A visibilidade e invisibilidade dos garotos de programa na Saúde Pública: reflexões sobre relações de gênero, sexualidade e corpo como contribuições



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Transcrição:

A visibilidade e invisibilidade dos garotos de programa na Saúde Pública: reflexões sobre relações de gênero, sexualidade e corpo como contribuições aos programas e ações de prevenção às DSTs/HIV e Aids. Geraldo Pereira da Silva Júnior, psicólogo, mestre em Políticas Sociais e doutorando em Saúde Pública USP. claracavalcante@usp.br Prof. Drº Rubens de Camargo Ferreira Adorno, sociólogo, doutor em Saúde Pública, professor titular da Faculdade de Saúde Pública USP. radorno@usp.br RESUMO: Este trabalho busca refletir sobre o universo da prostituição masculina de michês, também chamados como garotos de programa. Sua justificativa fundamenta-se nas contradições ainda presentes nos programas da saúde pública que se baseiam na compreensão da sexualidade e de gênero fundamentalmente no modelo biológico e que fundamentam suas ações e práticas a partir de uma perspectiva epidemiológica restritiva. Para isto, torna-se imperativo tomar as contribuições das ciências sociais, principalmente da Antropologia Social, para refletir sobre o universo dos garotos de programas, analisando como a falta de discussão sobre gênero e sexualidade pode influenciar ações fragmentadas e até mesmo preconceituosas nos serviços de saúde voltados para a atenção básica. OBJETIVOS: A presente pesquisa tem pretendido conhecer os circuitos que envolvem miches e suas clientelas e com isso contribuir para ampliar as concepções epidemiológicas e programáticas nos programas de saúde pública. MÉTODO: Fundamentando-se nas ciências humanas e sociais e no campo da saúde pública buscou-se uma aproximação teórica dos estudos de gênero e performance na psicologia social, antropologia social e na contribuição do método etnográfico. RESULTADOS: a) caracterização do território e dos espaços como contribuição à saúde pública. b) mapeamento dos sujeitos e dos agentes do serviço que se relacionam com esse segmento de homens que atuam no mercado sexual. CONCLUSÃO: Pensar em saúde pública ou analisar a dimensão que envolve performances de garotos de programa trata-se de um campo permeado por questões profundas, complexas, que não podem ser definidas simplesmente como ações voltadas para outros homens que fazem sexo com homens. Política e ações de saúde que buscam legitimar a visibilidade dos garotos de programas, podem inversamente, torná-los invisíveis nos demais serviços de saúde pública, como os que acontecem na atenção primária. Discutir questões como acolhimento ou conhecimento das redes informais de uso dos serviços. Palavras-chaves: garoto de programa, masculinidade, gênero, sexualidade, saúde pública. INTRODUÇÃO: Michê ou garoto de programa é a pessoa do sexo masculino, que se identifica como michê, garoto de programa, love boy, boy, etc. FERREIRA & MADEIRA, 2008, PERLONGHER, 1997); a pessoa que assume que tem relação sexual visando uma troca financeira, em outras palavras que o seu corpo e sua performance tem um valor comercial, sendo reconhecido pelo Ministério do Trabalho como profissional do sexo (FERREIRA & MADEIRA, 2008, FERREIRA, R. 2002). Identificados como profissionais do sexo no Código Brasileiro de Ocupação (CBO), não significa que moralmente houve avanços quanto ao reconhecimento de suas atividades e muito menos que houve fortalecimento e organização desses profissionais através de sindicatos visando a luta de seus direitos trabalhistas. Termos utilizados para identificar pessoas ou determinados grupos, tem por finalidade muitas vezes homogeneizar, buscar semelhanças e por que não dizer, padronizar. Por um lado, de um modo geral, permite as políticas e serviços de saúde traçar metas e diretrizes tendo em vista uma melhor aproximação a esses indivíduos e grupos. Por outro lado, podem pouco identificar e representar suas reais necessidades, em virtude de que justamente a padronização anula por si só as respectivas

diversidades. Assim, a proposta de trabalho é propor reflexões sobre esse universo que muitas vezes é analisado pelo senso comum sobre a perspectiva da moralidade ou no contexto científico ainda tratado de forma homogeneizada e interpretada suas necessidades como dicotomizadas. Dessa forma, no desenvolvimento trataremos a reflexão considerando contribuições das ciências humanas e sociais, mais especificamente de pesquisas etnográficas que na busca de uma compreensão sobre o universo pesquisado consideraram conceitos como: gênero, sexualidade, masculinidade e corpo. Propomos então, uma reflexão relacionando constantemente esses conceitos, uma vez que embora distintos, são fenômenos sociais imbricados um no outro e por último