UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em MBA em Gestão Empresarial



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Transcrição:

1 UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em MBA em Gestão Empresarial Daiana Aparecida Constâncio Rosana Ernica Pinheiro Martins da Silva INCLUSÃO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO MERCADO DE TRABALHO LINS SP 2008

2 DAIANA APARECIDA CONSTÂNCIO ROSANA ERNICA PINHEIRO MARTINS DA SILVA INCLUSÃO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO MERCADO DE TRABALHO Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em MBA em Gestão Empresarial sob a orientação dos Professores M.Sc. Máris de Cássia Ribeiro e M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva LINS SP 2008

3 DAIANA APARECIDA CONSTÂNCIO ROSANA ERNICA PINHEIRO MARTINS DA SILVA INCLUSÃO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO MERCADO DE TRABALHO Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de especialista em MBA em Gestão Empresarial. Aprovada em: / / Banca Examinadora: Profª. M.Sc. Máris de Cássia Ribeiro Mestre em Administração pela Universidade Metodista de Piracicaba UNIMEP-SP. Profª. M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva Mestre em Administração pela CNEC/FACECA MG LINS SP 2008

4 DEDICATÓRIA Dedicamos este trabalho a Deus, por ser presença constante em nossas vidas e iluminou nosso caminho para que conseguíssemos chegar até aqui.

5 AGRADECIMENTOS A todos que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste trabalho. A todos os professores, e aos orientadores, que nos ensinaram no decorrer deste curso, nos passando seus conhecimentos e nos ensinando a ser um bom profissional. Aos familiares e amigos, por estarem presentes em nossas vidas.

6 RESUMO A falta de entendimento das diferenças entre os seres humanos no decorrer da existência das civilizações fez com que os diferentes sempre fossem tratados de forma relativamente agressiva e confusa, por sua vez, usados rotulados, segregados, discriminados, excluídos e em alguns casos exterminados. Outras vezes pala mesma falta desse entendimento à própria pessoa diferente assume atitudes muito particulares como auto punição o isolamento e a agressividade. Esse trabalho relata sobre a Inclusão de um Portador de Necessidades Especiais no mercado de trabalho e sua valorização nas empresas em que atuam. Sugere ainda que o lazer é um veículo privilegiado de inclusão, pois estabelece uma relação direta entre indivíduos ditos normais e pessoas portadoras de necessidades especiais. Além de o lazer favorecer momentos mais prazerosos, parte-se do pressuposto de que a pessoa portadora de necessidades especiais pode e deve viver em sociedade, tendo uma vida normal, onde sua inclusão só tende a contribuir com o seu desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social. Qualquer pessoa, independente de sua classe social ou diferenças, deve e pode desfrutar de seu tempo livre para praticar atividades que possam melhorar sua qualidade de vida, sendo assim incluídos na sociedade e não excluídos por ela. O trabalho com as pessoas portadoras de necessidades especiais tem que ser direcionado na inserção, nas relações sociais da dinâmica da sociedade. Da mesma forma, cabe aos profissionais que atuam nesta área, uma facilitação no processo de transformação e integração da sociedade, como a família, mercado de trabalho, escola, governo, entre outros. Palavras-chave: Inclusão. Portador de Necessidades Especiais.

7 ABSTRACT The lack of understanding of the differences between human beings in the course of the existence of civilizations has caused the various always be dealt with relatively aggressive and confused, in turn, used labelled, segregated, discriminated against, excluded and in some cases frustrated. Sometimes pala same lack of that understanding the very different person assumes attitudes very particular as self punishment the isolation and aggressiveness. This paper reports on the inclusion of a special needs Carrier state of the labour market and its recovery in the undertakings that act. Also suggested that leisure is a preferred vehicle for inclusion therefore establishes a direct relationship between individuals called normal and people with special needs. In addition to the leisure encourage more prazerosos moments, it is assumed that the person carrying the special needs can and should live in society, having a normal life, where his inclusion only tends to contribute to its development motor, cognitive, affective and social. Any person, regardless of their social class or differences, must and can enjoy their free time to practice activities that can improve their quality of life and therefore included in the society and not excluded by it. The work with people with special needs has to be directed at integration, social relationships of the dynamics of society. Similarly, it is for professionals who work in this area, a facilitation in the process of transformation and integration of society, such as families, the job market, school, government, among others. Keywords: Inclusion. Carrier state of Special Needs.

8 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Deficiência física... Quadro 2: Classes de acuidade visual... 15 16 LISTA DE SIGLAS ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas CAT: Comunicado de Acidente de Trabalho DRT: Delegacias Regionais do Trabalho OMS: Organização Mundial de Saúde PNE: Portador de Necessidades Especiais

9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 11 CAPÍTULO I O PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS PNE... 13 1 O QUE VEM A SER UM PORTADOR DE NECESSIDADE ESPECIAL13 1.1 Quem são as pessoas portadoras de necessidades especiais?... 14 1.2 Como atender o trabalhador com deficiência... 17 1.2.1 Pessoas com deficiência física... 18 1.2.2 Pessoas surdas ou com deficiência auditiva... 20 1.2.3 Pessoas cegas ou com deficiência visual... 21 1.2.4 Pessoas com deficiência mental... 22 1.3 A importância do lazer na inclusão de portadores de necessidades especiais... 22 CAPÍTULO II LEGISLAÇÕES... 25 2 LEGISLAÇÕES DAS PESSOAS PORTADORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS... 25 2.1 Estatuto da pessoa portadora de deficiência... 25 2.2 Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004... 27 2.3 Instrução normativa nº 20 de 19 de janeiro de 2001... 57 2.4 Aspectos legais sobre a contratação de pessoas com deficiência... 60 CAPÍTULO III O PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS E O MERCADO DE TRABALHO... 62 3 A INCLUSÃO NO MERCADO DE TRABALHO... 62 3.1 Conquistas no mercado de trabalho... 63 3.1.1 Principais conquistas... 63 3.1.2 Dificuldades encontradas... 64 3.2 Aspectos legais a serem considerados... 65

