O ENSINO DE INGLÊS PARA IMIGRANTES TRABALHADORES NAS FÁBRICAS DOS EUA NO INÍCIO DO SÉCULO XX: O MÉTODO ROBERTS RESUMO



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Transcrição:

3731 O ENSINO DE INGLÊS PARA IMIGRANTES TRABALHADORES NAS FÁBRICAS DOS EUA NO INÍCIO DO SÉCULO XX: O MÉTODO ROBERTS Andrew Blake Boyd Pontifícia Universidade Católica de São Paulo RESUMO O método Roberts de ensino de Inglês surgiu dentro das necessidades do trabalho da YMCA com os imigrantes nos Estados Unidos do início do século XX. Esse método é mencionado por vários pesquisadores norte-americanos de passagem em conexão com o ensino de Inglês, mas não há informações sobre esse método. Não há nenhum análise ou comentário sobre o método, sua derivação e sua implementação em sala de aula. Esse trabalho analisa o método, sua origem, seu objetivo e seu significado para o americanismo, utilizando o referencial teórico de Antonio Gramsci e seu pensamento sobre o americanismo. Peter Roberts era funcionário da YMCA durante muitos anos. Além de trabalhar com a YMCA em sua divisão de imigração, Roberts escreveu vários livros sobre imigração. Roberts esteve profundamente envolvido na americanização de seres possívelmente inferiores aos norte-americanos nativos. Com ele, havia muita companhia. Até esse livro de 1914, já havia grupos de norte-americanos trabalhando de forma mais ou menos organizada, com abrangência mais ou menos larga para americanizar o imigrante, principalmente nos moldes anglo-saxônicos. Roberts viajou e distribuiu por todo o país os materiais de ensino escritos por ele. Visitou corporações, distritos escolares, grupos religiosos, prisões, demonstrando como usar os materiais e enfatizando seu uso para o comércio. Onde foi especialmente bem-sucedido foi nas fábricas. Roberts desenvolveu um método básico com três séries de dez lições cada: a doméstica, a industrial e a comercial. Em cada série, ele construiu os diálogos em torno de assuntos cotidianos. Preocupouse em utilizar situações que os imigrantes iriam usar com naturalidade. Roberts usava a primeira lição da série doméstica para demonstrar seu método. Com cada frase ele demonstrava o movimento necessário para representar aquela situação. Com relativa facilidade Roberts conseguiu ensinar seu método a centenas de professores voluntários ao viajar de estado para estado. Além de revisar e desenvolver os textos, Roberts os promoviam vigorosamente. Conseguiu o copyright em 1908 e vendeu o método a numerosas escolas públicas e particulares. Em janeiro e fevereiro, 1909, Roberts matriculou mais de 1,600 imigrantes em seu programa de Inglês e em março, abriu oito centros de ensino de Inglês na cidade de Nova York. Em junho de 1910 introduziu seu sistema nas prisões de Sing Sing e Western Penitentiary, Pennsylvania. Em um ano as matrículas dobraram até 9,000 imigrantes. Em junho, 1911, o número era 13,000. (Industrial Comitee Reports, 1911). Os americanizadores mais envolvidos com os programas de ensino de Inglês para adultos à noite perceberam que esses tinham muitas responsabilidades diurnas para assumir os estudos de Inglês à noite, principalmente quando, em quase todos os casos, os professores eram administradores ou professores diurnos que queriam suplementar a renda. Roberts alegou que os livros textos faltavam e deviam em termos pedagógicos. Assim, americanizadores começaram a clamar para aulas de Inglês nas fábricas. Primeiro a ingressar nesse movimento foi a YMCA com o trabalho de Peter Roberts, na zona industrial. Até 1915, a YMCA tinha por volta de 500 operações nessa área com 1,900 instrutores. Esses instrutores eram homens que moravam nas instalações da YMCA, membros de aulas de estudos bíblicos, trabalhadores de fábricas, homens de negócios, funcionários públicos, estudantes universitários e seminaristas. Roberts preparou o material de intermediário e avançado, além do introdutório. Embora Roberts fosse um americanizador moderado em alguns aspectos, considerou que o americanizador tinha que entrar na casa ou no trabalho do imigrante: Larga o estrangeiro, deixa-o a sós, deixa-o na sujeira e a doença, e ele simplesmente vagará. Porém é imprescindível notar que a maior parte do livro do qual Korman extrai o trecho acima é tolerante aos imigrantes, apresentando suas dificuldades, seus sonhos, etc. Em um boletim do Illinois Miner s and Mechanic s Institutes, Roberts afirma que outra objeção é que o estrangeiro não usa colar e gravata. Isso pode ser verdade, mas quanto mais perto ele chega

