ALTERAÇÃO ESTRUTURAL E OS PRODUTOS OBTIDOS DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis L.f. SUBMETIDOS A DESBASTES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais ALTERAÇÃO ESTRUTURAL E OS PRODUTOS OBTIDOS DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis L.f. SUBMETIDOS A DESBASTES VIVIANN MACIEL DA SILVA ALVES CUIABÁ 2015

VIVIANN MACIEL DA SILVA ALVES ALTERAÇÃO ESTRUTURAL E OS PRODUTOS OBTIDOS DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis L.f. SUBMETIDOS A DESBASTES Orientador: Prof. Dr. Sidney Fernando Caldeira Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Mato Grosso, como parte das exigências do curso de Pós-graduação em Ciências Florestais e Ambientais para obtenção do título de mestre. CUIABÁ 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais CERTIFICADO DE APROVAÇÃO Título: Alteração estrutural e os produtos obtidos de povoamentos de Tectona grandis L.f. submetidos a desbastes Autora: Viviann Maciel da Silva Alves Orientador: Prof. Dr. Sidney Fernando Caldeira Aprovada em de de 2015. Comissão examinadora: Prof. Dr. Diego Tyszka Martinez Membro-UFMT/FENF Prof. Dr. Marcos Antônio Camargo Ferreira Membro-Secretaria Estadual de Meio Ambiente Prof. Dr. Ronaldo Drescher Membro-UFMT/FENF Prof. Dr. Sidney Fernando Caldeira Orientador-UFMT/FENF

AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus que me permitiu a conclusão deste trabalho e colocou pessoas especiais ao meu lado, que me apoiaram e deram força, sem elas certamente não teria concluído. À minha Família em especial ao meu querido esposo Evilásio de Souza Alves Junior, que sempre esteve ao meu lado me dando todo apoio e suporte, aos meus pais Dausterneya e Douglas, meus irmãos Amanda e Douglas e a minha sogra Maria Camilo e seu esposo Hermes que sempre me incentivaram e acreditaram em mim. Ao professor Dr. Sidney Fernando Caldeira, pela oportunidade, confiança e orientação; Ao professor Diego Tyszka Martinez, pela orientação e apoio; À Universidade Federal de Mato Grosso; Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais; À FAMAD, por financiar esta pesquisa; Às empresas Teca do Brasil e Soroteca FlorestaI; Aos amigos engenheiros florestais e mestres Bruna Cristina Almeida pelo companheirismo e amizade, Joamir Barbosa Filho, Anne Francis Agostini Santos, Ariel Souza Rossi, Karen Janones da Rocha, Fernando Henrique Gava pela parceria em diversos trabalhos com troca de conhecimento, e aos Demais colegas pelos dois anos de convivência e amizade.

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 14 2 REVISÃO DE LITERATURA... 16 2.1 A TECTONA GRANDIS L. F.... 16 2.2 ESTRUTURA DE FLORESTAS... 18 2.2.1 ESTRUTURA HORIZONTAL... 20 2.2.2 ESTRUTURA VERTICAL... 21 2.3 DESBASTE... 24 2.3.1 TIPOS DE DESBASTE... 26 2.4 PRODUTO... 31 3 MATERIAL E MÉTODOS... 33 3.1 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO... 33 3.2 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS... 35 3.3 A ESTRUTURA DOS POVOAMENTOS... 37 3.4 CRITÉRIOS PARA A APLICAÇÃO DOS DESBASTES... 38 3.5 PERFIL ESTRUTURAL... 42 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 44 4.1 ESTRUTURA DOS POVOAMENTOS ANTES DA APLICAÇÃO DOS DESBASTES... 44 4.2 TORAS REMOVIDAS PELOS DESBASTES... 47 4.3 ESTRUTURA DOS POVOAMENTOS APÓS OS DESBASTES... 52 4.4 PERFIL ESTRUTURAL... 55 4.5 SIMULAÇÃO DE MESMA INTENSIDADE PARA O DESBASTE MISTO... 60 4.6 DESENVOLVIMENTO DOS POVOAMENTOS... 63 5 CONCLUSÃO... 68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 69 v

LISTA DE TABELAS TABELA 1- VALORES MÉDIOS DE DENSIDADE (N), ALTURA TOTAL ( t), DIÂMETRO À ALTURA DO PEITO ( ), ÁREA BASAL (G), VOLUMES TOTAL (Vt) E COMERCIAL (Vc) DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis, ANTES DA APLICAÇÃO DE DESBASTES, AOS CINCO ANOS DE IDADE.... 45 TABELA 2- FREQUÊNCIA MÉDIA DE INDIVÍDUOS QUANTO À FORMA DE FUSTE EM POVOAMENTOS DE Tectona grandis ANTES DA APLICAÇÃO DO DESBASTE, AOS CINCO ANOS DE IDADE.... 46 TABELA 3- COMPRIMENTO DE COPA MÉDIO DOS INDIVÍDUOS POR CLASSE DE DOMINÂNCIA EM POVOAMENTOS DE Tectona grandis ANTES DA APLICAÇÃO DO DESBASTE, AOS CINCO ANOS DE IDADE.... 47 TABELA 4- VALORES MÉDIOS DA DENSIDADE ANTES E APÓS O DESBASTE, DO NÚMERO DE ÁRVORES REMOVIDAS EM POVOAMENTOS DE Tectona grandis SUBMETIDOS AO DESBASTE SELETIVO (P1) E AO DESBASTE MISTO (P2), AOS CINCO ANOS DE IDADE.... 48 TABELA 5- VALORES MÉDIOS DE DENSIDADE (N), ALTURA TOTAL ( t), DIÂMETRO À ALTURA DO PEITO ), ÁREA BASAL (G), VOLUMES TOTAL ( t), COMERCIAL ( c) DAS ÁRVORES EXTRAÍDAS DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis SUBMETIDOS AO DESBASTE SELETIVO (P1) E AO DESBASTE MISTO (P2), AOS CINCO ANOS DE IDADE.... 49 TABELA 6- PERCENTUAL DE REMOÇÃO DE INDIVÍDUOS POR FORMA DE FUSTE DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis, SUBMETIDOS AO DESBASTE SELETIVO (P1) E DO DESBASTE MISTO (P2), AOS CINCO ANOS DE IDADE... 51 TABELA 7- MÉDIAS DE DIÂMETRO À ALTURA DO PEITO ( ), ALTURA COMERCIAL ( c) E VOLUME COMERCIAL ( c) DAS ÁRVORES DESBASTADAS POR CLASSE DE DOMINÂNCIA DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis SUBMETIDOS AO DESBASTE SELETIVO (P1) E AO DESBASTE MISTO (P2), AOS CINCO ANOS DE IDADE.... 52 TABELA 8- VALORES MÉDIOS DE DENSIDADE (N), ALTURA TOTAL ( t), DIÂMETRO À ALTURA DO PEITO ( ), ÁREA BASAL (G), ÁREA TRANSVERSAL (ḡ), VOLUMES TOTAL ( ) E COMERCIAL ( c) COM SEUS vi