voltamos à atenção das questões levantadas para as práticas e serviços da saúde pública voltada para a prevenção de DSTs/HIV (doenças sexualmente transmissíveis e vírus da imunodeficiência adquirida). DESENVOLVIMENTO: Estamos falando de profissionais que moralmente não são valorizados, que trabalham em regiões ou territórios identificados como região moral (PERLONGHER, 1987), zona moral urbana (SÍVORI, 2008) e que vivem constantemente com situações específicas, mesmo tendo uma aparente similaridade aos demais profissionais do sexo, como travestis e prostitutas (FERREIRA, R. 2003:7). Salvo situações privadas como festas em clubes ou sítios, na maioria das vezes as performances dos michês ocorrem em espaços urbanos, como: saunas gays, ruas, praças, bares, isto de acordo com as configurações de cada território (FERREIRA & MADEIRA, 2008, FRANÇA, 2006). Lembrando que, os espaços urbanos se constituem de acordo com várias dinâmicas sociais, econômicas, políticas e culturais de cada época. Logo, vão se transformando na mesma medida que vão se transformando as relações sociais e as formas das pessoas lidarem com suas sexualidades, com seus corpos e com suas maneiras de trabalhar. Assim, podemos caracterizar a prostituição masculina como típica das relações sócio-urbanas e segundo alguns autores, a prostituição por travestis, prostitutas e/ou michês, geralmente ocorrem em regiões consideradas como zona moral urbana (SÍVORI, 2001, PERLONGHER, 1987) ou boca (VILLALOBOS, 1999), podendo esses espaços serem considerados também como territórios do sexo, que não se limitam ou são definidos simplesmente pela sua configuração física ou geográfico-urbana em si, mas pelos códigos, pelas relações específicas que se dão nesses espaços, pela cultura que ali se desenvolve resultados de toda uma construção social, envolvendo o imaginário e simbólico social (VILLALOBOS, 1999, SILVA 2000). Podemos acrescentar ainda como intensificada pela modernidade uma vez que pode a comercialização também ocorrer via internet, através de sites, salas de batepapo, por telefone (WEILLER, 2004:97) ou mesmo serem divulgadas e visibilizadas pela mídia, através das telenovelas (Mulheres apaixonadas e outra recentemente apresentada no horário de telenovelas na Rede Globo) que apresentam histórias entre garotos de programas e mulheres, geralmente mais velhas e da classe alta. É percebido que a relação michêcliente vai além da situação do sexo em si, pois envolve fantasias, desejos, sexualidade, performances, de e gênero (SIMÕES, 2008). Vale ressaltar também, que clientes dos garotos de programa não se restringem a homossexuais, mas inclui-se travestis (FRANÇA, 2006:107) e mulheres, sendo essas geralmente sócio-economicamente mais privilegiadas (PERLONGHER, 1987:234). No trabalho realizado por esses profissionais, a troca por seus serviços não necessariamente implica em dinheiro, pois existem outras formas de pagamento, que pode ser o jantar, uma viagem, presentes, lanche, cursos, roupas, tênis, etc.; isto vai depender de cada situação e vínculo estabelecido entre ambos (WEILLER, 2004:97, GUIMARÃES, 2004, p. 75, SIMÕES, 2008: 4)). É o valor da atividade sexual 2

associada à performance presente que permeia o acordo, performance essa que representa a masculinidade inculta e autêntica, homens de verdade (SIMÕES, ibid). 1 - Performance, masculinidade e gênero no universo dos garotos de programa: Como lembra Rogério Araújo da Silva (2008), dentro do contexto da prostituição, performance está relacionada ao comportamento dos profissionais de sexo que visa seduzir seus clientes, como vestimentas e formas específicas de se vestir, andar, falar, gesticular que termina proporcionando no imaginário do cliente uma idéia a respeito daquele que se prostitui, sendo nesse caso, identificada a performance do michê como comportamento viril. Esse comportamento específico definido como performance, visa uma interação com o cliente. Assim, podemos entender que existem performances diferenciadas nas relações sociais, de acordo com seus contextos de trabalho, associados a questões sociais, históricas e culturais, evidentes, por exemplo, já no trabalho de Perlongher (1987) quando mostra transformações nas formas de se expressar a homossexualidade e nas performances de michês. Provavelmente, as performances de michês passaram por mudanças, contudo, a virilidade ainda está presente como performance mais atrativa, como forma de seduzir clientes, como aponta Villalobos (1999), após 12 anos da pesquisa de Perlongher Assim, dentre as várias características presentes na identificação do garoto de programa existe uma fundamental, que independentemente do espaço onde ele esteja trabalhando, do seu corpo e de outras questões, a sua performance viril é o que perpassa todas as situações. É