3732 aos padrões norte-americanos, o mais certo que ele usará.. Embora sutil, não deixa dúvidas das intenções finais de Roberts, a americanização do tipo anglo-conformity. Ele inclui uma lição na série doméstica sobre utensílios da mesa e tomando café da manhã que tratam de inculcar práticas norte-americanas de comer e agir à mesa. Embora dominasse a série industrial, Roberts trabalhou em prol dos imigrantes nas outras séries, mesmo com o objetivo de americanizá-los. Na série comercial, as lições de como pegar o trem e dia do pagamento instruíam os imigrantes que tinham que segurar as fichas de bagagem, como fazer orçamento familiar, como fazer compras, etc. Então vê-se que Roberts exibia um trabalho misto entre a procura do bemestar do imigrante e a procura de o americanizar quanto antes. Ao aprofundar essa questão, aparecem mais indícios de americanização. Isso pode surpreender, vindo de um homem imigrante (país de Gales), com P.hD. e vários livros publicados sobre imigrantes. TRABALHO COMPLETO A hegemonia nasce na fábrica disse Gramsci. A capital racional moderno provocou na fábrica o homem que passava longas horas de jornada. A regulamentação de todos os modos de trabalho feita por Ford e outros empresários visava regimentar o trabalhador. Os princípios cristãos, ensinados pela YMCA, iriam fortalecer os laços familiares, mantendo o trabalhador longe das tavernas e bares. Assim, e com os altos salários, garantia-se uma força de trabalho disciplinada e efetiva. Quando um não resistia à fadiga, havia sempre um imigrante clamando pelo posto. Estava sendo criado o homem novo. Roberts pode ser considerado um tipo ideal weberiano no sentido que ele representa o que poderia gerar em correlação de atividades de americanização de imigrantes. Ao mesmo tempo em que ele os prepara para usar o Inglês, ele os deixa abertos à exploração de seus patrões. O Inglês aqui representa a língua de pensamento, de intercambio, integração, identidade e ajustement. È o idioma de inclusão ao mesmo tempo em que exclui quem não fala. 1. YMCA O MÉTODO ROBERTS O método Roberts desenvolveu-se a partir do trabalho da YMCA com os imigrantes, considerado por vários pesquisadores norte-americanos, como a passagem em conexão para o ensino de Inglês. Mas apesar da sua importância, não há nenhuma análise ou comentário sobre ele, sua derivação e implementação. É citado somente em três fontes: Paul McBride, Gerd Korman e alguns parágrafos na revista Harper s Monthly. 1 Esse capítulo pretende preencher essa lacuna ao analisar sua origem, seu objetivo e seu significado para o Americanismo. A evangelização urbana da YMCA justificou o crescente envolvimento em trabalhos de bem-estar social. Seus projetos em parceria com as ferrovias eram considerados uma missão à aristocracia em vez de ao trabalhador comum. Era a melhor abordagem à classe trabalhadora que a YMCA possuía no século XIX.(Hopkins, 1951). Essa observação revela que muitos dos trabalhadores atendidos se constituía de imigrantes. Peter Roberts, funcionário da associação, estudou os imigrantes e publicou O novo imigrante, com estatísticas sobre os funcionários das ferrovias, em seis centros, com um total de 2.950 empregados, em 1909. Por raça listou: italianos: 1.515; poloneses: 1.240; austríacos: 88; eslovacos: 90 e húngaros: 17. Das dezenas de milhares de funcionários empregados pelas ferrovias, 39% eram estrangeiros e 24% filhos de estrangeiros. (Roberts, 1914, p.58). 1 McBride, 1976, p. 84; Korman, 1967, pp.144-146; Harper s Monthly vol. 136, 1918, pp. 281-289