10 3.3 Papel do Ministério Público do Trabalho... 67 3.3.1 A pessoa portadora de deficiência e o ministério público do trabalho... 67 3.3.2 Formas de contratação da pessoa portadora de deficiência... 67 3.3.3 Atividades a serem desenvolvidas pelo trabalhador portador de necessidades especiais adequação do meio ambiente do trabalho... 68 3.4 A atenção à pessoa portadora de necessidades especiais no Brasil... 69 CONCLUSÃO... 71 REFERÊNCIAS... 73

11 INTRODUÇÃO Desde a raiz dos tempos, faz parte da própria condição do ser humano conviver com limitações próprias ou alheias, tanto na área sensorial, motora, intelectual, funcional, orgânica, comportamental ou de personalidade. Hoje o lidar com o deficiente, tem como paradigma a idéia de uma pessoa portadora de necessidade especial. Já não cabe pensar deficientes como um segmento a margem da sociedade, ou até mesmo, como incapazes e inúteis. Mas como uma pessoa que tem suas limitações e potencialidades a serem desenvolvidas. Nesse sentido é importante enfatizar a conquista do espaço social e garantir este avanço. A história da humanidade nos mostra a dura e difícil batalha das pessoas deficientes para conquistar um espaço na sociedade. E assim têm-se inúmeros exemplos da capacidade daqueles que são taxados de deficientes e que dão lições de vida em muitos considerados eficientes. São exemplos de luta que podem servir de base para a valorização do ser humano portador de deficiência, para oportunizar seu ingresso no convívio social, especialmente no que diz respeito ao mercado de trabalho. O mercado de trabalho é uma realidade dura para o portador de deficiência. A situação é difícil mesmo com a lei que determina às empresas com mais de cem funcionários a garantir uma cota mínima de 2% das vagas, destinada aos portadores de deficiência. Mas, sem dúvida, não deixa de ser relativamente recente a melhoria na conscientização social e jurídica do problema. No entanto, no desenvolvimento deste trabalho, poder-se-á constatar as conquistas legais e sociais já obtidas pelos Portadores de Necessidades Especiais. O objetivo da pesquisa é identificar a importância e valorização da inclusão dos portadores de necessidades especiais, sua cota no mercado de trabalho e as estratégias utilizadas pelas empresas. Durante a pesquisa, surgiu o questionamento: de que maneira as empresas vem valorizando e trabalhando estrategicamente a inclusão de portadores de necessidades especiais?

12 Em resposta, procurou-se demonstrar as formas de inclusões de pessoas portadoras de necessidades especiais no mercado de trabalho, analisando as legislações existentes e como esse processo ocorre. O trabalho está assim estruturado: Capítulo I: aborda sobre o Portador de Necessidades Especiais - PNE. Capítulo II: decorre as legislações. Capítulo III: enfatiza o portador de necessidades especiais e o mercado de trabalho. Por fim vêm as considerações finais.

13 CAPÍTULO I O PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS PNE 1 O QUE VEM A SER UM PORTADOR DE NECESSIDADE ESPECIAL especial são: Caracteriza alguém que não é necessariamente portador de alguma deficiência. É um termo abrangente e define a pessoa como a que apresenta, em caráter permanente ou temporário, algum tipo de deficiência física, sensorial, cognitiva, múltipla, condutas típicas ou altas habilidades, necessitando, por isso, de recursos especializados para desenvolver mais plenamente o seu potencial e/ou superar ou minimizar suas dificuldades. (CIDADE; FREITAS, 2002, p. 11) De acordo com Cidade; Freitas (2002), as deficiências da necessidade a) deficiências mentais, auditivas, visuais, motoras e múltiplas; b) condutas típicas de síndromes neurológicas, psiquiátricas ou psicológicas (com manifestações comportamentais que acarretam prejuízos no relacionamento social); c) altas habilidades (qualidades de super dotados); d) problemas de comunicação, fala e linguagem; e) dificuldade de aprendizagem. Deficiência é o termo usado para definir a ausência ou a disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou anatômica. Diz respeito à biologia da pessoa. Este conceito foi definido pela Organização Mundial de Saúde. A expressão pessoa com deficiência pode ser aplicada referindo-se a qualquer pessoa que possua uma deficiência. Contudo, há que se observar que em contextos legais ela é utilizada de uma forma mais restrita e refere-se a pessoas que estão sob o amparo de uma determinada legislação. (WIKIPEDIA, 2008) Considera-se Pessoa Portadora de Deficiência aquela que apresente, em caráter permanente, perdas ou reduções de sua estrutura, ou função anatômica, fisiológica, psicológica ou mental, que gerem incapacidade para certas atividades, dentro do padrão considerado normal para o ser humano.