RESPECTIVOS VALORES MÉDIOS ( t E c), DAS ÁRVORES REMANESCENTES DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis, AOS CINCO ANOS DE IDADE, APÓS A APLICAÇÃO DO DESBASTE SELETIVO (P1) E DO DESBASTE MISTO (P2) E A VARIAÇÃO EM RELAÇÃO AOS VALORES ANTES DA APLICAÇÃO DO DESBASTE E OS RESPECTIVOS PERCENTUAIS.... 53 TABELA 9- FREQUÊNCIA (%) DO NÚMERO DE ÁRVORES POR HECTARE POR CLASSE DE DOMINÂNCIA ANTES DO DESBASTE, DESBASTADAS E REMANESCENTES DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis SUBMETIDOS AO DESBASTE SELETIVO (P1) E AO DESBASTE MISTO (P2), AOS CINCO ANOS DE IDADE... 54 TABELA 10- DAP MÉDIO (cm) POR CLASSE DE DOMINÂNCIA DE ÁRVORES ANTES DO DESBASTE (ANT), DESBASTADAS (DESB) E REMANESCENTES (REM) DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis SUBMETIDOS AO DESBASTE SELETIVO (P1) E AO DESBASTE MISTO (P2), AOS CINCO ANOS DE IDADE.... 54 TABELA 11-VALORES MÉDIOS DE DENSIDADE (N), ALTURA TOTAL ( T), DIÂMETRO À ALTURA DO PEITO ( ), ÁREA BASAL (G), ÁREA TRANSVERSAL ( ), VOLUMES TOTAL ( T), COMERCIAL (VC) E RESPECTIVOS VOLUMES MÉDIOS INDIVIDUAIS ( T E C) DA ESTRUTURA DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis, AOS CINCO ANOS DE IDADE, APÓS A SIMULAÇÃO DA APLICAÇÃO DO DESBASTE MISTO (P2) NA MESMA INTENSIDADE REGISTRADA PARA O DESBASTE SELETIVO (P1).... 61 TABELA 12- FREQUÊNCIA (%) DO NÚMERO DE ÁRVORES POR HECTARE POR CLASSE DE DOMINÂNCIA ANTES DO DESBASTE (ANT), DESBASTADAS (DESB) E REMANESCENTES (REM) DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis SUBMETIDOS AO DESBASTE SELETIVO (P1) E AO DESBASTE MISTO (P2), AOS CINCO ANOS DE IDADE, APÓS A SIMULAÇÃO DA APLICAÇÃO DO DESBASTE MISTO (P2) NA MESMA INTENSIDADE REGISTRADA PARA O DESBASTE SELETIVO (P1).... 62 TABELA 13- SIMULAÇÃO DO DAP MEDIO (cm) POR CLASSE DE DOMINÂNCIA DE ÁRVORES ANTES DO DESBASTE (ANT), DESBASTADAS (DESB) E REMANESCENTES (REM) DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis vii

SUBMETIDOS AO DESBASTE SELETIVO (P1) E AO DESBASTE MISTO (P2), AOS CINCO ANOS DE IDADE.... 63 TABELA 14- VALORES MÉDIOS DE DENSIDADE (N), ALTURA TOTAL ( t), DIÂMETRO À ALTURA DO PEITO ( ), ÁREA BASAL (G), ÁRA TRANSVERSAL (ḡ), VOLUMES TOTAL ( t) E COMERCIAL ( c) E RESPECTIVOS VALORES MÉDIOS ( t E c) DAS ÁRVORES DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis, AOS SEIS E AOS SETE ANOS DE IDADE, APÓS A APLICAÇÃO DE DESBASTE SELETIVO (P1) E DE DESBASTE MISTO (P2), AOS CINCO ANOS DE IDADE.... 64 TABELA 15- FREQUÊNCIA (%) DO NÚMERO DE ÁRVORES POR CLASSE DE DOMINÂNCIA DOS INDIVÍDUOS REMANESCENTES DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis SUBMETIDOS AO DESBASTE SELETIVO (P1) E AO DESBASTE MISTO (P2), AOS CINCO, SEIS E SETE ANOS DE IDADE.... 65 TABELA 16- DAP MÉDIO (cm) POR CLASSE DE DOMINÂNCIA DE ÁRVORES REMANESCENTES AOS CINCO, SEIS E SETE ANOS DE IDADE DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis SUBMETIDOS AO DESBASTE SELETIVO (P1) E AO DESBASTE MISTO (P2), AOS CINCO ANOS DE IDADE.... 66 TABELA 17- CLASSIFICAÇÃO EM PORCENTAGEM DOS INDIVÍDUOS DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis, AOS SEIS E AOS SETE ANOS DE IDADE, QUANTO Á FORMA DE FUSTE.... 67 viii

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1- LOCALIZAÇÃO DOS POVOAMENTOS DE Tectona grandis NOS MUNICÍPIOS DE NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO (A) E DE SÃO JOSÉ DOS QUATRO MARCOS (B), ESTADO DE MATO GROSSO.... 34 FIGURA 2- REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO PERFIL HORIZONTAL DE UMA PARCELA PERMANENTE COM 95% DE SOBREVIVÊNCIA E AS ÁRVORES MARCADAS PARA REMOÇÃO, EM GRUPOS DE DEZ ÁRVORES, PELAAPLICAÇÃO DO DESBASTE SELETIVO.... 40 FIGURA 3- REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO PERFIL HORIZONTAL DE UMA PARCELA PERMANENTE COM 89% DE SOBREVIVÊNCIA E AS ÁRVORES MARCADAS PARA REMOÇÃO, UMA LINHA COMPLETA E OUTRAS 3 EM CADA LINHA PELA REMOÇÃO DO DESBASTE MISTO.... 41 FIGURA 4- DISTRIBUIÇÃO DOS INDIVÍDUOS POR CLASSE DE DOMINÂNCIA DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis, ANTES DA APLICAÇÃO DO DESBASTE, AOS CINCO ANOS DE IDADE. O = OPRIMIDAS, S = SUPRIMIDAS, I = INTERMEDIÁRIAS, CD = CODOMINANTES, D = DOMINANTES.... 45 FIGURA 5- DISTRIBUIÇÃO POR CLASSE DE DOMINÂNCIA DOS INDIVÍDUOS REMANESCENTES E DESBASTADOS DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis SUBMETIDOS AO DESBASTE SELETIVO (P1) E AO DESBASTE MISTO (P2), AOS CINCO ANOS DE IDADE. O = OPRIMIDAS, S = SUPRIMIDAS, I = INTERMEDIÁRIAS, CD = CODOMINANTES, D = DOMINANTES.... 50 FIGURA 6- PERFIS HORIZONTAL (A) E VERTICAL (B) DE POVOAMENTO DE Tectona grandis, AOS CINCO ANOS DE IDADE, E OS INDIVÍDUOS SELECIONADOS PARA REMOÇÃO COM O DESBASTE SELETIVO. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, MT.... 56 FIGURA 7- PERFIS HORIZONTAL (A) E VERTICAL (B) DE POVOAMENTO DE Tectona grandis, AOS CINCO ANOS DE IDADE, E OS INDIVÍDUOS SELECIONADOS PARA REMOÇÃO COM O DESBASTE MISTO. SÃO JOSÉ DOS QUATRO MARCOS, MT.... 57 FIGURA 8- PERFIS HORIZONTAL (A) E VERTICAL (B) DE POVOAMENTO DE Tectona grandis, AOS CINCO ANOS DE IDADE, APÓS A APLICAÇÃO DO DESBASTE SELETIVO. NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, MT.... 58 ix

