A PARTICIPAÇÃO DOS ENGENHEIROS DE PRODUÇÃO NA GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL



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XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. A PARTICIPAÇÃO DOS ENGENHEIROS DE PRODUÇÃO NA GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL Júlio César de Almeida (FASA) julioc.almeida@hotmail.com Gisele Figueiredo Braz (FASA) giselebraz@gmail.com É notória a necessidade que as empresas e a sociedade de uma forma geral, têm de conservar e melhorar o ambiente ao qual estão inseridos, pois essa necessidade visa alcançar um meio ambiente cada vez melhor de se viver. É crescente, princippalmente após as grandes conferências ambientais, a preocupação com o Meio Ambiente. O Engenheiro de Produção está totalmente inserido dentro deste contexto ambiental, pois sem dúvida alguma, a maioria dos resíduos gerados pelas empresas é proveniente dos processos produtivos das empresas. Após um período de inércia referente às questões ambientais, as empresas, incluídos neste contexto os Engenheiros de Produção, passaram a se preocupar mais com a sua responsabilidade ambiental, muitas das vezes como resposta à conscientização da sociedade com relação às questões ambientais. Temas referentes à Gestão de Resíduos passaram a ter um papel preponderante dentro do contexto ambiental, pois o crescente desenvolvimento industrial que vem ocorrendo nas últimas décadas, aumentou em quantidade e periculosidade o número de resíduos. O objetivo deste trabalho é avaliar a Gestão Ambiental dentro das empresas, fazendo uma ligação desta com a atuação do Engenheiro de Produção. Tendo como base a Legislação Ambiental vigente, estaremos avaliando e analisando a interferência das empresas no Meio Ambiente a as medidas mitigadoras que devem ser empregadas pelas mesmas em busca de uma excelência ambiental. Palavras-chaves: Engenheiro de Produção, Gestão Ambiental nas empresas, Desenvolvimento Sustentável.

1. Introdução Devido ao grande processo de industrialização, culminando com o desenvolvimento e a expansão das cidades, assuntos relacionados às questões ambientais tomaram papel de relevante importância para o futuro da humanidade, principalmente nas últimas três décadas. Com o despertar ambiental, principalmente após as grandes conferências ambientais provocadas a partir da movimentação de alguns setores da sociedade e especialmente das ONG s nas décadas de 60 e 70 do século passado, tratar de assuntos relacionados ao meio ambiente passou a ter uma importância singular. O Planeta Terra passa por uma série de transformações ambientais, muitas dessas em função da atuação equivocada dos homens sobre a natureza. É hora de repensar nas atitudes mediante aos fatos que vêm comprovando que os problemas ambientais a serem enfrentados são de níveis globais e implementar novas medidas que minimizem os danos de hoje para assegurar algum futuro para as novas gerações. Uma Gestão Ambiental consciente é de suma importância para o planeta e consequentemente para a sociedade, pois devido à complexidade e periculosidade, os resíduos gerados pelas empresas podem acarretar sérios problemas ambientais e sociais irreparáveis. E a pergunta é: O que os Engenheiros de Produção tem haver com isso? Os Engenheiros de Produção têm um papel preponderante dentro deste contexto, pois a maioria dos resíduos, ou seja, poluentes gerados pelas empresas são oriundos dos processos produtivos. Daí a importância dos Engenheiros de Produção neste contexto ambiental, pois o mesmo deve criar mecanismos em seus processos que visem a minimização dos impactos ambientais gerados pela Produção. 2. Objetivo Geral da Pesquisa: Analisar como é feita a Gestão Ambiental dentro das empresas e a atuação dos Engenheiros de Produção neste contexto. 2.2. Objetivos Específicos Descrever a Gestão Ambiental dentro das empresas; Avaliar com base em pressupostos teóricos, os procedimentos adotados pelas empresas na Gestão Ambiental; Analisar a importância e a interferência dos Engenheiros de Produção dentro do contexto ambiental; 3. Metodologia Adotada A metodologia deste trabalho é fundamentalmente feita a partir de levantamento bibliográfico para revisão de conceitos na área ambiental e de Engenharia de Produção. Os dados deste serão apresentados dentro do texto e em tabelas visando organizar a análise dos mesmos e uma coerente avaliação da atuação dos Engenheiros de Produção no que tange a Gestão Ambiental nas organizações. 2