14 A Inclusão do Portador de Necessidades Especiais PNE, na sociedade, é uma proposta baseada no modelo social, que estimula e trabalha o portador de necessidade especial e a sociedade a conhecerem juntos os meios para conviverem e solucionarem suas necessidades individuais e coletivas. Como o foco está direcionado no conviver social, onde se estimula a sociedade a modificar-se, para ser capaz de viver e compartilhar com todas as pessoas por mais diferentes que seja o seu meio ambiente, reconhecendo-as como integrantes e produto dessa sociedade em constante modificação, este trabalho vem a reforçar e comprovar que a inclusão é possível. O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que 14,5% da população brasileira é portadora de necessidades especiais. São 24 milhões de pessoas que não se vêem nas ruas, teatros, cinemas e restaurantes, porque elas não têm como sair de casa devido a uma série de impedimentos, como as calçadas, por exemplo. (NÓRCIO, 2006) Segundo Sassaki (2005), o conceito de deficiência não pode ser confundido com o de incapacidade. O conceito de incapacidade denota um estado negativo de funcionamento da pessoa, resultante do ambiente humano e físico inadequado ou inacessível, e não um tipo de condição. Exemplos: a incapacidade: de uma pessoa cega para ler textos que não estejam em braile; de uma pessoa com baixa visão para ler textos impressos em letras miúdas; de uma pessoa em cadeira de rodas para subir degraus; de uma pessoa com deficiência intelectual para entender explicações conceituais, a incapacidade de uma pessoa surda para captar ruídos e falas. Configura-se, assim, a situação de desvantagem imposta às pessoas com deficiência através daqueles fatores ambientais que não constituem barreiras para as pessoas sem deficiência. 1.1 Quem são as pessoas portadoras de necessidades especiais? O artigo 4º do decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, segundo Nambu (2003), considera pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias:

15 a) deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções, conforme quadro 1; b) deficiência auditiva: perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando de graus e níveis; c) deficiência visual: acuidade visual igual ou menor que 20 / 200 no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (tabela de Snellen), ou ocorrência silmultânea de ambas as situações conforme quadro 2; d) deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestações antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação; cuidado pessoal; habilidades sociais; utilização da comunidade; saúde e segurança; habilidades acadêmicas; lazer; e trabalho. e) deficiência múltipla: associação de duas ou mais deficiências. TIPO Paraplegia Paraparesia Monoplegia Monoparesia continua DEFINIÇÕES Perda total das funções motoras dos membros inferiores. Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores. Perda total das funções motoras de um só membro (inferior ou superior). Perda parcial das funções motoras de um só membro (inferior ou superior).

16 conclusão Tetraplegia Perda total das funções motoras dos membros inferiores e superiores. Tetraparesia Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores e superiores. Triplegia Perda total das funções motoras em três membros. Triparesia Perda parcial das funções motoras em três membros. Hemiplegia Perda total das funções motoras de um hemisfério do corpo (direito ou esquerdo). Hemiparesia Perda parcial das funções motoras de um hemisfério do corpo (direito ou esquerdo). Amputação Perda total ou parcial de um determinado membro ou segmento de membro. Paralisia Cerebral Lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso central, tendo como conseqüência alterações psicomotoras, podendo ou não causar deficiência mental. Fonte: Nambu, 2003, p. 8 Quadro 1: Deficiência física continua CLASSIFICAÇÃO ACUIDADE ACUIDADE AUXÍLIOS VISUAL SNELLEN VISUAL DECIMAL Visão Normal 20/12 a 20/25 1,5 a 0,8 - Bifocais comuns Próximo do normal 20/30 a 20/60 0,6 a 0,3 - Bifocais mais fortes - Lupas de baixo poder Baixa visão moderada 20/80 a 20/150 0,25 a 0,12 - Lentes esferoprismáticas - Lupas mais fortes Baixa visão severa 20/200 a 20/400 0,10 a 0,05 - Lentes asféricas - Lupas de mesa de alto poder

17 conclusão Baixa visão profunda 20/500 a 20/1000 0,04 a 0,02 - Lupa montada telescópio - Magnificação vídeo Bengala - Treinamento Orientação / Mobilidade Próximo à cegueira 20/1200 a 20/2500 0,015 a 0,008 - Magnificação vídeo livros falados, Braille - Aparelhos de saída de voz - Softwares com sintetizadores de voz - Bengala - Treinamento Orientação / Mobilidade Cegueira total Sem projeção de luz Sem projeção de luz - Aparelhos de saída de voz - Softwares com sintetizadores de voz - Bengala - Treinamento Orientação / Mobilidade Fonte: Nambu, 2003, p. 9 Quadro 2: Classes de acuidade visual 1.2 Como atender o trabalhador com deficiência Muitas vezes as pessoas não sabem como portar diante de uma pessoa com necessidades especiais e acabam agindo de maneira inadequada. A falta de informação a respeito da deficiência leva as pessoas a cometer alguns deslizes, podendo se colocar numa situação desconfortável. Seguem algumas dicas interessantes sobre como atender o trabalhador com deficiência, segundo Nambu (2003):

