Principais ameaças às Briófitas da Região Amazônica brasileira e estudos de casos



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Transcrição:

1 Principais ameaças às Briófitas da Região Amazônica brasileira e estudos de casos REGINA CÉLIA LOBATO LISBOA - MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI regina@museu-goeldi.br 1. PRINCIPAIS AMEAÇAS ÀS BRIÓFITAS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA Para o Bioma Amazônia, as principais ameaças às briófitas são as mesmas do mundo inteiro, ou seja, degradação e perda de habitats. A degradação do habitat, qualquer que ele seja, causa a perda de espécies, animais ou vegetais, as briófitas incluídas, que estejam perfeitamente adaptadas às condições ambientais daquele habitat, e que possuam baixa adaptação ecológica a essas transformações. No caso mais grave, a perda do habitat, é evidente que, localmente, a perda das espécies será total. Dependendo do tamanho do habitat perdido, da capacidade das espécies de adaptação a outros habitats, da especificidade desse habitat, da distribuição geográfica das espécies envolvidas, pode ocorrer até o desaparecimento irreversível de algumas, como no caso das endêmicas. Na Amazônia, O DESMATAMENTO é a causa direta dessa degradação e perda. Apesar de todas as medidas tomadas pelo governo brasileiro, auxiliado por Organizações não governamentais (ONGS) e ambientalistas de modo geral, visando deter o desmatamento, toda essa imensa área em torno de 4.000.000 Km², correspondendo a quase 50% da área total do Brasil, continua exposta a intenso desmatamento. Brasil (2005), comentando os índices de desmatamento da floresta amazônica entre 1 de agosto de 2003 e 1 de agosto de 2004 apresentados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que chegaram a 26.130 quilômetros quadrados, destaca que 17,3% da cobertura florestal da Amazônia desapareceram nos últimos dez anos. Ou seja, houve a destruição total de quase 1/5 da Amazônia Brasileira. É impossível determinar toda a diversidade de briófitas que foi irremediavelmente perdida. Alencar (2005) observa que as causas do desmatamento são do conhecimento de todos, assim como todos concordam que as taxas desse desmatamento devem ser reduzidas. A Figura 1 apresenta um esquema das principais causas do desmatamento e como estão completamente interligadas. 2. ESTUDOS DE CASOS: Foram selecionados quatro estudos realizados em áreas que sofreram diferentes ações causadoras de desmatamento, resultando em degradação e perda de habitats. Essas ações foram: colonização, extração de minérios, hidrelétrica e uma unidade de conservação, onde não ocorreram nenhuma dessas ações. 2.1 Zona Bragantina A Zona Bragantina localiza-se no Nordeste do estado do Pará e está limitada pela Ilha de Marajó, Oceano Atlântico e estado do Maranhão. É constituída por 13 municípios. Pouco mais de cem anos atrás, essa região possuía florestas altas de terra firme, matas de várzeas e igapós, praticamente intocados. Quase toda essa vegetação desapareceu, sob a ação de migrantes vindos do nordeste do país, fugidos da seca, no final do século 19. Eles devastaram as florestas primárias de terra firme, introduzindo culturas de subsistência, como a mandioca,

2 arroz, milho, feijão, etc. Em muitos destes municípios há a extração de madeiras em toras e fabricação de carvão vegetal. Atualmente, há plantações de fumo, pimenta-do-reino e fruteiras, como cupuaçu, mamão, mangostão, maracujá, cacau, entre outros (Santos & Lisboa, 2003). Segundo Vieira et al. (1996), em noventa anos, pouco restou daquelas matas: em 1991, três municípios bragantinos, Nova Timboteua, Peixe-Boi e Capanema, tinham apenas 15% da cobertura vegetal original, sendo encontrada apenas uma última floresta remanescente, com 200 ha, cercada por florestas secundárias e localizada no município de Peixe-Boi. Santos & Lisboa (2003), realizando o inventário dos musgos da Zona Bragantina, encontraram 420 espécimes de 56 espécies na mata remanescente, e apenas 131 espécimes de 34 espécies nas capoeiras de diferentes idades estudadas. Observa-se que a substituição da mata primária por vegetação secundária resultou no empobrecimento das espécies. Para essa região, será impossível determinar sua biodiversidade anterior. Apesar de toda a devastação, ainda foi encontrada uma nova ocorrência de musgo para a Amazônia Brasileira (Lisboa & Santos (2005). Colonização Projetos Agropecuários Construção de Estradas Degradação do Habitat Indústria Madeireira Turismo mal orientado Grandes Hidrelétricas Desmatamento Perda do Habitat Perda da Biodiversidade (Animal e Vegetal) Exploração de Minérios Falta de Fiscalização em geral Figura 1 - Esquema das principais causas do desmatamento na Amazônia Brasileira e conseqüente perda da Biodiversidade. 