como se fosse o grande logotipo do trabalho, a imagem, a aparência, a representação de ser macho, viril, mesmo que dentro de quatro paredes isso não ocorra. Por trás da presença da virilidade na performance desses garotos pode estar representações da masculinidade, pois o papel representado por eles e o que se espera de desempenho dos homens em nossa sociedade estão de certa forma presentes nessas performances e nas expectativas de seus clientes. Falar ou apontar questões sobre masculinidade provocam reflexões sobre relações de gênero, até porque quando falamos de feminino ou masculino, não estamos restringindo a compreensão de gênero à base biológica, isto e, não estamos restringindo a discussão exclusivamente para as características biológicas presença do órgão genital masculino ou feminino de cada pessoa (KULICK, 2008, p. 28), mas a compreensão de gênero como conjuntos de idéias e categorizações presentes (ibid) no processo de formação da masculinidade e feminilidade, como questões sociais, culturais e históricas. Discutir sobre o universo dos garotos de programa considerando gênero como uma das possíveis categorias de análise pode ser de suma importância uma vez que nessas relações sociais, permeada por códigos e práticas discursivas específicos é possível visualizar desigualdades sociais e relações de poder, quer em suas performances, quer em seus cotidianos de um modo geral, como nas relações entre: os próprios michês, michês clientes, michês( na condição de usuários dos serviços de saúde) - profissionais que atuam nesses serviços e em outras situações. Como lembra Petersen (1999), gênero pode ser uma ferramenta de análise sóciocultural, uma vez que não se restringe ao sexo em si, envolve: relações sociais e as diferenças entre os sexos, bem como as relações de poder que se constroem a partir dessas diferenças. E como enfatiza Louro ao explanar sobre a evolução do conceito de gênero:...não se trata mais de focalizar apenas as mulheres como objeto de estudo, mas, sim, o processo de formação da feminilidade e da masculinidade... (1996:9). No processo de formação de masculinidade e feminilidade estão presentes as relações de gênero, quer seja nas relações heterossexuais e homossexuais (GUIMARAES, 2004), como entre as relações sociais das travestis (KULICK, 2008), prostitutas (GASPAR, 1994) e mesmo entre os michês (PERLONGHER, 1987, e SIMÕES, 2008). A convicção de que o determinante 3

4 biológico não é condição sine qua non de formação da masculinidade, mas das relações de gênero é evidente nos códigos estabelecidos de relacionamentos entre travestis e seus namorados, os quais mostram que no sistema de gênero... indivíduos do sexo masculino não são naturalmente homens... (KULICK, 2008, p. 138) e...que o status de gênero dos indivíduos de sexo masculino não é um dado; ele precisa ser construído por meio de desejos apropriados, e estes se manifestam por meio de práticas apropriadas (ibid, p. 140). Logo, como se trata de fenômeno multifacetado, as relações de gênero presentes na prostituição masculina de michês, precisam ser consideradas nos programas e ações de prevenção às DSTs/HIV. 2 - Sexualidade, corpo e a saúde pública voltada para garotos de programa: Esse tema que passou por um tempo de forma invisível na política pública, começou a ser considerado a partir da epidemia da Aids, quando o Estado voltou sua atenção para o público homossexual como grupo de risco e nessa intervenção a bissexualidade, diversidade sexual, prostituição no universo homossexual passaram a ser temas de saúde pública ( RIOS, 2005) e de certa forma, os michês foram sendo inseridos nesse universo, mas ainda, como grupo de riscos, comportamento de riscos e agora como situações de vulnerabilidade social no seu cotidiano de trabalho (FERREIRA, 2002). Diferentemente das travestis que evitam transitar durante o dia (KULICK, 2008, p. 24), garotos de programa circulam durante o dia, até porque não há nada visivelmente que os identifique, pois corpos sarados, uso de anabolizantes e outras características de boa forma não são exclusivos dos mesmos e vale lembrar ainda que nem todos michês recorrem a esses recursos corporais. Ainda comparando-os as travestis, a masculinidade presente em sua performance viril, talvez, lhe confere um lugar socialmente de menos repúdio. Evidenciando-se a hierarquia de gênero, o que também lhe permite transitar em lugares diferentes das mesmas, inclusive ao longo do dia. Por outro lado, mesmo estigmatizadas, travestis são reconhecidas ou identificadas quando chegam aos serviços de saúde, pois seus corpos as identificam, entretanto, michês quando chegam aos serviços de saúde são identificados? A atenção primária de saúde consegue identificar essas pessoas, preocupa-se com a maneira com que elas chegam a seus serviços