3733 Utilizando a abordagem do programa de ferrovias, a YMCA gerou outros programas de apoio aos imigrantes durante os primeiros anos do século XX. Nas cidades, oferecia emprego, abrigo, comida, ensinamentos cristãos e cursos de Inglês, Cívica, História e higiene. Nos empregos, era comum o imigrante deparar com aulas no seu horário de almoço, ou encontrar os professores da Associação ministrando aulas noturnas nas escolas públicas. A YMCA não conseguia escapar da influência dos interesses das empresas patrocinadores e muitas vezes, teve que abdicar de programas em prol do trabalhador para atender às demandas dos empregadores, que a mantinham doando recursos. Devido à expansão dos programas, a YMCA virou uma corporação multimilionária em 1900. Durante o ano de 1901, a Associação construiu prédios em 23 cidades e reformou em outras 15. Neste ano, o valor imobiliário chegou a 23 milhões de dólares, 400 prédios, 1500 associações e 325.000 membros. Em 1906, esses números cresceram para 405.000 membros, 1868 associações, 552 prédios e um patrimônio em torno de 34 milhões de dólares. Entre 1900 e1916, a YMCA ergueu 290 prédios. A lista de empresas que construíram prédios para a YMCA é longa e inclui as plantas de U.S. Steel - em Gary, Indiana, com a doação de $110.000 do o Juíz Elbert H. Gary, juntamente com quatro terrenos para desenvolvimento de atividades recreativas. A classe empresarial se provou presente nas doações para a YMCA. Quando a Associação em Nova York acumulou dívidas de $300.000, os irmãos Dodge doaram $100.000, John D. Rockefeller e J. P. Morgan doaram cada um $100.000. Apesar dos seus bens, a YMCA era 100% dependente de contribuições, quase todas de fontes empresariais. Para conseguir o patrocínio, especialmente das ferrovias, a articulação utilizada pela YMCA prometia recreação e influência cristã para os trabalhadores em troca de um prédio e uma secretária para coordenar os eventos. Sem essas instalações e atividades, que garantia um ambiente cultural e moral, os trabalhadores freqüentariam os bares, atrasando-se ou faltando no trabalho, ocasionando queda na produtividade. Os empregadores não mais se preocupariam com o Radicalismo, pois a associação conseguiria acalmar os ânimos em situações de greve e fazia oposição ao Socialismo e aos Trabalhadores Internacionais do Mundo.. O dilema enfrentado pela YMCA nesse período ajudou a avaliar sua postura com as empresas patrocinadoras. Se o objetivo inicial era ministrar os ensinamentos cristãos aos trabalhadores pobres, os organizadores da Associação precisavam atuar na agitação trabalhista para agradar aos patrocinadores. Precisavam, portanto, trabalhar no sentido de apoiar as empresas sem perder a confiança dos trabalhadores, uma difícil missão. (McBride, 1976, p.67). A YMCA somente criou um programa para imigrantes em 1907, a partir de uma reunião do Comitê Industrial que a inquiriu sobre como poderia lidar com os problemas provenientes da imigração maciça. Determinaram que o programa de ajuda começaria nos portos de embarque e desembarque e nos navios em trânsito. Outro plano serviria para os imigrantes urbanos. Esse serviço incluiria o Departamento de Educação, com cursos em Inglês, Cívica, procedimentos para a naturalização, influência cristã, higiene, leis municipais, condições de alojamento e Literatura. Essa comissão nomeou Peter Roberts secretário geral para assuntos imigratórios, pois possuía uma maneira singular de trabalhar com os imigrantes e ao mesmo tempo, com seus patrões. Essa habilidade foi adquirida pelo seu histórico de trabalho com imigração, nas minas de carvão do seu estado natal, Pensilvânia e no programa de ferrovias da própria YMCA. As primeiras tarefas que cumpriu consistiam em editar livros-textos para o ensino de Inglês, Cívica e História. Depois, viajou e os distribuiu por todo o país. Visitou corporações, distritos escolares, grupos religiosos, prisões, demostrando como usá-los e enfatizando seu uso para o comércio.