FIGURA 9- PERFIS HORIZONTAL (A) E VERTICAL (B) DE POVOAMENTO DE Tectona grandis, AOS CINCO ANOS DE IDADE, APÓS A APLICAÇÃO DO DESBASTE MISTO. SÃO JOSÉ DOS QUATRO MARCOS, MT.... 59 FIGURA 10- DISTRIBUIÇÃO POR CLASSE DE DOMINÂNCIA DOS INDIVÍDUOS REMANESCENTES E DESBASTADOS DE POVOAMENTOS DE Tectona grandis, AOS CINCO ANOS DE IDADE, APÓS A SIMULAÇÃO DA APLICAÇÃO DO DESBASTE MISTO (P2) NA MESMA INTENSIDADE REGISTRADA PARA O DESBASTE SELETIVO (P1). O = OPRIMIDAS, S = SUPRIMIDAS, I = INTERMEDIÁRIAS, CD = CODOMINANTES, D = DOMINANTES.... 62 x

LISTA DE QUADROS QUADRO 1- CARACTERISTICAS AMBIENTAIS DE NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO E SÃO JOSÉ DOS QUARTO MARCOS.... 33 QUADRO 2- CRITÉRIO PARA CLASSIFICAÇÃO DAS ÁRVORES QUANTO À FORMA OU QUALIDADE DE FUSTE.... 35 QUADRO 3- CRITÉRIO PARA CLASSIFICAÇÃO DAS ÁRVORES QUANTO AO ESTADO FITOSSANITÁRIO, PELO TIPO DE DANO.... 36 QUADRO 4- CRITÉRIO PARA CLASSIFICAÇÃO DAS ÁRVORES QUANTO AO ESTADO FITOSSANITÁRIO, PELO TIPO DE DANO.... 36 QUADRO 5- CRITÉRIO PARA DETERMINAR AMPLITUDE DAS CLASSES DE DOMINÂNCIA.... 38 QUADRO 6- CRITÉRIO PARA CLASSIFICAÇÃO DOS INDIVÍDUOS SEGUNDO OCUPAÇÃO VERTICAL DA COPA.... 43 xi

RESUMO ALVES, Viviann Maciel da Silva. Alteração estrutural e os produtos obtidos de povoamentos de Tectona grandis L. f. submetidos a desbastes. 2015. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais e Ambientais) Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá - MT. Orientador: Prof. Dr. Sidney Fernando Caldeira. O desbaste é prática silvicultural que visa reduzir a competição entre indivíduos e reestabelecer o crescimento das árvores remanescentes. A idade em que o desbaste é aplicado, o tipo utilizado e a sua intensidade promovem alterações estruturais e melhoram a qualidade do povoamento e o seu volume. Assim, o objetivo deste trabalho foi comparar a alteração estrutural e os produtos obtidos de povoamentos de Tectona grandis submetidos ao desbaste seletivo e ao desbaste misto. O trabalho foi desenvolvido em dois povoamentos homogêneos e coetâneos de teca, implantados no espaçamento de 3,0 m x 3,0 m, e desbastados aos cinco anos de idade. Foram estabelecidas parcelas permanentes de 15 m x 60 m, sendo 23 em Nossa Senhora do Livramento e 22 em São José dos Quatro Marcos, onde foram medidas as alturas total e comercial e a circunferência à altura do peito e calculados o DAP, a área transversal média, além dos volumes total e comercial e a área basal. As árvores foram qualificadas quanto à forma de fuste, quanto ao estado fitossanitário e determinadas às respectivas causas e intensidade do dano. Para cada parcela, os indivíduos ainda foram qualificados quanto à classe de dominância e determinados os valores das mesmas variáveis para cada classe. Para comparar os produtos e as alterações estruturais de cada um dos desbastes, os valores médios das parcelas foram submetidos ao teste de Student. Com os valores médios das parcelas para as classes de dominância foram confeccionados os perfis horizontal e vertical para representar esquematicamente a alteração estrutural dos povoamentos desbastados. De forma independente, o desenvolvimento de cada povoamento desbastado ao quinto ano foi avaliado e descrito aos sexto e sétimo anos de idade. O tipo de desbaste aplicado interfere na qualidade da floresta remanescente de Teca e nos produtos obtidos com a operação. O desbaste misto remove toras de qualidade superior ás toras do desbaste seletivo. As árvores remanescentes do desbaste misto apresentam maior frequência de indivíduos de qualidade inferior e presença alternada de linhas com maior ou menor adensamento. O desbaste seletivo proporciona aumento da qualidade das árvores remanescentes, com desenvolvimento superior em relação ao desbaste misto, ainda que, no primeiro ano apresente desenvolvimento superior em relação ao seletivo. Palavras-Chave: Desbaste seletivo, desbaste misto, teca, estrutura florestal. xii

ABSTRACT ALVES, Viviann Maciel da Silva. Structural alteration and the products obtained from stands of Tectona grandis L.f. The thinning submitted. 2015. Dissertation (Master's degree in Forestry and Environmental Sciences) Federal University of Mato Grosso, Cuiaba - MT. Supervisor Prof. Dr. Sidney Fernando Caldeira. The thinning is a forestry practice to reduce competition between individuals and restore growth of the remaining trees. The age at which trimming is applied, the type used and structural changes its intensity promote and improve the quality of the stand and tree volume. The objective of this study was to compare the structural change and the products obtained from stands of Tectona grandis subjected to selective thinning and mixed thinning. The study was conducted in two homogeneous and aged teak stands, planted with spacing of 3.0 m x 3.0 m, and chopped to five years of age. Permanent plots of 15m x 60m were established, 23 in Nossa Senhora do Livramento and 22 in São José dos Quatro Marcos, in them were measured total and commercial height and circumference at breast height and calculated the diameter at breast height, cross-sectional area, in addition to total and commercial volumes. The trees were still qualified on how to stem, as the healthy and determined the causes and extent of damage. For each installment, the individuals were still qualified as the dominance of certain class and the values of the same variables for each class. To compare products and structural changes of each of the thinning, the mean values of the plots were submitted to the Student test. With average values of parcels for dominance classes were made the horizontal and vertical profiles to schematically represent the structural change of thinned. The development of each of the thinned fifth grade was evaluated, and described independently to the sixth and seventh years. The type of applied thinning interferes with the quality of the remaining forest teak and products obtained from the operation. The mixed thinning removes top quality logs ace logs of selective thinning. The remaining trees mixed thinning an increased frequency of inferior individuals and alternating presence of lines with varying density. Selective thinning provides increased quality of the remaining trees, with a better performance in relation to mixed thinning, even in the first year to present higher development compared to selective. Keywords: Selective thinning, thinning mixed, Teak, forest structure. xiii