18 a) haja com naturalidade. Geralmente as pessoas mudam seu comportamento quando encontram uma pessoa com deficiência. Pode-se observar pessoas que por medo tratam a pessoa com deficiência com indiferença ou fingem que não estão ali. Um outro extremo é o tratamento exageradamente gentil, superprotetor. A dica básica é tratar a pessoa com deficiência como faria com qualquer outra pessoa, ou seja, amável e com objetividade; b) não subestime as possibilidades, nem superestime as dificuldades e vice-versa; c) as pessoas com deficiência têm o direito, podem e querem tomar suas próprias decisões e assumir a responsabilidade por suas escolhas; d) sempre que quiser ajudar, ofereça ajuda. Sempre espere sua oferta ser aceita, antes de ajudar. Sempre pergunte a forma mais adequada para fazê-lo; e) não se ofenda se seu oferecimento for recusado, pois nem sempre as pessoas com deficiência precisam de auxílio. Às vezes, uma determinada atividade pode ser mais bem desenvolvida sem assistência; f) se você não se sentir confortável ou seguro para fazer alguma coisa solicitada por uma pessoa deficiente, sinta-se livre para recusar. Neste caso, seria conveniente procurar outra pessoa que possa ajudar; g) as pessoas com deficiência são pessoas como você. Têm os mesmos direitos, os mesmos sentimentos, os mesmos receios, os mesmos sonhos; h) você não deve ter receio de fazer ou dizer alguma coisa errada. Aja com naturalidade e tudo vai dar certo. 1.2.1 Pessoas com deficiência física Segundo Nambu (2003):

19 a) se a pessoa usar uma cadeira de rodas, é importante saber que para uma pessoa sentada é incômodo ficar olhando para cima por muito tempo, portanto, se a conversa for demorar mais tempo do que alguns minutos lembrem-se de sentar-se, se for possível, para que você e ela fiquem com os olhos num mesmo nível; b) a cadeira de rodas (assim como as bengalas e muletas) é parte do espaço corporal da pessoa, quase uma extensão do seu próprio corpo. Agarrar ou apoiar-se na cadeira de rodas é como agarrar ou apoiar-se numa pessoa sentada numa cadeira comum. Isso muitas vezes é simpático, se vocês forem amigos, mas não deve ser feito se vocês não se conhecem; c) nunca movimente a cadeira de rodas, sem antes pedir permissão para a pessoa; d) empurrar uma pessoa em cadeira de rodas não é como empurrar um carrinho de supermercado. Quando estiver empurrando uma pessoa sentada numa cadeira de rodas, e parar para conversar com alguém, lembre-se de virar a cadeira de frente, para que a pessoa também possa participar da conversa; e) se você estiver acompanhando uma pessoa com deficiência que anda devagar, com auxílio ou não de aparelhos ou bengalas, procure acompanhar o passo dela; f) mantenha as muletas ou bengalas sempre próximas à pessoa deficiente; g) se achar que ela está em dificuldades, ofereça ajuda e, caso seja aceita, pergunte como deve fazê-lo. As pessoas têm suas técnicas pessoais para subir escadas, por exemplo, e, às vezes, uma tentativa de ajuda inadequada pode até mesmo atrapalhar. Outras vezes, a ajuda é essencial. Pergunte e saberá como agir e não se ofenda se a ajuda for recusada; h) se você presenciar um tombo de uma pessoa com deficiência, ofereça ajuda imediatamente. Mas nunca ajude sem perguntar como deve fazê-lo;

20 i) esteja atento para a existência de barreiras arquitetônicas quando for escolher uma casa, restaurante, teatro ou qualquer outro local que queira visitar com uma pessoa com deficiência física; j) nunca estacione numa vaga reservada para o estacionamento de veículos conduzidos ou que conduzam pessoas deficientes. Essas vagas, demarcadas com o Símbolo Internacional de Acesso (um símbolo de uma cadeira de rodas pintado na cor branca sobre um fundo azul), geralmente, são mais largas para permitir que a pessoa se aproxime do veículo e possa fazer a transferência da cadeira de rodas para o banco do carro e vice-versa. Nunca estacione em guias rebaixadas, nem sobre a calçada; k) se a pessoa tiver dificuldade na fala e você não compreender imediatamente o que ela está dizendo, peça para que repita. Pessoas com dificuldades desse tipo não se incomodam de repetir quantas vezes seja necessário para que se façam entender; l) não se acanhe em usar palavras como andar e correr. As pessoas com deficiência física empregam naturalmente essas mesmas palavras; m) pessoas com paralisia cerebral podem ter dificuldades para andar, podem fazer movimentos involuntários com pernas e braços. Geralmente, têm inteligência normal ou, às vezes, até acima da média. 1.2.2 Pessoas surdas ou com deficiência auditiva Segundo Nambu (2003): a) fale diretamente com a pessoa, e não de lado ou atrás dela; b) faça com que a sua boca esteja bem visível. Gesticular ou segurar algo em frente à boca torna impossível a leitura labial. Usar bigode também atrapalha; c) quando falar com uma pessoa surda tente ficar num lugar iluminado. Evite ficar contra a luz (de uma janela, por exemplo), pois isso dificulta ver o seu rosto;

21 d) seja expressivo ao falar. Como as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis de tom de voz que indicam sentimentos de alegria, tristeza, sarcasmo ou seriedade, as expressões faciais, os gestos e o movimento do seu corpo serão excelentes indicações do que você quer dizer; e) enquanto estiver conversando, mantenha sempre contato visual, se você desviar o olhar, a pessoa surda pode achar que a conversa terminou; f) se for necessário, comunique-se com a pessoa surda através de bilhetes. O importante é se comunicar. O método não é tão importante; g) quando a pessoa surda estiver acompanhada de um intérprete, dirija-se à pessoa surda, não ao intérprete. 1.2.3 Pessoas cegas ou com deficiência visual Segundo Nambu (2003): a) nem sempre as pessoas cegas ou com deficiência visual precisam de ajuda, mas se encontrar alguma que pareça estar em dificuldades, identifique-se, faça-a perceber que você está falando com ela e ofereça seu auxílio. Nunca ajude, sem perguntar antes como deve fazê-lo; b) para ajudar uma pessoa cega a sentar-se, você deve guiá-la até a cadeira e colocar a mão dela sobre o encosto da cadeira, informando se esta tem braço ou não. Deixe que a pessoa sente-se sozinha; c) algumas pessoas, sem perceber, falam em tom de voz mais alto quando conversam com pessoas cegas. A menos que a pessoa tenha também uma deficiência auditiva que justifique isso, não faz nenhum sentido gritar. Fale em tom de voz normal; d) por mais tentador que seja acariciar um cão-guia, lembre-se de que esses cães têm a responsabilidade de guiar um dono que não enxerga. O cão nunca deve ser distraído do seu dever de guia;

