Palavras-chave: aprendizagem da docência, formação inicial, sala de aula



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Transcrição:

A OBSERVAÇÃO DE AULA COMO CAMPO DE APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA: Relato de experiencia T. A. Silva ¹; F. J. Lima 2 1 Aluna do Curso de Licenciatura em Matemática do IFCE campus de Cedro e- mail: thamy.2019@gmail.com 2 Professor do IFCE campus de Cedro e Mestre em Ensino de Ciências (UFC) Doutorando em Educação (UNIMEP) RESUMO O trabalho que trazemos à baila tem por finalidade relatar as experiências vivenciadas na disciplina de Estágio I do Curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) campus de Cedro, tomando como base as observações feitas nesse período, que se configuram de importância fundamental para o professor no período de formação inicial. Nessa ocasião o futuro docente entra em contato com o espaço escolar e vivencia diversas situações de aprendizagem que podem contar como experiência para a sua profissão. O campo de Estágio escolhido foi a Escola Municipal Casemiro Pequeno, o público que nos foi dado por alvo consta de alunos do 8 º ano do Ensino Fundamental. Após identificar o campo e os sujeitos da pesquisa foram estudados aspectos como: as metodologias de ensino empregadas pela professora regente; os recursos utilizados durante as aulas; a gerência do ambiente e a reação dos alunos diante da postura e dos conteúdos apresentados pela professora. Após analises dos relatos de observação, verificou-se que a professora utiliza de uma metodologia de fácil compreensão e, que embora os conteúdos apresentados tenham gerado dúvidas em alguns discentes, a regente de sala procurou orientá-los dando os encaminhamentos necessários para que a aprendizagem fosse efetivada com êxito. Nessa fase, o estagiário têm oportunidade de analisar o ambiente escolar e elaborar estratégias e metodologias a serem empregadas em sua futura profissão. Destarte, obtivemos a conclusão de que o estágio é um campo de ação experimental para a área do ensino/aprendizagem que possibilita novas realizações no âmbito educacional e lança um novo olhar sobre o ministério da docência. Palavras-chave: aprendizagem da docência, formação inicial, sala de aula

2 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo relatar experiências vividas durante o desenvolvimento da disciplina de Estágio I do curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) campus de Cedro. A disciplina em referência se constitui como espaço que pode contribuir com o desenvolvimento da aprendizagem da docência já que nesta fase se estabelece contato com o cotidiano escolar, o qual é marcado por experiências e análises de situações práticas que se desenrolam no dia a dia da sala de aula. As atividades foram desenvolvidas com a turma do 8 ano, turma Única da Escola Municipal Casemiro Pequeno, situada na Vila Cascudo, município de Icó, estado do Ceará. As experiências obtidas durante a realização do estágio permitem além de um relato, um olhar cuidadoso em relação ao dia a dia de uma sala de aula, bem como sobre a gestão do ambiente escolar, as metodologias desenvolvidas pelo professor regente, os instrumentos de avaliação utilizados, dentre outros aspectos que a experiência proporciona ao licenciando. Assim, o Estágio é um componente curricular de fundamental importância na formação inicial do professor, é uma forma de aproximar o aluno-estagiário do ambiente escolar, como seu futuro campo de atuação, para a aprendizagem da docência. O estágio de observação e a aprendizagem da docência O Estágio Supervisionado constitui-se como um campo de estudo imprescindível na formação inicial de professores. É uma forma de familiarizar os futuros docentes com o ambiente de sala de aula, promovendo uma interação entre teoria e prática além de constituir um elemento fundamental no sentido de fazer a diferença para aqueles que estão se inserindo no mundo do trabalho e que tem a oportunidade de mudar a realidade da educação no nosso país. Como componente curricular dos cursos de formação de professores o estágio apresenta aspectos indispensáveis à construção do ser profissional docente no que se refere à construção da identidade, dos saberes e das práticas necessárias PIMENTA & LIMA (2012, p. 29). O Estágio Supervisionado do Curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) campus de Cedro, é ofertado a partir do quinto semestre e divide-se em quatro componentes curriculares.