1 INTRODUÇÃO A madeira é um dos principais produtos de origem florestal, e a sua demanda aumenta com o crescimento demográfico, assim como a pressão sobre as florestas autóctones, e o consequente aumento da exploração de extensas áreas. Assim, a exploração dessas florestas não atende à demanda com as espécies e as quantidades exigidas pela sociedade, no tempo desejado, pois se caracterizam por baixa frequência de indivíduos exploráveis, das espécies de interesse comercial, por unidade de área (GARLIPP; FOELKEL, 2009). A implantação de povoamentos florestais, conforme registrado por Sanguino (2009) é alternativa para suprir a demanda por madeira, revitalizar as áreas desmatadas, fonte sustentável de produção de madeira para uso industrial garantindo renda extra para pequenos e médios produtores rurais e contribuem para o desenvolvimento regional, melhoram as condições de vida daqueles que vivem da agricultura familiar, proporcionando inúmeros benefícios econômicos, ecológicos e sociais. Neste sentido, a silvicultura evoluiu como atividade voltada para a produção de matéria-prima para suprir às indústrias madeireiras e de fibras (KAGEYAMA; CASTRO, 1989). A demanda por matéria-prima de qualidade está em ascensão, porém a sua pequena oferta provoca valorização expressiva das florestas bem manejadas, as quais podem gerar lucros altos ao final de sua rotação (WEBER et al., 2013). Para florestas cujo objetivo é a produção de madeira serrada ou laminada, Monte et al. (2009) afirmaram que, devem ser aplicadas técnicas silviculturais como a desrama e o desbaste para aumentar a qualidade da madeira produzida. O desbaste é a prática silvicultural mais relevante, pois, ao reduzir a competição entre indivíduos, restabelece o crescimento das árvores remanescentes com maior potencial de comercialização. Contudo, a seleção dos indivíduos a serem extraídos é complexa e envolve a habilidade dos técnicos em identificar diversas variáveis no campo e tomar a decisão mais apropriada (GOMIDE et al., 2014). Em cada desbaste efetuado, árvores são removidas, gerando produtos para comercialização. Povoamentos jovens geram produtos de baixo valor agregado 14

e à medida que os desbastes são aplicados os melhores indivíduos se destacam e a cada operação são extraídas as árvores de maior valor, até que na floresta permaneçam apenas os indivíduos de maiores diâmetros e melhores fustes. A idade em que o desbaste é aplicado, o tipo e a intensidade podem resultar em um melhor desenvolvimento do povoamento provocando alterações estruturais, maior volume e toras de melhor qualidade. Para substituir espécies de maior valor econômico oriundas de florestas autóctones, a implantação de povoamentos de Teca (Tectona grandis L. f.), espécie oriunda do sudeste asiático, foi uma das alternativas de sistemas puros em razão de sua rusticidade, rápido crescimento em altura, tronco retilíneo e pouco sujeito a bifurcação, (LORENZI, 2003; DRESCHER, 2004). O cultivo da teca oferece excelentes perspectivas aos madeireiros, por ser uma espécie produtora de madeira de alta qualidade, resistência, durabilidade e beleza. A planta teve uma excelente adaptação no Brasil, especialmente no Estado de Mato Grosso, onde é produzida a maior parte de madeira da espécie no país, onde o clima é o mais adequado para o desenvolvimento da cultura (DELGADO, 2008; ABRAF, 2012). O objetivo deste trabalho foi comparar a alteração estrutural e os produtos obtidos de povoamentos de Tectona grandis submetidos ao desbaste seletivo e ao desbaste misto. Foram objetivos específicos: caracterizar a estrutura desses povoamentos antes e após a submissão aos diferentes tipos de desbastes, quantificar e qualificar as árvores removidas e analisar o crescimento de cada um desses povoamentos após o desbaste. 15

2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 A Tectona grandis L. f. A Tectona grandis L. f., vulgarmente chamada de Teca é uma espécie da família Lamiaceae, natural do Sul e Sudeste da Ásia. Os primeiros plantios com a teca restringiam-se aos países da Ásia Tropical, especialmente Índia, Myanmar e Tailândia e Laos, com o objetivo de compensar o esgotamento das populações naturais de teca que eram exploradas de forma predatória (TANAKA et al., 1998; KRISHNAPILLAY, 2000; PANDEY; BROWN, 2000; BERMEJO et al. 2004 FIGUEIREDO, 2005). Figueiredo (2005) relatou que, posteriormente, a teca passou ser plantada em novas zonas tropicais, como a África Ocidental, América Central e América do Sul, no Brasil e na Costa Rica, onde os plantios são caracterizados pela elevada densidade de indivíduos e com rotações mais curtas que as praticadas no sudeste asiático. A T. grandis é uma espécie pioneira, caducifólia, de grande porte e de copa circular. Suas folhas de inserção oposta despertam a atenção pelo tamanho, que pode alcançar 60 x 80 cm. As flores, de cor creme, encontram-se reunidas em inflorescências do tipo panículas (ANGELI, 2003). Em ambiente natural, a Teca apresenta um tronco reto e atinge altura superior a 25 m, com dimensões e forma que variam de acordo com o local e condições de crescimento, podem atingir diâmetro de 0,9 a 2,5m (DAP), sua casca é de cor cinza ou marrom com cerca de 15mm, conferindo elevada resistência ao fogo (PANDEY; BROWN, 2000; ANGELI, 2003; FIGUEIREDO, 2005; FERREIRA; MELO, 2006). Tem crescimento sazonal determinado e se adaptou bem em reflorestamentos pelo rápido crescimento inicial e rusticidade, chegando aos três metros no primeiro ano e aos cinco metros, ou mais, no segundo (SINHA et al., 2011). Complementarmente estes autores afirmaram que o desenvolvimento da teca 16

é influenciado pelas condições edáficas e climáticas locais, principalmente pela precipitação, umidade relativa e a temperatura. A Teca apresenta melhor crescimento em locais com precipitação anual entre 1.250 a 3.750mm, com um período de três a cinco meses de seca, temperatura mínima de 13 a 17 C e máxima de 39 a 43 C (PANDEY; BROWN, 2000). A espécie adapta-se bem em solos franco-arenosos e argilosos aluviais, com ph neutro, presença de níveis elevados de cálcio, potássio e matéria orgânica, também é eficiente na utilização de magnésio e o fósforo, é intolerante ao alumínio trocável, é exigente em bases trocáveis, especialmente o cálcio (TANAKA et al., 1998; MATA, 1999; MOLLINEDO GARCIA, 2003; CASTELLANOS, 2006; GONZÁLEZ, 2010, PELISSARI, 2012). A madeira produzida pela teca é bastante cobiçada no mercado mundial, em razão de suas propriedades físicas, sua resistência e durabilidade e beleza. É uma espécie muito utilizada na produção de móveis, componentes de decoração e na construção civil e naval, e gera produtos para comercialização desde os primeiros desbastes, principalmente para energia (TANAKA et al., 1998, PANDEY; BROWN, 2000; TSUKAMOTO FILHO et al., 2003; BLANCO-FLÓREZ, 2014; PELISSARI et al., 2014). Em 2010, a área mundial de florestas plantadas de teca foi estimada em 4.346.000 ha, dos quais 83% estavam na Ásia, 11% na África, 6% na América tropical e menos de 1% na Oceania (FAO, 2012). A produção mundial de madeira de teca é estimada em três milhões de m³ ano -1. No Brasil, em 2013, a espécie atingiu 88.270 hectares plantados (IBÁ, 2014). O estado de Mato Grosso tem grande potencial para produção de florestas plantadas e, em 2012, apresentava 64.828 hectares plantados com teca e 187.090 hectares de eucalipto (FAMATO, 2013). 17