e a forma como são abordadas? Existem equipamentos sociais, como já apontados acima (CTA, COAS) e ambulatórios de especialidades em doenças sexualmente transmissíveis presentes em alguns municípios, por exemplo, Osasco-SP, que oferecem uma porta de entrada específica para profissionais do sexo. Todavia, nem todos conhecem tais serviços e nem todos tem a sua disposição em seus municípios, além do que, as necessidades de saúde desses profissionais não se restringem a HIV/Aids e DSTs. Vale apontar também, que esses equipamentos de saúde pública direcionados a atender a demanda de DSTs/HIV/Aids, facilitam por um lado o acesso dos usuários que não encontram oportunidades nas unidades básicas de saúde, contudo, esses mesmos serviços podem representar um fator de não acesso pelo usuário, uma vez que:...os serviços de DST geralmente estão localizados em clínicas especializadas, o que gera estigma por parte da população em procurá-los... (PINTO, 2007: 105). Assim, quando esses procuram as unidades de saúde responsáveis pela atenção primária, terminam de certa forma, passando por invisíveis quanto as suas reais necessidades. Até porque, quando a sexualidade é reconhecida nessas instituições, geralmente é interpretada como questão de natureza heterossexual e de reprodução, raramente havendo a possibilidade de se pensar sobre sexualidade além das experiências heterossexuais e que essas vivências não precisam estar associadas a reprodução humana (ADORNO, ALVARENGA & VASCONCELLOS, 2005:16). Sexualidade é um conceito complexo, abordado por várias áreas do

5 conhecimento e por um longo período foi compreendida no contexto da saúde pública pela visão médica, psiquiátrica e abordada pela perspectiva do anormal e patológico. Todavia, através das contribuições das ciências humanas e sociais, podemos considerar que sexualidade não se restringe: a atividade sexual (HEILBORN, 1999, p.40),.a reprodução sexual (VANCE, 1995, p. 22) e a orientação sexual heterossexual não é a única forma de se vivenciá-la, pois como lembra Don Kulick, vale lembrar que pensando sobre sexualidade e desejos há uma idéia ainda errônea que todo desejo sexual é ou deveria ser heterossexual (KULICK, 2008, p. 139). Assim, amplia-se a visão sobre sexualidade que ora era tratada de forma natural e de base exclusivamente biológica e passa a ser compreendida como uma construção social (HEILBORN, 1999). Logo, se identificados como profissionais do sexo nos servicos de saúde de atenção primaria, geralmente são abordados preconceituosamente e inseridos em políticas públicas que generalizam comportamentos e conseqüentemente estratégias de intervenção, interpretando suas necessidades como restritas a prevenção às DSTs/Hiv/Aids e às vulnerabilidades sociais, como violência, falta de acesso a serviços públicos, etc. Não se identificando como garoto de programa, é como se o serviço de saúde atendesse outra pessoa, como se outra identidade se apresentasse ao mesmo, pois sua forma de trabalho, seus medos, dificuldades e outras questões relativas a sua identidade profissional presentes constantemente, pois fazem parte do seu trabalho ficam omissas, provavelmente porquê as ações em saúde ainda são moralizantes como destaca Buglione (2004) ao falar sobre saúde, direitos sexuais, civis e humanos e também porque admitir a relação Homem que faz sexo com homem (HSH) envolve olhares preconceituosos por parte de muitos profissionais da saúde, dentre eles, a idéia de que:...o homem que tem sexo com outro homem também não se encaixa na noção do cidadão trabalhador ou pai... (ÁVILA & GOUVEIA, 1996:170). Assim, uma vez que raramente o garoto de programa se apresenta dessa forma, fora do seu contexto de trabalho, quem é o sujeito atendido pela unidade de saúde? Será que esse anonimato ou clandestinidade contribui ou tem como reflexo algum estresse na vida dos garotos de programas? Provavelmente sim, uma vez que a omissão de suas atividades como profissionais de sexo pode estar associada a marcas específicas em seus corpos, através de sintomas de stress, doenças psicossomáticas ou mesmo pelo uso inadequado de remédios e anabolizantes no intuito de uma melhor imagem corporal e performance. Por outro lado, essa não visibilidade na atenção primária nos serviços de saúde publica possa ser interpretada como algo positivo e até desejada pelos garotos de programa, uma vez que lhes possibilita fugir de estigmas, tais como: homossexual enrustido, pobre, entre outros estigmas que muitas vezes estão presentes em suas relações com entendidos (GUIMARÃES, 2004, p.75), que podem também surgir em outros contextos do cotidiano. Como por exemplo, travestis muitas vezes são vistas como agressivas, violentas e bizarras, gerando sentimentos de medo em muitas pessoas (KULICK, 2008, p. 21) e os michês que