ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL DO ESTUDO PRÉVIO



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Transcrição:

ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL DO ESTUDO PRÉVIO DA OCUPAÇÃO TURÍSTICA DA UNOP 4 DE TRÓIA RESUMO NÃO TÉCNICO OUTUBRO 2008 Sociedade S.I.I. Soberana Investimentos Imobiliários, S.A.

EIA do Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL DO ESTUDO PRÉVIO DA OCUPAÇÃO TURÍSTICA DA UNOP 4 DE TRÓIA RESUMO NÃO TÉCNICO ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO 1 2. OBJECTIVOS E ANTECEDENTES 1 3. DESCRIÇÃO DO PROJECTO 2 3.1. ALTERNATIVAS 2 3.2. LOCALIZAÇÃO 3 3.3. PROPOSTA DE OCUPAÇÃO 4 3.3.1. ECORESORT 6 3.3.2. HOTEL PALÁCIO SOTTOMAYOR E ANEXOS 7 3.3.3. CENTRO DESPORTIVO E ÁREA DE SERVIÇOS 7 3.3.4. CENTRO CIENTÍFICO E AMBIENTAL 8 3.3.5. REDE DE CIRCULAÇÃO 8 3.3.6. ESTACIONAMENTO 8 3.3.7. PROJECTOS SUBSIDIÁRIOS 8 3.3.8. EMPREGO 9 3.4. FASEAMENTO 9 3.5. PRINCIPAIS ACÇÕES DE PROJECTO GERADORAS DE IMPACTES 10 4. IMPACTES 11 4.1. ESTADO ACTUAL DO AMBIENTE 11 4.2. EVOLUÇÃO DO AMBIENTE NA AUSÊNCIA DE PROJECTO 12 4.3. ELEMENTOS DO AMBIENTE AFECTADOS E AVALIAÇÃO DE IMPACTES 13 4.4. PRINCIPAIS MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DE IMPACTES 15 4.5. DIRECTRIZES PARA A MONITORIZAÇÃO DO PROJECTO 16 4.6. PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL 16 5. CONSIDERAÇÕES GERAIS 17 i

Resumo Não Técnico ii

EIA do Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia 1. INTRODUÇÃO O presente Resumo Não Técnico (RNT) sintetiza a informação contida no Estudo de impacte ambiental do Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia. A necessidade de elaboração do presente Estudo de Impacte Ambiental (EIA) decorre do Plano de Urbanização (PU) de Tróia, datado de 9 de Maio de 2000, que define a obrigatoriedade de sujeição a Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) dos Projectos de natureza turística localizados na UNOP 4 (Unidade Operativa de Planeamento e Gestão) Parque Científico e Cultural, devendo ser, no âmbito da AIA, enquadrada toda a unidade operativa de planeamento e gestão;. O presente Estudo de impacte ambiental do Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia, foi elaborado pelo IMAR Instituto do Mar, entre 2000 e Maio de 2008, por encomenda do proponente, Sociedade S.I.I. - Soberana Investimentos Imobiliários, S.A.. O projecto encontra-se em fase de Estudo Prévio. A entidade que licencia o projecto é a Câmara Municipal de Grândola. Será também necessária (para aspectos específicos) a intervenção de outras entidades, no presente caso, o Turismo de Portugal. A CCDR Alentejo (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo) é a autoridade de AIA. 2. OBJECTIVOS E ANTECEDENTES O projecto correspondente ao Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia, é uma peça fundamental do projecto de investimento turístico para a península de Tróia, que o Estado Português reconheceu adequar-se aos objectivos da política de turismo e contribuir para a melhoria da competitividade do sector turístico nacional, no Contrato de Investimento, celebrado em 16 de Maio de 2000, com o grupo Sonae, nos termos aprovados pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 22/2000, de 8 de Maio. O objectivo do projecto é a concretização, no terreno, dos três principais objectivos do PU de Tróia: A salvaguarda dos recursos naturais e valorização do património natural e cultural; A qualificação e diversificação da oferta turística em Tróia; A funcionalidade do conjunto do Troiaresort, que constitui a base da identidade da imagem da península de Tróia. A área de intervenção do Estudo é a UNOP 4 de Tróia que o PU define como Parque científico e cultural, destinado à fruição turística da zona das Ruínas de Tróia e da zona da Caldeira e sua envolvente, com dois tipo de ocupação previstos: Área de comércio e serviços; Aldeamento turístico, com 435 camas, valor ajustável dentro do limite definido pelo máximo de camas turísticas das UNOP 1, 2 e 4. A área da península de Tróia a norte da SOLTRÓIA, que corresponde às UNOP 1 a 4 do PU de Tróia, foi sujeita a uma Avaliação Ambiental Estratégica aquando da elaboração do Projecto Definitivo de Investimento, apresentado ao Governo em Janeiro de 1999 e posteriormente consagrado no referido Contrato de Investimento, celebrado em 2000, entre o Estado Português e o grupo Sonae. 1

