Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904

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Transcrição:

Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904 TÍTULO: RELAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO DE ACORDO COM A IDADE, FATORES DE RISCO, CAUSA E GÊNERO EM INDIVÍDUOS DO MUNICÍPIO DE BAURU CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FARMÁCIA INSTITUIÇÃO: FACULDADE ANHANGUERA DE BAURU AUTOR(ES): JESSICA MAYUMI SAITO ORIENTADOR(ES): ANA CAROLINA BARBOSA F. GONÇALVES

RELAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO DE ACORDO COM A IDADE, FATORES DE RISCO, CAUSA E GÊNERO EM INDIVÍDUOS DO MUNICÍPIO DE BAURU. 1. RESUMO A infecção do trato urinário é uma das doenças infecciosas que mais afetam o ser humano, principalmente as mulheres; não importando a faixa etária, e geralmente está associada a várias condições clínicas e patológicas que afetam o trato urinário. Os sintomas vão desde uma simples dor abdominal a uma pielonefrite, esta que se não for tratada adequadamente pode levar ao choque séptico, causando a morte. Seu diagnóstico é microbiológico e baseia-se em dois exames: urocultura e urina I. O objetivo deste trabalho é realizar um levantamento da incidência desta doença no município de Bauru, determinando as causas mais frequentes, o agente patógeno predominante e a faixa etária mais atingida; como é feito o diagnóstico e o procedimento ao tratamento. Foi feito uma revisão bibliográfica em livros e artigos científicos a base de dados SciELO. A pesquisa foi realizada em laboratórios clínicos com pacientes internos e externos, coletando informações verificadas em prontuários dos mesmos. 2. INTRODUÇÃO A infecção do trato urinário (ITU) envolve a bexiga, a uretra ou o rim e sua unidade funcional. São extremamente comuns, só ultrapassadas pelas infecções respiratórias ao se comentar de patologias relacionadas a agentes infecciosos (ROBBINS; COTRAN, 2005). O sistema urinário normalmente contém poucos micro-organismos, mas está sujeito a infecções oportunistas que se caracterizam por uma invasão e multiplicação de bactérias, geralmente provenientes do cólon humano. A colonização ocorre devido à ascensão de bactérias intestinais do ânus até o orifício urinário, causando invasão da uretra, bexiga e ureteres, podendo comprometer até os rins (TORTORA; FUNKE; CASE, 2009). 1

Os autores trazem que a princípio têm-se uma inflamação da uretra (uretrite), e quando não tratada adequadamente, ela atinge a bexiga (cistite) e até mesmo os ureteres (ureterite). O perigo é quando os micro-organismos atingem os rins, causando pielonefrite. Nos casos mais graves, esta patologia pode evoluir para uma septicemia, levando o paciente a óbito. Na mulher, a vulnerabilidade se deve ao fato de a uretra ser mais curta e possuir uma maior proximidade do ânus com a vagina. No homem, por ter a uretra maior, ele possui o fator antibacteriano prostático que auxilia na proteção. Existem fatores que podem contribuir para o alto índice de infecção urinária: vida sexualmente ativa, má higienização íntima, gravidez, imunocomprometidos, diabetes, fatores genéticos predisponentes e incontinência urinária (HEILBERG; SCHOR, 2003). O maior agente causador das infecções é a bactéria Escherichia coli, que acomete pacientes em tratamento ambulatorial e principalmente internados, devido à instrumentação do trato urinário (CRUZ; ROMÃO, 1998), entretanto pode ter o envolvimento de outras enterobactérias como Klebsiella, Enterobacter, Proteus, Pseudomonas e Staphylococcus saphrophyticus (KOCH et. al., 2008). A Escherichia coli extra intestinal uropatogênica (UPEC), migra e coloniza as regiões periuretrais, entram na uretra, sobem para a bexiga e se adere ao epitélio uretral. Ocorre a multiplicação intracelular, apoptose e esfoliação das células infectadas. Colonizada a bexiga, pode alcançar os ureteres e chegar aos rins, onde há a produção de toxinas, lesionando os glomérulos. Em algumas situações, podem atravessar o epitélio e cair na corrente sanguínea, causando septicemia (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008). A infecção urinária é caracterizada pelo crescimento bacteriano de pelo menos 10 5 colônias. O exame microscópico é o primeiro passo no diagnóstico. O espécime é centrifugado a 2.000 rpm durante 5 minutos e o sedimento é examinado sob microscopia, após ou não da coloração de gram ou com azul de metileno. Em geral, a presença de 10 a 50 células brancas/mm 3 é considerado limite máximo normal (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008). Para a identificação do agente patógeno é feito cultura da urina, seguida do isolamento e identificação bioquímica da bactéria. É coletado o jato médio de modo asséptico, evitando contaminações. Assim, são cultivadas em meios próprios para 2

