Pedagogia de projetos e Educação Ambiental: o relato de uma experiência



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Belém/PA, 28 de novembro de 2015.

Transcrição:

Pedagogia de projetos e Educação Ambiental: o relato de uma experiência ALVES, Diego Sullivan de Jesus Alves Faculdade de Ciências Integradas do Pontal/Universidade Federal de Uberlândia Email: diego_sullivan@hotmail.com BERNARDES, Maria Beatriz Junqueira Faculdade de Ciências Integradas do Pontal/Universidade Federal de Uberlândia Email: mbeatriz@ufu.br FRANCO, Eliane Andrade Profa. da Escola Estadual Antônio Souza Martins Email: elianaandradefranco@yahoo.com.br NEHME, Valéria Guimarães de Freitas Instituto Federal do Triângulo Mineiro campus Uberlândia Email: valeriafreitas@netsite.com.br INTRODUÇÃO A cidade de Ituiutaba-MG está localizada no centro-norte da região do Triângulo Mineiro, a 685 Km de distância da capital Belo Horizonte. Com 107 anos e uma população aproximada de 96.000 habitantes (IBGE/ 2008) é um município que se destaca no setor educacional, pois conta com a presença de escolas públicas e particulares de ensino fundamental, médio, EJA e universidades particular e federal que garantem qualidade no ensino superior. Dentre as escolas públicas, a Escola Estadual Antônio Souza Martins de ensino fundamental, médio e EJA é uma referência no setor educacional. Criada como Escola Polivalente com Lei 5.692/71 visando à educação profissionalizante e refletindo o milagre econômico dos anos da Ditadura Militar, a instituição passou a funcionar em Ituiutaba a partir de 24/10/1974, demonstrando desde o início ser uma escola diferenciada, pois desenvolvia as aptidões e habilidades dos educandos, além das áreas do conhecimento específico, com aulas de Educação para o Lar, Técnicas Industriais, Técnicas Agrícolas e Técnicas Comerciais. 1

Com o passar dos anos, a escola foi se expandindo e mudando sua estrutura funcional inicial, pois já não mais interessava ao governo a manutenção de uma escola-modelo desta importância. Em 1977, a Escola Polivalente passou a chamar-se Escola Estadual Antonio Souza Martins, em homenagem ao prefeito. Atualmente, a escola funciona em três turnos, com 1800 alunos distribuídos em 42 turmas, de primeiro e segundo graus e educação de jovens e adultos (EJA), como uma das Escolas-Referência de Minas Gerais. O projeto Escolas-Referência do governo de Minas Gerais compromete-se a resgatar a qualidade e a tradição das escolas estaduais, e torná-las Escolas Públicas de Excelência. A Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) desenvolve projetos para a constituição de Grupos de Desenvolvimento Profissional (GDPs), oferecendo apoio científico-pedagógico e financeiro a projetos inovadores, voltados para o desenvolvimento e aplicação de metodologias, processos e produtos que contribuam para a melhoria da qualidade do ensino-aprendizagem nas escolas estaduais de Minas Gerais. Dentro do projeto GDP, foi desenvolvido com os alunos da 3ª série do Ensino Médio o projeto 10 atitudes a favor do patrimônio ambiental do Poli, foi iniciado por meio de sementeira de idéias sobre o Terceiro Setor, como: O Terceiro Setor promove inclusão social? Gera empregos? Evidencia mudanças locais e até mesmo globais? Contribui para o exercício da cidadania? O Terceiro Setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais que têm como objetivo gerar serviços de caráter público e que possui algum grau de mão-de-obra voluntária. O trabalho voluntário tem se tornado um importante fator de crescimento das Organizações Não Governamentais, componentes do Terceiro Setor. É graças a esse tipo de trabalho que muitas ações da sociedade civil organizada têm combatido grandes problemas da atualidade, como a pobreza, violência, poluição, analfabetismo, racismo, etc. Voluntário é o individuo que presta serviços não remunerados em benefício da comunidade, doando seu tempo e conhecimentos, realizando um trabalho gerado pela energia de seu impulso solidário, atendendo tanto às necessidades do próximo ou defendendo uma causa que ache justa, seja de caráter religioso, cultural, humanitária, ambiental, etc. 2