Resumo Não Técnico De acordo com essa avaliação, que veio depois a ser detalhada no Estudo de Impacte Ambiental da Marina e novo Cais dos ferries do Troiaresort (2003), a distribuição de cargas entre as UNOP 1 e 2, na margem marinha NO da península, e a UNOP 4, sobre a margem do estuário do Sado, a SE, deveria respeitar o gradiente crescente de idade, maturidade e estabilidade, entre aquelas UNOP. Por essa razão, o Plano de Pormenor da UNOP 1 consagrou menos 265 camas turísticas do que o máximo previsto no PU de Tróia, número esse agora incluído no presente Estudo Prévio, que considera, para a UNOP 4 um total de 700 camas (435 + 265). A ocupação proposta pretende garantir, tanto a conservação e a melhoria das condições ambientais no território, como a salvaguarda e uso dos valores patrimoniais presentes: A UNOP 4 faz parte do sítio PTCON0011 Estuário do Sado, da rede Natura 2000, aprovado na primeira fase da Lista nacional de sítios, publicada na Resolução do Conselho de Ministros n.º 142/97, de 28 de Agosto, que inclui toda a área a nascente da Estrada Municipal Tróia-Comporta, com excepção da área urbanizada da UNOP 1; Toda a UNOP 4 está também integrada na zona especial de protecção da Estação Arqueológica de Tróia e parte da área a intervencionar está incluída na correspondente área non aedificandi (interdita à construção), de acordo com a planta publicada no Diário do Governo, 2ª série, de 2 de Julho de 1968 e Portaria n.º 40/92, de 22 de Janeiro. 3. DESCRIÇÃO DO PROJECTO 3.1. ALTERNATIVAS O modelo de ocupação que o Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia propõe, foi sendo desenvolvido e afinado desde 2000, com base numa caracterização exaustiva e de pormenor, de todos os factores ambientais considerados. Ao mesmo tempo, decorreu um processo de consulta e discussão com as principais entidades públicas envolvidas, nomeadamente, o Instituto da Conservação da Natureza (ICN, actual Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade - ICNB) e o Instituto Português de Arqueologia (IPA, actual Instiituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico - IGESPAR). Durante esse processo, foram integradas as questões informalmente levantadas e discutidas, para assegurar a conformidade do resultado final com todas as condicionantes locais. Em termos gerais, as alternativas consideradas foram de dois tipos: a) Alternativas de localização. A área potencial de ocupação turística identificada no PU inclui áreas de elevado valor natural, nomeadamente, zimbrais e pinhais que consituem habitats com estatuto prioritário de conservação, pelo que se propõe em alternativa a ocupação de áreas de baixo valor natural, ocupadas por eucaliptais e acaciais, a norte da área prevista no PU. No caso da área non aedificandi da Estação Arqueológica de Tróia, o vasto conjunto de resultados obtidos, serviu de base para uma proposta de redelimitação, em avaliação pelas autoridades competentes. b) Alternativas construtivas. Foram seleccionados métodos construtivos com módulos préfabricados fora do local, instalados sobre estacas, para diminuir a perturbação do solo e da vegetação, e, a nível do projecto de execução, estão a ser estudas alternativas para a poupança de água bem como a optimização energética dos edifícios. 2

EIA do Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia 3.2. LOCALIZAÇÃO O projecto localiza-se no troço norte da península de Tróia, no concelho de Grândola, freguesia do Carvalhal (Figuras 1 e 2). Figura 1. Localização da área do projecto, com delimitação das freguesias do concelho de Grândola. 3

Resumo Não Técnico N 1 km Figura 2. Implantação do projecto sobre ortofotomapa de 2007 do IGeoE. 3.3. PROPOSTA DE OCUPAÇÃO Na área de intervenção (Figura 3), com um total de 264 ha, a ocnstrução do projecto aumentará em 24 420 m 2 de área bruta de construção os 3 084 m 2 actualmente construídos. A tabela 1 mostra as ocupações propostas, e as correspondentes áreas brutas de construção (ABC). Tabela 1. Ocupações propostas para a UNOP 4, respectivas áreas brutas de construção (ABC) e número previsto de lugares de estacionamento. UNOP 4 (264 ha) ABC (m 2 ) Estacionamento Ecoresort 20 570 Recepção 184 234 Centro equestre 789 Hotel Palácio Sottomayor 1 976 Centro de Interpretação Arqueológico e Ambiental 249 25 Centro Desportivo 469 Área de Serviços 2 832 186 Centro Científico e Ambiental 435 10 4

Figura 3. Proposta de Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia. EIA do Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia 5