crescimento bacteriano, tais como ágar cistina lactose deficiente em eletrólitos (CLED), ágar Mac Conkey, entre outros. Após a identificação bioquímica, é realizado o antibiograma que mostrará qual é o antibiótico mais adequado para tratamento (ESTRINGE; REYNOLDS, 2011). 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Coletar dados epidemiológicos da prevalência de infecção urinária no município de Bauru. 3.2 Objetivos Específicos Verificar a prevalência de infecção do trato urinário de acordo com a faixa etária e o sexo, e correlacionar os fatores desencadeantes da infecção do trato urinário. Verificar o agente patológico mais comum no desenvolvimento da infecção do trato urinário e analisar a ocorrência de diferentes agentes patológicos de acordo com a faixa etária e o sexo. 4. METODOLOGIA Serão coletados dados dos exames contidos nos prontuários dos pacientes que realizaram o exame de urina tipo I e urocultura. Urina Tipo I O exame microscópico da urina é o primeiro passo no diagnóstico da infecção do trato urinário. A amostra é centrifugada a 2.000 rpm por 5 minutos e o sedimento é examinado sob microscopia, após a adição ou não de um corante. São consideradas anormais quando há a presença de leucocitúria, ou seja, contagens superiores a 10.000 leucócitos/ml, independente da morfologia destes leucócitos (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008). Urocultura A urina deve ser obtida a partir do jato médio e colhida por meio de técnicas assépticas, não em vigência de antibioticoterapia. Qualquer micção pode 3

ser utilizada, desde que tenha intervalo mínimo de duas horas após a micção anterior, para que se evitem falsos negativos. Em crianças menores de três anos é utilizado um saco coletor. Após, são cultivadas em meios próprios para crescimento bacteriano. Se houver crescimento superior a 10 5 colônias/ml de urina é diagnosticado como infecção do trato urinário (ESTRIDGE; REYNOLDS, 2011). 5. DESENVOLVIMENTO Foram coletadas amostras de urina durante o período de janeiro a junho de 2013, juntamente com os dados pessoais do paciente, através de prontuários fornecidos pela unidade hospitalar. A partir dos dados coletados foi realizada uma comparação entre o agente patógeno, a idade e o gênero para verificar onde os índices de infecção são mais frequentes. 1 Coleta de Dados Para coleta de dados foi utilizado uma ficha do paciente, ao qual ele informa seu nome completo e idade, conforme consta em anexo. Ao obter resultado positivo da urocultura, foram verificados outros exames como hemograma, glicose sérica, PSA, entre outros para realizar o diagnóstico. 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO A presente pesquisa prospectiva tem por objetivo primário investigar a incidência de infecção urinária de acordo com a faixa etária, sexo e o agente patógeno mais comum. Para análise dos resultados foi realizada frequência absoluta (n) e frequência relativa (%) e apresentados em tabelas e gráficos. 1. Pacientes Externos 4