22 e) as pessoas cegas ou com visão subnormal são como você, só que não enxergam. Trate-as com o mesmo respeito e consideração que você trata todas as pessoas; f) proporcione às pessoas cegas as mesmas oportunidades que você tem, de ter sucesso ou de falhar; g) fique à vontade para usar palavras como veja e olhe. As pessoas cegas usam-nas com naturalidade; h) quando for embora, avise sempre. A pessoa cega depende fundamentalmente das informações verbais. 1.2.4 Pessoas com deficiência mental Segundo Nambu (2003): a) você deve agir naturalmente ao dirigir-se a uma pessoa com deficiência mental; b) dê atenção a elas, converse e vai ver como será divertido; c) não superproteja. Deixe que ela faça ou tente fazer sozinha tudo o que puder. Ajude apenas quando for realmente necessário; d) não subestime sua inteligência. As pessoas com deficiência mental levam mais tempo para aprender, mas podem adquirir muitas habilidades intelectuais e sociais; e) as pessoas com deficiência mental, geralmente, são muito carinhosas. 1.3 A importância do lazer na inclusão de portadores de necessidades especiais A definição clássica de lazer vem da tradição de Dumazidier (1977) que define o lazer como o conjunto de ações escolhidas pelo sujeito para diversão, recreação e entretenimento, num processo pessoal de desenvolvimento. Tem caráter voluntário e é contraponto ao trabalho urbano-industrial.

23 O lazer é um direito de todos, garantido constitucionalmente e assim procura-se aprofundar de um jeito amplo de como a tecnologia afeta a qualidade de vida e a qualidade do turismo para as pessoas que possuem necessidades especiais como portadores de necessidades especiais. Todas as pessoas têm direito a saúde, educação, esportes, cultura, turismo e lazer, sem discriminação de raça, cor ou de qualquer tipo de deficiência. Estudos nos anos 80 indicam que o lazer e a recreação são fatores importantes no processo de reabilitação e que pessoas bem sucedidas no trabalho tinham antes desenvolvido habilidades de lazer e turismo. Estes estudos parecem concluir que a prática do lazer de variados tipos pode melhorar o desempenho numa ampla gama de áreas, tais como a saúde, a resistência física, a motivação e a auto-imagem, pois as pessoas que possuem algum tipo de deficiência geralmente têm que ser tratado e ter atividades de lazer que melhorem a sua auto-estima e melhore também a sua qualidade de vida. (MARCELINO, 1983) O termo inclusão tem sua origem na palavra integração, já que esta foi usada de forma errônea. Inclusão não é somente uma questão de colocar alguém em um grupo junto com outras pessoas. Inclusão é receber alguém e fazer deste alguém parte importante de tudo aquilo que ocorre no dia a dia da sociedade. Inclusão é uma consciência de comunidade, uma aceitação das diferenças e uma co-responsabilização para obviar às necessidades de outros. (STAINBACK; STAINBACK apud GUTIERREZ, 2000). O lazer e o turismo não podem mais ser encarados como uma atividade qualquer, sem qualquer validade. Devem ser vistos como algo sério. É neles que se busca uma satisfação pessoal que engloba toda a nossa personalidade. Sabe-se que se tem hoje, um tempo livre muito maior que cem anos atrás, mas infelizmente não se sabe como usá-lo e o que se faz é ficar contentes quando mais um dia chega ao fim, quando o ideal seria aproveitar todos os instantes sem exceções. Para se aproveitar bem esse tempo de lazer e turismo, não é preciso participar de classes ricas, com poucos recursos já se consegue vivenciar um lazer criativo e gratificante. Embora, para alguns privilegiados, as chamadas ilhas de prosperidade estão cada vez mais ameaçadas pelas ondas

24 de pessoas infelizes, violentas, que perderam a alegria e a crença do valor da vida. Se considerar que o lazer favorece o desenvolvimento dos vínculos afetivos e sociais positivos, condição única para que se possa viver em grupo, está-se diante do principal, senão único, instrumento de inclusão.