Resumo Não Técnico 3.3.1. ECORESORT O Ecoresort será localizado a sudoeste das instalações militares de Tróia, entre a via que lhes dá acesso e a Estrada Municipal Tróia-Comporta (Figura 3, nº 1). Será constituído por um aldeamento turístico, integrado num conjunto de que também farão parte a Estação Arqueológica de Tróia, o Hotel Palácio Sottomayor, o Centro de Interpretação Arqueológico e Ambiental e uma rede de percursos pedonais destinada à observação da natureza. O Ecoresort inclui uma recepção, junto ao centro equestre, e um conjunto de 125 unidades de alojamento turístico: moradias T2 com 1 piso (55 unidades), moradias T3 com 2 pisos (40 unidades) e moradias T3 com 1 piso (30 unidades), totalizando 640 camas. A sua exploração estará a cargo de uma única entidade, responsável pelo funcionamento, administração e nível de serviço, e pelo cumprimento de todas as disposições legais e regulamentares aplicáveis. O acesso ao Ecoresort será limitado aos utentes e o acesso às unidades de alojamento será feito através de vias internas de sentido único. A única via de 2 sentidos ligará a estrada de acesso às instalações militares e o Hotel Palácio Sottomayor e Ruínas Romanas. A ocupação média anual prevista é de 65 % em termos de ocupação de unidades de alojamento e de 40 % em termos de ocupação de camas, com uma reduzida variação ao longo do ano, uma vez que a procura dos mercados alvo deverá ser mais alta fora da época balnear. O modelo de ocupação é disperso, integrado na paisagem e no relevo existente e respeitando e preservando os valores ambientais do território. As moradias, com dois volumes interligados, terão uma imagem leve, dada pelo seu desenho, pela sua sobrelevação em relação ao solo, em cerca de 0,70 m e pelo seu sistema construtivo, baseado na adopção de módulos pré-fabricadas, de modo a eliminar o fabrico local e permitir a ausência de estaleiros centrais, que se localizarão fora da UNOP 4. Para manter o afastamento ao solo, os logradouros serão constituídos por plataformas de madeira, adaptadas ao relevo do local e com dois níveis separados para que, no mais elevado, possam ser instaladas pequenas piscinas com 15 m 2 (5 m x 3 m x 1,2 m de profundidade) pousadas no solo sem enterramento. As coberturas serão totalmente revestidas com uma manta vegetal e nas palas que prolongam as coberturas sobre as salas, prevê-se a instalação de colectores solares, que contribuirão para o aquecimento das águas domésticas. As localizações de cada moradia foram verificadas no terreno e, sempre que necessário, ajustadas em função dos valores ambientais presentes, por exemplo, habitats e espécies com estatuto de conservação e arbustos ou árvores com interesse. O acesso entre as vias de circulação e cada moradia será realizado por passadiços de madeira sobrelevados do terreno, apoiados em estacas. Está também prevista a reabertura da ligação natural com a laguna da Caldeira, que a área de intervenção teve, pelo menos até ao século XIX, com o objectivo de recuperar os ambientes de sapal que então se perderam. Para tal, será demolido o dique existente, que separa a Caldeira de uma várzea agrícola abandonada. 6

EIA do Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia No núcleo do Ecoresort serão criados 3 lagos artificiais de água doce, com uma área total de 32 101 m 2, que serão abastecidos com água reciclada na ETAR de Tróia e que contribuirão para a diversificação de habitats e aumento da biodiversidade. 3.3.2. HOTEL PALÁCIO SOTTOMAYOR E ANEXOS O Hotel Palácio Sottomayor e Anexos localizam-se na margem sul da boca da Caldeira, junto às ruínas romanas de Tróia (Figura 3, nº 2 e figura 4). Figura 4. Palácio Sottomayor. A intervenção proposta tem como objectivo recuperar as construções existentes, incluindo o edifício principal e anexos, e instalar uma pequena unidade hoteleira de charme, com uma capacidade de trinta quartos (60 camas). Neste caso, por razões patrimoniais, terá que ser utilizado um sistema construtivo tradicional, com um estaleiro, ainda que de pequena dimensão, no local. A ocupação média anual prevista para o hotel é de 50 % em termos de ocupação de quartos e de 40 % em termos de ocupação de camas. Na mesma área, junto ao Hotel, vai-se localizar o Centro de Interpretação Arqueológico e Ambiental, uma pequena construção de 2 pisos, no terreno de um edifício actualmente em ruína. Terá como função o apoio cultural aos visitantes das ruínas romanas. O acesso ao Hotel será feito, primeiro, pela via de acesso às instalações militares de Tróia e, a partir daí, por uma via com dois sentidos, que será construída sobre o traçado do trilho existente. O acesso ao Centro de Interpretação Arqueológico e Ambiental e às ruínas romanas será o mesmo do Hotel Palácio Sottomayor e será condicionado aos clientes do hotel e aos visitantes da estação. 3.3.3. CENTRO DESPORTIVO E ÁREA DE SERVIÇOS O Centro Desportivo e a Área de Serviços localizam-se ao longo da Estrada Municipal Tróia- Comporta, a sudeste da sua confluência com a estrada de acesso às instalações militares, até ao novo cais dos ferry-boats (Figura 4, nº 3). O Centro Desportivo é constituído por: 10 courts de ténis, um dos quais com bancadas; Um pavilhão de apoio com dois pisos. 7