2.2. Projeto Carajás Na Serra dos Carajás, província mineral situada no município de Parauapebas, estado do Pará (5 0 54-6 0 33 S e 49 0 53-50 0 34 W), onde ocorre grande quantidade de minérios como ferro, manganês, cobre, ouro, níquel e outros, foram realizadas coletas, entre os anos de 1992 e 1993, de Bryophyta (musgos), visando inventariar a brioflora da Serra em seus diferentes ecossistemas. Foram identificadas 87 espécies, 3 variedades e 20 famílias. Quatorze espécies foram consideradas raras, por terem sido coletadas uma única vez. Dez espécies foram novas ocorrências para o Pará, das quais duas ocorreram pela primeira vez na Amazônia (Lisboa, 1994; Lisboa & Ilkiu-Borges,1995; Lisboa & Ilkiu-Borges, 1996; Moraes & Lisboa, 2006). Praticamente todas as áreas coletadas foram devastadas ao longo desses anos, com a exploração de diferentes minérios, especialmente o ferro, ouro e cobre. Atualmente, não há possibilidade de realizar qualquer estudo de diversidade de flora e fauna nesses locais estudados em 1992-1993. A diversidade de hepáticas está sendo estudada em

3 material coletado naquele período e já foram identificadas 4 novas ocorrências para o estado do Pará (Osakada & Lisboa (2004). Felizmente, a Companhia Vale do Rio Doce criou uma Reserva Florestal a qual, apesar das inúmeras tentativas de invasões por pessoas com diferentes interesses, tem sido resguardada. Se essa Reserva contém a mesma diversidade das áreas devastadas é uma hipótese a ser estudada. 2.3. Projeto Tucuruí A Usina Hidrelétrica de Tucuruí (UHE-Tucuruí) é a maior usina hidrelétrica totalmente brasileira, sendo responsável pela geração de 4000 MW de energia em sua primeira fase. Abastece o estado do Pará, exportando energia para outros estados brasileiros no Nordeste e Sudeste. A barragem foi construída na cidade de Tucuruí-PA (3º45 58 S e 49º40 21 W) entre 1975 e 1984, quando fechou suas comportas, represando o Rio Tocantins. Na área do reservatório, este rio inunda aproximadamente 2.850 Km 2 (Costa, 2004), cobrindo aproximadamente 200.000 ha de floresta (Costa, 2000), estendendo-se ao longo de 170 Km, com largura máxima de 40 Km no auge do período chuvoso (Castro, 1989). Seu lago atravessa os municípios de Tucuruí, Breu Branco, Goianésia do Pará, Novo Repartimento, Jacundá, Nova Ipixuna e Itupiranga. A ousadia deste empreendimento reflete-se no tamanho dos impactos ambientais que foram causados, pois vastas áreas de diferentes tipos de vegetação foram destruídas, resultando no desaparecimento dos habitats e populações de espécies vegetais, alterando assim o ecossistema da região. A UHE-Tucuruí foi a primeira hidrelétrica brasileira onde foram realizados estudos ambientas nas fases de pré e pós enchimento do reservatório (Santos & Mérona, 1996), no entanto, não foram realizados estudos sobre o grupo das briófitas. Em Ilkiu-Borges et al. (2004), pode-se encontrar um levantamento realizado na Ilha de Germoplasma, uma reserva fitogenética onde são preservadas cerca de 15 mil árvores de 46 espécies diferentes (Costa, 2000). Tavares (2004), realizou o inventário das espécies da família Lejeuneaceae em áreas de influência do reservatório. A coleta do material foi realizada na base 5, que consiste em uma área de entorno do lago, e em oito ilhas, que eram áreas mais elevadas da antiga floresta. Foram identificadas 44 espécies, distribuídas em 23 gêneros, quatro tribos e duas sub-famílias. Observou-se uma diversidade considerável se comparada com estudos em outras áreas. Porém, ao se comparar a diversidade entre base 5 e ilhas notou-se uma redução não somente na diversidade específica, quanto no número de ocorrência das espécies, o que pode ser conseqüência das modificações negativas sofridas pelas ilhas. Espécies epífilas foram ausentes nas ilhas, comprovando assim a existência de alterações nestas áreas. Quatro espécies de Lejeuneaceae foram novas referências para o estado do Pará. 2.4. Projeto Caxiuanã A Estação Científica Ferreira Penna (ECFPn), pertencente ao Museu Paraense Emílio Goeldi, está localizada na Floresta Nacional de Caxiuanã (1 42 30"S; 51 31 45"W), no Município de Melgaço, Estado do Pará, distando cerca de 400 km SW de Belém. Segundo Penha et al. (1992) e Almeida et al. (1993), aquela área apresenta diversos ecossistemas, com florestas de várzea, igapó e floresta densa de terra firme, sendo esta última a mais destacada, ocupando 80 a 90% do total da área de 33.000 ha. Possui também uma pequena mancha de vegetação não florestal (campina ou savana). A análise da diversidade florística arbórea em quatro hectares da floresta de terra firme da ECFPn, realizada por Almeida et al. (1993) apresentou 2.441 indivíduos, de 338 espécies, distribuídos em 50 famílias botânicas, sendo 230 espécies raras e 10 consideradas abundantes. Foram confirmadas, então, observações realizadas por especialistas, de que Caxiuanã é uma das áreas de terra firme com maior diversidade de espécies na planície da Amazônia Oriental. Foi levantada a hipótese de que, assim como há esta grande diversidade de árvores, poderia haver grande diversidade de briófitas.

