O estudo do lugar através das múltiplas manifestações da capoeira: Experiências da capoeiragem em Ourinhos-SP Rafael Rebello de Lima INTRODUÇÃO Desde o período colonial o negro foi tratado com indiferença dentro da sociedade brasileira, a escravidão deixou marcas e seu maior legado foi o racismo, o preconceito e a indiferença com a cultura afro-brasileira, que se desenvolveu em nossa sociedade, sobretudo, no espaço escolar (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2004). Em 2003 foi promulgada a lei n 10.639 que alterou a LDB e passou a exigir o ensino da história e cultura afro-brasileira no Ensino Fundamental e Médio. Nesse contexto surgem duas problemáticas: Quais práticas pedagógicas possibilitariam a aproximação dos educadores e educandos sobre as discussões das relações étnico-raciais sem reproduzir o preconceito? Quais as formas de instigar laços de pertencimento pelo espaço escolar? Esta pesquisa escolheu uma manifestação afro-brasileira como possibilidade para pensarmos, falarmos e por que não agirmos, sobre a problemática étnico-racial na escola: a capoeira. O motivo que influenciou a escolha do tema dessa pesquisa foi o encontro com o grupo de capoeira ORIGEM NEGRA, nas suas apresentações nas associações de bairro da cidade de Ourinhos, que se localizam em bairros pobres da cidade, onde se tomou conhecimento sobre as aulas de capoeira que o grupo realizava na escola E. E. Jandira. A capoeira tem nessa pesquisa um papel central, pois parte-se do principio que o conjunto de práticas espaciais revelam mais do que uma simples brincadeira, pois sua origem e seu desenvolvimento e a sua prática constituem potencialidade política, cultural e educacional, que pode auxiliar como primeiras aproximações dos educadores e educandos as discussões etnico-raciais. Levando para o espaço escolar liberdade, autonomia, respeito mutuo e muita criatividade (MATA, J. 2001) Apesar da inegável relação da pratica da capoeira com os escravos negros africanos trazidos para trabalhar no Brasil, existe um grande debate em torno da origem do conjunto de praticas que orientam as rodas de capoeira, uns acreditam que ela é uma
manifestação genuinamente brasileira, outros defendem que vieram com africanos. Segundo o mestre bola sete em seu livro A capoeira angola na Bahia : Conta-se que na áfrica, em angola, existia um ritual bastante violento chamado jogo da zebra, onde os negros lutavam aplicando cabeçadas e pontapés e os vencedores tinham como premio as meninas da tribo que ficavam moças. (2006, p.19) Essa divergência entre os pesquisadores e capoeiristas sobre a origem da capoeira ocorre por que a pouca documentação existente sobre a época da escravidão foi queimada pelo ministro da fazenda Ruy Barbosa no governo de Deodoro Fonseca, destruindo registros do Brasil colonial. Assim completa (FONTOURA E GUIMARÃES, 2002) na historia da capoeira: Não existindo estes documentos, com o passar do tempo, fatos ocorridos na história da capoeira podem ter caído no esquecimento, ou, eventualmente, terem sido distorcidos, pois grande parte do que hoje se sabe sobre a capoeira praticada pelos escravos foi transmitida, através das gerações, de forma verbal. (2002, p.141). Assim, se faz importante explicar que a pesquisa trabalha com a perspectiva de que as duas concepções sobre a origem da capoeira não se contradizem, mais pelo contrario se complementam, pois a capoeira nasceu no Brasil pelas próprias condições sub-humanas que se encontravam os negros que aqui foram escravizados, contudo não se pode negar a influencia da cultura africana que se vê nas músicas, danças e rituais, que compõe o que conhecemos por capoeira. Afinal de contas o que é a capoeira? Luta, jogo, dança, esporte, ritual? Onde surgiu? O que a caracteriza e dá significado? Acho que com essas perguntas, podemos dar nossos primeiros passos em torno dos aspectos políticos, culturais e educacionais que