Resumo Não Técnico O acesso ao Centro Desportivo faz-se a partir da via de acesso ao novo cais dos ferry-boats, passando pela Área de Serviços e depois pelo estacionamento que o separa dessa área, que será constituída por cinco edifícios com dois pisos, perpendiculares à via de acesso ao novo cais dos ferry-boats, destinados a escritórios, à GNR e a instalações dos Bombeiros. Deste conjunto faz parte um parque de estacionamento destinado a servir, tanto a Área de Serviços como o Centro Desportivo e que apresenta um desenho orgânico, adaptado ao terreno. 3.3.4. CENTRO CIENTÍFICO E AMBIENTAL O Centro Científico e Ambiental (Figura 3, nº 4) será implantado na margem norte da boca da Caldeira, sobre uma zona onde se propõe a demolição de todas as edificações existentes. O acesso rodoviário a este Centro será feito através de uma via de ligação à Estrada Municipal Tróia-Comporta, assente também sobre um trilho existente e será limitado a visitantes previamente credenciados. 3.3.5. REDE DE CIRCULAÇÃO A UNOP 4 será cruzada por vias de três tipos: Vias internas, de acesso condicionado, para tráfego misto (veículos e peões), com larguras médias entre 2,5 e 5 m; Vias de acesso não condicionado, de ligação entre a Estrada Municipal Tróia-Comporta e a Área de Serviços e Centro Desportivo, e vias internas do parque de estacionamento, com uma largura de 6 m; Vias para peões, em terra batida ou saibro, ou percursos em passadiços de madeira sobrelevados. A pavimentação será permeável e, quando necessário, serão usados elementos de madeira nas bermas, para garantir a coesão do solo. Com excepção de algumas vias de emergência, todos os traçados utilizam trilhos existentes. 3.3.6. ESTACIONAMENTO O estacionamento será de tipo concentrado, nas áreas de equipamentos e serviços. Para o alojamento turístico, haverá bolsas de estacionamento, na sua maioria, com dois e três lugares e com um máximo de seis lugares. A distribuição da capacidade de estacionamento encontra-se discriminada na tabela 1. 3.3.7. PROJECTOS SUBSIDIÁRIOS Como projectos subsidiários, há a considerar a rede de infra-estruturas definida e dimensionada no Plano Director de Infra-estruturas (PDI) da península de Tróia, que serão instaladas no interior das vias: 8

EIA do Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia Abastecimento de água - a partir do aquífero profundo, parte do Sistema Aquífero da Bacia do Tejo-Sado - Margem esquerda, que abastece todos os empreendimentos da península de Tróia, presentes e futuros; Rede de águas residuais directamente ligada à ETAR de Tróia. As águas pluviais não serão captadas para garantir a sua infiltração no solo; Rede de abastecimento dos lagos a partir da água tratada e desinfectada na ETAR de Tróia; Rede eléctrica que incluirá a rede de iluminação pública, que será rasante e com níveis de iluminação muito baixos, para minimizar a perturbação. 3.3.8. EMPREGO O emprego a criar totalizará cerca de 50 trabalhadores no Ecoresort e cerca de 20 trabalhadores no Hotel, Estação Arqueológica de Tróia (não incluindo os recursos afectos à conservação e valorização das Ruínas) e Centro de Interpretação Arqueológico e Ambiental. 3.4. FASEAMENTO O projecto contempla dois tipos de construção: Na Área de Serviços, Centro Desportivo, Hotel Palácio Sottomayor e Centro Científico e Ambiental, será utilizada uma construção tradicional, em alvenaria e tijolo; No Ecoresort, haverá quatro grandes fases de trabalho: - Reabilitação ambiental: controlo de espécies infestantes e exóticas, diversificação ambiental e conservação de habitats prioritários; - Infra-estruturas: enterradas, ao longo das vias e, a partir daí, ligadas aos passadiços de acesso às moradias; - Pré-fabricação, em fábrica, dos módulos das moradias; - Montagem e acabamentos, incluindo instalação das estacas metálicas que suportarão as construções, montagem e acabamento das mesmas. Todas as obras de construção decorrerão ao longo de um período de 24 meses (Tabela 2): 9 meses para a instalação de infra-estruturas enterradas em vias pré-existentes; 12 meses para a pré-fabricação dos elementos do Ecoresort; 12 meses para a montagem e acabamentos das construções do Ecoresort. Uma programação mais fina só será possível no quadro da elaboração do Projecto de Execução correspondente ao presente Estudo Prévio. 9

Resumo Não Técnico Tabela 2. Cronograma da fase de construção associada à ocupação turística prevista da UNOP 4, por ano e por trimestre (o momento de início dos trabalhos estará dependente da aprovação de todas as autorizações ou licenças legalmente necessárias). De notar que a fase de reabilitação ambiental já está em curso e continuará durante a fase de exploração. Fases Ano 1 Ano 2 1 2 3 4 1 2 3 4 Reabilitação ambiental e obras gerais de construção Instalação de infra-estruturas Pré-fabricação em fábrica (Ecoresort) Montagem e acabamentos (Ecoresort) 3.5. PRINCIPAIS ACÇÕES DE PROJECTO GERADORAS DE IMPACTES Apresentam-se na tabela 3 as principais acções de projecto e respectivo potencial de geração de impactes para a ocupação turística prevista para a UNOP 4, durante as fases de construção, exploração e desactivação. De referir que, dado o estado de desenvolvimento do projecto, a nível de Estudo Prévio, a descrição das acções de projecto só poderá ser detalhada em fase de Projecto de Execução. Tabela 3. Principais acções de projecto e correspondente potencial de geração de impactes, para as fases de construção e de exploração. Fase de projecto Construção Exploração Desactivação Principais acções de projecto Instalação de infra-estruturas Reabilitação ambiental Pré-fabricação em fábrica Montagem e acabamentos Obras gerais de construção, incluindo limpeza de terreno Valorização do espaço Presença humana Manutenção regular (limpeza de matos, controlo de espécies infestantes e exóticas, serviços diversos) Demolição de todas as construções e desmontagem e remoção das infra-estruturas préfabricadas Principais domínios de impacte Impactes locais, na área de implantação da rede viária, com perda de coberto vegetal. Impactes positivos, a nível da requalificação da paisagem, eliminação de infestantes e exóticas e promoção da diversidade ambiental e biodiversidade. Impactes nulos. Impactes localizados sobre a fauna e flora terrestre. Impactes locais, com perda de áreas definidas de coberto vegetal. Valorização socioeconómica do empreendimento. Presença de utentes. Controle da intrusão humana e diminuição dos riscos associados. Melhoria da qualidade ambiental, conservação de património caso das ruínas romanas, controle de riscos, p. ex. de incêndio. Destruição de coberto vegetal e movimentação de terrenos com posterior renaturalização espontânea. 10

