MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro RELATÓRIO



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Transcrição:

RELATÓRIO Evento: Discutindo a Classificação Indicativa: Mídia e Drogas Data: 15 de outubro de 2010 das 14h às 19h Local: Sala Macunaíma Anexo II do Ministério da Justiça, sala 425 Brasília-DF Convite: Secretaria Nacional de Justiça Objetivo: A reunião que conta com a parceria da Secretaria Nacional de Políticas sobre drogas (SENAD) fará parte da série de eventos de atualização democrática do modelo brasileiro de Classificação Indicativa. Inicialmente, foi informado que a consulta pública relativa à classificação indicativa deve ocorrer a partir do final do mês de outubro ou início do mês de novembro deste ano. Foi, ainda, ressaltada a necessidade de interação das políticas públicas estabelecidas pelo DEJUS e pela SENAD no contexto em questão. Dando início à reunião, foram feitas as apresentações de todos os presentes. Após, pelo DEJUS, foi realizada breve exposição, em que foi apresentada a base legal da classificação indicativa. Foi ressaltada pelo DEJUS a necessidade de unificação das Portarias existentes, a partir da consulta pública a ser realizada, bem como de atualização do tema. Foram também relatadas as oficinas que vêm sendo realizadas com emissoras, produtores etc. Pelo DEJUS foi destacada a importância de debater, na reunião, sobre as seguintes questões/dúvidas: se as análises para fins de classificação indicativa, na forma apresentada, estão de acordo com as etapas de desenvolvimento da infância e adolescência; qual a melhor forma de avaliação quando o contexto do consumo de drogas ilícitas seja de condenação; se há maior motivação de consumo por crianças e adolescentes quando este é feito por alguém da mesma faixa etária ou por um ídolo;

avaliação quanto à separação entre drogas lícitas e ilícitas, leves ou pesadas; se crianças e adolescentes estão preparados para discussão de questões relativas ao tráfico de drogas; e se, de fato, o maior impacto são de cenas de ficção ou de cenas realísticas e jornalísticas. Neste contexto, foi apresentado o Guia Prático do DEJUS que derivou do Manual de Classificação Indicativa, visando facilitar o dia a dia da classificação. Foi afirmado que o referido Guia não significa uma revogação do Manual. Transcreve-se, abaixo, o texto do Guia Prático relativo ao critério Drogas: CRITÉRIO: DROGAS CLASSIFICAÇÃO: LIVRE São admitidos conteúdos que apresentem: a) CONSUMO MODERADO DE DROGAS LÍCITAS - A tendência é aplicada quando são apresentadas cenas irrelevantes para a trama com consumo moderado de drogas lícitas em situações sociais, sem que se apresentem efeitos relacionados ao consumo das drogas (embriaguez e abstinência). EXEMPLO: Cigarro em happy hour, espumante no ano novo, vinho no jantar etc. b) CONSUMO REGULAR DE MEDICAMENTOS - A tendência é aplicada quando são apresentadas cenas em que personagem consome medicamentos devidamente receitados. EXEMPLO: Homem consome remédio para dor e fica claro por diálogos, imagens ou contextos que houve prescrição médica. c) CONSUMO INSINUADO DE DROGAS LÍCITAS - A tendência é aplicada quando são apresentadas cenas em que as drogas ambientam a cena, mas não se mostra consumo explícito. EXEMPLO: São apresentados bares, ambientes esfumaçados, copos e taças com bebidas que, infere-se, são alcoólicas. d) DESCRIÇÕES VERBAIS COMEDIDAS DE DROGAS LÍCITAS - A tendência é aplicada quando são apresentadas cenas com diálogos, narrações e cartelas gráficas com descrições superficiais, comedidas e irrelevantes para a trama sobre conteúdo de drogas lícitas.