constituem o mundo da capoeiragem. A confusão de concepções sobre o que é a capoeira está intimamente ligada ao próprio desenvolvimento histórico da capoeira nos diferentes momentos políticos do Brasil, segundo (ROSEMBERG E MAIA, 2007). No período escravocrata, que compreende desde o reinado até o império, a capoeira surge como luta, pois esta relacionada a defesa dos negros contra as injustiças da escravidão, misturada com as danças afro-brasileiras para disfarçar os golpes que ajudariam os negros a fugir das fazendas ou se defender, como se pode notar na música chamada jogo de angola
escrita pelos Compositores Paulo César Pinheiro & Mauro Duarte e interpretada por Clara Nunes: No tempo em que o negro chegava fechado em gaiola, Nasceu no Brasil, Quilombo e quilombola, E todo dia, negro fugia, juntando a corriola (...) E ao som do tambor primitivo Berimbau mharakê e viola, Negro gritava "Abre ala" Vai ter jogo de Angola. Perna de briga, Camará... Perna de briga, Olê... Dança guerreira, Corpo do negro é de mola, Na capoeira... Negro embola e disembola... E a dança que era uma dança para o dono da terra, Virou a principal defesa do negro na guerra, Pelo que se chamou libertação, E por toda força coragem, rebeldia, Louvado será tudo dia, Esse povo cantar e lembrar o Jogo de Angola, Na escravidão do Brasil Como mostra essa bela canção, os escravos trazidos do continente Africano para o Brasil tentavam fugir para os quilombos e usavam da sua dança e música para treinar os golpes que poderiam lhe render a liberdade no momento do confronto com o capitão do mato. Já no Brasil república, a capoeira se apresenta como uma manifestação cultural
negro religiosa, a capoeira e outras manifestações afro-brasileiras se concentraram nas periferias a favor da resistência do negro a situação escravista. Depois da abolição dos escravos as manifestações negras foram perseguidas, algumas até criminalizadas como é o caso da religiosidades afro-brasileiras, como o candomblé e também da própria capoeira, pois segundo (ROSEMBERG E MAIA, 2007) no artigo O espetáculo na praça: A roda de capoeira angola o condigo penal brasileiro de 11 de outubro de 1890, continha a lei 487, no capitulo XIII, intitulado dos vadios e capoeiras, que proibia severamente a sua pratica em publico. Neste momento a capoeira se encontra na marginalidade, sem indumentária e academias. Os capoeiristas se reuniam aos domingos, feriados, dias santos, ou após o trabalho para brincar beber e jogar. (MATA, J. 2001) A capoeira - que sempre foi relacionada como pratica de bandidos e marginais - foi reconhecida como esporte nacional e praticada na marinha na era Vargas, dando origem a uma nova modalidade, a capoeira regional (FERRACINI, 2006). Na década de 30, nota-se com o surgimento da capoeira regional, a perda da relação com a cultura afro-brasileira e por isso mestre pastinha criou a capoeira de angola na tentativa reafricanizar a capoeira. Nesse sentido, a capoeira angola vai receber atenção especial, pois foi criada pelo mestre Pastinha com a intencionalidade de valorizar a ancestralidade africana, através de diversos ritos, danças e músicas ligadas a historia do escravo no Brasil e a religiosidade afro-brasileira, o candomblé. Nos dias de hoje pode-se encontrar a capoeira elitizada nas academias, ou capoeira de rua, com diversas concepções em uma roda só. Essas controvérsias sobre a origem, e as diversas modalidades que aparecerão ao longo da pesquisa, demosntram os aspectos ideológicos dessa manifestação cultural. A leitura da sua história tem que ser feita de forma cautelosa, pois além da capoeira ser transmitida de forma verbal o seu significado depende do próprio modo de ser do capoeirista. No entanto, ninguém pode discordar que a capoeira pode ser compreendida como uma expressão da cultura popular brasileira, que pode nos auxiliar a compreender questões políticas relacionadas as raizes etinicas afro.