EIA do Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia 4. IMPACTES Para a caracterização do estado actual do ambiente que possa vir a ser afectado de forma sensível pelo projecto, foram utilizados os factores e as escalas de análise constantes na tabela 4. Tabela 4. Factores analisados no EIA e respectivas escalas de análise. Factores Escala Geologia Regional Hidrogeologia Regional e UNOP 4 Laguna da Caldeira UNOP 4 Flora e habitats UNOP 4 Fauna terrestre UNOP 4 Ambiente Sonoro UNOP 4 Paisagem UNOP 4 Arqueologia Área de implantação dos projectos Socioeconomia Regional (concelhos envolventes) e nacional Acessibilidades Regional Uso do solo UNOP 4 Não foram considerados factores que não serão afectados pelo projecto como, por exemplo, qualidade do ar ou clima. 4.1. ESTADO ACTUAL DO AMBIENTE A área da UNOP 4 caracteriza-se pela presença de um braço do estuário do Sado, a Caldeira de Tróia, rodeada por dunas mais ou menos desenvolvidas. A área da Caldeira é composta por areais e lodaçais que ficam a descoberto na maré baixa e é bordejada por vegetação de sapal. A área terrestre da UNOP 4 apresenta zonas com vegetação exótica e invasiva, como eucalipto, acácia e piorno-branco, mas apresenta também zimbrais e pinhais bem conservados, cuja protecção é importante. A comunidade de aves é importante em toda a área da UNOP 4, principalmente no pinhal que bordeja a Caldeira e, especialmente, na própria Caldeira onde, durante o Inverno, se reúnem quase 2000 aves aquáticas em busca de alimento e de refúgio. Este número representa perto de 10% do total de aves que invernam no estuário do Sado, o que revela, só por si, a importância da Caldeira para muitas aves aquáticas, nomeadamente pilritos e borrelhos e, especialmente, para o merganso-de-poupa, espécie considerada Em Perigo no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Na área da UNOP 4 ocorrem também uma espécie de anfíbio, a rã-verde, e seis espécies de répteis, de que se destacam a lagartixa-de-dedos-denteados e o fura-pastos-ibérico. A área mais importante para os répteis é a duna e o pinhal a poente da Caldeira. Na área existem alguns mamíferos (raposa, coelho-bravo, ouriço-cacheiro e várias espécies de roedores), mas em números reduzidos. O aspecto mais interessante é a presença esporádica (uma colónia encontrada em 2004) de um ratinho, o rato de Cabrera, o único roedor que só existe na área da Península Ibérica e que, em Portugal, é considerado Vulnerável. Existem também morcegos que usam a área da UNOP 4, incluindo a Caldeira, praticamente apenas como local de alimentação. 11