EXEMPLO: Estou de ressaca. Bebi muito ontem. CLASSIFICAÇÃO: NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 10 ANOS a) DESCRIÇÕES VERBAIS DO CONSUMO DE DROGAS LÍCITAS - A tendência é aplicada quando há diálogos, narrações ou cartelas gráficas com descrição do consumo de drogas lícitas. EXEMPLO: Ontem estava calor, abri uma cerveja geladinha e bebi numa golada só. Depois, acendi um cigarro e fumei, enquanto bebia outra cerveja... b) DISCUSSÃO SOBRE O TEMA TRÁFICO DE DROGAS - A tendência é aplicada quando existe imagens, diálogos ou contextos que apresentem o tema tráfico de drogas, com causa, consequência ou soluções pertinentes ao caso, com um discurso equilibrado sobre as questões sociais que o tema engloba. EXEMPLO: personagens debatem sobre as possíveis penas para traficantes de drogas. CLASSIFICAÇÃO: NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 12 ANOS a) CONSUMO DE DROGAS LÍCITAS - A tendência é aplicada quando há cenas em que sejam exibidos consumos de cigarros de nicotina e bebidas alcoólicas. EXEMPLO: Personagem chega em casa, acende um cigarro e o consome sentado no sofá. b) INDUÇÃO AO USO DE DROGAS LÍCITAS - A tendência é aplicada quando há cenas em que personagem oferece a outro ou o estimula a consumir cigarro de nicotina, bebida alcoólica ou medicamentos de forma irregular. EXEMPLO: Homem dá a outro remédio para controlar um mal, mulher oferece um cigarro. c) CONSUMO IRREGULAR DE MEDICAMENTOS / AUTOMEDICAÇÃO

- A tendência é aplicada quando há cenas em que sejam exibidos consumos de medicamentos sem prescrição médica ou com a receita, mas consumido de forma irregular (em dose excessiva, por exemplo). EXEMPLO: Personagem consome analgésicos, anfetaminas ou tranqüilizante para sentir-se melhor, mas sem ter consultado médico. d) USO MEDICINAL DE DROGAS ILÍCITAS - A tendência é aplicada quando há cenas em que personagem consome drogas, consideradas ilícitas no Brasil, como maconha, para fins medicinais, quando for apresentado contexto adequado. EXEMPLO: Personagem que vive em país onde o consumo de maconha para fins medicinais é lícito, usa a droga para atenuar a dor do câncer. CLASSIFICAÇÃO: NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS a) INSINUAÇÃO DO CONSUMO DE DROGAS ILÍCITAS - A tendência é aplicada quando se apresenta cena em que, por imagens, diálogos ou contexto, entende-se que houve consumo de drogas ilícitas. EXEMPLO: Personagem apresentando alucinação. b) DESCRIÇÕES VERBAIS DO CONSUMO DE DROGAS ILÍCITAS - A tendência é aplicada quando se apresenta cena em que personagem revela que consumiu droga ilícita. EXEMPLO: Ontem cheguei em casa e fumei um baseado. c) POSSE OU CONSUMO DE DROGAS LEVES - A tendência é aplicada quando se apresenta cena em que personagem consome drogas ilícitas ditas leves, como maconha e haxixe. EXEMPLO: Homem acende cigarro de maconha e o traga. d) DISCUSSÃO SOBRE O TEMA LIBERAÇÃO DO USO, COMÉRCIO, POSSE OU PRODUÇÃO DE DROGAS ILÍCITAS - A tendência é aplicada quando se apresentam diálogos entre personagens gerando um debate sobre a liberalização de drogas (desde a produção até o consumo), deixando claras as causas, consequências e soluções pertinentes ao caso, com um discurso equilibrado sobre as questões sociais e de saúde que o tema engloba.

EXEMPLO: Dois amigos discutem sobre a liberalização da maconha. CLASSIFICAÇÃO: NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 16 ANOS a) PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE QUALQUER DROGA ILÍCITA - A tendência é aplicada quando se apresenta cena com a produção e/ou comercialização de drogas consideradas ilícitas no Brasil. EXEMPLO: Apresenta-se a produção de cocaína, uma plantação de maconha ou a compra de haxixe. b) POSSE E CONSUMO DE DROGAS PESADAS - A tendência é aplicada quando se apresenta cena com porte ou consumo das drogas ditas pesadas, como cocaína, merla, crack e drogas sintéticas. EXEMPLO: Homem inala cocaína. c) CRIANÇA(S) E/OU ADOLESCENTE(S) ENVOLVIDO(S) NA PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO, POSSE OU CONSUMO DE QUALQUER DROGA LÍCITA - A tendência é aplicada quando se apresenta cena em que criança ou adolescente participa diretamente de algumas das etapas de produção, comercialização, porte ou consumo de qualquer droga lícita. EXEMPLO: Criança compra cerveja. CLASSIFICAÇÃO: NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS a) APOLOGIA OU INDUÇÃO AO USO DE DROGAS ILÍCITAS - A tendência é aplicada quando se apresenta imagem, diálogos ou contextos em que se estimule o consumo de qualquer droga ilícita. EXEMPLO: Homem oferece a outro cigarro de maconha. Homem discursa sobre os benefícios da cocaína. b) CONSUMO EXPLÍCITO E REPETIDO DE DROGAS ILÍCITAS DE QUALQUER NATUREZA - A tendência é aplicada quando se apresenta consumo constante e detalhado de drogas ilícitas. EXEMPLO: Personagem injeta heroína em várias cenas de um filme.