sentimentos provocam? Se identificados como garotos de programas nas unidades básicas de saúde, podem ser abordados como pessoas que trabalham em territórios identificados como região moral, como comportamento de riscos ou como vulneráveis socialmente por serem jovens e pobres, por pressuporem que não tiveram acessos a outras atividades profissionais, cursos de capacitação, etc. Mas será que todos os garotos de programas de fato correspondem a esse perfil? Será que entre eles também não existem aqueles que sentem prazer no trabalho? Que gostam da performance semelhante as garotas de programas já apontada por Dulce Gaspar (1994)? A vivência da sexualidade ocorre no corpo (ÁVILA & GOUVEIA, 1996:166), assim, podemos também dizer que é no corpo, através do corpo e com o corpo que a prostituição masculina

6 acontece, envolvendo performances, fantasias, desejos, emoções, atos sexuais, etc. Todavia, quando indagamos sobre o corpo, não estamos cindindo corpo e psique (ou mente), estamos considerando a vivência num todo na qual corpo ( que é sexuado, LOURO,1996:11 ) e mente vivenciam concomitantemente tais experiências, o que justifica considerarmos as contribuições da Antropologia, Sociologia e é claro, da Psicologia. Sentimentos, desejos e cuidados com o corpo estão associados a questões intrapsíquicas, porém, não estão condicionados exclusivamente as mesmas, porque enquanto construções sociais, emoções, sentimentos e formas de relacionar-se com o corpo são construídos em contextos da subjetividade, entendida aqui como produto da interação entre as questões internas e externas das pessoas, logo, não estão dicotomizadas e não necessariamente são ambíguas, mas interrelacionam-se. Nacionalmente, foram elaborados dois planos de enfrentamento da epidemia de AIDS e das DSTS, um voltado para o gênero masculino e o outro para o gênero feminino. No gênero masculino encontram-se: travestis, gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) 1 (BRASIL, 2008). A expressão Outros Homens que fazem sexo com homens, provoca algumas interrogações e deduções, como: Quem são os outros homens? Estão se referindo aos bissexuais? Aos heterossexuais que às vezes se relacionam com gays e travestis e não interpretam tais relacionamentos como homossexuais? Poderíamos compreender como outros homens os michês? Podemos identificar os michês nesse plano nacional de enfrentamento da epidemia de aids/dsts, por serem homens e que profissionalmente fazem sexo com homens. Porém, a preocupação das políticas de saúde, de um modo geral, ainda tem focado as condições de saúde/doença do corpo, isto é, as infecções, tipos de infecções, formas de infecção, etc. Assim, suas ações voltam-se muito mais para o corpo do sujeito, como se fossem dimensões fragmentadas, no intuito de disciplinar seus comportamentos através de ações voltadas para seus corpos (FOUCAULT, 1979). Pode-se dizer que, políticas públicas de saúde embasadas na perspectiva epidemiológica ainda direcionam suas ações para um corpo cindido, preocupados com regiões fragmentadas do corpo, como prevenção às DSTs no sexo oral, vaginal e anal. Assim, ao lado dos riscos, das vulnerabilidades que os estudos epidemiológicos trazem como contribuição para se pensar o enfrentamento da epidemia de DSTs e HIV/AIDS, é preciso que política e programas em saúde pública para esse grupo contemplem questões como sexualidade, gênero e corporalidade. CONSIDERAÇÕES: Reflexões sobre sexualidade, possibilitam melhor compreendermos e desvelarmos vivências dos garotos de programa. Lembrando que estudos sobre o tema tem caracterizado a sexualidade também como uma dimensão política (PRADO & MACHADO, 2008), onde a reflexão e debate sobre gênero e pluralismo sexual permitem o reconhecimento da diversidade no que se refere às sexualidades. Nesse sentido, a presença de profissionais das ciência sociais e humanas nos serviços de atenção básica pode fazer a diferença no sentido de possibilitar indagações e reflexões sobre os projetos e ações 1 Nas primeiras ações e programas de saúde a sigla HSH significava: Homens que fazem sexo com homens e agora no atual plano nacional de enfrentamento das DSTs/Hiv/Aids a mesma sigla tem o significado de Outros homens que fazem sexo com homens. A principal diferença é que na primeira situação encontram-se ações voltadas para o grupo homossexual, sendo que a segunda situação refere-se a um segundo momento no Brasil, no qual emergem conceitos como identidade sexual, comportamento sexual e prática sexual, resultando na compreensão de que no contexto Brasileiro, uma prática sexual entre dois homens não necessariamente significa que os mesmos se identifiquem como homossexuais (PARKER, 2004:11). Logo, daqui para frente, a sigla HSH estará se referindo a Outros homens que fazem sexo com homens.