Foram analisadas 348 amostras de urina provenientes de pacientes externos que realizaram exames de rotina ou passaram pelo pronto-atendimento do hospital. Destas, 253 apresentaram resultados positivos para infecção do trato urinário. Os micro-organismos isolados responsáveis pelas infecções urinárias estão descritos na Tabela 1. Bactérias Gram-negativas n % Bactérias Gram-positivas n % Escherichia coli 120 47,4 Staphylococcus saprophyticus 2 0,79 Serratia odorífera 55 21,7 Staphylococcus epidermidis 7 2,76 Klebsiella pneumoniae 45 17,8 Enterococcus sp. 1 0,39 Pseudomonas aeruginosa 9 3,55 Staphylococcus aureus 1 0,39 Serratia rubidaea 5 1,97 Proteus mirabilis 6 2,37 Enterobacter sp. 1 0,39 Morganella morganii 1 0,39 Tabela 1 Frequência de micro-organismos causadores de infecção urinária em pacientes externos, em ambos os sexos Como pode ser observado, a Escherichia coli é o micro-organismo prevalente (47,4%) causador desta afecção, sendo preponderante o sexo feminino (81,4%), sendo desta contagem, 12 gestantes (5,6%). As causas mais comuns são higienização de forma incorreta, principalmente após a relação sexual, o uso de geleias espermicidas e segurar a urina por muito tempo. Ao se comparar a idade, vê-se uma predominância na faixa dos 80 anos, conforme apresentado no Gráfico 1. 5

Comparação por Idade Até 1 ano 10-19 anos 20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60-69 anos 70-79 anos 80-89 anos 90-94 anos Gráfico 1 Incidência de infecção urinária por idade De acordo com os resultados obtidos, a doença atinge principalmente os idosos devido a condições de predisposição, como uropatia obstrutiva da próstata em homens, pouco esvaziamento da bexiga por prolapso uterino nas mulheres. Há também uma correlação com doenças secundárias como diabetes mellitus, doenças medulares, imunocomprometidos e prostatite. Quanto maior for a debilidade do idoso, maior o risco de contrair infecção do trato urinário (VERONESI, 2005). De acordo com o estudo realizado por Martins (2012), também se encontrou maior incidência de infecção do trato urinário em idosos relacionados à hipertrofia prostática e uso de cateteres por tempo prolongado. Em gestantes há uma maior incidência de adquirir esta doença, visto que ocorrem transformações anatômicas e fisiológicas, que fazem com que o rim perca sua capacidade de concentrar a urina, passando a excretar quantidades maiores de glicose e aminoácidos, propiciando um ambiente adequado para a proliferação bacteriana (DUARTE, 2002). Estas informações foram coerentes com os resultados deste estudo, pois de 17 gestantes avaliadas, 12 apresentaram resultado positivo. Nos homens (15%), a maioria apresentou altos níveis de antígeno prostático específico (PSA), indicando que está relacionado à infecção urinária. 2. Pacientes Internos 6

Foram analisadas 280 amostras de urina de pacientes que estavam internados no hospital durante o período de janeiro a junho de 2013. Destes, 110 foram positivos. Consta no prontuário que todos utilizavam sonda vesical de demora (SVD). Os micro-organismos estão descritos na Tabela 2. Bactérias Gram-negativas N % Bactérias Gram-positivas n % Escherichia coli 120 47,4 Staphylococcus epidermidis 1 0,90 Acinectobacter baumanii 3 2,72 Enterococcus sp 2 1,81 Proteus mirabilis 27 24,5 Proteus vulgaris 2 1,81 Klebsiella pneumoniae 10 9,09 Enterobacter aerogenes 2 1,81 Morganella morganii 2 1,81 Serratia odorífera 8 7,27 Tabela 2 Frequência de micro-organismos causadores de infecção urinária em pacientes externos, em ambos os sexos. Conforme a tabela nota-se a predominância de Escherichia coli como principal patógeno causador de infecção nas vias urinárias em acamados, atingindo principalmente as mulheres (77,2%); ao contrário do estudo realizado por Luchetti em 2005, ao qual o principal agente patógeno isolado foi Pseudomonas aeruginosa (43,6%), sendo mais frequente que Escherichia coli (13,2%). As infecções adquiridas em hospital ocorrem após colonização com cepas ambientais ou procedimentos invasivos contaminados. Pacientes com doenças secundárias apresentaram mais infecção do trato urinário, visto que estes permaneceram por mais tempo com o cateter. A presença deste no meato urinário 7