3734 2. METODOLOGIA ROBERTS Segue a descrição básica do método Roberts que se fundamentava em três princípios no ouvido, nas experiências cotidianas e na seqüência lógica do tema central. Roberts desenvolveu três séries: a doméstica, a industrial e a comercial. Em cada uma, ele construiu os diálogos em torno de situações do cotidiano. Roberts usava a primeira lição da série doméstica: lição de acordar, para demonstrar seu método publicamente. Cada frase descreve o movimento necessário para realizar a situação. (Roberts, 1914, p. 40). I awake from sleep. I open my eyes. I look for my watch. I find my watch. I see what time it is. It is six o clock. I must get up. I throw back the bed clothes. I get out of bed. I put on my pants. I put on my stockings and shoes. I wash myself. I comb my hair. I put on my collar and necktie. I put on my vest and coat. I open the door of my bedroom. I go down stairs. Com relativa facilidade, Roberts ensinou seu método a centenas de professores voluntários do país. Além de revisar e desenvolver os textos, Roberts os promoviam vigorosamente. Conseguiu o copyright em 1908 e vendeu o método a numerosas escolas públicas e particulares. Entre janeiro/ fevereiro de 1909, matriculou mais de 1.600 imigrantes no seu programa de Inglês e em março, fundou oito centros de ensino de língua a cidade de Nova York. Em junho de 1910, introduziu seu sistema nas prisões de Sing Sing e Western Penitentiary, na Pensilvânia. Em um ano, as matrículas dobraram para 9.000 imigrantes. Em junho de 1911, o número era 13.000. (Industrial Comitee Reports, 1911). Com o sucesso do programa de Roberts, seu prestígio junto a YMCA cresceu. Começou em 1907 com o salário de $1.800 por ano. Em 1911, ganhava $5.000 com direito a despesas de $1.500. Esses valores não contemplam os substanciais royalties que ganhava com a venda de seus textos. Em 1914, a Ford Motor Company contratou a YMCA para inaugurar um programa

3735 de Inglês para os 15.000 funcionários, 85% dos quais eram estrangeiros. (Industrial Comitee Reports, 1914). As indústrias tinham necessidades diferentes para seus funcionários, a maioria focava a segurança, mas algumas dispunham de objetivos específicos para as aulas. Nesses casos, Roberts escrevia as lições que atendiam aos requisitos das empresas, como por exemplo, YMCA começou a ministrar aulas para International Harvester em 1911, a intenção da empresa focalizava a eficiência e a obediência. Uma das lições ensinava pontualidade, segurança e disciplina: Ouço o apito. Devo me apressar. Ouço o apito de cinco minutos É a hora de entrar na oficina. Troco de roupa e me preparo para trabalhar. O apito soa. Como minha refeição. É proibido comer antes. O apito soa cinco minutos antes da hora de começar. Preparo-me para o trabalho. Trabalho até ouvir o apito de encerramento. Deixo meu lugar de trabalho limpo e organizado. Coloco a roupa no armário. Vou a casa. (Korman, 1967, pp 144-145). Portanto, o método Roberts, da série industrial, sofria significativas alterações, conforme as decisões das corporações. A YMCA não poderia interferir porque as indústrias controlavam os programas de Inglês, pagavam os professores e faziam as doações à associação. Os pesquisadores mais envolvidos com os programas de ensino de