Afastando-se da noção de gesto assistencialista isolado, a ação voluntária incorporou novos parâmetros, como a idéia de planejamento, de trabalho em rede, formação de parcerias e avaliação de resultados. Transpondo essa idéia para o contexto da educação, pode-se afirmar que quanto mais educadores e alunos estiverem envolvidos com as questões ambientais onde estão inseridos e refletindo sobre como o processo educacional, mais poderão ajudar na busca de soluções planejadas e de comum acordo, maiores serão as chances de mudanças comportamentais e mais amplas as possibilidades de aprendizagem. Depois da família, a escola é a mais importante instituição socializadora, participando cada vez mais cedo da vida das crianças e trabalhando na formação de valores. Ela é o lugar onde se aprende sobre conteúdos fundamentais, mas, também, é um espaço de relações humanas, de construção de modelos, de reflexão e experiências. O trabalho voluntário reforça o papel da escola como um centro de cidadania, cultura, encontro, local em que se exercita a convivência democrática. O professor deve ser um dos principais agentes da promoção do trabalho voluntariado. A escola é o espaço privilegiado para sua execução, cabendo despertar no aluno a curiosidade, interesse, conhecimento e uma tomada de consciência, a fim de sensibilizá-lo a atuar como pessoa a favor do patrimônio ambiental escolar. O estudante deve ser preparado para agir de forma dinâmica, profunda e critica, pois ele tem um papel fundamental para influenciar no modelo de política do país, por isso é muito importante que se invista na juventude, motivando a sua participação em organizações socioambientais estruturadas e organizadas, para que ele perceba a importância da cidadania participativa para enfrentar problemas locais e globais. Criar, portanto, uma organização escolar é fundamental para proporcionar ao aluno novas informações, maior compreensão de seu entorno, aprimorar a sua relação com o semelhante e o ambiente no qual está inserido, resgatando manifestações culturais, artísticas e cívicas, às vezes, adormecidas pela escola. Esse projeto justifica-se por ter relevância social já que a criação de uma organização escolar simboliza levar à tomada de consciência, ao despertar do civismo, à mudança de atitude e postura a favor das causas ambientais e à oportunidade para o desenvolvimento de um sentimento ético e forte no exercício da cidadania. 3

Possui relevância ambiental no âmbito escolar, pois aumentará o compromisso dos alunos, professores e comunidade escolar com a conservação e preservação do Patrimônio Ambiental Escolar da Escola Estadual Antônio Souza Martins Polivalente. OBJETIVO GERAL Fundamentado-se na ética e no exercício da cidadania a favor do Patrimônio Ambiental Escolar este projeto objetiva desenvolver o sentimento de pertencimento dos alunos com relação à escola. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Compreender a noção de ambiente escolar como patrimônio. Promover entre os alunos a tomada de consciência sobre a importância de se preservar e restaurar o patrimônio ambiental escolar. Desenvolver uma postura crítica em relação à agressão ao patrimônio escolar. Valorizar ações que busquem um ambiente mais saudável no meio em que estão inseridos. Refletir as ações de cidadania na busca de soluções para problemas ligados ao patrimônio ambiental escolar. Reconhecer a necessidade de trabalhar o Patrimônio Ambiental, a construção de práticas pedagógicas interdisciplinares. METODOLOGIA Esse trabalho é o resultado de um projeto intitulado A PEDAGOGIA DE PROJETOS NA PRÁXIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL oferecido pela UFU - 4