4. Referencial Teórico-Desenvolvimento 4.1. Histórico da Conscientização Ambiental Há algum tempo a preocupação com a preservação ambiental vem tendo um papel importante dentro do contexto social e econômico, mas só a partir da segunda metade do século passado, notou-se uma maior movimentação de alguns setores da sociedade, especialmente as Organizações Não Governamentais. Como conseqüência dessa preocupação com a preservação do Meio Ambiente, foi realizada em Estocolmo em 1972, a primeira Conferência Mundial que tratava exclusivamente sobre o Meio Ambiente e caminhos a serem trilhados em busca de um ambiente mais limpo. A partir dessa primeira conferência debates no que diz respeito às questões ambientais intensificam-se. Neste contexto, destacam-se dois pontos de vista totalmente ambíguos: de um lado os ambientalistas e do outro os capitalistas. Os primeiros defendiam que a Terra não agüentaria toda a aceleração que o desenvolvimento econômico queria e que seria necessário uma desaceleração dos processos econômicos em detrimento da preservação da vida e do Planeta Terra. Do outro lado se postavam os capitalistas defendendo a continuidade do crescimento econômico da forma com que ele se encaminhava. Sobre esse assunto Mendes (2002) aponta que: A diferença é que o crescimento não conduz automaticamente à igualdade nem a justiça social, pois não leva em consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, o que faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população. O desenvolvimento, por sua vez, preocupa se com a geração de riquezas sim, mas tem o objetivo de distribuí las, de melhorar a qualidade de vida de toda a população, levando em consideração, portanto, a qualidade ambiental do planeta. Conclui-se que a situação é paradoxal e muito complexa, pois mudar uma forma vigente até então (o desenvolvimento capitalista) para substituí-la por outra (o desenvolvimento visando o social) necessitaria de uma mudança drástica no pensamento da sociedade de uma forma geral. Essa visão sócio-ambiental é sem dúvida de grande importância, mas necessita ainda de uma maior compreensão e aceitação pela sociedade. Como alerta Branco (1997) as interferências contínuas e freqüentes no Planeta Terra por meio dos impactos ambientais poderão levar à catástrofe ou até ao desequilíbrio total da biosfera. A partir dessa problemática, as empresas devem buscar um desenvolvimento em níveis sustentáveis, pois a sociedade usufruiria dos bens ambientais, mas ao mesmo tempo procuraria formas de melhoramentos econômicos, ou seja, deve se buscar harmonizar as questões ambientais e humanas. Neste sentido torna se muito importante investimentos técnico/científicos e sociais em busca de soluções para os problemas ambientais. Um agente importante em todo esse contexto que se apresenta é sem dúvida o Engenheiro de Produção, pois o mesmo pode e deve criar mecanismos para redução dos resíduos gerados pela produção que acabariam por influenciar e impactar no meio ambiente. Slack et al. (2002) assevera que... é importante entender que assuntos mais abrangentes como a responsabilidade ambiental estão intimamente relacionados a decisões corriqueiras tomadas por gerentes de produção. Assim sendo, gerentes de produção devem ter em suas pautas diárias de decisão controles relacionados com as questões ambientais. 3

4.2. Legislação e Gestão Ambiental O desenvolvimento de programas em Gestão Ambiental nas empresas passa a ter um maior impulso na década de 80. Os investimentos não seguiram uma lógica empresarial de preocupação ambiental, mas de manutenção e ampliação do mercado consumidor. Nesse contexto Maimon In Cavalcanti (org.) (1998) é categórica ao relatar que: Na década de 80, uma nova realidade sócio ambiental vem se consolidando e implicando em mudança na postura das empresas que acabaram descartando velhas perspectivas e práticas relativas ao meio ambiente. A responsabilidade ambiental passa, gradativamente, a ser encarada como uma necessidade de sobrevivência, constituindo um mercado promissor um novo produto/serviço a ser vendido diferenciando a política de marketing e competitividade. A Gestão Ambiental deve ser integrada e eficiente, pois os consumidores passaram