remove os mecanismos de defesa intrínsecos do paciente tais como a micção e o eficiente esvaziamento da bexiga (LUCHETTI et. al., 2005). 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base no estudo realizado é possível aferir que a vulnerabilidade está mais requentes em gestantes, mulheres em todas as faixas etárias e idosos. Entre os pacientes internados, houve uma nítida relação entre o tempo de permanência com o cateter vesical de demora e o desenvolvimento de infecção urinária. Cuidados como ingerir bastante água durante o dia e manter hábitos saudáveis de higiene íntima, são fundamentais para prevenção. Também se faz necessário ter cautela ao medicar um paciente com episódios de infecção urinária recorrente, visto que há um grande aumento da resistência bacteriana. Estudos como este, devem ser realizados periodicamente, devido a possíveis alterações no perfil de sensibilidade e nos agentes patógenos mais frequentes das infecções urinárias de ocorrem na região. Assim, será possível prover uma melhor assistência à comunidade e garantia de resolução da maioria das infecções do tarto urinário. 8. FONTES CONSULTADAS CRUZ, Jenner; ROMÃO, João E. Júnior. Infecções do Trato Urinário. 3ª ed., São Paulo: Ateneu, 1998. DUARTE, Geraldo et. al. Infecção Urinária na Gravidez: Análise dos Métodos para Diagnóstico e Tratamento. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, vol. 24, n 7, Rio de Janeiro, Ago. 2002. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v24n7/12840.pdf>. Acesso em: 04 de julho de 2013. ESTRINDGE, Barbara H; REYNOLDS, Anna P. Traduzido por Ana Lucia Peixoto de Freitas et. al. Técnicas Básicas de Laboratório Clínico. 5ª ed., Porto Alegre: Artmed, 2011. HEILBERG, I.P et. al. Abordagem Diagnóstica e Terapêutica na Infecção do Trato Urinário ITU. Revista da Associação Médica Brasileira, 2003. Disponível 8

em: <http://www.scielo.br/pdf/ramb/v49n1/15390.pdf>. Acesso em: 28 de junho de 2013. KOCH, Camila Ribeiro et. al. Resistência Antimicrobiana dos Uropatógenos em Pacientes Ambulatoriais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 2008.Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0037-86822008000300010&lang=pt>. Acesso em: 04 de julho de 2013. LUCCHETTI, Giancarlo et. al. Infecções do Trato Urinário: Análise da Frequência e do Perfil de Sensibilidade dos Agentes Causadores de Infecções do Trato Urinário em Pacientes com Cateterização Vesical Crônica. Jornal Brasileiro de Patologia Laboratorial. vol. 41, n. 6, Rio de Janeiro, dec., 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1676-24442005000600003&script=sci_arttext>. Acesso em: 04 de julho de 2013. MARTINS, Ana K.; OLIVEIRA, A.A.F. Perfil Epidemiológico dos Casos de Infecções do Trato Urinário (ITU) Registrados no Hospital Regional de Cajazeiras - PB. Revista de Biologia e Farmácia. Vol. 7, n. 2, Paraíba, 2012. Disponível em: <http://eduep.uepb.edu.br/biofar/v7n2/perfilepidemiologico.html>. Acesso em: 04 de julho de 2013. ROBBINS e COTRAN. Editado por Vinay Kumar et. al. Pathologic Basis of Disease. 7ª ed., Elservier: Philadelphia, Pennsylvania, 2005, p. 953 1036. TORTORA, Gerard J.; FUNKE, Berdell R.; CASE, Christine L. Microbiologia. Traduzido por Roberto Marchiori Martins. 8ª ed., Porto Alegre: Artmed, 2005. TRABULSI, Luiz R; ALTERTHUM, Flávio. Microbiologia. 5ª ed., São Paulo: Atheneu, 2008. VERONESI, R. Tratado de Infectologia. 3ª ed., São Paulo: Atheneu: 2005. 9

ANEXO I Coleta de Dados Pessoais: Nome: Idade: Sexo: ( ) Masculino; ( ) Feminino Urina Tipo I Transparência Glicose Nitrito Proteína ph Hemácias Leucócitos Cilindros Urocultura Meio de cultura utilizado Agente etiológico Quantidade de colônias Diagnóstico: 10