Inglês para adultos perceberam que esses não acompanhavam os estudo a noite, por causa das atividades e responsabilidades diurnas. Peter Roberts escreveu para Raymond Crist, reclamando da falta de didática dos textos e dos professores que apenas queriam suplementar a renda. Para os americanizadores a solução era clamar por aulas de Inglês nas fábricas. Embora Roberts fosse um moderado, considerou que o americanizador deveria entrar na casa ou no trabalho do imigrante: Larga o estrangeiro, deixa-o a sós, deixa-o na sujeira e a doença e ele simplesmente vagará. (Kormen apud. Roberts, 1920, p. 97). Porém, é imprescindível ressaltar que a maior parte do livro do qual Korman extrai o trecho acima é tolerante com as dificuldades e sonhos dos imigrantes. Em um boletim do Illinois Miner s and Mechanic s Institutes, Roberts afirma que outra objeção é o estrangeiro não usar colar ou gravata. Isso pode ser verdade, mas quanto mais perto ele chega dos padrões norte-americanos, o mais rápido, ele usará. (Roberts, 1914, p. 41). De forma sutil, não resta dúvidas das intenções finais de Roberts: a americanização. Exemplificando, na lição na série doméstica sobre utensílios da mesa e tomando café da manhã tratam de incutir práticas norteamericanas de como comer e agir à mesa. Outro exemplo da americanização visível de Roberts, extraído de seu livro English for Coming Americans: Muitos imigrantes ao chegar nos EUA prosperaram. Vieram dispostos a trabalhar muito, obedecer às leis, e ajudar a construir a terra em que se fixaram.

3736 (Roberts, 1911, p.78). Homens de mentes e corpos sãos, de bom caráter moral, são sempre bem-vindos nos EUA e Canadá. Milhões de pessoas imigrantes na América do Norte têm melhores salários e maiores chances, maior liberdade e mais felicidade do que poderiam esperar no velho mundo. O imigrante, aproveitando essas benções, pode mostrar gratidão ao dar o melhor de si a seu novo país. Mesmo com o objetivo de americanizá-los, o autor trabalhou em prol dos imigrantes, na série comercial, as lições de como pegar o trem e dia do pagamento os instruíam como segurar as fichas de bagagem, fazer orçamento familiar, fazer compras, etc. Roberts exibia um trabalho misto entre a procura do bem-estar do imigrante e a procura de americanizá-lo quanto antes. Ao aprofundar essa questão, aparecem mais indícios de americanização. Ao examinar o livro The New Immigrant, escrito em 1912 vê-se a complexidade do pensamento de Roberts quando o assunto imigrante é separado do assunto Inglês e americanização. 3. DETALHES DO MÉTODO ROBERTS A melhor forma de aprender Francês é de morar na França por seis meses. Ao estudar Francês durante seis anos nos EUA, a pessoa lê importantes obras literárias, mas não entende a frase mais simples. O desconforto provém da falta de treinamento do ouvido aos sons e da falta de exercitar as cordas vocais.(roberts, 1914, p. 38). No método Roberts, há ênfase em três princípios fundamentais para a aprendizagem de um idioma novo: 1. O ouvido é o órgão de idiomas e não o olho. Esse ponto não pode ser enfatizado demais. Dessa forma os professores precisariam ensinar os imigrantes a falar, antes de ler e escrever. Na sala de aula, toda frase deve ser ouvida pelo aluno; depois ser repetida várias vezes e finalmente, escrita e lida. Segundo Roberts, se o estrangeiro nos EUA estiver aberto às possibilidades, todas as trocas com norte-americanos podem representar oportunidades de aprendizagem. 