3 Os Estágios I que deve acontecer em turmas do Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano e III no Ensino Médio são estágios de observação e participação. Os estágios de observação permitem ao estagiário direcionar o olhar para a escola e suas atribuições; os recursos humanos e suas expectativas; as condições materiais, físicas e pedagógicas que sustentam o seu fazer; pais, mães e responsáveis pelo corpo discente; a relação da escola com as políticas oficiais que norteiam seus afazeres; perceber possibilidades e limites presentes no contexto escolar. Vale ressaltar que neste momento, o desejo do aluno de continuar no magistério pode ser testado, considerando que esse é um contato com a realização daquilo que proposto no curso superior de formação inicial. Assim o Estágio Supervisionado deve: [...] propiciar ao professor em formação inicial o desenvolvimento de saberes indispensáveis ao seu trabalho. Dessa forma, faz-se necessário ter conhecimento da matéria a qual se propõe a ensinar; saber dirigir e organizar atividades de ensino; administrar a sala de aula; conhecer o contexto social no qual está situada a instituição de ensino; utilizar diferentes metodologias de ensino e saber avaliar. Logo, saberes capazes de potencializar, para melhor, a sua práxis. (LIMA & LIMA, 2013, p. 308) Na visão dos autores destacada acima, compreende-se que o estagiário não deve agir apenas como um figurante em sala de aula, mas aproveitar o espaço e procurar conhecê-lo, já que futuramente o ambiente ao qual estará inserido será familiar e para exercer a atividade docente é necessário conhecimentos não apenas específicos, mas de como se administrar a sala de aula, qual a melhor metodologia a ser empregada, dentre outros. A fase de observação propicia aos licenciandos uma visão mais apurada, é o primeiro contato do mesmo com o espaço escolar, dessa forma ele conhece a metodologia adotada pelo professor regente e analisa qual a melhor maneira de aliar os conteúdos teóricos adquiridos na universidade a pratica pedagógica. A respeito do estágio de observação Lima (2012, p. 68) afirma que: [...] o estágio de observação na escola permite-nos a apreensão da realidade institucional, e se dá inicialmente por uma busca proporcionada pelo olhar, no momento em que aquilo que julgamos aparentemente normal passa a ser enxergado de forma diferente e curiosa. É neste momento que o mundo passa a ser constantemente explorado e desvelado, gerando novas formas de compreensão e de intervenção por parte da humanidade. O contato inicial na fase de observação proporciona ao futuro professor um momento de experiências e descobertas, experiências no sentido de estar inserido no

4 ambiente escolar e descobertas no sentindo de analisar o funcionamento de uma sala de aula, bem como metodologias a serem utilizadas posteriormente pelo o mesmo. É além disso, um momento em que o futuro docente começa a criar sua identidade e postura profissional, partindo da análise feita na fase de observação. No tocante a observação da prática do professor regente, Lima & Lima (2013, p. 307) asseguram que esta é uma rica fonte de elementos da realidade para subsidiar a discussão e a reflexão entre professores-orientadores e os professores em formação [...] propício à formação inicial de professores, tecendo saberes para o campo educacional e sua complexidade. Conhecedores da importância do Estágio para a formação inicial do professor deve-se ter em mente que é necessário uma ressignificação das práticas vigentes, que muitas vezes encontram-se desvinculadas do alinhamento entre teoria e prática, sendo necessário refletir sobre os métodos que preponderam e procurar inovar a prática de ensino de matemática. Contexto onde se realizaram as observações O estágio foi realizado na escola Municipal de Ensino Fundamental Casemiro Pequeno, que está localizada na Rua São José S/N, na Vila Cascudo, município de Icó- CE. A instituição funciona nos turnos manhã, tarde e noite oferecendo Ensino Fundamental do 1º ao 9º ano e Educação de Jovens e Adultos (EJA). O público alvo foram os alunos do 8 ano do ensino fundamental. A turma era composta por 25 alunos, destes 11 são meninas e 14 são meninos. A média das idades das meninas e dos meninos é igual a 13,63 anos e 14 anos respectivamente. No período de observação foram observadas aulas de Matemática. A professora regente já era experiente e notava-se que apesar dos eventuais problemas que ocorrem em sala de aula a docente mantinha sua postura firme, buscando sempre conduzir a turma de maneira adequada incentivando todos os educandos a realizarem as atividades propostas. Dentre os aspectos observados, destacaram-se: A atuação do professor regente e sua relação com os alunos, o domínio do conteúdo, as metodologias de ensino desenvolvidas, os recursos utilizados e as intervenções pedagógicas utilizadas pelo docente diante das dificuldades apresentadas pelos educandos.