25 CAPÍTULO II LEGISLAÇÕES 2 LEGISLAÇÕES DAS PESSOAS PORTADORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS 2.1 Estatuto da pessoa portadora de deficiência A seguir, segue um pequeno resumo do estatuto da pessoa portadora de deficiência, que está em debate no Congresso Nacional, segundo Senador Paim (2003): 1) o Estatuto da Pessoa Portadora de Deficiência se destina a assegurar a integração e a inclusão social e o pleno exercício dos direitos individuais e coletivos das pessoas que apresentam limitação em suas atividades devido à sua deficiência; 2) objetiva introduzir no ordenamento jurídico brasileiro, lei que defina claramente os direitos das pessoas com deficiência; 3) o Estatuto propõe o desenvolvimento de ações que assegurem a plena inclusão das pessoas com deficiência no contexto sócioeconômico e cultural; 4) garante acesso, ingresso e permanência da pessoa com deficiência, acompanhada pelas pessoas e animais que lhe servem de apoio, portando os produtos que utiliza como ajudas técnicas, em todos os ambientes de uso coletivo; 5) viabiliza a participação das pessoas com deficiência em todas as fases de implantação das políticas públicas; 6) fomenta a realização de estudos epidemiológicos e clínicos, de modo a produzir informações sobre a ocorrência de deficiências e incapacidades; 7) cria, no âmbito do SUS, Centros de Biologia Genética como referência para a informação e prevenção de deficiências;

26 8) torna compulsória a matrícula e a inclusão escolar de pessoas com deficiência em estabelecimentos de ensino regular; 9) torna obrigatório o oferecimento de educação especial ao educando com deficiência internado em hospitais por prazo igual ou superior a um ano; 10) obriga as emissoras de TV a legendar e dublar todos os programas, nacionais e estrangeiros, favorecendo o direito à informação das pessoas com deficiência auditiva e visual; 11) obriga a inserção da pessoa com deficiência no mundo do trabalho ou sua incorporação ao sistema produtivo mediante regime especial; 12) as empresas com 100 ou mais empregados ficam obrigadas a preencher de 2% a 5% de seus cargos com portadores de deficiência; 13) a dispensa de empregado deficiente somente poderá ocorrer após a contratação de substituto em condições semelhantes; 14) nos concursos públicos ficam reservadas para os deficientes pelo menos 5% (cinco por cento) das vagas disponíveis; 15) incentiva a prática desportiva entre as pessoas com e sem deficiência; 16) estimula a ampliação do turismo voltado à pessoa com deficiência. 17) os planos e programas governamentais deverão prever recursos orçamentários destinados especificamente ao atendimento das pessoas com deficiência; 18) garante acesso nos transportes coletivos urbano, intermunicipal e interestadual; 19) os edifícios, praças e equipamentos esportivos e de lazer, públicos e privados, destinados ao uso coletivo, deverão prever acesso à pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; 20) considera crime punível com reclusão de um a quatro anos qualquer forma de discriminação como recusar matrícula em estabelecimento educacional, dificultar acesso a cargo público, negar trabalho ou assistência médica a portador de deficiência.

27 2.2 Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004 Segundo a Presidência da república (2004), Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004: Regulamenta as Leis n os 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto nas Leis n os 10.048, de 8 de novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, DECRETA: CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1 o Este Decreto regulamenta as Leis n os 10.048, de 8 de novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Art. 2 o Ficam sujeitos ao cumprimento das disposições deste Decreto, sempre que houver interação com a matéria nele regulamentada: I - a aprovação de projeto de natureza arquitetônica e urbanística, de comunicação e informação, de transporte coletivo, bem como a execução de qualquer tipo de obra, quando tenham destinação pública ou coletiva; II - a outorga de concessão, permissão, autorização ou habilitação de qualquer natureza; III - a aprovação de financiamento de projetos com a utilização de recursos públicos, dentre eles os projetos de natureza arquitetônica e urbanística, os tocantes à comunicação e informação e os referentes ao transporte coletivo, por meio de qualquer instrumento, tais como convênio, acordo, ajuste, contrato ou similar; e

28 IV - a concessão de aval da União na obtenção de empréstimos e financiamentos internacionais por entes públicos ou privados. Art. 3 o Serão aplicadas sanções administrativas, cíveis e penais cabíveis, previstas em lei, quando não forem observadas as normas deste Decreto. Art. 4 o O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, os Conselhos Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, e as organizações representativas de pessoas portadoras de deficiência terão legitimidade para acompanhar e sugerir medidas para o cumprimento dos requisitos estabelecidos neste Decreto. CAPÍTULO II DO ATENDIMENTO PRIORITÁRIO Art. 5 o Os órgãos da administração pública direta, indireta e fundacional, as empresas prestadoras de serviços públicos e as instituições financeiras deverão dispensar atendimento prioritário às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. 1 o Considera-se, para os efeitos deste Decreto: I - pessoa portadora de deficiência, além daquelas previstas na Lei n o 10.690, de 16 de junho de 2003, a que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias: a) deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções;

29 b) deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (db) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz; c) deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60 o ; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores; d) deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: 1. comunicação; 2. cuidado pessoal; 3. habilidades sociais; 4. utilização dos recursos da comunidade; 5. saúde e segurança; 6. habilidades acadêmicas; 7. lazer; e 8. trabalho; e) deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências; e II - pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se enquadrando no conceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. 2 o O disposto no caput aplica-se, ainda, às pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos, gestantes, lactantes e pessoas com criança de colo. 3 o O acesso prioritário às edificações e serviços das instituições financeiras deve seguir os preceitos estabelecidos neste Decreto e nas normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, no que não conflitarem com a Lei n o 7.102, de 20 de junho de 1983,