2.2 ESTRUTURA DE FLORESTAS As florestas naturais constituem-se em um ecossistema extremamente complexo por possuir grande número de espécies florísticas e de árvores por hectare, com diferentes características silviculturais, ecológicas e tecnológicas, formas de árvores, variações de incremento e solo e grande número de espécies com altura desconhecida (CORAIOLA; PÉLLICO NETTO, 2003). É necessário o desenvolvimento de técnicas específicas para cada tipo florestal, pois a estrutura e a composição das florestas naturais apresentam variações consideráveis de região para região, tornando-as extremamente complexas e heterogêneas (MIRANDA FLOR, 1985; CORAIOLA, 1997; SCOLFORO et al., 1998 1, apud LIMA; LEÃO, 2013). A estrutura de florestas é o conjunto de informações quantitativas como densidade, altura total e comercial, DAP, volume total, comercial e de copa, diâmetro e comprimento de copa, área transversal e quantidade de regeneração. Ainda são incluídas as informações qualitativas, como, espécie, estado fitossanitário, forma de fuste, forma da copa da vegetação (JARDIM, 1986). O estudo da estrutura da vegetação fornece ideia do desenvolvimento da floresta. A análise desta deve ser baseada no inventário possibilitando a identificação e interpretação das dimensões dos indivíduos, para servir de comparação entre florestas diferentes (SCHAEFFER-NOVELLI; CINTRÓN, 1986; CARVALHO, 1997). A análise da estrutura é também uma maneira de se detectar o estágio em que a floresta se encontra, assim como as alterações que sofre, pois à medida que a floresta se desenvolve sofre mudanças em sua estrutura. Mesmo nesta circunstância a morte de árvores por causas naturais ou não, implicará em mudanças na floresta, ainda que em menor proporção (SCOLFORO; MELLO, 1997). Souza (1973) afirmou que a estrutura de florestas naturais pode ser interpretada como o número de árvores por classe diamétrica ou classe de idade, através da medição do diâmetro a altura do peito (DAP) das árvores ou pelo conhecimento das respectivas idades. 1 SCOLFORO J.R.S., PULZ F.A., MELLO J.M. Modelagem da produção, idade das florestas nativas, distribuição espacial das espécies e a análise estrutural. Manejo Florestal, p. 189-256. 1998. 18

A análise estrutural informa a relação e a quantidade de espécies que compõem a regeneração, as dimensões e distribuição das plantas no povoamento, distribuição do diâmetro, altura, densidade, permite fazer inferências sobre a origem, características sócioecológicas, a dinâmica da população, tendências do futuro desenvolvimento das florestas, diferenciação vertical e horizontal (LAMPRECHT, 1964; HOSOKAWA, 1982; CARVALHO, 1982; HOSOKAWA et al., 1995; DEL RIO et al., 2003). Segundo Souza (2003), cada floresta possui peculiaridades próprias e por isso necessitam ser tratadas individualmente, de modo que a análise da estrutura das florestas nativas deve ser iniciada com uma abordagem da composição florística e das estruturas horizontal e vertical, considerando a distribuição diamétrica, área basal e volume. Para obter uma análise completa da floresta é preciso reunir informações combinadas das estruturas vertical e horizontal e esta é exteriorizada pelas características individuais de cada espécie: altura e diâmetro, diversas camadas de copas, a luminosidade retida e a que penetra até o solo, entre outras, sob influência da estrutura e do grau de fertilidade do solo e da umidade (QUEIROZ, 2004; SOUZA; SOARES, 2013). O conhecimento da estrutura e sua relação com a produtividade são importantes para o planejamento de sistemas silviculturais e a análise das características silviculturais auxilia na tomada de decisões sobre métodos e técnicas apropriadas de manejo para a região; definir intervenções na sua estrutura, com a intensidade de extração que não comprometa a sobrevivência do povoamento (CARVALHO, 1997; CORAIOLA; NETTO 2003). Todos esses conceitos podem ser utilizados em florestas plantadas, cuja estrutura é mais simples. Assim, segundo Hosokawa e Souza (1987), as florestas artificiais possuem rotação curta, o crescimento é rápido, os indivíduos possuem uma intensa atividade fisiológica. As diferenças no crescimento são observadas quando se inicia a competição por luz e também nas raízes, onde competem por água e nutrientes. Nesse momento as árvores começam a se distinguir em altura, e a quantidade de 19

luz direta que recebem em suas copas é importante para continuar crescendo (GARRETÓN et al., 2002). 2.2.1 Estrutura horizontal A estrutura horizontal é a distribuição das espécies e a projeção horizontal das copas e troncos sobre a superfície do solo, semelhante a uma planta baixa e fornece uma noção da densidade, da espessura, relacionada ao volume e a área basal, e da distribuição das espécies (SAMEK, 1974). A densidade demonstra a ocupação do espaço pelo indivíduo e pode-se calcular as densidades absoluta que expressa o número total de indivíduos de uma determinada espécie em uma área total amostrada e a densidade relativa quando se deseja ter uma noção da distribuição das espécies na área (ALMEIDA; SOUZA, 1997). No caso das florestas plantadas este aspecto é irrelevante para os plantios homogêneos, mas deve ser considerado para os plantios mistos ou tutorado. Informações acerca da estrutura horizontal são importantes para compreensão do estádio de desenvolvimento da floresta, do comportamento das espécies e suas associações oferecem conhecimentos sobre o ciclo evolutivo da floresta (CRUZ e RÍOS, 2003; RODE et al., 2010; SILVA et al., 2010). Nas florestas naturais a estrutura horizontal permite determinar a importância fitossociológica de cada espécie e verificar a forma de distribuição utilizando as seguintes variáveis: abundância, densidade absoluta e relativa, frequência absoluta e relativa, dominância absoluta e relativa, valor de cobertura e importância e distribuição diamétrica que revelam aspectos essenciais da composição florística e fornece uma ideia de como as espécies se relacionam na área (LAMPRECHT, 1964; MUELLER-DOMBOIS; ELLENBERG, 1974; HOSOKAWA et al.,1995; CARVALHO, 1997; LONGHI et al., 2000; CRUZ; RÍOS, 2003; FLORIANO, 2009; RODE et al., 2010). Em florestas artificias a estrutura horizontal informa as projeções das copas sobre o solo e a distribuição espacial dos troncos das árvores geralmente com 20