Resumo Não Técnico 4.2. EVOLUÇÃO DO AMBIENTE NA AUSÊNCIA DE PROJECTO Na situação actual, o ambiente na secção norte da península de Tróia, onde a UNOP 4 se insere, está a ser alvo de um conjunto de intervenções que, no essencial, se traduzem numa procura e numa carga humana que se aproximarão progressivamente das metas do PU de Tróia. No território da UNOP 4, agora sob uma gestão ambiental efectiva do território, estão em curso iniciativas como a erradicação das espécies exóticas e o controlo da praga do nemátode do pinheiro, que inclui o abate de árvores doentes (principalmente Pinheiro-bravo) e a plantação de árvores jovens. Promove-se também a remoção de resíduos vários, nalguns casos acumulados ao longo de décadas, e o controle da intrusão humana. Têm ainda vindo a decorrer trabalhos de maior dimensão, por exemplo, de modelação do território, com objectivos ambientais, como o aumento da protecção de áreas sensíveis ou a criação de condições para a instalação de habitats específicos, como no caso do enchimento da praia da margem sul da boca da Caldeira ou da criação de novas dunas ao longo da Estrada Municipal Tróia- Comporta. Assim, na alternativa zero, correspondente à não execução do projecto, seria provável uma situação em que o território da UNOP 4 deixaria de de ser alvo do actual nível de gestão ambiental, estável e com objectivos bem definidos. Ao mesmo tempo, com a entrada em funcionamento e ocupação de todas as restantes unidades previstas no PU de Tróia, a península virá a atingir uma carga máxima de c. de 15 000 habitantes residentes, a que se adicionará a carga de visitantes. A paisagem actual, que inclui manchas demasiado densas de pinhal, eucaliptal degradado e uma várzea agrícola abandonada, com restos de um pomar de citrinos, tenderia então a degradar-se, com uma perda dos valores mais importantes presentes, nomeadamente os habitats de zimbros, e com uma ocupação progressiva por retamais, canaviais e acaciais, com o consequente empobrecimento do habitat e perda de biodiversidade. Por outro lado, o agravamento do risco de incêndio seria um factor da maior importância, já que um incêndio na zona de pinhal seria certamente devastador, com uma diminuição drástica da diversidade de espécies. No respeitante à fauna terrestre, é provável que, a curto/médio prazo, a comunidade existente se pudesse manter numa condição similar à actual, a menos que a presença humana se viesse a tornar muito intensa o que é admissível na situação sem projecto. Tendo em conta a grande sensibilidade da comunidade de aves aquáticas, num cenário sem projecto, esta poderia vir-se a ressentir na medida do aumento da presença/intrusão humana, resultante da ocupação das restantes UNOP da península pelas cargas previstas no PU de Tróia. Dado o valor desta componente da avifauna, isso poderia representar uma perda ambiental muito importante. Portanto, num cenário de não execução do projecto, as consequências do aumento da presença humana descontrolada na UNOP 4, que se estende ao longo de mais de 4 km de estrada, seriam certamente negativas, com perdas muito importantes e provavelmente não reversíveis, tanto a nível do território terrestre, como da área da laguna da Caldeira. Adicionalmente, ficaria em aberto a instalação da Área de Serviços prevista no PU de Tróia e fundamental para toda a península, tanto em termos da segurança de pessoas e bens (instalações da GNR), como da assistência e combate a sinistros (bombeiros). 12

EIA do Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia 4.3. ELEMENTOS DO AMBIENTE AFECTADOS E AVALIAÇÃO DE IMPACTES A tabela 5 classifica e descreve os impactes ambientais originados pela construção, funcionamento (exploração) e desactivação do projecto. Foram considerados importantes todos os impactes capazes de originar diferenças sensíveis, numa comparação entre a alternativa zero e a situação decorrente da implementação do projecto. O Estudo de Impacte Ambiental demonstra que a Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia tem custos ambientais, distintos para diferentes factores: Com alguma importância, a nível da flora e habitats; Potenciais, a nível da fauna de aves; Tendencialmente incertos, a nível dos anfíbios e répteis e da fauna de mamíferos terrestres. Por outro lado, proporciona claros ganhos ambientais: Possíveis, a nível ainda da comunidade de anfíbios e répteis; Com algum significado, a nível da paisagem e da recuperação de habitats e fomento da biodiversidade (lagos, alagamento a partir da Caldeira); Muito elevados, de relevância nacional, a nível do património cultural. No quadro da socioeconomia, os ganhos, embora claros, são sobretudo um adicional relativamente a todo o empreendimento Troiaresort, sobretudo tendo em conta que o Ecoresort constitui uma mais-valia de grande importância, dado representar uma oferta muito diferente e de grande qualidade, dirigida a um mercado muito exigente. No seu conjunto, o Troiaresort representa um forte impacte positivo local, sub-regional e regional, em termos de emprego e qualificação dos recursos humanos, com a criação de mais de 4000 postos de trabalho, directos e indirectos, que significam um crescimento do emprego superior a 8% no conjunto dos concelhos de Grândola, Alcácer do Sal e Setúbal. Ao mesmo tempo, permitirá uma importante fixação de actividades a montante, que se reflecte nas estimativas do Valor Acrescentado Bruto, directo e induzido pelo projecto, em 50 e 30 milhões de euros, respectivamente, correspondentes a um crescimento regional de cerca de 10%. Numa situação também cumulativa, a nível das acessibilidades e tráfego, o projecto representará um custo adicional, mas que pode ser classificado de marginal, no quadro do Troiaresort. 13

Resumo Não Técnico Tabela 5. Síntese dos impactes associados à construção, exploração e desactivação do projecto. Elementos afectados Construção Exploração Desactivação Descrição dos impactes Geologia Nulo Nulo Nulo Não se prevê qualquer tipo de impacte para este factor. A demolição do dique conduzirá a Demolição Nulo Nulo uma nova situação de equilíbrio do dique negativo do aquífero superior. Hidrogeologia Outras acções do projecto Nulo negativo positivo Impacte cumulativo resultante de um acréscimo pouco significativo do consumo de água na península de Tróia. Caldeira Nulo positivo positivo Aumento da área de habitat de sapal, embora marginal. Ganho de funções ecológicas. Flora e habitats Negativo a Positivo positivo Perda ou ganho ligeiros de espécies/habitats afectados. Gestão efectiva da área. Aves negativo negativo a Positivo Positivo Eventual perturbação de locais de nidificação, alimentação ou repouso. Ganho de habitats de água doce. Anfíbios e répteis negativo Negativo* positivo Perda local de habitat. *Algumas componentes do projecto (lagos) poderão ser positivas, se aplicadas medidas de gestão. Mamíferos terrestres não voadores negativo Nulo Impacte transitório sobre o habitat e sobre uma comunidade com valor reduzido. Perturbação marginal do ambiente. Mamíferos voadores (morcegos) negativo a Positivo negativo a Positivo Nulo Eventual perturbação de locais de alimentação e descanso. Ambiente sonoro negativo Nulo negativo a positivo Impacto transitório decorrente das obras de execução do projecto. Paisagem negativo a Muito positivo Muito positivo Nulo a positivo Ordenamento, requalificação e diversificação da paisagem. Socioeconomia positivo a Positivo negativo Criação de emprego nas diferentes fases do projecto, significativo e com impacte cumulativo no quadro do Troiaresort. Acessibilidades Nulo a negativo negativo a positivo Aumento, com pouca expressão, do tráfego viário na península de Tróia. Arqueologia e património cultural Positivo Muito positivo Positivo Melhoria muito relevante da situação actual através da manutenção, conservação, valorização e interpretação do sítio, com relevância, pelo menos, a nível nacional. Uso do solo Nulo a negativo Nulo a negativo Nulo a positivo Diminuição, pouco significativa, da capacidade de uso dos solos a alagar. 14