4 Lisboa & Nazaré, (1997; 2002); Luizi-Ponzo et al. (1997); Ilkiu-Borges (2.000); Ilkiu-Borges & Liboa (2002a-d; 2004a-b); Lisboa % Osakada (2005); Alvarenga & Lisboa (2005), realizaram diversos estudos na ECFPn, para determinação da diversidade específica da brioflora de Caxiuanã. Dentre os resultados mais importantes, foram identificadadas cerca de 140 espécies, consistindo aproximadamente, de 90 hepáticas (Marchantiophyta) e 50 musgos (Bryophyta), das quais várias espécies foram novas ocorrências para o estado do Pará, algumas para a Amazônia. Houve até uma nova ocorrência para a ciência, uma espécie de Lejeuneaceae, Ceratolejeunea minuta Dauphin. Esses estudos continuam, tanto na fase de coleta de material botânico, como na fase de identificação, havendo a possibilidade de ser encontrada uma diversidade muito maior. Destaca-se a grande quantidade de espécies epífilas, indicando o bom estado de conservação da vegetação. 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alvarenga L.D.P. & Lisboa, R.C.L. 2005. Residência em Estudos Amazônicos. Taxonomia, Ecologia e Fitogeografia de Briófitas (Musgos e Hepáticas) da Amazônia. Relatório de Atividades. Belém, 34p. inédito Alencar, A. 2005. Desmatamento na Amazônia: a miopia do debate. Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br/agenda Acesso em: 13 jul. 2005. Almeida, S.S.; Lisboa, P.L.B. & Silva, A S.L. 1993. Diversidade florística de uma comunidade arbórea na Estação Científica Ferreira Penna, em Caxiuanã (PARÁ). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Botânica, 9(1): 93-128. Brasil, E.D. 2005. Cai desmatamento no Pará. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/novo_ibama/paginas/. Acesso em: 26 maio 2005. Castro, E.R. 1989. Resistência dos Atingidos pela Barragem de Tucuruí e Construção da Identidade. Pp. 45-48. In: Castro E.R. & Hérbette, J. (Org.) Na Trilha dos Grandes Projetos. Modernização e Conflitos. Belém: NAEA/UFPA. Costa, V.R da. 2000. Tucuruí Quinze anos Depois. Ciência Hoje, 27 (159): 48-51. Costa, R.C. 2004. Hidrelétricas de Grande Escala em Ecossistemas Amazônicos: A Volta Grande do Xingu. Disponível em: <http://www.anppas.org.br/gt/energia/reinaldo%20correa%costa.pdf>. Acesso em: 8 jul. 2004. Ilkiu-Borges, A.L. 2000. Lejeuneaceae (Hepaticae) da Estação Científica Ferreira Penna, Caxiuanã, Município de Melgaço, Pará. 271p. Dissertação de Mestrado.Belém, Faculdade de Ciências Agrárias do Pará. Ilkiu-Borges, A.L. & Lisboa, R.C.L. 2002a. Os Gêneros Leptolejeunea e Raphidolejeunea (Lejeuneaceae) na Estação Científica Ferreira Penna, Pará, Brasil. Acta Amazonica, Manaus 32(2): 205-215. Ilkiu-Borges, A. L. & Lisboa, R. C. L. 2002b. Os Gêneros Lejeunea e Microlejeunea (Lejeuneaceae) na Estação Científica Ferreira Penna, Estado do Pará, Brasil, e Novas Ocorrências. Acta Amazonica, Manaus 32 (4): 541-553. Ilkiu-Borges, A.L. & Lisboa, R.C.L 2002c. Os Gêneros Cyrtolejeunea A. Evans e Drepanolejeunea Steph. (Lejeuneaceae) na Estação Científica Ferreira Penna (PA) e Novas Ocorrências. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Botânica, Belém, 18 (2): 231-245. Ilkiu-Borges, A.L. & Lisboa, R.C.L 2002d. Lejeuneaceae (Hepaticae). Pp. 399-419. In: Lisboa, P.L.B. (Org.). Caxiuanã: Populações Tradicionais, Meio Físico e Diversidade Biológica. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi. Ilkiu-Borges, A.L. & Lisboa, R.C.L 2004a. Os Gêneros Cyclolejeunea, Haplolejeunea, Harpalejeunea, Lepidolejeunea e Rectolejeunea (Lejeuneaceae, Hepaticae) na Estação Científica Ferreira Penna, Pará, Brasil. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, 18 (3): 539-555.