o DAP (POGGIANI, 1989) e a sua análise permite verificar a forma de distribuição espacial da espécie numa determinada área (HOSOKAWA, 1988; SITOE, 2003). 2.2.2 Estrutura vertical A estrutura vertical expressa a distribuição das copas e dos troncos num corte perpendicular ao plano horizontal e informa da presença de estratos, a densidade vertical e também as classes de árvores. A espessura vertical fornece informações acerca da ocupação e forma vertical dos fustes e da ocupação e forma vertical das copas (SAMEK, 1974). De acordo com Queiroz (2004), a estrutura vertical expressa às faixas de altura ocupadas pelos indivíduos. A altura constitui fator importante para a estimativa do potencial madeireiro da vegetação, pois, associado ao diâmetro permite prever o potencial de volume de biomassa arbórea que a floresta poderá proporcionar. A tarefa de reconhecer estratos na floresta é um dos principais elementos do estudo da estrutura vertical. Esta análise fornece informações importantes, afim de que se compreendam as características da espécie, possibilitando o entendimento de estratégias de regeneração natural, crescimento, sobrevivência, ecologia da espécie e hábito da população (SANQUETTA, 1995). A análise da estrutura vertical da floresta pode ser realizada pela distribuição do número de indivíduos nos diferentes estratos permitindo análise do estádio de desenvolvimento da floresta (FARIAS et al., 1994 CARVALHO, 1997; SANQUETTA,1995, LONGHI et al., 2000). A diferenciação vertical ou estratificação é determinada pela resposta ao decréscimo de luz na floresta e ocorre em função da disposição e da altura dos indivíduos ao longo do perfil vertical, o estudo da estratificação vertical em florestas naturais gera informações relativas à dominância que determinadas espécies exercem sobre outras, em termos de competição de luz (WHITTAKER 2, 1975, apud SANQUETTA, 1995; KOHYAMA, 1993). 2 WHITTAKER, R. H. Community and ecosystems. New York. MacMillan Publishing., 1975. 385 p. 21

As florestas heterogêneas dissetâneas possuem maior diversidade, nos estratos verticais coexistem diferentes grupos de plantas e animais que ocupam diferentes nichos. As diferenças no estrato vertical podem ser determinadas em resposta ao decréscimo da disponibilidade de luz ao longo do perfil vertical em direção ao piso da floresta e à competição entre as árvores por espaço, ar, luz, umidade e nutrientes. As diferenças ambientais permitem que as espécies com diferentes necessidades de energia busquem a melhor localização no dossel, também denominada posição sociológica (MIRANDA FLOR, 1985; 3 HUNTER JR., 1990, apud WATZLAWICK et al., 2013; LOUMAN et al., 2001; SOUZA et al., 2003). Nas florestas artificiais homogêneas, a estrutura vertical é analisada a partir de diferentes posições das copas no dossel e esta é classificada por classe de dominância (HOSOKAWA; SOUZA, 1987; GARRETÓN et al., 2002). A estratificação da floresta permite o agrupamento de árvores semelhantes em alguma característica, a fim de que as diferenças estruturais de um povoamento possam ser expressas. Assim, Kraft (1884) foi o primeiro a fazer uma classificação da posição sociológica, o autor classificou as árvores em: predominantes, dominantes, codominantes ou intermediárias, dominadas e árvores totalmente dominadas ou oprimidas. Em florestas naturais dissetâneas são utilizadas para a classificação dos estratos a classificação da IUFRO, proposta por Leibundgut 4 em 1958 de acordo com Lamprecht (1999), parte da altura dominante (h dom ) da floresta para distinguir os estratos de florestas naturais em: inferior ; médio e superior. Lamprecht (1964), VEGA 5 (1966, apud CORAIOL, 1997), e Souza (1990) também distinguem os estratos em: superior, médio e inferior, porém Lamprecht (1964) afirma que é possível acrescentar um quarto estrato, o sub-bosque. 3 HUNTER Jr, M. L. Wildlife forests, and forestry: principles of managing forests for biological diversity. New Jersey: Prentice-Hall, 1990. 370 p. 4 LEIBUNDGUT, H., 1958: Beispiel einer Bestandesanalyse nach neuen Baumklassen. In: International Union of Forest Research Organizations, 1958. 12th Congress Oxford 1956. Rapports Papers, Abhandlungen. Volume 2. Section 23, Section 24. London 1958: 95 118. 5 VEGA, C. L. Observaciones ecológicas sobre los bosques de roble de la sierra Boyacá. Colombia. Turrialba, 16 (3): 286-296 p., 1966. 22

Calegario et al. (1994) apresentaram uma metodologia de estratificação vertical para floresta natural heterogênea. Os autores ordenaram as alturas de todos os indivíduos arbóreos crescentemente, em seguida aplicaram o teste qui-quadrado para verificar a existência ou não de alturas homogêneas e verificaram a existência de três estratos distintos. Sanqueta (1995) utilizou um método quantitativo de avaliação da estrutura vertical de floresta que serve para o reconhecimento de estratos no povoamento como um todo e para populações específicas, e classificou as árvores de uma floresta natural em estrato I (acima de 30 m), estrato II (entre 5 e 30m) e estrato III (árvores cuja altura não ultrapassa 5m). Em florestas artificiais coetâneas são utilizadas para a diferenciação dos estratos classificações como de Miranda Flor (1985) que ordenou os estratos em seis classes, baseadas na classificação de Kraft (1884): árvores dominantes, aquela cujas copas formam dossel superior; codominantes, suas copas estão logo abaixo das dominantes; dominadas, fazem parte do dossel superior mais não estão abafadas pelas vizinhas; suprimidas, estão cobertas pelas vizinhas; doentes, todas as que estão atacadas por pragas ou parasitas; moribundas ou mortas estão em declínio, ou sem vida. Exclusivamente para povoamentos homogêneos e equiâneos, Hosokawa e Souza (1987) apresentaram classificação dos indivíduos quanto à dominância utilizando um critério matemático, a partir do DAP médio ( ) e a soma ou subtração e um e dois valores do desvio padrão do DAP (δ n-1 ) para estabelecer os intervalos de diâmetro entre as classes (QUADRO 1). Paiva et al. (2001) e Garretón et al. (2002), também fizeram uma classificação para povoamentos artificiais baseada na classificação de Kraft (1884) em: árvores dominantes, sua copa recebe luz direta de cima e parcialmente dos lados, são geralmente as maiores árvores do povoamento; codominantes, suas copas recebem luz diretamente de cima e pouca luz lateral; intermediárias, árvores menores que as codominantes e que recebem um pouco de luz direta na parte superior da copa e nenhuma luz lateral; e as suprimidas, cujas copas não recebem luz direta de cima e nem dos lados. 23