Por mais que os elementos da cultura africana podem ser encontrados na sociedade brasileira atual, através de diversas manifestações como a musica popular, a culinária, o folclore, a religião, as festas populares e outros, a valorização da cultura afro no Brasil só se deu a partir do século XX, pois desde o período colonial até meados do século XIX, a matriz cultural européia foi hegemônica no Brasil, enquanto a visão de mundo africana foi tratada com censura, inclusive criminalizada perante a lei, pois surgiram decretos como o n 1331 de 17 de fevereiro de 1854, que não admitiam escravos nas escolas publicas, ou o decreto n 7031 A (ano), que possibilitava o estudo do negro apenas no período noturno. Esses decretos revelam historicamente a postura permissiva da discriminação no Brasil, resultando assim na marginalidade da arte e cultura negra que passou a ser ensinada de geração para geração dentro das senzalas, terreiros e quilombos e na sociedade, deixando de fazer parte do espaço escolar. O século XX foi marcado por algumas transformações políticas que levaram a cultura afro-brasileira à certa aceitação pela sociedade. Em 2003 foi promulgada a lei n 10.639 que alterou a LDB e passou a exigir o ensino da história e cultura afro brasileira no Ensino fundamental e médio. Nesse contexto, coloca-se a escola como espaço fundamental de trabalho das questões étnico-raciais, uma vez que o ambiente escolar se constitui como um dos principais mecanismos de transformação a partir das discussões de questões como racismo, raça, auto-estima, cidadania, ações afirmativas, religiosidade, identidade étnico-racial, ancestralidade, oralidade, resistência e outros. A escola passa neste momento a servir como espaço de discussão, e pode se tornar uma ótima ferramenta contra o preconceito para com os conhecimentos de raízes africana, reproduzido em nossa sociedade. Nos dias atuais existem diversos desafios para a melhoria do cotidiano escolar, porém este trabalho parte do principio de que além de diminuir o preconceito com a cultura afro-brasileira, a capoeira pode ajudar em muitos aspectos do dia-a-dia na escola. A escola apresenta diversos problemas desde o comportamento dos alunos até as políticas educacionais adotadas pelo governo, nota-se também problemas estruturais,
quanto aos muros, grades e portões que fazem a escola parecer uma prisão, e até podemos considerar alguns problemas didáticos, quando os métodos e técnicas são tão produtivistas que assemelham a escola a uma fabrica. Nesse sentido se faz necessário a deixar de lado o produtivismo e os métodos tradicionais que deixam a escola sem vida, e dar espaço para manifestações culturais e artísticas como a capoeira. Aproveitando essa abertura no sistema educacional a capoeira surge neste trabalho, com muita alegria, representando através da musica, dança, jogo, luta e rituais a história do negro no Brasil. Para Campos (1990), a importância pedagógica da capoeira se encerra na sua multiplicidade de linhas como luta, dança, arte, folclore, esporte, educação, lazer e até filosofia, assim a capoeira atua de maneira direta e indireta em todos os aspectos, sejam eles, cognitivos, afetivo e motor. Essa multiplicidade de modalidades revela que qualquer pessoa tem a capacidade de praticar a capoeira, pois a capoeira se realiza através de diferentes tipos de linguagem, seja musical ou corporal. A capoeira é realizada em uma roda, o que facilita a participação de todos os capoeiristas na roda. Essas são características da capoeira que contribuem para o processo de ensino-aprendizagem. Para katuta ensinar e aprender pressupõe a construção de espaços comunicativos entre os professores e alunos e desses últimos entre-si. Nesse processo, o uso de diferentes linguagens é importante para a elaboração de discursos que nos auxiliam a entender a realidade (p.185) Assim, a capoeira com o seu universo artístico, pode estabelecer inter-relações e produzir aprendizagens colocando o professor como mediador desse processo. Atuar como ferramenta pedagógica não apenas em aspectos cognitivos e motor, mas também afetivo, através da música, dança, jogo, brincadeira, teatralidade e ritual que a compõe. Dessa forma suas qualidades podem auxiliar a construir laços de pertencimento e identidade do aluno ao espaço escolar, fazendo da escola um espaço que ele goste e seja feliz, ou seja, o seu lugar. Para Callai 2003 A identidade do lugar permite que as pessoas tenham uma identificação com o mesmo, mais acima de tudo é necessário que cada sujeito construa a sua identidade singular (p. 12)