desenvolvidos ou mesmo na busca de postura diferenciada frente ao diagnóstico e assistência aos homens que chegam aos seus serviços decodificados como demanda clínica, psicossomática, problemas sexuais ou outros. Essas considerações são pertinentes, porque após avanços significativos no campo da legitimação dos direitos humanos e reconhecimentos dos direitos que atendam a diversidade sexual e contando com a participação de pessoas afinadas com a mobilização da diversidade sexual, houve de certa forma, uma divisão falocêntrica nesse plano de enfrentamento da epidemia de AIDS e das DSTS voltado para o gênero masculino. Em outras palavras, pensar em saúde pública ou analisar a dimensão que envolve performances de garotos de programa trata-se de um campo permeado por questões profundas, complexas, que não podem ser definidas simplesmente como ações voltadas para outros homens que fazem sexo com homens. Sendo assim, política e ações de saúde que buscam legitimar a visibilidade dos garotos de programas, podem inversamente, torná-los invisíveis nos demais serviços de saúde pública, como os que acontecem na atenção primária. REFERÊNCIAS ADORNO, R. C. F., ALVARENGA, A. T. e VASCONCELLOS, M. P.C. Jovens, gênero e sexualidade: relações em questão para o campo da saúde pública. In Jovens, trajetórias, masculinidades e direitos. Adorno, R., Alvarenga A., Vasconcellos, M. P. C. (orgs.).são Paulo: Fapesp:Edusp, 2005. ÁVILA, M. B. e GOUVEIA, T. Notas sobre direitos reprodutivos e direitos sexuais. In PARKER, R. e BARBOSA, R. M. (Orgs.). Sexualidades brasileiras. Rio de Janeiro: Relume Dumará:ABIA:IMS/UERJ, 1996. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Plano nacional de enfrentamento da epidemia de Aids e das DST entre gays HSH e travestis. Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. BUGLIONE, S. Direitos sexuais, direitos civis e Direitos Humanos convergências, divergência e humanidades. In In RIOS, L. F. et all. In Homossexualidade: produção cultural, cidadania e saúde. Rio de Janeiro: ABIA, 2004. FERREIRA, L. R. e MADEIRA, P. I. A prostituição em hotéis executivos de Porto Alegre. V Seminário da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Turismo. Belo Horizonte MG, agosto 2008. FERREIRA, R. S. Travestis em perigo ou perigo da Travestis? Notas sobre a insegurança nos territórios prostitucionais dos Transgêneros em Belém (PA). Enfoques Revista eletrônica dos alunos do PPGSA ISSN 1678-1813, 2002. FRANÇA, I. L. Cada macaco no seu galho? Poder, identidade, segmentação de mercado no movimento homossexual. Revista Brasileira de Ciências Sociais, fevereiro, año/vol. 21, No. 060. São Paulo, 2006. FOUCAULT, M. O nascimento da medicina social. In Microfísica do Poder. FOUCUALT, M. Org. e Trad. Roberto Machado. 11ª. Ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979. (79-98). GASPAR, M. D. Garotas de Programa Prostituição em Copacabana e Identidade Social. 3 a. edição, Jorge Zahar Editor: Rio de Janeiro, 1994. GUIMARÃES, C. D. O homossexual visto por entendidos. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. HEILBORN, M. L. Construção de si, gênero e sexualidade. In HEILBORN, M. L. org. Sexualidade: o olhar das ciências sociais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1999. 7

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