5 Experiências: Aprendendo a docência por meio de observações e relatos de aulas de matemática Durante o período de observação de regência de sala de aula, os conteúdos apresentados pela professora regente foram: Divisão e Potenciação de Monômios; Redução de Polinômios e Porcentagem e Juros Simples. Diante dos conteúdos apresentados pela docente os alunos apresentaram algumas dificuldades, porém a regente sempre procurou orientá-los, explicando e apresentando exemplos, seguidos de exercícios de fixação. Com a exposição das relações de sinais, por exemplo, os alunos deixaram transparecer dificuldades e não compreendiam como se dava essa relação. Com as dúvidas apresentadas pela turma, à professora sempre teve o cuidado de explicar como se dava as relações de sinais. Observou-se que mesmo nas séries finais do Ensino Fundamental os alunos apresentam dificuldade em relação ao assunto e é importante sempre revisar para que os mesmos não esqueçam. As dificuldades dos estudantes na aprendizagem e dos professores no ensino de Matemática são comuns, considerando-se que os conteúdos trabalhados são classificados pela maioria dos alunos como algo difícil de aprender, daí surge a necessidade de mais investigações para melhor compreensão dos conceitos que compõem essa disciplina. As dificuldades apresentadas pelos alunos são também com relação às operações matemáticas básicas, em muitas situações foi observado que os alunos mostravam limitações nas operações principalmente no que diz respeito à divisão e multiplicação. A respeito da dificuldade apresentada pelos alunos Ferreira (1998) assegura: Ao perceberem a Matemática como algo difícil e não se acreditando capaz de aprendê- la, os estudantes, muitas vezes, desenvolvem crenças aversivas em relação à situação de aprendizagem, o que dificulta a compreensão do conteúdo e termina por reforçar sua postura inicial, gerando um círculo vicioso (FERREIRA, 1998, p. 20). Nesse enfoque a figura do professor aparece como algo fundamental, já que ele tem um papel de grande importância para a aprendizagem da matemática, muitas vezes o aluno associa a matemática a algo tedioso e cansativo, assim o professor deve procurar inovar suas práticas de ensino trazendo novas metodologias para a sala de aula, para isso deve existir um planejamento por parte do mesmo para que as aulas não percam o enfoque principal que é o da aprendizagem dos conteúdos matemáticos.

6 Nas aulas, observou-se que a professora estava sempre atenta a aprendizagem dos alunos, esclarecendo as dúvidas e solicitando a participação dos educandos que aos poucos interagiam durante as aulas. Em alguns momentos a turma parecia agitada e desinteressada, nessas ocasiões a professora regente procurava ter um diálogo com a turma buscando conscientizá-los e chamar atenção dos educandos para a importância de se estudar e principalmente de se estudar matemática, tendo em vista que essa disciplina é considerada complicada. Em uma aula, um aluno questionou como determinar a forma reduzida do polinômio 3r 2 + 5rs ( 9r 2 rs + 6s 2 ) 14s 2 + (6r 2 + 5rs + 8s 2 ). A professora explicou ao aluno que ele poderia usar a propriedade comutativa ou a soma algébrica de monômios semelhantes. Disse ao aluno que observasse cuidadosamente essas propriedades e então conseguiria chegar a forma reduzida do polinômio. É importante que o professor procure acompanhar a aprendizagem dos alunos, buscando desenvolver suas potencialidades e trabalhando os limites enfrentados por eles. Em outra aula, foi apresentada a seguinte questão: No Ensino Fundamental de um colégio estudam 1600 alunos, dos quais 720 são meninos. O número de meninos representa quantos por cento do número de alunos que estudam no Ensino Fundamental desse colégio?. Após ler a questão a professora explicou que a forma correta para resolvê-la seria por meio de uma regra de três, onde 1600 estava para 720 assim como x estava para 100. Fazendo o cálculo dos meios pelos extremos teremos x=22,22%. Dessa forma, a inserção de situações problemas em aulas de matemática, contribui de modo a trazer para os alunos uma matemática contextualizada, e aproximar a realidade do educando com a mesma tornando-a mais interessante. Faz-se necessário também, incitar nos educandos a curiosidade que muitas vezes acaba sendo deixada de lado tendo em vista que os alunos consideram as aulas entediantes e cansativas e acabam se desmotivando para aprender e adquirir novos conhecimentos. Com isso, a figura do professor apresenta-se como algo indispensável, é preciso que exista um plano de estratégias que tenham como finalidade motivar e despertar nos alunos o interesse de investigar acontecimentos cotidianas que podem ser revertidas em situações de aprendizagem. Uma alternativa para isso, em aulas de matemática, seria mostrar as diversas aplicações da matemática no cotidiano dos mesmos, além disso, mostrar tópicos interessantes de história da matemática seria um