O melhor caminho para a formação da identidade do sujeito é reconhecer a historia do lugar, perceber as origens das pessoas e compreender as verdades e os valores que norteiam suas relações no cotidiano, dessa forma, o individuo pode reconhecer e se reconhecer na cultura do lugar. Assim, a capoeira assume o papel de levar a vida do cotidiano para dentro da escola, para que a escola consiga acolher seus alunos, de modo que eles se sintam a vontade, a ponto de se identificar e pertencer ao espaço escolar, como na sua própria casa, segundo Callai: considerando que é no cotidiano da própria vivencia, que as coisas vão acontecendo, vai se configurando o espaço, e dando feição ao lugar, um lugar que é um espaço-vivido, de experiências sempre renovadas o que permite que se considere o passado e se vislumbre o futuro. A compreensão disto necessariamente resgata os sentimentos de identidade e pertencimento (p.2) Dessa forma o estudo do conceito de lugar foi escolhido para compreender a resistencia da cultura popular do lugar no atual momento da globalização (SANTOS, M. 2000) e ao mesmo relacionar o sentimento do aluno na roda de capoeira dentro da escola, pois é la que o aluno freqüenta maior parte da sua vida e por isso este espaço se torna cheio de significados, construídos por experiências boas que os alunos podem vivenciar no seu cotidiano, essa experiências boas que fazem o homem gostar do espaço, transformam o espaço em um lugar, pois como argumenta Forgiarini Gonsalvez são as experiências humanas que concedem as construção um conteúdo de lugar O OBJETIVO desta pesquisa é refletir sobre a prática política, cultural e educativa da capoeira, e ainda investigar, como a capoeira pode contribuir para fortalecer os sentimentos de pertencimento e identidade dos educadores e educandos pelo espaço escolar. Para alcançar tal objetivo propõe-se o estudo geográfico desta manifestação cultural através da categoria lugar e suas diferentes acepções (CAVALCANTE, 2006; FERREIRA, 2000). METODOLOGICAMENTE o pré-projeto de pesquisa está baseado, nas ideias, sabedoria e visão de mundo contida nos depoimentos dos mestres de capoeira da cidade de Ourinhos. As estórias, as origens das pessoas, e os valores que pautam as suas relações, nos ajudam a aproximar a identidade e cultura do lugar (CALLAI, 2003). Ao
se pensar a sociedade o trabalho a capoeira torna-se uma questão objetiva, através da perspectiva materialista histórica e dialética onde as ideologias, os conflitos históricos,o processo de globalização capitalista do século XX e as contradições compõe o lugar (COSGROVE. D, 1998). Quando pensamos na roda de capoeira, o lugar que está associada a subjetividade, intuição, sentimentos, experiência e simbolismo, privilegiando o singular e não o universal. Considerando os sentimentos mais íntimos do sujeito na interpretação e percepção do espaço vivido. Assumimos uma visão humanística (GONSALVES. 2011). Os PROCEDIMENTOS que serão utilizados nessa pesquisa são; Revisão bibliográfica, pesquisa em dados estatísticos e documentais, entrevista, aplicação de questionário, participação elaboração e aplicação de oficinas. Para tal tarefa foram separados seis passos: 1 passo: realizar a revisão bibliografia de conceitos, autores e teorias que tratam sobre a capoeira; a escola e o lugar. 2 passo: pesquisar os dados estatísticos sobre a quantidade de escolas estaduais que já respeitam a lei e aplicam atividades sobre a história e a cultura afro - brasileira. 3 passo: aplicar questionário sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira aos professores das escolas estaduais de Ourinhos-SP. 4 passo: Acompanhar o grupo de capoeira do mestre ORIGEM NEGRA e participar ativamente das aulas, das rodas e apresentações de capoeira na cidade de Ourinhos. 5 passo: realizar depoimentos orais com os mestres de capoeira na cidade de ourinhos 6 passo: Visitar espaços que revelem a influencia da arte e cultura negra, como capoeira, terreiros de candomblé ou umbanda, e rodas de Maracatu da BATUCADA RÊSISTENCIA, como capacitação para preparar oficinas. 7 passo: Elaborar oficinas artísticas e apresentações culturais que utilizem as histórias, musicas, danças, jogos e rituais que constituem a capoeira e aplicar em uma