30 observando, ainda, a Resolução do Conselho Monetário Nacional n o 2.878, de 26 de julho de 2001. Art. 6 o O atendimento prioritário compreende tratamento diferenciado e atendimento imediato às pessoas de que trata o art. 5 o. 1 o O tratamento diferenciado inclui, dentre outros: I - assentos de uso preferencial sinalizados, espaços e instalações acessíveis; II - mobiliário de recepção e atendimento obrigatoriamente adaptado à altura e à condição física de pessoas em cadeira de rodas, conforme estabelecido nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT; III - serviços de atendimento para pessoas com deficiência auditiva, prestado por intérpretes ou pessoas capacitadas em Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS e no trato com aquelas que não se comuniquem em LIBRAS, e para pessoas surdocegas, prestado por guias-intérpretes ou pessoas capacitadas neste tipo de atendimento; IV - pessoal capacitado para prestar atendimento às pessoas com deficiência visual, mental e múltipla, bem como às pessoas idosas; V - disponibilidade de área especial para embarque e desembarque de pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida; VI - sinalização ambiental para orientação das pessoas referidas no art. 5 o ; VII - divulgação, em lugar visível, do direito de atendimento prioritário das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida; VIII - admissão de entrada e permanência de cão-guia ou cão-guia de acompanhamento junto de pessoa portadora de deficiência ou de treinador nos locais dispostos no caput do art. 5 o, bem como nas demais edificações de uso público e naquelas de uso coletivo, mediante apresentação da carteira de vacina atualizada do animal; e IX - a existência de local de atendimento específico para as pessoas referidas no art. 5 o. 2 o Entende-se por imediato o atendimento prestado às pessoas referidas no art. 5 o, antes de qualquer outra, depois de concluído o atendimento que estiver em andamento, observado o disposto no inciso I do parágrafo único do art. 3 o da Lei n o 10.741, de 1 o de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso).

31 3 o Nos serviços de emergência dos estabelecimentos públicos e privados de atendimento à saúde, a prioridade conferida por este Decreto fica condicionada à avaliação médica em face da gravidade dos casos a atender. 4 o Os órgãos, empresas e instituições referidos no caput do art. 5 o devem possuir, pelo menos, um telefone de atendimento adaptado para comunicação com e por pessoas portadoras de deficiência auditiva. Art. 7 o O atendimento prioritário no âmbito da administração pública federal direta e indireta, bem como das empresas prestadoras de serviços públicos, obedecerá às disposições deste Decreto, além do que estabelece o Decreto n o 3.507, de 13 de junho de 2000. Parágrafo único. Cabe aos Estados, Municípios e ao Distrito Federal, no âmbito de suas competências, criar instrumentos para a efetiva implantação e o controle do atendimento prioritário referido neste Decreto. CAPÍTULO III DAS CONDIÇÕES GERAIS DA ACESSIBILIDADE Art. 8 o Para os fins de acessibilidade, considera-se: I - acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida; II - barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação, classificadas em: a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público; b) barreiras nas edificações: as existentes no entorno e interior das edificações de uso público e coletivo e no entorno e nas áreas internas de uso comum nas edificações de uso privado multifamiliar;

32 c) barreiras nos transportes: as existentes nos serviços de transportes; e d) barreiras nas comunicações e informações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à informação; III - elemento da urbanização: qualquer componente das obras de urbanização, tais como os referentes à pavimentação, saneamento, distribuição de energia elétrica, iluminação pública, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento urbanístico; IV - mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação, de forma que sua modificação ou traslado não provoque alterações substanciais nestes elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, telefones e cabines telefônicas, fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga; V - ajuda técnica: os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida; VI - edificações de uso público: aquelas administradas por entidades da administração pública, direta e indireta, ou por empresas prestadoras de serviços públicos e destinadas ao público em geral; VII - edificações de uso coletivo: aquelas destinadas às atividades de natureza comercial, hoteleira, cultural, esportiva, financeira, turística, recreativa, social, religiosa, educacional, industrial e de saúde, inclusive as edificações de prestação de serviços de atividades da mesma natureza; VIII - edificações de uso privado: aquelas destinadas à habitação, que podem ser classificadas como unifamiliar ou multifamiliar; e IX - desenho universal: concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e

33 confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade. Art. 9 o A formulação, implementação e manutenção das ações de acessibilidade atenderão às seguintes premissas básicas: I - a priorização das necessidades, a programação em cronograma e a reserva de recursos para a implantação das ações; e II - o planejamento, de forma continuada e articulada, entre os setores envolvidos. CAPÍTULO IV DA IMPLEMENTAÇÃO DA ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA E URBANÍSTICA Seção I Das Condições Gerais Art. 10. A concepção e a implantação dos projetos arquitetônicos e urbanísticos devem atender aos princípios do desenho universal, tendo como referências básicas as normas técnicas de acessibilidade da ABNT, a legislação específica e as regras contidas neste Decreto. 1 o Caberá ao Poder Público promover a inclusão de conteúdos temáticos referentes ao desenho universal nas diretrizes curriculares da educação profissional e tecnológica e do ensino superior dos cursos de Engenharia, Arquitetura e correlatos. 2 o Os programas e as linhas de pesquisa a serem desenvolvidos com o apoio de organismos públicos de auxílio à pesquisa e de agências de fomento deverão incluir temas voltados para o desenho universal. Art. 11. A construção, reforma ou ampliação de edificações de uso público ou coletivo, ou a mudança de destinação para estes tipos de edificação, deverão ser executadas de modo que sejam ou se tornem acessíveis à pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. 1 o As entidades de fiscalização profissional das atividades de Engenharia, Arquitetura e correlatas, ao anotarem a responsabilidade técnica dos projetos, exigirão a responsabilidade profissional declarada do atendimento