Para Garretón et al. (2002), esta classificação não é permanente pois a dinâmica de crescimento é determinada pela genética e as condições ambientais e durante a rotação podem ocorrer variações no tempo, principalmente quando há intervenções com poda e desbaste e, portanto, as árvores podem se reposicionar no povoamento, tanto para baixo como para cima nesta classificação. As florestas também podem ser avaliadas quanto à sua estrutura interna e a qualidade do fuste associada ao uso comercial da espécie, que é um indicador do valor econômico da floresta. A qualificação dos fustes de árvores em pé tem como base a forma e sanidade aparente do caule e esta é uma avaliação subjetiva uma vez que é realizada a partir da observação (SOUZA; SOARES, 2013). Jankauskis (1979) apresentou critério para classificar os fustes de florestas naturais que pode ser utilizado em florestas artificiais. O critério considera a retidão ou tortuosidade, associada à presença ou ausência de galhos e ao aproveitamento do fuste comercial, além da delimitação e forma da copa em relação ao fuste (QUADRO 2). Schneider et al. (1988) apresentaram classificação para as árvores de acordo com o estado fitossanitário dos fustes, que pode ser utilizado tanto para plantios florestais como florestas autóctones (QUADRO 3). Os mesmos autores também apresentaram classificação quanto à ocupação vertical para as copas, a partir da comparação relativa, em porcentagem, do comprimento da copa de determinada árvore em relação à sua altura total (QUADRO 4). 2.3 DESBASTE Os desbastes são cortes parciais em povoamentos, com o objetivo de estimular o desenvolvimento das árvores remanescentes e aumentar a produção de madeira de melhor qualidade (COUTO, 1995). Segundo Gomide et al. (2014), o desbaste é toda operação de retirada do excesso de árvores nos povoamentos equiâneos em fase de crescimento. O fechamento do dossel implica na redução do crescimento em diâmetro (GALLOWAY et al., 2001), assim, o desbaste reduz a densidade da floresta e 24

proporciona a retomada no crescimento e na produção por meio do tamanho, do vigor, da qualidade das árvores (SCOLFORO; MACHADO, 1996). A aplicação dos desbastes adéqua à ocupação espacial de copas e raízes, auxilia na decomposição da matéria orgânica, garantindo maior disponibilidade de nutrientes, proporciona espaço e luz às árvores mais vigorosas que retomam o crescimento, diminui os prejuízos causados por mortalidade em razão da competição entre as plantas, fatores genéticos, senescência, catástrofes como ventos, incêndios de copas, ataques de pragas e doenças (SOUZA, 1973; COUTO, 1995; SCOLFORO; MACHADO, 1996; GLUFKE et al., 1997; SIMÕES; FERREIRA, 1997; FINGER; SCHNEIDER, 1999; SHEEREN et al., 2004; SHIMIZU et al., 2007; CALDEIRA; OLIVEIRA, 2008; SCHENEIDER; SCHENEIDER, 2008; ELESBÃO; SCHNEIDER, 2011; CALDEIRA; CASTRO, 2012; FERRAZ et al., 2012; COSTA et al., 2013; GOMIDE et al., 2014; NOGUEIRA; LEITE, 2015). Ribeiro et al. (2002), relataram que os desbastes provocam efeitos ecológicos, pois aumentam a temperatura, a quantidade de água que chega ao solo, reduzem a transpiração, efeito sobre as características silviculturais com aumento do diâmetro, crescimento em altura e retardam a desrama natural, uma vez que os ramos recebem mais luz e permanecem vivos por mais tempo. Assmann (1970), ao avaliar a reação dos povoamentos aos desbastes, observou que as árvores remanescentes aumentavam rapidamente o incremento, com um melhor aproveitamento dos fatores ambientais e concluiu que este efeito depende da idade de aplicação dos desbastes e da sua intensidade, ou peso, sendo que, quando realizados na fase inicial, temporariamente, resultam em maior crescimento. Finger e Schneider (1999) apontaram que os desbastes devem ser realizados de acordo com a necessidade e que esta é expressa pelo desenvolvimento das árvores do povoamento e objetivo da produção. Para a sua realização, a seleção das árvores a serem removidas se baseia em características como posição relativa, condições das copas, vigor, sanidade, forma e qualidade dos troncos (SMITH, 1962). Cada regime de desbaste é caracterizado pelo tipo, percentual de remoção e pela idade de aplicação e faz com que a floresta responda de maneira 25

diferente em seu desenvolvimento. Portanto, é imprescindível empregar as técnicas mais adequadas ao povoamento, escolhendo o melhor regime de desbaste para tal (SANTOS, 2008). Neste sentido, acerca dos efeitos da intensidade do primeiro desbaste em povoamentos de teca, Caldeira e Oliveira (2008) observaram que o desbaste seletivo aplicado aos cinco anos de idade, disponibilizou espaço aéreo e subterrâneo que resultou em crescimento superior ao registrado para a testemunha, até um ano após o tratamento, independentemente das intensidades utilizadas de 30%, 40% e 50%. Sixel (2008) afirmou que nas florestas plantadas podem ser utilizados o desbaste sistemático ou seletivo e que quando aplicados desbastes leves estes podem não causar efeito sobre o crescimento. Desbastes muito intensos resultam em aumento na produção individual das árvores, mas com algumas desvantagens como o menor crescimento em altura, o formato do tronco mais cônico e o aparecimento de mato-competição e de galhos. Ao avaliar os efeitos do desbaste e a produtividade em diferentes áreas sobre as mudanças relacionadas à idade e ao aumento de volume em Cedro japonês (Cryptomeria japonica), Nishizono (2010) identificou que o efeito do desbaste no crescimento do volume é positivo e que não depende da produtividade local. 2.3.1 Tipos de desbaste Rollinson (1988) classificou os desbastes em sistemático e seletivo. No desbaste sistemático, a remoção das árvores é feita sem considerar a sua posição no dossel. Quanto ao seletivo, este pode ser pelo alto ou por baixo. No primeiro tipo são colhidas árvores codominantes e dominantes para favorecer outras desta mesma classe, enquanto no desbaste por baixo, são retiradas árvores suprimidas e intermediárias, com favorecimento das árvores codominantes e dominantes. Miranda Flor (1985) afirmou que florestas autóctones sofrem cortes de melhoramento e derrubada comercial de forma seletiva, enquanto para Dias (2000), 26