c) CRIANÇAS OU ADOLESCENTES ENVOLVIDOS NA PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO, POSSE OU CONSUMO DE QUALQUER DROGA ILÍCITA - A tendência é aplicada quando se apresenta cena em que criança ou adolescente participa diretamente de etapas citadas no enunciado, de qualquer droga ilícita. EXEMPLO: Adolescente inala cocaína. Foi feita a análise da página 33 do Guia Prático, na qual são explicitadas as tendências de classificação livre que não estão no Manual, mas que vêm sendo aplicadas, fazendo-se a apresentação de exemplos práticos com cenas de filmes. Também foram apresentados exemplos, em relação à classificação de 10 e 12 anos páginas 34 e 35 do Guia. Foi ressaltado que os critérios apresentados tratam-se apenas de indicativos. Isto significa que apenas uma cena especificamente não determina a classificação como tal. Classificação 14 anos páginas 35 e 36 do Guia Prático. Classificação 16 anos foram apresentados os critérios para tal classificação. Pelo DEJUS foi dito que há dúvida se, quando tem crianças e adolescentes envolvidos na produção, comercialização, posse ou consumo de qualquer droga ilícita já se deve encaminhar a classificação para 16 anos, afastando um público de idade menor que teria interesse nesta discussão. Classificação 18 anos -página 37 do Guia Prático. Foram destacadas também as páginas 39 e seguintes nas quais constam as tendências atenuantes e agravantes, levando-se em consideração a importância do contexto. Atenuantes específicos. Agravantes páginas 43 a 45 do Guia Prático. Debates: Dúvida sobre inserção de uso de drogas lícitas ou ilícitas em rituais religiosos o DEJUS informou que tal situação é inserida no aspecto cultural item d, atenuantes gerais página 39 do Guia. Por presentes, foi afirmada a necessidade de maior esclarecimento deste aspecto. Questionou-se também sobre doping e se já houve alguma reflexão sobre conteúdo na internet. Foi levantada a necessidade de inclusão de anfetaminas para emagrecimento na questão drogas. Pela representante da SENAD: Afirmou que a lei brasileira não

separa droga leve ou pesada, ou é lícita ou ilícita, entendendo que não caberia ao DEJUS fazer a distinção. Ressaltou a importância da consideração do contexto em que o uso da droga está inserido, já que muitos filmes utilizam o tema com o caráter pedagógico. Fez a ponderação de que o tema sobre o uso de drogas não pode ser tabu, para não cair no viés moralista da discussão. O cuidado deve ser quanto a não estimular o consumo, mas não evitar o debate. A discussão não pode ser fundamentalista nem banalizadora. Deve-se tentar o equilíbrio. Entende que os critérios estão adequados; destacou os seguintes aspectos: a) há forte identificação entre pares em razão da uniformização de comportamento; b) não poderia haver separação entre drogas leves e pesadas; c) alguns programas jornalísticos acabam sendo bem mais drásticos do que a ficção, com cenas humilhantes e grotescas, sendo mais impactantes de forma negativa do que filmes. Pelo representante da ANDI foi dito que a preocupação é válida, mas por certo os programas jornalísticos não devem ser objeto de classificação indicativa, devendo ter encaminhamentos de outro tipo, junto às emissoras e ao Ministério Público. Pelo DEJUS foi dito que não há qualquer encaminhamento no sentido de classificação indicativa de programas jornalísticos. O Guia Prático não tem mudanças substanciais em relação ao Manual, mas sim abrange as situações mais recorrentes. Não consta mais avaliação quanto a percentual, por exemplo, de quantidade de cenas de droga na obra etc. Com certeza vão surgir na consulta pública temas que não são propriamente da classificação indicativa, como publicidade e merchandising, mas que serão encaminhados para discussão nos setores competentes do Governo. Quanto à internet, o DEJUS afirmou que há grande dificuldade de regulação pela instantaneidade da informação, mas pode-se caminhar no sentido de responsabilização, conforme é a diretriz do marco civil. Pela representante do Conselho Federal de Psicologia: Afirmou que, além de se levar em conta o contexto de condenação do uso de drogas, deveria haver outros critérios, de caráter mais qualitativos. Afirmou, ainda, que o uso de imagem dos ídolos impacta mais do que a imagem dos iguais. Pelo representante da Campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania - destacou que há dúvida quanto a caber, ao lado da indicação, uma recomendação do tipo: desde que acompanhados de pais e responsáveis ou no sentido de que os pais promovam o debate sobre tema. Deveria ser incentivado o debate por emissoras em relação ao tema.