34 às regras de acessibilidade previstas nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e neste Decreto. 2 o Para a aprovação ou licenciamento ou emissão de certificado de conclusão de projeto arquitetônico ou urbanístico deverá ser atestado o atendimento às regras de acessibilidade previstas nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e neste Decreto. 3 o O Poder Público, após certificar a acessibilidade de edificação ou serviço, determinará a colocação, em espaços ou locais de ampla visibilidade, do "Símbolo Internacional de Acesso", na forma prevista nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT e na Lei n o 7.405, de 12 de novembro de 1985. Art. 12. Em qualquer intervenção nas vias e logradouros públicos, o Poder Público e as empresas concessionárias responsáveis pela execução das obras e dos serviços garantirão o livre trânsito e a circulação de forma segura das pessoas em geral, especialmente das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, durante e após a sua execução, de acordo com o previsto em normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e neste Decreto. Art. 13. Orientam-se, no que couber, pelas regras previstas nas normas técnicas brasileiras de acessibilidade, na legislação específica, observado o disposto na Lei n o 10.257, de 10 de julho de 2001, e neste Decreto: I - os Planos Diretores Municipais e Planos Diretores de Transporte e Trânsito elaborados ou atualizados a partir da publicação deste Decreto; II - o Código de Obras, Código de Postura, a Lei de Uso e Ocupação do Solo e a Lei do Sistema Viário; III - os estudos prévios de impacto de vizinhança; IV - as atividades de fiscalização e a imposição de sanções, incluindo a vigilância sanitária e ambiental; e V - a previsão orçamentária e os mecanismos tributários e financeiros utilizados em caráter compensatório ou de incentivo. 1 o Para concessão de alvará de funcionamento ou sua renovação para qualquer atividade, devem ser observadas e certificadas as regras de acessibilidade previstas neste Decreto e nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT.

35 2 o Para emissão de carta de "habite-se" ou habilitação equivalente e para sua renovação, quando esta tiver sido emitida anteriormente às exigências de acessibilidade contidas na legislação específica, devem ser observadas e certificadas as regras de acessibilidade previstas neste Decreto e nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT. Seção II Das Condições Específicas Art. 14. Na promoção da acessibilidade, serão observadas as regras gerais previstas neste Decreto, complementadas pelas normas técnicas de acessibilidade da ABNT e pelas disposições contidas na legislação dos Estados, Municípios e do Distrito Federal. Art. 15. No planejamento e na urbanização das vias, praças, dos logradouros, parques e demais espaços de uso público, deverão ser cumpridas as exigências dispostas nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT. 1 o Incluem-se na condição estabelecida no caput: I - a construção de calçadas para circulação de pedestres ou a adaptação de situações consolidadas; II - o rebaixamento de calçadas com rampa acessível ou elevação da via para travessia de pedestre em nível; e III - a instalação de piso tátil direcional e de alerta. 2 o Nos casos de adaptação de bens culturais imóveis e de intervenção para regularização urbanística em áreas de assentamentos subnormais, será admitida, em caráter excepcional, faixa de largura menor que o estabelecido nas normas técnicas citadas no caput, desde que haja justificativa baseada em estudo técnico e que o acesso seja viabilizado de outra forma, garantida a melhor técnica possível. Art. 16. As características do desenho e a instalação do mobiliário urbano devem garantir a aproximação segura e o uso por pessoa portadora de deficiência visual, mental ou auditiva, a aproximação e o alcance visual e manual para as pessoas portadoras de deficiência física, em especial aquelas em cadeira de rodas, e a circulação livre de barreiras, atendendo às condições estabelecidas nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT. 1 o Incluem-se nas condições estabelecida no caput:

36 I - as marquises, os toldos, elementos de sinalização, luminosos e outros elementos que tenham sua projeção sobre a faixa de circulação de pedestres; II - as cabines telefônicas e os terminais de auto-atendimento de produtos e serviços; III - os telefones públicos sem cabine; IV - a instalação das aberturas, das botoeiras, dos comandos e outros sistemas de acionamento do mobiliário urbano; V - os demais elementos do mobiliário urbano; VI - o uso do solo urbano para posteamento; e VII - as espécies vegetais que tenham sua projeção sobre a faixa de circulação de pedestres. 2 o A concessionária do Serviço Telefônico Fixo Comutado - STFC, na modalidade Local, deverá assegurar que, no mínimo, dois por cento do total de Telefones de Uso Público - TUPs, sem cabine, com capacidade para originar e receber chamadas locais e de longa distância nacional, bem como, pelo menos, dois por cento do total de TUPs, com capacidade para originar e receber chamadas de longa distância, nacional e internacional, estejam adaptados para o uso de pessoas portadoras de deficiência auditiva e para usuários de cadeiras de rodas, ou conforme estabelecer os Planos Gerais de Metas de Universalização. 3 o As botoeiras e demais sistemas de acionamento dos terminais de auto-atendimento de produtos e serviços e outros equipamentos em que haja interação com o público devem estar localizados em altura que possibilite o manuseio por pessoas em cadeira de rodas e possuir mecanismos para utilização autônoma por pessoas portadoras de deficiência visual e auditiva, conforme padrões estabelecidos nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT. Art. 17. Os semáforos para pedestres instalados nas vias públicas deverão estar equipados com mecanismo que sirva de guia ou orientação para a travessia de pessoa portadora de deficiência visual ou com mobilidade reduzida em todos os locais onde a intensidade do fluxo de veículos, de pessoas ou a periculosidade na via assim determinarem, bem como mediante solicitação dos interessados.