Programa Institucional de Apoio à Iniciação Científica PIAIC-UFU no período de março de 2008 a fevereiro de 2009. A primeira etapa consistiu na participação de uma professora da rede estadual de ensino, em um mini-curso intitulado Educação Ambiental: alinhavando a teoria à prática, com duração de 20 horas, sendo que um de seus objetivos era oferecer subsídios que habilitassem a planejar e desenvolver projetos de ações educativas no espaço escolar, emergindo a oportunidade de melhorar a aprendizagem no desenvolvimento de projetos. O primeiro encontro do mini-curso foi de apresentação e discussão sobre as conquistas históricas da Educação Ambiental, abordando que as questões ambientais são merecedoras de inúmeras reflexões e problematizações. A partir de então, iniciaram-se os trabalhos de orientação de projeto a ser executado na escola. A elaboração e desenvolvimento do projeto contaram com o apoio da professora orientadora e do aluno bolsista do curso de Geografia. Ambos orientaram sobre os passos importantes que um projeto deve considerar como, ter o tema relevante, ser original, com a bibliografia viável. A redação do projeto deveria obedecer a uma série de etapas (introdução, justificativa, objetivos, metodologia. fundamentação teórica, resultados, cronograma e referências bibliográficas utilizadas). Faltava então definir qual seria o projeto a ser desenvolvido com os alunos da escola em questão. Seguindo o Planejamento Anual de Ensino da Disciplina Geografia para o ano de 2008 e cumprindo as exigências do CBC (Currículo Básico Comum), o tópico Terceiro Setor foi desenvolvido com os alunos da 3ª série do ensino médio, cuja habilidade esperada é o reconhecimento da importância do Terceiro Setor para a sociedade. Após conceituação e questionamentos de Terceiro Setor, observou-se que os alunos demonstraram interesse pelo trabalho das ONGs, então propôs a elaboração de um projeto em que eles seriam voluntários da Escola Polivalente, com o intuito de desenvolver atividades que melhorassem as questões ambientais escolares. Iniciou-se o projeto na escola com a escolha do tema, este por sua vez é relevante. Além disso, trabalhar projetos é fascinante e surpreendente. Relevante porque a questão aflige a comunidade escolar, fascinante pela capacidade de envolver alunos e surpreendente por trazer embutido, o princípio do inesperado. 5

A colaboração da professora foi de suma importância para a elaboração do projeto Patrimônio Ambiental da Escola Polivalente, sempre fazendo observações, questionando que as ações e os conhecimentos necessários para a compreensão deveriam ser planejados e discutidos entre professores, de forma interdisciplinar, e com os alunos. Enfatizou que todas as informações e passos que seguidos no projeto deveriam ser registrados. Os alunos formam os voluntários da escola, iniciamos, então, o plano de ação do projeto. Os alunos foram divididos em grupos para realizar um levantamento e diagnóstico dos problemas ligados ao meio-ambiente escolar que mais lhes chamavam a atenção. Cada grupo apresentou por meio de seminários com recursos de cartazes, slides, fotografias e trabalhos escritos, um problema vivenciado na escola que eles identificaram como negativo para o ambiente escolar, propondo soluções, estratégias de ações e alternativas para minimizá-lo. Os temas abordados pelos alunos foram: desperdício de energia, desperdício de água, higiene corporal preservação do patrimônio escolar, manifestações artísticas, culturais e cívicas, preconceito, o esporte contra as drogas, a questão do lixo, desinteresse dos alunos e a falta de respeito dentro do ambiente escolar. No decorrer da apresentação dos trabalhos, foi debatido com os alunos que os temas eram muito pertinentes, pois a cada instante surgiam entre eles reflexões sobre a postura que adotavam diante das questões ambientais da escola. Não conseguiam justificar porque jogavam papel no chão? Não apagavam as luzes e ventiladores? Não tinham zelo pelo livro didático? etc. Surgiu, então, a motivação para a criação de uma Organização de Voluntários dos Alunos do Polivalente para se mobilizarem a favor do Patrimônio Ambiental da escola, envolvendo tanto questões materiais como imateriais, na expectativa de preservar o patrimônio escolar e aprimorar o aluno como cidadão. 6