Pela SENAD foi destacada a preocupação de interferir no poder familiar com este tipo de recomendação. Pelo representante da UnB: Questionou-se o que é o não uso moderado de drogas para fins de classificação. Preocupação com a estigmatização de usuários de drogas que muitas vezes, na verdade, são pessoas que trabalham, tem vida normal etc. Pela representante do instituto ALANA preocupação quanto ao merchandising e à questão da TV por assinatura. Pelo representante da UNIFESP: manifestou preocupação quanto ao caráter preventivo destacou ser importante criar classificação sobre contexto do uso e de acordo com a utilização do tema de maneira positiva. Destacou que há filmes que acabam não sendo objeto de trabalho preventivo com menores em virtude da classificação estipulada, apesar da relevância do tema ser trabalhado com esses menores. Pelo representante do VIVA RIO manifestou preocupação quanto à necessidade de conteúdo equilibrado na tendência do item b para 10 anos. Acha que não deve haver classificação em propagandas, mas é importante que as campanhas sejam feitas de forma adequada; destacou a questão das propagandas de cerveja. Pela representante da SENAD foi dito que, em relação à questão da cerveja, há um projeto de lei para que se modifique o conteúdo do que é bebida alcoólica, em razão da questão do teor. Atualmente, a cerveja não está enquadrada neste parâmetro. Pelo DEJUS foi dito que, em relação ao uso moderado, há dificuldade entre objetividade e subjetividade. Em relação à questão da TV por assinatura, verifica-se que a lei do vchip não funcionou e é uma das bases da classificação indicativa (afirmou que a classificação indicativa acabou se firmando porque a lei do vchip não apresentou eficácia). Disse que é preciso melhorar esse controle e que o DEJUS está realizando reuniões com as respectivas Associações de Tvs por assinatura. Afirmou, ainda, que há necessidade da discussão pública para validar eventuais alterações em relação às Tvs por assinatura. O Diretor do DEJUS afirmou ser relevante o uso de filmes com menores visando o caráter preventivo. Acha que tem que ser usado, com autorização dos pais. Informou que existe, inclusive, formulário na página do DEJUS para fins de autorização dos pais para que seus filhos assistam aos filmes de classificação superior a suas respectivas idades. Pelo representante da UnB destacou ser relevante incluir na discussão da consulta pública a questão da redução de danos por meio de videos educativos. Questionou ainda como é feita a transposição de novelas para a internet,

se é informada a classificação etc. Destacou a necessidade de estimular que o anúncio da classificação seja oral também nas televisões, para fins de acessibilidade às pessoas com deficiência visual. Apresentou, ainda, questionamento quanto ao que vem sendo pensado em termos de rádio Pela representante do Conselho Federal de Psicologia foi destacado que, em relação à redução de danos, há muito a se aprender e a se entender neste aspecto, citando, inclusive, o exemplo de pesquisa em que houve a redução do uso de crack com a administração da maconha. Pelo representante da Campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania foi destacada a realização de TACs pelo MP de Pernambuco em relação a propagandas de cachaça, em rádio, que teriam causado grande aumento de consumo de álcool. Pelo DEJUS, ao final, foi dito que a reunião teve como objetivo fazer um chamado para participação na consulta pública e q divulgação do debate público, visando a qualidade das contribuições a serem apresentadas. Eis, em síntese, o relato dos temas abordados na reunião. Marcia Morgado Miranda Procuradora da República