7 outro meio de estimular alguns questionamentos que posteriormente tornar-se-iam propostas investigativas. Observou-se ainda, durante esse período os instrumentos de avaliação utilizados. A professora procurou avaliar os alunos por meio de questionamentos feitos durante a exposição do conteúdo programático. Verificou-se que a participação ativa na aula também foi requisito para a avaliação. Além disso, o trabalho em grupo e a prova escrita constituíram-se parte do processo. Sobre a avaliação escolar, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, p.54) destacam que: [...] cabe à avaliação fornecer aos professores as informações sobre como está ocorrendo a aprendizagem: os conhecimentos adquiridos, os raciocínios desenvolvidos, as crenças, hábitos e valores incorporados, o domínio de certas estratégias, para que ele possa propor revisões e reelaborações de conceitos e procedimentos ainda parcialmente consolidados. Assim, a avaliação não deve ser apenas atribuir uma determinada nota ao aluno, mas deve comtemplar os principais aspectos que visam verificar se de fato a aprendizagem aconteceu. Ainda no que diz respeito a avaliação da aprendizagem Libâneo (1996, p.190) assegura que: [...] a avaliação do ensino e da aprendizagem deve ser vista como um processo sistemático e contínuo, no decurso do qual vão sendo obtidas informações e manifestações acerca do desenvolvimento das atividades docentes e discentes, atribuindo-lhes juízos de valor. Dessa forma, a avaliação não ser desvinculada do trabalho do professor. É necessário avaliar o ensino e as atividades docentes e, posteriormente, elaborar estratégias que possam conduzir a um processo de ensino para aprendizagem satisfatório para aluno e professor. Sendo assim, as vivências do estágio proporcionam reflexões, e uma oportunidade de analisar o contexto escolar como ambiente de trabalho do futuro professor de matemática. Portanto, o estágio é uma forma de se estabelecer um elo entre formação acadêmica e o mundo do trabalho, partindo das observações feitas na escola como ambiente de ensino sistematizado e, principalmente na sala de aula como espaço propício para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. CONCLUSÃO

8 As experiências vivenciadas no estágio são essenciais para a prática docente e não podem passar despercebidas. No decorrer deste período, é possível refletir sobre as metodologias empregadas em sala de aula, na perspectiva da aprendizagem dos alunos, propiciando a análise de novos conceitos que deverão ser agregados ao processo de formação inicial. O estágio se constitui como espaço que pode contribuir com o desenvolvimento da aprendizagem da docência já que nesta fase se estabelece contato com o cotidiano escolar, o qual é marcado por experiências e análises de situações práticas que se desenrolam no dia a dia da sala de aula. É ainda, uma forma de se estabelecer um elo entre formação acadêmica e o mundo do trabalho, partindo das experiências realizadas na escola como ambiente de ensino, e principalmente na sala de aula como espaço propício para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem Na disciplina, o estagiário põe-se a observar o ambiente escolar, principalmente a sala de aula, procurando visualizar os espaços como um novo olhar, na tentativa de compreender como funciona os processos de ensino e de aprendizagem matemática. Assim, atividades de observação e participação desenvolvidas no Estágio I configuram-se como uma experiência que contribuirá para a formação inicial de professores, os quais poderão desenvolver a aprendizagem da profissão docente. REFERÊNCIAS BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais (5ª a 8ª séries): Matemática. Brasília: SEF/MEC, 1998. FERREIRA, A. C. O desafio de ensinar-aprender matemática no noturno: um estudo das crenças de estudantes de uma escola pública de Belo Horizonte. Campinas, SP: [s, n], 1998. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Estadual de Campinas, 1998. Disponível em: <http://www.argo.furg.br/bdtd/tde_arquivos/12/tde-2010-08-23t094457z- 192/Publico/Vanda.pdf>. Acesso em: 15 de maio de 2014. GIOVANNI JÚNIOR, J. R. & CASTRUCCI, B. A Conquista da Matemática. 8ª série, São Paulo: Editora FTD, 2009. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1996.

9 LIMA, F. J. & LIMA, I. B. O Estágio Supervisionado em matemática como espaço de desenvolvimento da epistemologia da prática docente. In: Revista Olhares. Guarulhos, maio de 2013. LIMA, M. S. L. Estágio e aprendizagem da profissão docente. Brasília: LiberLivro, 2012. PIMENTA, S. G. & LIMA, M. S. L. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez, 2012.