nos povoamentos heterogêneos deve-se adotar o desbaste seletivo e, se necessário, um desbaste misto, com a sistematização necessária e suficiente para viabilizar a colheita. Ribeiro et al. (2002) e Ferraz et al. (2012) relataram que, em florestas coetâneas, os desbastes podem ser classificados em: seletivo pelo alto e que pode ser leve ou pesado, ou por baixo e que pode ser leve, moderado ou pesado, além do sistemático ou mecânico, por cima, por baixo, livre ou misto. Costa et al. (2013) afirmaram que existem diferentes tipos de desbaste, sendo recomendados de acordo com cada situação local e tipo de plantio. Em florestas plantadas são definidos dois tipos de desbaste o sistemático e o seletivo. (a) Desbaste seletivo Dias (2000) definiu desbaste seletivo como a remoção seletiva de árvores, de acordo com algum critério, e este varia de acordo com a finalidade da produção, enquanto Rollinson (1987) afirmou que este tipo de desbaste envolve remoção da maioria das árvores suprimidas e subdominantes de modo a incentivar o desenvolvimento das melhores árvores. O desbaste seletivo remove as árvores dominantes de baixo valor comercial e as piores dominadas, defeituosas, bifurcadas com menor valor, ou seja, árvores que restringem o desenvolvimento de suas vizinhas (SOUZA, 1973; MIRANDA FLOR, 1985; AGUIAR et al., 1995; KERR e HAUFE, 2011; COSTA et al., 2013). No desbaste seletivo os indivíduos remanescentes serão escolhidos de acordo com características estabelecidas previamente, em função do objetivo da produção. Deve ser considerada a distribuição uniforme da área, mesmo que algumas árvores de boas características sejam eliminadas e outras menos desejáveis permaneçam no povoamento (AGUIAR et al., 1995; KERR; HAUFE, 2011; COSTA et al., 2013) Em florestas autóctones o corte seletivo de melhoramento ocorre quando o incremento de uma árvore preferencial for afetado pela competição de outras mais 27

frondosas estas são removidas para abrir o dossel, afim de que a árvore desejável não seja prejudicada (MIRANDA FLOR, 1985). Oliveira (2005) informou que este tipo de corte aumenta a qualidade e a produtividade dessas florestas após a exploração, e que o corte comercial é a derrubada de árvores para atender o mercado. Em florestas artificiais, de acordo com Smith (1962), o desbaste seletivo é aquele que as árvores dominantes, porém bifurcadas ou defeituosas, são removidas para estimular o crescimento dos indivíduos inferiores. O desbaste seletivo em florestas artificiais favorece os melhores indivíduos dos extratos inferiores e do dossel superior, possibilitando a produção de melhor forma de fuste e maiores classes diamétricas. Neste tipo de operação, o importante é proteger e manter as árvores que garantam a produção até a última rotação, sem provocar queda na produção (MIRANDA FLOR, 1985). Aguiar et al. (1995), ao estudar diferentes intensidades de desbaste seletivo sobre o crescimento em altura e diâmetro de Eucalyptus citriodora, observaram que desbaste com 60% de intensidade promoveu aumento significativo do diâmetro das árvores, e o desbaste aplicado com intensidades de 80 e 90% promoveram maior crescimento em altura média. Caldeira e Oliveira (2008) observaram em povoamentos de teca, aos seis anos idade, que o desbaste seletivo aplicado aos cinco anos, nas intensidades entre 30% e 50%, aumenta o DAP e as médias individuais de área transversal e de volume, mas não afeta a altura total e o ICA, independentemente da intensidade. Ao estudar a produção e acúmulo de nutrientes em povoamento de eucalipto em consequência da intensidade do desbaste e da fertilização, Silva et al. (2012) afirmaram que o desbaste tem maior influência do que a fertilização na produção florestal pós-desbaste. Nogueira e Leite (2015), afirmaram que o desbaste seletivo, ao eliminar árvores de menor valor comercial, permite que os fatores de produção fiquem à disposição das árvores com maior valor comercial, pois o crescimento em diâmetro pode ser maior se o povoamento remanescente for composto por indivíduos dominantes, que são mais eficientes na relação fotossíntese/respiração do que as 28

árvores dominadas, o que resulta num aumento da velocidade de crescimento em diâmetro dessas árvores. (b) Desbaste sistemático ou mecânico Miranda Flor (1985) definiu o desbaste sistemático ou mecânico como um desbaste neutro. Neste tipo de desbaste, é obtida pouca ou nenhuma referência quanto à posição relativa dos indivíduos no dossel (SMITH, 1962; DIAS, 2000). Este tipo de desbaste regula a densidade do povoamento e contribui para o desenvolvimento da estabilidade de cada árvore. É essencial para estabelecer uma rede de acesso, um suporte para as operações posteriores, para minimizar os custos de abate e extração (KERR; HAUFE, 2011). O critério para remoção segue um esquema de corte pré-estabelecido e não há adoção de critérios para remoção como a posição das copas no dossel. Podem ser retiradas fileiras inteiras de árvores, intercaladas com as que permanecem intactas, e obedecem apenas um sistema numérico ou um compasso médio de remoção (MIRANDA FLOR, 1985; RIBEIRO et al., 2002; KERR; HAUFE, 2011; OLIVEIRA, 2011; COSTA et al., 2013). Dessa forma, com o desbaste seletivo são removidas tanto árvores de boa ou má qualidade e, em razão disso a sua aplicação é mais adequado para povoamentos uniformes, como os povoamentos clonais, com muitas árvores (DIAS, 2000; RIBEIRO et al., 2002). Mäkinen et al. (2006) estudou o efeito do desbaste seletivo baixo e do desbaste sistemático em pinheiro-silvestre (Pinus sylvestris L.) e abeto vermelho da Noruega (Picea abies L. Karst.) e constataram que o desbaste seletivo proporcionou os maiores incrementos em área basal. Oliveira (2005) aplicou desbaste sistemático em um experimento na Floresta Nacional de Tapajós e a técnica constituiu em eliminar árvores de espécies não comerciais a partir de um diâmetro mínimo de 15cm até atingir a redução da área basal planejada. 29

(c) Desbaste alto O desbaste é denominado por cima ou pelo alto, quando são retiradas árvores das classes dominantes e codominantes. Este tipo de desbaste tem a finalidade de favorecer o desenvolvimento de árvores promissoras que permanecerão até o fim da rotação. Este desbaste também permite que as árvores dos estratos inferiores atinjam valor comercial (SMITH, 1962; MIRANDA FLOR, 1985; RIBEIRO et al., 2002; KERR; HAUFE, 2011). Ahrens (1992) afirmou que o desbaste alto, também denominado Método Francês, é uma subcategoria do desbaste seletivo, com o objetivo de favorecer árvores dominantes, saudáveis e cujo tronco seja livre de defeitos. Para tanto, segundo Dobner Junior (2014), é necessária à análise da classe sociológica das árvores para selecionar os indivíduos dominantes, cujo crescimento individual será favorecido. Também informou que esse tipo de desbaste é amplamente empregado na Europa e, raramente é aplicado aos povoamentos florestais no Sul do Brasil. (d) Desbaste baixo No desbaste baixo são retiradas as árvores das classes inferiores para favorecer o desenvolvimento das classes superiores (SMITH, 1962, AHRENS, 1992), e, de acordo com o segundo autor também é uma subcategoria do desbaste seletivo, chamado de Método Alemão. Este desbaste elimina a maioria das árvores das classes dominada e subdominada, as árvores de menor diâmetro, e atinge também árvores dominantes e codominantes, mantendo apenas as que se destinam a proteção do solo (MIRANDA FLOR, 1985; RIBEIRO et al., 2002; KERR; HAUFE, 2011). Segundo Miranda Flor (1985), esta operação só é utilizada em plantações destinadas a produção de madeira para serraria e devem ser aplicados em povoamentos jovens. 30