5 Ilkiu-Borges, A.L. & Lisboa, R.C.L. 2004b Cololejeuneae (Lejeuneaceae, Hepaticae) na Estação Científica Ferreira Penna, Melgaço (PA). Acta Botanica Brasilica, São Paulo, 19 (4): 887-902. Ilkiu-Borges, A.L.; Tavares, A.C.C. & Lisboa, R.C.L. 2004. Briófitas da Ilha de Germoplasma, Reservatório de Tucuruí, Pará, Brasil. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, 18 (3): 691-694. Lisboa, R.C.L. 1994. Adições à Brioflora do Estado do Pará. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Botânica, Belém,. 10 (1): 15-42. Lisboa, R.C.L. & Ilkiu-Borges, A.L. 1995. Diversidade das Briófitas de Belém (PA) e seu potencial como indicadoras de poluição. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Botânica, Belém, 11(2): 199-225. Lisboa, R.C.L. & Ilkiu-Borges, F. 1996. Florística das Briófitas da Serra dos Carajás e sua possível utilização como indicadoras de metais. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Botânica,. 12(2): 161-181. Lisboa, R.C.L. & Nazaré, J.M.M. de. 1997. A Flora Briológica. Pp. 223-235.In: Lisboa, P. L. B. (Org.) Caxiuanã. Belém, CNPq/MPEG. Lisboa, R.C.L. & Nazaré, J.M.M. de. 2002. Sematophyllaceae (Bryophyta) - novas adições. Pp. 389-397. In: Lisboa, P.L.B. (Org.). Caxiuanã: populações, meio físico e diversidade biológica. Belém, MCT/MPEG. Lisboa, R.C.L. & Osakada, A. 2004. Novas ocorrências de hepáticas (Marchantiophyta) para o estado do Pará, Brasil. Acta Amazonica, 34 (2): 197-200. Lisboa, R.C.L. & Osakada, A. 2005. O Gênero Vitalianthus R. M. Schust. & Giancotti (Lejeuneaceae), no Estado do Pará. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Ciências Naturais, Belém, 1(1): 45-48. Lisboa, R.C.L. & Santos, R.C.P. 2005. Ocorrência do gênero Papillaria (C. Muell.) C. Muell. (Meteoriaceae, Bryophyta) na Amazônia. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Ciências Naturais. 1(1): 61-63. Luizi-Ponzo, A.P., Barth, O.M & Lisboa, R.C.L. 1997. Estudos palinológicos em Briófitas. In: Lisboa, P. L. B. (Org.). 1997. Caxiuanã. CNPq/MPEG, 309-322. Moraes, E.N.R. & Lisboa, R.C.L. 2006. Inventário dos musgos (Bryophyta) da Serra dos Carajás, Estado do Pará. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Ciências Naturais. 1(2): No prelo. PENHA, G.M. de LA; LISBOA, P.L.B. & ALMEIDA, S.S. 1992. A Estação Científica do Museu Emílio Goeldi. Ciências em Museus, MPEG/CNPq 1(2): 87-97. SANTOS, G.M. & MÉRONA, B. 1996. Impactos Imediatos da UHE-Tucuruí sobre as Comunidades de Peixes e a Pesca. Pp. 251-258. In: Magalhães, S.B.; Brito, R.C. & Castro, E.R. (Eds.). Energia na Amazônia. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi/Universidade Federal do Pará/Associação de Universidades Amazônicas. Santos, R.C.P. & Lisboa, R.C.L. 2003. Musgos (Bryophyta) do Nordeste Paraense, Brasil 1. Zona Bragantina, Microrregião do Salgado e Município de Viseu. Acta Amazonica. 33(3): 415-422. Tavares, A C.C. 2004. Lejeuneaceae (Marchantiophyta) do Reservatório da Hidrelétrica de Tucuruí, Pará, Brasil. Dissertação de mestrado UFRA/MPEG, 121p. VIEIRA, I.C.G.; SALOMÃO, R.P.; ROSA, N. de A.; NEPSTAD, D.C.; ROMA, J.C. 1996. O renascimento da floresta no rastro da agricultura. Ciência Hoje, 20 (119): 38-44.