a ser mais exigentes, exigência relacionada a uma grande expansão dos movimentos ambientalistas. Os consumidores em conjunto com os movimentos ambientalistas vêm tomando consciência de suas responsabilidades ambientais e assim impulsionando órgãos reguladores a terem um maior controle e monitoramento dos índices de poluentes que as empresas produzem. Segundo Donaire (1999), existem dezesseis princípios de Gestão Ambiental que devem ser seguidos pela empresa visando a melhor forma de gerenciar o seu setor ambiental. O quadro 01.nos mostra os princípios da gestão ambiental e o que visa atender cada princípio. Princípio Princípio da prioridade organizacional Princípio da Gestão Integrada da empresa Princípio do Processo de Melhoria Princípio da educação do pessoal Princípio da Prioridade de Enfoque Princípio que diz respeito aos produtos e serviços Princípio da orientação ao consumidor Princípio que diz respeito aos equipamentos e operacionalizações Princípio da pesquisa Princípio do enfoque preventivo Princípio do respeito aos fornecedores e subcontratados Princípio do plano de emergência Princípio da transferência de tecnologia O que visa esse princípio A empresa reconhece que a questão ambiental está entre as principais prioridades da empresa e estabelecer políticas e programas adequados ao meio ambiente. Visa integrar as políticas, programas e práticas ambientais em todos os negócios como elementos em todas as funções administrativas da empresa. Busca o melhoramento da performance ambiental da empresa tendo como ponto de partida as regulamentações ambientais Treinamento do pessoal da empresa para exercer as suas funções com responsabilidade ambiental Tem como ponto crucial a empresa reconhecer que a questão ambiental está entre as principais prioridades da empresa, e mais, estabelecer políticas e programas adequados ao meio ambiente. Desenvolver e fabricar visando a eficiência ambiental, seja ela no que se refere ao consumo de energia, armazenamento, reciclagem entre outros. Visa orientar o consumidor e a sociedade de uma forma geral sobre o correto uso e descarte dos seus produtos O uso sustentável dos recursos renováveis, a minimização dos impactos negativos ao ambiente e a geração de poluição, além do uso responsável dos resíduos existentes. Programar e apoiar projetos que estudem os impactos gerados pela empresa e forma de mitigá-los. Visa uma utilização ou até mesmo a modificação, de máquinas e equipamentos no intuito de prevenir alguma possível degradação irreversível ao meio ambiente. A empresa encoraja os seus fornecedores e subcontratados a adotar os princípios ambientais adotados por ela. Visa desenvolver um plano de emergência para as áreas onde há uma possibilidade maior de ocorrer um risco ambiental. Contribuir para que os setores privados e públicos tenham acesso às tecnologias e métodos de gestão adotados pela empresa. 4

Princípio da contribuição Ajuda no desenvolvimento de novos métodos, programas e iniciativas educativas que ao esforço comum tem como objetivo a preservação ambiental. Princípio da transparência Visa à transparência e o diálogo interno e externo com relação a possíveis riscos de atitude potencias de impactos em suas operações, produtos e resíduos. Princípio do atendimento Visa medir o desempenho ambiental da empresa através de auditorias ambientais e da divulgação regulares, averiguando sempre se os padrões ambientais da empresa estão dentro dos padrões da legislação, divulgando os resultados tanto para os funcionários, quanto para a sociedade em geral. Fonte: ALMEIDA, (2008) adaptado de DONAIRE (1999) TABELA 1 Dezesseis princípios para uma boa Gestão Ambiental Os dezesseis princípios apontados por Donaire (1999) implicam numa gama considerável de ajustes no planejamento e organização do modo produtivo industrial. Sendo assim, observa-se que o desenvolvimento da gestão ambiental empresarial ocorre a partir das mudanças de exigências no mercado consumidor ou por uma maior pressão da sociedade civil organizada nos órgãos de fiscalização ambiental. Investir em gestão ambiental não é um processo, portanto, de conscientização ambiental empresarial, mas uma resposta de manutenção de um mercado consumidor cada vez mais crítico e de um Estado mais eficiente na aplicação de sua legislação ambiental. Com o advento da preocupação mundial com o meio