FOTO 1- Alunos 3ºB apresentando suas propostas para melhorar o patrimônio ambiental da escola Polivalente 2008. Autor: FRANCO, E. Nov, 2008 A escola cedeu o espaço físico (Anfiteatro), onde foi realizada uma reunião com os alunos para montarmos a estratégia do desenvolvimento do projeto. De comum acordo, ficou decidido que a logomarca adotada para o projeto seria Amigos do Patrimônio Ambiental do Poli. Sob a orientação dos professores de multimídia da escola, os alunos foram convidados para confeccionarem cartazes no laboratório de informática com palavras de ordem em relação aos temas propostos, Ex. ENERGIA - economizando energia você reduz custos, contribui com o meio ambiente e garante um futuro melhor. PATRIMÔNIO ESCOLAR - Preservando o patrimônio estamos melhorando o ambiente escolar e cuidando para as gerações futuras. 7

Com os cartazes prontos, o grupo (Amigos do patrimônio ambiental do Poli) passou nas salas de aulas divulgando o projeto, na tentativa de sensibilizar os alunos para as questões propostas: falaram do sentimento de pertencimento pela escola, indagaram sobre a consciência e higiene ambiental; incentivaram os alunos a refletirem sobre o porquê do desinteresse pelo estudo, o desrespeito com colegas e professores e o porquê do preconceito. Em seguida, os cartazes foram fixados em pontos estratégicos para chamar a atenção dos alunos, como: banheiros, bebedouros, lixeiras etc. No dia 11/11/2008, houve a culminância dos projetos de GDPs, juntamente com o lançamento do jornal de escola (Poli Notícias) e uma Feira de Profissões. Neste dia, os Amigos do Patrimônio Ambiental do Poli levaram aos grupos participantes do evento e o folder intitulado -10 atitudes a favor do Patrimônio Ambiental do Poli. Sendo que o folder foi destaque no jornal da escola, devido à relevância do projeto para toda a comunidade escolar. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A Geografia, assim como outras ciências humanas, pode contribuir para a formação de valores do cidadão estudante, principalmente dos alunos do ensino médio, por estarem com a capacidade de abstração mais desenvolvida. De acordo com a LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), o aluno do Ensino Médio deve ser aprimorado como pessoa humana. Devem-se, pois, incluir nesse nível de ensino, a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico. Portanto, o estudante deve estar preparado para se posicionar criticamente diante da realidade e tornar-se responsável pelo contexto social onde está inserido, buscando nos conhecimentos condições para se tornar um agente transformador. O aluno permanece muitos anos de sua vida dentro de um ambiente escolar, daí a necessidade de desenvolver o sentimento de pertencimento com relação ao seu espaço de vivência e, nesse caso, em relação à escola. O reconhecimento e interpretação de questões presentes no seu cotidiano, tendo como base princípios que o orientem a atuar com ética, cidadania e respeito ao patrimônio escolar. 8

A proposta do CBC (Currículo Básico Comum) de Geografia da Secretária Estadual de Educação de Minas Gerais e dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) no ensino médio é trabalhar a formação integral do aluno enquanto cidadão, com uma visão crítica da sociedade em que vive, possibilitando-lhe o desenvolvimento de valores éticos, solidariedade, cooperação, valorização da pluralidade sociocultural e respeito ao meio ambiente. O estudo da Geografia é fundamental na formação do aluno cidadão, na medida em que permite a ele apropriar-se e compreender criticamente sua realidade e suas possibilidades de agir na transformação de um mundo, com ações mais justas e solidárias (Proposta Curricular-2007). Segundo CAVALCANTI (2002), a geografia no ensino básico, participa do processo de construção dos fundamentos conceituais e instrumentais para a compreensão e representação da vida e do mundo, através do estudo da realidade. Esse estudo será desenvolvido, em cada projeto escolar, com base na seleção dos grandes temas e das questões emergentes da sociedade contemporânea, definida pelo desenvolvimento tecnológico a par de forte exclusão social. Entre os temas, sobressaem-se aqueles relativos à justiça social; à busca e à preservação da paz; à defesa do meio ambiente; a problemática das minorias; à reordenação do espaço geográfico no mundo atual; à cultura popular/local; ao papel do Estado nacional; entre outros. Dessa forma, a disciplina geografia não pode mais ser voltada só para o ensino tradicional, descritivo, limitado aos fatos e fenômenos espaciais, que não geram mudanças de atitudes no aluno, e sim conduzir o aluno ao reconhecimento de seu espaço de vivência, valorizando sua história pessoal e a do grupo social em que está inserido. O conhecimento geográfico abre ao jovem a possibilidade de pensar o homem por inteiro em sua dimensão humana e social, aberto ao imprevisto, aberto ao novo com força ou poder para resistir e intervir na realidade da qual é participante. (PCNs/1997). De acordo com GUIMARÃES (1995), no trabalho de tomada de consciência é preciso estar claro que conscientizar não é somente transmitir valores verdes do educador para o educando: essa é a lógica da educação tradicional, é, na verdade possibilitar ao educando questionar criticamente os valores estabelecidos, assim como os valores do próprio educador que está trabalhando a sua conscientização. Deve-se 9