2. O assunto da lição de Inglês explora as experiências cotidianas dos alunos. O objetivo é transpor essas experiências em uma nova língua. A experiência dos adultos difere muito das crianças, por isso as cartilhas da escola pública não servem aos interesses dos adultos. Durante as primeiras trinta lições o livro não deve ser usado. As lições devem ser impressas em folhas de papel e entregues aos alunos apenas quando sabem a lição. Como cada lição pertence ao dia-a-dia do aluno, ele começa a falar a respeito antes de ler e escrever. 3. Cada lição é construída de tal forma que facilita o aprendizado dos alunos. No método Roberts, toda lição é formada de acordo com as leis de mnemônicos. O resultado é que a memória é aliviada do estresse e o aluno melhor concentra sua mente em cima do som. (Roberts, 1914, p. 38). Cada frase deve sugerir outra. Com uma seqüência lógica pertinente ao tema central. Como foi mencionado, o curso básico de Roberts consistia em três séries divididas em trinta lições. A seguir, os temas trabalhados no curso básico: SÉRIE A - DOMÉSTICA:

3737 1 - Levantando de manhã. 2 - Pegando lenha para fazer o fogo. 3 - Acendendo o fogo. 4 - Preparando o café da manhã. 5 - Utensílios da mesa. 6 - Tomando café da manhã. 7- O homem se lavando. 8 - Uma família de oito. 9 - Dando as boas-vindas a uma visita. 10 - Dormir. SÉRIE B INDUSTRIAL 1 -Ir ao trabalho. 2- Começando o dia do trabalho. 3- Engraxando os sapatos. 4- O mineiro e o trabalho. 5- O trabalhador da ferrovia no trabalho. 6 - O trabalhador na siderúrgica. 7 - Um homem procurando emprego. 8 - Demitindo-se de um emprego. 9 - Um homem machucado. 10 - Terminando o dia de trabalho. SÉRIE C COMERCIAL 1 - Escrevendo uma carta. 2 - Comprando e usando selos. 3 - Indo à estação ferroviária para comprar um bilhete. 4 - Andando de trem até New Haven. 5 - Dia do pagamento. 6 - Despesas da casa. 7 - Comprando um chapéu. 8 - Levando dinheiro ao banco. 9 - Mandando dinheiro para os parentes. 10 - Comprando um lote e construindo uma casa. (Roberts, 1914, p. 40). No manual para professores, Roberts começa o primeiro capítulo enfatizando os três princípios fundamentais: Aprendem-se línguas como as crianças, sem o uso de livros. Os ouvidos são os órgãos receptivos para idiomas. As formas convencionais de um idioma só podem ser aprendidas por meio de conversação. A experiência mostra que se ao usar frases simples de uso comum, o estrangeiro aprender a falar e entender Inglês, apesar de ser analfabeto. As lições devem obedecer às leis naturais: ajuda a memória e quando a dificuldade é minimizada, o aluno vai melhor se concentrar em conseguir produzir o som correto e reproduzir o que ouviu. (Roberts, 1909, p. 15). Além das dez frases, utilizam-se cartazes para treinar a leitura e a revisão. O curso contém um exame final. Nas lições da série doméstica, a linguagem implementada reflete o que é mais comum em termos domésticos. Ao falar na série industrial, ressalta que ela pode incorporar inúmeras alterações para atender os diferentes tipos de indústrias, como já foi exemplificado.