ambiente, como vimos anteriormente, as empresas tiveram a necessidade de evoluírem os seus processos no sentido de buscar uma maior eficiência ambiental. Nesse período vem crescendo, tanto do ponto de vista empresarial quanto da sociedade, a preocupação com o Meio Ambiente e os impactos que as atividades humanas de uma forma geral acarretam ao mesmo. É válido ressaltar que essa preocupação empresarial com o meio ambiente, nem sempre é movida pela sensibilidade ambiental e sim pela exigência do mercado que está cada vez mais preocupado com o meio ambiente. Portanto a Gestão Ambiental Empresarial está voltada a uma certificação de empresas pelos seus clientes, o mercado consumidor. Portanto, seu limite são os interesses comerciais e ou o cumprimento de critérios de maior eficiência na redução de uso de recursos naturais, melhor reaproveitamento reutilização dos mesmos, redução de resíduos e poluentes, estabelecidos pelo conhecimento e consciência do mercado consumidor e não de um conhecimento ambiental tecnicamente abrangente. Este papel de maior exigência ambiental no funcionamento das empresas, tanto nos aspectos de formalização de leis como de fiscalização permanece nas instituições de governo, portanto o Estado. 5. Gerenciamento e disposição dos resíduos nas empresas Sobre a questão do gerenciamento de resíduos sólidos, sua minimização e reutilização dentro do contexto de melhoria do Sistema de Gestão Ambiental e de Gestão de Resíduos, Mazzini (2002) nos relata que: Dentro desse contexto da necessidade de poupar matérias primas, conservar o meio ambiente, torna se imperiosa uma eficiente Gestão de Resíduos Sólidos, o que faz com que sejam priorizadas as chamadas tecnologias limpas tecnologias que prevêm a substituição de matérias primas poluentes, a modernização e a otimização de processos industriais e economia de energia, além da mudança de visão com relação aos resíduos industriais que deixam de ser vistos como sem valor econômico e sem utilidade apenas passíveis de serem dispostos no meio ambiente para serem vistos com matérias primas secundárias para o próprio processamento industrial que o gerou ou para outros processamentos industriais. 5

É importante que as empresas, independente do ramo de atuação em que elas estejam inseridas, possuam uma forma clara e objetiva de minimização e gerenciamento dos seus resíduos. Conforme relatado acima algumas empresas possuem formas diversas de minimização de seus resíduos, sendo as formas mais utilizadas pela empresa a reutilização e a comercialização desses resíduos, o que acaba gerando para a empresa uma redução nos custos iniciais além de um lucro extra que será agregado ao valor final do produto, ou seja, a empresa ganha duas vezes, além de está melhorando o seu sistema de gestão ambiental. Conforme aponta Neto et al. (2005): O processo de minimização e gerenciamento de resíduos sólidos industriais aparece hoje, no contexto industrial do país, como uma maneira vantajosa de minimização dos custos no processo de manufatura de um determinado produto, que basicamente pode ocorrer de duas maneiras: Redução nos custos de aquisição inicial (compra) da matéria prima, já que a gestão de resíduos aplicada em processos industriais possibilita a identificação de pontos localizados de geração exagerada de resíduos, oferecendo opções para minimizar estas perdas de material, como por exemplo, treinamento de pessoal e segregação de tarefas, o que possibilitaria uma menor quantidade de matéria prima ser usada; Comercialização de produtos obtidos no tratamento e/ou separação dos resíduos gerados, na qual as alterações das características qualitativas e quantitativas obtidas pelo processo de gerenciamento dos resíduos possibilitariam tal ação. O processo de gerenciamento dos resíduos oriundos da empresa demonstra organização buscando eficiência, mas ainda apresenta falhas que podem gerar graves danos ambientais. Ainda neste contexto, Slack et al. (2002) nos relata que reduzir desperdícios em todas as suas formas não só é recomendável do ponto de vista ambiental, como também permite economias para a organização. Na questão do gerenciamento de resíduos, a política dos 4 r s tem um papel de fundamental importância, pois através dessa política a instituição poderá dá um fim muito mais eficiente ambientalmente. Os 4 r s de reduzir, reciclar, reutilizar