normas da NBR 9050/2004. Percebeuse também que nenhum dos degraus das escadas possui uma sinalização visual. Figura 17 Escadas de acesso ao R.U. 9

Figura 18 Escada de acesso ao R.U. com corrimãos. No tocante aos estacionamentos presentes na área de estudo (Figura 19), o número de vagas sinalizadas destinadas aos carros são no total 293 (duzentas e noventa e três). A NBR 9050/2004 prevê que o número de vagas para estacionamento de veículos que conduzam, ou que sejam conduzidos por pessoas com deficiência, deveria ser a proporção de 1:11. Ou seja, em todos os setores de estacionamento na área de estudo há mais de 11 vagas e, portanto deveriam possuir pelo menos uma vaga destinada aos portadores de deficiência. Apenas em frente à Biblioteca, há uma vaga destinada a portadores de deficiência (Figura 20), porém a sinalização não é bem visível e ainda há uma barreira móvel no local. Figura 19 Estacionamentos delimitados na cor vermelha presentes na área de estudo. Fonte: Google Earth, 2008, modificado pelos autores. Figura 20 Vaga destinada aos portadores de deficiência na área de estudo. 10

3 CONCLUSÃO O presente trabalho apresenta uma análise das áreas de convívio mútuo, que merecem destaque por sua importância perante a Universidade. A análise foi baseada na NBR 9050/2004 que visa à preocupação com o Desenho Universal, a fim de atender todo e qualquer usuário com relação à acessibilidade. A princípio houve uma preocupação quanto aos acessos que se dão pelas calçadas, escadas, e pela entrada de pedestres. Houve também, a preocupação com as vagas de estacionamento de veículos para deficientes físicos. Após a análise do local, ficou claro que há um planejamento mínimo em alguns locais específicos nas proximidades da área de estudo, a saber: rebaixamento de guias, escada com corrimões e vagas para deficientes físicos. O fato é que, quando comparamos a situação atual com as adequações recomendadas pela NBR 9050/2004, ficou claro que a mesma não está em conformidade com a norma citada, e tampouco atende as necessidades dos usuários. No que diz respeito aos portadores de deficiência visual, não há nenhuma preocupação para esse tipo de usuário. A implantação do piso tátil, por exemplo, é um dos elementos que a norma determina, e que, é um elemento que ajuda na orientação do deficiente visual. Outro ponto que deve ser observado é o estado atual das calçadas. As placas de concreto que compõe a calçada da área de estudo apresentam alguns pontos obstruídos por raízes de árvores de grande porte. Conclui-se que falta muito para se chegar ao chamado Desenho Universal na área de estudo. O objetivo aqui foi o de alertar as autoridades locais da situação e apresentar um ponto de vista enquanto usuários, identificando e propondo soluções para o local. Foram apontados os itens mais relevantes, considerados de urgência, mas vale ressaltar que existem outras recomendações que são sugeridas pela norma, mas que não foram abordadas aqui. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro. 2004. GOVERNO ESTADUAL DE SÃO PAULO. Guia de Acessibilidade em Edificações. São Paulo: Secretaria da Habitação do Município de São Paulo, 2002. GOVERNO FEDERAL DO BRASIL. Caderno 2: Construindo uma Cidade Acessível. Ministério das Cidades Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana Brasil Acessível, 2005. 154p. Disponível em: <www.pmt.pa.gov.br/0002/acessiburbmcidades.pdf>, acessado em 21 de maio de 2008. MAREK, C. F., et al., Estrutura e qualidade de implantação das calçadas do Novo Centro de Maringá. I SEMINÁRIO DE ENGENHARIA URBANA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ SEUEM, Maringá. 2007. NUNES, L. A., et al., Acessibilidade e inclusão: Praça Napoleão Moreira da Silva. I Seminário de Engenharia Urbana da Universidade Estadual de Maringá SEUEM, Maringá. 2007. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. RESOLUÇÃO ONU 2.542 de 09 de dezembro de 1975. Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência. 11