3738 Roberts demonstra como aplicar a primeira lição da série doméstica. Lembrando que o tópico é levantando de manhã. Analisa que a ordem das frases segue a lógica do levantar e descrevem em mais detalhes os vários atos em sua ordem natural. Isso nos providencia frase após frase em ordem cronológica, assim fazendo da inteira operação uma cadeia lógica de atos que podem ser facilmente memorizados por qualquer homem de inteligência média.(roberts,1909, p. 24). Em outro trecho, ensina o professor a atuar, usar gesticulações para que os homens entendam a situação, mesmo não conhecendo todas as palavras. Sugestiona aos professores levar para a sala de aula os itens que precisarão nas cenas. Com isso, a aula pode progredir inteiramente em Inglês. Deixe a sala de aula ser um microcosmo e os alunos melhor atuarão nos seus papéis no macrocosmo em que vivem". O professor deve marcar a parte da frase que causará dificuldades para os alunos, como o verbo. Ou seja, a parte gramatical é o mais difícil para o imigrante. Por isso, o verbo é colocado em uma coluna no lado esquerdo da página. A idéia, explica Roberts, não é conjuga-los, mas visualizar a conjugação da frase em questão. Os cartazes são utilizados apenas na série doméstica, para facilitar a leitura e a prática da língua. Com um asterisco, alerta aos professores de que eles podem fazê-los para as demais lições, caso achem necessário. O motivo de não os mais utilizar nas outras séries é a esperança de que o uso na primeira facilitou a habilidade de escrita de tal forma que os alunos escrevem as frases das séries industrial e comercial com relativa facilidade. Na terceira série o aluno é encorajado a contar ou escrever estória. Um problema surge quando o aluno consegue memorizar as frases e produzirem respostas se instigado pelo professor, mas não transfere o conhecimento lingüístico para outra situação. Para evitar que os alunos ajam como papagaio, uma seqüência de cartazetes com perguntas e respostas usando o vocabulário aprendido devem ser usados com grupos sentados. Os alunos que dominam as trinta lições terão um vocabulário de mais de 700 palavras. Equipado com esse arsenal de vocábulos, o imigrante consegue compreender a vida, produzir mais no trabalho e com as idéias americanas e seus ideais chegarão a sua alma. (Roberts, 1909, p. 29). A YMCA aplicava em vários locais do país exames nos meses de abril e outubro. Era uma oportunidade do aluno receber um diploma, o que criava um objetivo para fazer o curso todo. 4. ANÁLISE DO MÉTODO ROBERTS Roberts preparou as três séries do curso básico para o professor dividi-las em cinco etapas para cada lição: treinamento oral, exercício de leitura, prática de escrita, revisão e a gramática. No manual, definiu o treinamento oral em três fases cada, proporcionando aos alunos uma memorização mais eficiente. O autor controla o processo de aprendizagem de forma milimétrica, como neste trecho: COMEÇA A SEÇÃO A: Pronuncie os cinco verbos: awake, open, look, find, see distinto e não muito rápido. Então diga awake e encoraje a classe a repetir o verbo. Faça o mesmo com open, look, find, see. Os alunos, em poucos minutos, poderão repetir os cinco verbos sem ajuda do professor.

3739 Agora as cinco frases. Pronuncie-as de forma clara e não muito rápido: I awake from sleep ; I open my eyes ; I look for my watch ; I find my watch ; I see what time it is. Então volte ao início: I awake from sleep, e encoraje a classe a repetir as frases; siga com as demais sentenças: I open my eyes, I look for my watch, I find my watch, I see what time it is. Os alunos em pouco tempo pronunciarão distintamente as cinco frases, em ordem, sem sua ajuda. Estimule ao encenar os vários passos nas frases. Quando os alunos conseguirem praticar a parte A com relativa facilidade, proceda a parte B. [...]. Agora, proceda a parte C. [...]