EIA do Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia 4.4. PRINCIPAIS MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO DE IMPACTES A tabela 6 resume a proposta de medidas de minimização dos impactes decorrentes do projecto. Tabela 6. Proposta de medidas de minimização dos impactes decorrentes do projecto. Factores Hidrogeologia Medidas de Minimização Propostas - Diversificação das origens de água; - Inspecção periódica das tubagens das captações; - Implementação de medidas de gestão e poupança de água. A obra deverá obrigatoriamente seguir o seguinte faseamento: - Escavação da área a alagar sem intervenção na margem da Caldeira ou dique; Laguna da Caldeira - Remoção do dique em maré de águas mortas e durante a enchente; - Realização de todos os trabalhos na nova área de ligação à Caldeira em baixamar ou enchente, nunca durante a vazante. - Sensibilização dos utentes do Ecoresort e sinalização de espécies e habitats com interesse para a conservação; - Redução da área de trabalho das máquinas, especialmente na área de sapal alto e sobre as formações dunares; - Utilização de espécies autóctones da península de Tróia; Flora e habitats - Evitar a perturbação de espécies com estatuto especial de conservação; - Remoção de exóticas fora dos períodos de frutificação; - Remoção rápida das espécies invasoras que se possam instalar espontaneamente; - Delimitação dos trajectos e do número de cavalos em circulação; - Remoção regular dos excrementos de cavalos. - Passeios pedonais e a cavalo limitados a percursos fixos delimitados; - Instalação de caixas-ninho e de abrigos para observação de aves; Avifauna - Desmatações fora da época de reprodução das aves (início de Março a fim de Junho); - Gestão e paisagismo dos lagos de água doce com recurso à plantação de comunidades florísticas favoráveis à avifauna local; - Demolição do dique após a construção dos lagos. Anfíbios e répteis Mamíferos terrestres não voadores Mamíferos voadores (morcegos) Arqueologia e património cultural - Promover a colonização natural ou introdução intencional de anfíbios nos novos lagos, devendo evitar-se a introdução de peixes ou lagostins. - Manutenção de uma rede de habitats favoráveis ao rato de Cabrera; - Favorecimento de uma cobertura vegetal densa e diversificada nas margens dos lagos de, modo a criar habitats favoráveis para o rato de Cabrera. - Acompanhamento da demolição/recuperação da casa abandonada, na zona sudeste da área de estudo, por técnicos do ICN, de forma a possibilitar uma eventual transferência dos morcegos que a utilizam como abrigo. - Acompanhamento arqueológico de qualquer obra que implique movimentação de terras; - No caso de se registarem estruturas, deverá ser efectuada a escavação integral das mesmas, até à sua base. 15

