Igrejinha no Centro de Itajaí (SC) passa por primeira restauração Investimento ultrapassa R$ 2,7 milhões e prazo de conclusão é de dois anos. Foto: Lucas Correia / Agencia RBS Antes mesmo de Itajaí se tornar município, a Igrejinha da Imaculada Conceição já estava ali. Foi no entorno dela que a cidade cresceu e se desenvolveu. Passados mais de 190 anos de sua construção, agora o prédio começa a ser preparado para a sua primeira grande restauração, das fundações até o telhado. Patrimônio histórico do município e do Estado, a igrejinha estava fechada desde 2013 quando parte do teto desabou. Desgastado pelo tempo, o prédio sofre com diversos problemas estruturais. O investimento ultrapassa R$ 2,7 milhões, com
recursos do município, Estado e através de captação pela Lei Rouanet. O prazo de conclusão da obra é de dois anos. A fachada da igreja em 1902. (Reprodução, Arquivo Histórico de Itajaí) Este restauro é mais do que merecido. A Igrejinha da Imaculada Conceição é a primeira e mais significativa prova que registra o nascimento de Itajaí conta o historiador Edson d Avila. A estrutura começou a ser construída em 1824, quando o primeiro representante religioso veio para a região. O terreno da igreja pertencia a José Coelho da Rocha, morador do outro lado do rio Itajaí-Açu. Foi ele quem doou o espaço para construção do prédio e de um cemitério com a condição de que, quando morresse, ser enterrado ali junto com a esposa. O cemitério ficou no jardim atrás da igreja até 1863. Depois foi transferido para o terreno onde hoje fica a Igreja Matriz.
Só em 1939 é que o cemitério municipal foi instalado no bairro Fazenda explica d Avila. O primeiro altar da igrejinha no século 19. (Foto: Reprodução, Arquivo Histórico de Blumenau) O escravo Simeão, orientado pelo comerciante Agostinho Alves Ramos, foi o encarregado de erguer as paredes da igrejinha, em estilo português, com tijolos, pedras e cal. Estrategicamente instaladas do lado, ficavam a casa e o comércio de Ramos. Mais adiante, o trapiche para barcos. Conforme a pequena Vila crescia e a paisagem mudava, a igreja também se transformava. O prédio construído por Simeão ruiu na década de 1840 e no mesmo local foi erguida a atual construção, que mistura elementos de vários estilos arquitetônicos. O projeto foi feito pelo arquiteto alemão Reinhold Roenick, o mesmo que assina da Casa Burghardt. A primeira modificação mais significativa ocorreu entre 1898 e
1899, quando a igreja foi ampliada e recebeu a primeira torre. Em 1920, acontece uma segunda reforma com melhoria das aberturas, construção de uma torre mais elevada e instalação de um relógio. A partir daí a igrejinha fica com essa configuração atual, passa ainda por algumas obras ao longo dos anos, mas nada muito completo. Com a construção da Igreja Matriz ela foi deixada de lado. Chegou-se até a pensar em demolição lembra o historiador. Resgate de peças históricas Com o passar dos anos, a Igreja da Imaculada Conceição acabou perdendo seu papel de protagonista na cidade. A arquiteta responsável pelo projeto de restauro, Luciana Coelho de Souza Ferreira, diz que o prédio tem sérios problemas estruturais nas fundações e calhas, por exemplo. Durante a obra, serão recuperados piso, telhado, fundações, móveis, instalações elétricas, de prevenção e combate à incêndios, de drenagem pluvial, iluminação, segurança, sinos, entre outros.
A estrutura em 1940. (Foto: Reprodução, Arquivo Histórico de Blumenau) A Igrejinha hoje está mal conservada. O restauro vai valorizar o prédio, porque as pessoas poderão enxergar as características que são ofuscadas pelos problemas existentes. Durante a elaboração do projeto, que levou praticamente um ano, percebemos o carinho dos moradores pelo prédio e sua história observa. Além de uma fachada renovada, quando for reaberta, a igrejinha exibirá novamente as obras da Via Sacra feita por Dide Brandão, os anjos pintados no arco do cruzeiro e a pia batismal de mármore, que consta no primeiro inventário do prédio, datado de 1896. Outro detalhe preservado é a estrutura do telhado em madeira encaixada, que fica embaixo da atual. A obra de restauro será executada por uma empresa de Curitiba, que está obtendo as licenças e deve começar os trabalhos no mês de junho.
A licitação da obra acabou demorando por questões burocráticas e em função da elaboração do projeto. Ela é o primeiro prédio da cidade e acabou sofrendo com as intervenções para expansão do município completa o superintendente da Fundação Genésio Miranda Lins, Antônio Carlos Floriano. Por Maikeli Alves Fonte original da notícia: Diário Catarinense