escola estadual de Ourinhos-SP, em colaboração com coordenadores e professores das escolas e o grupo de capoeira ORIGEM NEGRA sob a monitoria de Paulo e Denize. 8 passo: Produzir um material audiovisual sobre a capoeira, de forma que esta faça parte do material didático nas escolas de Ourinhos/SP, pretendendo ajudar a compreender melhor o papel das manifestações afro-brasileira na formação da sociedade brasileira. RESULTADOS PRELIMINARES A capoeira é pensada como uma manifestação afro-brasileira que pode revelar um caráter político quando relacionada aos conflitos históricos e de resistência cultural frente a homogeneização global e suas contradições no lugar (SANTOS, 2000). Esse caráter fica explicito quando compreendemos a escravidão, os quilombos, as perseguições policiais na historia do negro brasileiro, e o seu legado para com sociedade brasileira atual. Artístico e cultural, ao se considerar as inúmeras cantigas, toques dos instrumentos, danças, brincadeiras, gestos, gingados, golpes, rituais, sentimentos e emoções que revelam a metáfora da roda da vida (SILVA & HEINE) (FERRACINI, 2010). A roda de capoeira expressa diferentes linguagens, formando um espaço percebido, imaginado e concebido (KATUTA, 2011). Representa dessa forma, o próprio espaço vivido aonde se dão as experiências que possibilitam a realização dos lugares, mas aqui o lugar é pensado por uma perspectiva subjetiva, pois o espaço se constitui por laços de afetividade entre o homem e o lugar (TUAN, 1983), através de relacionamentos interpessoais, desenvolvimento cognitivo (percepção e senso espacial), a experiência (tempo, qualidade, intensidade) e memória (GONSALVES, 2011). O jogo de capoeira permite a construção de laços sentimentais, pois ela apresenta inter-relação entre quem toca, canta ou joga, nota-se a admirável percepção espacial dos capoeiras nas rodas, o tempo da roda é fundamental, pois permite outras experiências no espaço, tão qualitativas como vadiar na roda com um amigo, e tão intenso como ser presenteado com uma rasteira ou uma chamada.
Estudar a cultura do lugar através do cotidiano é também entender o espaço vivido, de experiências renovadas que permite considerar o passado e vislumbrar o futuro, essa compreensão resgata sentimentos de identidade e pertencimento (CALLAI. H, C, 2003). Esses sentimentos, são importantes para que a escola possa acolher os educandos, para isso a escola deve ser geradora de motivações através da produção das inter-relações (CALLAI. H, C, 2003), onde o educador é participante deste processo (FREIRE. P, 2011). A capoeira tem uma importância pedagógica, pois atua de maneira direta e indireta em aspectos cognitivos, afetivo e motor (CAMPOS, 1990), este caráter educacional, constrói conhecimento de uma forma dialógica, que coloca o educador e educando, como sujeitos da própria historia, através da presença curiosa, ação transformadora, invenção, reinvenção e uma busca constante da autonomia (FREIRE, 1997). Ainda no contexto a capoeira representa uma forma de educação não-formal, pois utiliza da memória, oralidade, ancestralidade, ritualidade, temporalidade e espacialidade, elementos que representam uma lógica educacional diferenciada da racionalidade positivista, colonial e eurocêntrica (ABIB, 2004). Uma lógica que busca valorizar o conhecimento popular como fonte de saber. Poucas escolas tratam sobre a cultura afro-brasileira. Aqui está uma bela oportunidade de conhecer sobre a nossa raíz africana, cantando, dançando, brincando e jogando com muito axé. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS. CALLAI, H. C. O estudo do lugar como possibilidade de construção de identidade e pertencimento. VIII Congresso luso-afro-brasileiro de ciências sociais. Coimbra. 2004. CAMPOS, Helio. Capoeira na escola. Salvador: Presscolo, 1990. CAPALBO, C. Espaço e religião: uma perspectiva filosófica. In: CORRÊA, R.L. et, al. (org.). Manifestações da Cultura no Espaço. Rio de Janeiro: Eduerj, 1999. CARMO, J. C. O que é candomblé. Ed Brasiliense. 1987 CLAVAL, P. A geografia cultural: o estado da arte. In: CORRÊA, R.L. et, al. (org.). Manifestações da Cultura no Espaço. Rio de Janeiro: Eduerj, 1999. CORRÊA, R. L. Espaço: um conceito-chave da geografia. In Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand, 1995.
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