e reeducar devem caminhar lado a lado com a gestão ambiental, pois é uma forma concreta de fazer com que os resíduos sejam gerenciados antes mesmo de sua geração, assim a empresa planeja o destino do resíduo antes de sua produção. Através da redução a empresa geraria menos resíduos e consequentemente se preocuparia menos com a disposição desse resíduo no final do processo; através da reciclagem poderia produzir um novo material; com a reutilização prolongaria a vida útil desse material e valorizaria os resíduos; e finalmente com a reeducação faria com que os seus colaboradores vissem no resíduo algo a ser bem gerido para diminuir custos, agregar valor, aumentar o lucro e evitar a degradação do ambiente. Com o objetivo de alcançar diminuição de impactos e melhor conservação ambiental em áreas de indústrias deve-se estimular o gerenciamento correto dos resíduos produzidos pelas empresas com o argumento do aproveitamento dos resíduos sólidos industriais como novas possibilidades e não como o fim de um processo, de maneira mais eficaz econômico e ambientalmente. De acordo com Comunicação IETEC (2005): As indústrias brasileiras devem buscar uma gestão de resíduos industriais moderna e gerenciá-los de forma sustentável, gerando receita, emprego e renda. Os resíduos industriais devem ser vistos como forma de gestão empresarial, com processos mais 6

6. Considerações Finais eficientes, trazendo uma série de benefícios para o meio ambiente e para a sociedade. Pode-se concluir que a Gestão Ambiental nas empresas vem galgando degraus importantes rumo a uma maior sustentabilidade. É evidente que o maior interesse das empresas em aprimorar o seu Sistema de Gestão Ambiental é por motivo estritamente financeiro buscando uma certificação ambiental, conseqüentemente uma maior possibilidade de adquirir maiores e melhores clientes, pois o mercado está cada vez mais focado nesse sentido. Por mais que esse intuito de preservar e minimizar os impactos ambientais sejam movidos por uma necessidade de mercado, e não por uma sensibilidade de que há a necessidade de preservar o meio ambiente, mantendo para os próximas gerações, é no mínimo muito bom saber e perceber que as empresas, meio que de uma forma forçada, vem colaborando para um ambiente cada vez melhor de se viver. Minimizar, não gerar, reciclar, reutilizar devem ser palavras chaves no cotidiano de empresários, administradores, ambientalistas, acadêmicos, formadores de opinião, e de toda a sociedade, pois só a partir do momento que formos sensíveis às questões ambientais teremos algo para nos gloriar. Em meio a todo esse processo de Gestão Ambiental está enquadrado os Engenheiros de Produção, que tem que criar mecanismos em seus processos produtivos para reduzir os resíduos, gerando menos impactos, consequentemente reduzindo desperdícios que comem a organização pelo pé. Assim posto, concluímos que o Engenheiro de Produção não deve ser simplesmente um tocador da produção e sim um gestor que faz com que todos os seus esforços sejam retornados em lucro para a organização ao qual está inserido. Referências BRANCO, S. M. O Meio Ambiente em Debate. 26ª Ed. São Paulo, Editora Moderna, 1997. COMUNICAÇÃO IETEC. Gestão de resíduos sólidos requer maior atenção das indústrias. IETEC Instituto de Educação Tecnológica. Disponível em: www.ietec.com.br. Visitado em: 25/02/2007. DONAIRE, D. Gestão Ambiental na Empresa. 2ª Ed. São Paulo, Editora Atlas, 1999. MAIMON, D. Responsabilidade Ambiental das empresas brasileiras: Realidade ou Discurso. IN CAVALCANTI, C. Desenvolvimento e Natureza: estudo para uma sociedade sustentável. 2ª Ed. São Paulo, Editora Cortez Fundação Joaquim Nabuco, 1998. (pág. 399 416). MAZZINI, A. L. D. A. Gestão de Resíduos Sólidos. IETEC Instituto de Educação Tecnológica. Disponível em: www.ietec.com.br. Visitado em: 25/02/2007. MENDES, M.C. Desenvolvimento Sustentável. USP Universidade de São Paulo. Disponível em: www.usp.br. Visitado em 01/03/2007. NETO, G. A. et al. Análise da Gestão de Resíduos Sólidos Industriais no Município de Maringá/PR. IN Anais do X Encontro Latino de Geógrafos da América Latina 20 a 26 de março de 2005 Universidade de São Paulo. SLACK, N. et al.; Tradução Maria Tereza Correa de Oliveira & Fábio Alher. Revisão Técnica Henrique Luiz Correa. Administração da Produção. 2ª Ed. São Paulo, Editora Atlas, 2002. 7