permitir que o educando construa o conhecimento e critique valores a partir de sua realidade, em busca de uma síntese pessoal que refletirá em novas atitudes. Vale ressaltar que a disciplina geografia é abrangente e pode contribuir positivamente para que os alunos construam uma consciência de patrimônio ambiental e assim, assumam, posições atuantes a favor desse tema. O professor não deve ser um condutor de comportamentos, pois não se trata somente de estimular o aluno a dominar o conhecimento, mas fazer com que o mesmo elabore o seu próprio saber em relação à preservação do patrimônio ambiental. RESULTADOS A coordenação da escola mostrou interesse no desenvolvimento do projeto, pois viu a oportunidade de enriquecimento cultural, social e intelectual na formação dos alunos. Uma vez que o projeto se preocupou com a preservação do patrimônio escolar, o relacionamento dos alunos entre si e com professores, as questões ambientais e o resgate das manifestações artísticas e culturais, foi proposto que o projeto seja incluído no Planejamento Anual de 2009, para ser trabalhado de forma interdisciplinar. Os alunos envolvidos nas três etapas do projeto (diagnóstico, plano de ação e execução) demonstraram bastante interesse e um espírito de colaboração entre si. Além disso, foi possível notar a preocupação por parte de alguns alunos, em colaborar com a limpeza de sua sala, o cuidado em deixar luzes e ventilador desligados quando fossem sair e embora pequena, uma mudança de atitude em relação aos colegas e aos professores. CONSIDERAÇÕES FINAIS Desenvolver o projeto com alunos do 3º ano foi uma experiência surpreendente. Eles tiveram oportunidade de compartilhar de todas as etapas do projeto, dando opinião e discutindo sobre atitudes positivas e eficazes para o sucesso do mesmo. Trabalhar Patrimônio Ambiental Escolar não se faz com atividades pontuais, mas com toda uma mudança de paradigmas que exige uma contínua reflexão e apropriação dos valores que remetem a ele. 10

Com os resultados apresentados, confirmou-se que alunos motivados podem realizar trabalhos imensuráveis, e que este projeto para alcançar os objetivos almejados deverá ser permanente e contínuo, havendo parcerias entre professores de todas as disciplinas, pois o tema gerador propicia a ampliação da interdisciplinaridade, os conteúdos estão bem definidos e, certamente, os alunos precisam de uma diversidade de situações de aprendizagem sobre um determinado tema para aprender REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Educação. LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LEI 9394, de 20/12/96. Ministério da Educação. Brasília, 1996. BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Ministério da Educação. Brasília, 1997. CAVALCANTI, L. de. Geografia e práticas de ensino. Goiânia, Alternativa, 2002, p.79-92. GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. São Paulo: papirus, 1995, 107p. PROPOSTA CURRICULAR CBC. Geografia Ensinos Fundamentais e Médio. Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerias, 2007. 11