. Quando a classe conseguir praticar a parte C com relativa facilidade, junte-a com as partes A e B e recomeça com a primeira frase, I awake from sleep, prossiga, frase por frase até chegar a I go downstairs. Será necessário treinar isso várias vezes, mas... [...] A classe agora sabe a lição. (Roberts, 1909, pp. 32-34). O mesmo se processa nos exercícios de leitura. Nesse, o professor aponta um verbo ou uma frase, aleatoriamente, e os alunos lêem: Passe de uma linha para outra rapidamente, testando o poder dos alunos de ler e reconhecer as palavras e frases que todos sabem e conseguem falar.(roberts, 1909, p. 35). A parte escrita é uma simples cópia das frases. A revisão consiste em cobrir as frases com um pedaço de papel e pedir a primeira até a última, descobrindo-as frase por frase. No progresso dessa atividade o professor deve introjetar frases como: Bom, e a próxima frase? Ou Está certo, e depois?, etc. Esse procedimento fornece maior interesse, motivação na próxima lição. Essas intervenções funcionam em caráter totalmente diferente. Pertencem aos julgamentos da mente, pronunciados enquanto os alunos repetem as frases. A relação entre os dois tipos de frases é parecida a aquela da pessoa que atua verbalmente e da pessoa que julga o interlocutor. O relacionamento está ainda mais próximo. Um idioma é uma individualidade como cada personalidade também o é. Mas como em cada personalidade há duas pessoas: aquela que atua, a outra que ouve e julga; também em um idioma há dois idiomas distintos: um que pertence ao externo, o outro aos julgamentos da mente a respeito dessas realidades externas. Agora, é fácil fazer do primeiro tipo uma lição de interesse, mas seria impossível fazer o mesmo do outro; não seria inteligível ao imigrante. Mas, em nosso trabalho de revisão há ampla oportunidade para a introdução de frases pertinentes aos julgamentos das mentes e se usadas corretamente, a classe logo será versada em seu uso.[...] Se o professor refletir, verá como é grande essa reação da mente em realidades externas. Frases simples devem ser usadas, como, right, good, capital, [...] Acabou a revisão. (Roberts, 1909, p 38). Essa reflexão hermenêutica não aparece nas escritas de Guion. Mas, ele comenta a capacidade do aluno de assimilar as expressões como capital e incentiva o uso constante dela em vez de alterar a frase com tanta freqüência, como é o caso de Roberts. Ressalta que a palavra faz parte da natureza do aluno e o que é feito com uma expressão pode ser feito e será refeito com 20.000 expressões. (Guion, 1892, p. 161).

3740 Completa-se a lição com a parte gramatical. No caso, o pronome I é usado exaustivamente. Ensina-se em seguida todos os pronomes simples. Refaz a lição com um pronome por vez. É necessário ensinar o pronome reflexivo yourself, uma vez que os alunos aprenderam a dizer Eu me lavo. O professor deve, então, escrever na lousa os pronomes pessoais ao lado dos correspondentes pronomes possessivos. A lição termina com algumas etapas ainda de gramática em concerto com o esquema de aula apresentado. Roberts afirma que a aula acima descrita pode ser ministrada em uma hora, como ele fez ao ensinar um grupo de jovens poloneses com a ressalva que saíram da sala de aula com maxilares doloridos. No primeiro parágrafo do prefácio do Manual para o professor, de 1909, Roberts cita François Guion e seu livro de 1892, A arte de estudar e ensinar línguas e reconhece: [o livro] me forneceu a idéia básica que está aqui formulada.(roberts, 1909, p.5). A essência do método Roberts pode ser assim sintetizada, o princípio primeiro e mais importante é que o estrangeiro precisa confiar no ouvido.(roberts, 1909, p.11) e se assemelha a que Guion pregava: O ouvido é a órgão natural, a órgão mais imediato no uso de idiomas. Substituí-lo pelo olho ou a mão, como é feito em escolas hoje, é cometer um grande erro, o que em si só, condena o melhor filólogo a ser incapaz de cumprir em vinte anos o que a simples babá faz em seis meses.(guion, 1892, p. 128). Assim, em vez de criar um método próprio, pelo qual ele é reconhecido, Roberts adaptou para uso nas fábricas o método inventado anos antes pelo Guion. Pode-se verificar a continuação da hegemonia da classe elite norte-americana, ainda mais com seus cidadãos excluídos tendo noções rudimentares da língua inglesa.