Resumo Não Técnico 4.5. DIRECTRIZES PARA A MONITORIZAÇÃO DO PROJECTO A tabela 7 resume a proposta de directrizes para o Plano Geral de Monitorização do projecto. Tabela 7. Proposta de directrizes para o Plano Geral de Monitorização do projecto. Factores Hidrogeologia Objectivos e medidas Aquífero superficial: Avaliar os efeitos da remoção do dique (Medição em contínuo do nível freático, temperatura e condutividade eléctrica, antes, durante e após a remoção do dique.) Aquífero profundo: Monitorizar a qualidade e disponibilidade da água de abastecimento (para além dos parâmetros habituais analisados no âmbito da pósavaliação dos projectos da Marina e novo Cais dos ferries, controlo frequente do valor da condutividade eléctrica, parâmetro indicador da salinidade da água). Avaliar os efeitos da remoção do dique no padrão de circulação da Caldeira: Laguna da Caldeira - Monitorização sazonal da qualidade da água na ligação entre o novo braço e a Caldeira, de forma a acautelar eventuais situações de anóxia ou eutrofização geradas no novo braço; - Observação e registo fotográfico periódico do canal de ligação à Caldeira e da área adjacente; - Levantamentos topográficos do canal de ligação à Caldeira de modo a estabelecer as situações de referência e pós-obra. Avaliar o impacte da perturbação humana sobre as espécies e habitats: Flora e habitats Anfíbios e répteis Mamíferos terrestres Não voadores Mamíferos voadores (morcegos) Aves O plano de monitorização deverá abranger todas as espécies e habitats com estatuto de conservação presentes na área de estudo. A monitorização deverá ser anual e deverá ser mantida mesmo em caso de incêndio ou perturbação grave de pontos de amostragem. Avaliar o impacte da perturbação humana sobre as espécies prioritárias, especialmente a lagartixa-de-dedos-denteados e o fura-pastos-ibérico. Estudar as tendências evolutivas da ocorrência de rato de Cabrera e, confirmando-se a sua utilização da área, avaliar o sucesso da possível transferência de animais da área a ser alterada para áreas próximas com habitat favorável e caracterizar os movimentos dos animais com vista a avaliar a capacidade de persistência da espécie a nível local e regional. O plano de monitorização deverá prolongar-se pelo menos até 5 anos após o pleno funcionamento do projecto, com campanhas sazonais. Garantir o acompanhamento, das espécies mais sensíveis, ao longo das diferentes fases da implementação do projecto. Monitorização sazonal (Primavera, Verão e Outono) da comunidade de morcegos através da prospecção com detectores de ultra-sons. Avaliar e quantificar o impacte da perturbação humana sobre as aves das zonas terrestres e da Caldeira (manutenção da monitorização regular). 4.6. PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL Os recursos naturais, o património construído e a riqueza e diversidade culturais, têm custos de substituição muito elevados que, ao mesmo tempo, os protegem e os potenciam como fortes elementos de diferenciação, sendo por isso importantes fontes de vantagem competitiva de um empreendimento turístico. Todas as actividades do Troiaresort, desde a formulação do conceito, à elaboração dos planos e projectos e à execução das obras, são acompanhadas por uma prática sistemática de avaliação da sustentabilidade das respectivas soluções e pela implementação de um Sistema de Gestão 16

EIA do Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia Ambiental (SGA) que, progressivamente, engloba também as actividades de exploração do resort, nas suas várias vertentes. O SGA encontra-se implementado de acordo com o modelo da norma ISO 14 001, estando certificado, de acordo com este referencial, desde Junho de 2005. Está também já registado no Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria EMAS, tendo por âmbito o Projecto, Construção e Exploração do Troiaresort, o que inclui as actividades de Serviços de Alojamento, Restauração e Lazer. A sua implementação enquadra-se na política de responsabilidade social do Grupo Sonae. Anualmente, é estabelecido um Programa de Gestão Ambiental, que contempla os Objectivos e Metas Ambientais, tendo por base os compromissos estabelecidos na Política de Ambiente e os aspectos com impacte ambiental significativo. A verificação e controlo do SGA é assegurada por avaliações periódicas da conformidade legal e auditorias internas, sendo definidas acções correctivas para as não conformidades. Anualmente também, a Comissão de Ambiente efectua a revisão da gestão do SGA, com o objectivo de garantir a melhoria contínua deste processo e do desempenho ambiental da organização. A execução de empreitadas no âmbito do projecto Troiaresort é alvo de especial atenção, com o objectivo de minimizar os seus impactes ambientais. Em obras de pequena dimensão são transmitidas ao empreiteiro as Normas de Conduta Ambiental para Empreiteiros/Fornecedores. No caso de obras de grande dimensão o empreiteiro é responsável pela implementação do Plano de Acompanhamento Ambiental (PAA). Os PAA são um instrumento de gestão ambiental de carácter operacional, constituindo a cada momento prova do que foi previsto, planeado e executado em matéria de gestão ambiental. A sua implementação por parte dos empreiteiros é de carácter obrigatório. A verificação das medidas definidas nesses planos é assegurada por visitas à obra e pela realização de auditorias internas e externas. 5. CONSIDERAÇÕES GERAIS O modelo de ocupação proposto no Estudo Prévio da Ocupação Turística da UNOP 4 de Tróia decorre de um processo que envolveu o proponente, a equipa do EIA e as autoridades, ao longo de vários anos. Durante esse processo, a partir das várias alternativas que foram sendo equacionadas, foi possível atingir a solução agora apresentada. Esta solução, por um lado, apresenta uma reduzida taxa de ocupação, quer relativamente ao número total previsto no PU de Tróia 700 camas, para um total de 15 307 quer em relação à área total da UNOP 4, de 264 ha. Por outro, corresponde a uma ocupação com características inovadoras em Portugal, segundo um conceito onde a baixa densidade da presença humana se conjuga com o respeito e preservação dos valores ambientais presentes no território, no quadro de um uso controlado e da valorização dos mesmos. Pensamos assim que esta corresponde à melhor opção de ocupação do território, tendo em conta os objectivos e as condicionantes em vigor e tendo em vista o objectivo de valorização do património natural e cultural e da biodiversidade. É também de referir que, na ausência do projecto alternativa zero o potencial de degradação do território da UNOP 4 e dos valores ambientais associados se pode tornar elevado, dada a 17

Resumo Não Técnico presença de calores e fortes factores de risco ambiental como a intrusão humana, as pragas, e espécies infestantes e o incêndio. Na elaboração do Projecto de Execução decorrente do presente Estudo Prévio, será crítico o detalhe de diversos aspectos, por exemplo, as soluções construtivas, a profundidade e a gestão dos planos de água, ou a optimização energética e selecção de materiais. 18