LOGÍSTICA REVERSA COMO INSTRUMENTO DE GARANTIA DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL, SOCIAL E ECONÔMICA NO CONTEXTO EMPRESARIAL RESUMO



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LOGÍSTICA REVERSA COMO INSTRUMENTO DE GARANTIA DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL, SOCIAL E ECONÔMICA NO CONTEXTO EMPRESARIAL Emerson Paulo R. Santos Docente Faculdade de Balsas UNIBALSAS Mestrando em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional emersoncomex@hotmail.com RESUMO Sustentabilidade é um assunto atual e urgente, e sua aplicação se torna cada vez mais uma necessidade para a sociedade atual; haja visto a condição ambiental global e os efeitos negativos oriundos desta situação. No entanto, é importante que sejam considerados os aspectos produtivos nesta discussão, uma vez que a população global, que atualmente excede dos sete bilhões de habitantes, deve ser alimentada e mantida em suas necessidades mínimas; o que contrasta com a ideia da preservação. Desta forma, ferramentas viáveis para aliar a ideia da produção e preservação são cada vez mais necessárias; e neste intuito, este trabalho discute a utilização da logística Reversa como meio de obtenção de práticas gerenciais nas organizações que permitam ações conscientes e que obtenham vantagens de cunho ambiental; como a reutilização, a remanufatura ou o descarte de bens advindos dos meios de consumo. Desta forma esta prática pode representar uma alternativa viável para que as organizações continuem cumprindo sua função produtiva, ao passo que reduzem seu impacto ambiental e social, mitigando os efeitos negativos de sua atividade. Palavras Chave: Sustentabilidade, Desenvolvimento Sustentável, Logística Reversa, Logística de Pós consumo, Logística de Pós Venda. ABSTRACT Sustainability is a hot topic and urgent, and your application becomes more and more a necessity for today's society, there is seen the overall environmental condition and the negative effects from this situation. However, it is important that the productive aspects are considered in this discussion, since the global population, which now exceeds seven billion people must be fed and kept their minimum needs, which contrasts with the idea of preservation. Thus, viable tools to combine the idea of preservation and production are increasingly necessary, and this end, this paper discusses the use of reverse logistics as a means of obtaining management practices in organizations that permit conscious actions and obtain benefits from nature environment, such as reuse, recycling or disposal of assets arising from media consumption. Thus this practice may represent a viable alternative for organizations to continue fulfilling its function productively, while reducing their environmental and social impact, mitigating the negative effects of its activity. Keywords: Sustainability, Sustainable Development, Reverse Logistics, Logistics consumption Post, Logistics Post Sale.

1. INTRODUÇÃO O objetivo de toda empresa é o de manter-se no mercado de forma sustentável; que no jargão empresarial, significa apenas a sobrevivência da organização. No entanto, são diversos os problemas e obstáculos neste caminho; um deles é a missão de aliar produtividade e respeito aos preceitos legais e éticos sob o ponto de vista da sustentabilidade ambiental, econômica e ambiental. A gestão empresarial, especificamente quando as ciências da gestão necessitam adequar-se a novas realidades. Então, diversos mecanismos vêm sendo adotados no sentido de minimizar os impactos da atividade empresarial no ambiente natural, e com isso conseguir uma melhor relação entre a entidade empresarial e a comunidade como um todo. Sendo assim, este artigo científico de abordagem bibliográfica, possui como objetivo a verificação da ferramenta de Logística Reversa como via de obtenção de sustentabilidade econômica, social e ambiental; por meio de práticas que aliem o desenvolvimento sustentável e a necessidade produtiva, revendo conceitos e obras que versam o conceito teórico da logística como ciência, bem como ferramenta de sustentabilidade. 2. LOGÍSTICA REVERSA COMO FERRAMENTA GERENCIAL No estudo das ferramentas de logística, é comum que haja uma atenção especial as práticas consideradas primárias da logística, como a Distribuição Física descrita por Ballou (2010, p. 24) como o ramo da logística empresarial que trata da movimentação, estocagem e processamento de pedidos dos produtos finais da organização, bem como a Logística de Suprimentos que segundo o mesmo autor se refere ao fluxo de produtos e informações para a empresa ao invés de a partir dela. De fato, são essas as ações essenciais para, segundo os conceitos vistos até este ponto, garantir principalmente a manutenção da vantagem competitiva para as empresas, por meio de um processo mais enxuto e maximização do uso do espaço físico e recursos envolvidos na movimentação de itens em um sistema produtivo. Ou seja, as funções descritas

anteriormente, viabilizam o fluxo normal de produção, que é em uma empresa convencional, originado na indústria, seguindo em direção ao consumidor final. A Logística reversa vem tratar do atendimento de uma necessidade urgente das práticas administrativas, no sentido de atuar com uma visão diferenciada em relação a responsabilidade das empresas quanto a destinação ou melhor utilização dos resíduos do processo produtivo. Desta forma a logística reversa planeja ações que seguem o fluxo contrário do processo produtivo, identificando as necessidades de estrutura e tecnologia para angariar informações e materiais que possuem origem no consumidor, seguindo novamente para a cadeia produtiva, como descreve Novaes (2004, p.54) quando diz que a Logística Reversa cuida dos fluxos de materiais que se iniciam nos pontos de consumo e terminam nos pontos de origem, com o objetivo de recapturar valor, ou de descarte final, ou seja, seguem o fluxo reverso do sistema produtivo comum. Esta ferramenta traz uma nova interpretação da atuação das ciências de gestão, exatamente por representar uma gestão mais limpa, uma vez que se responsabiliza em viabilizar o retorno de materiais vindos dos consumidores, assim como pela possibilidade da redução de custos operacionais pela reutilização de materiais antes descartados como lixo comum. Além disso, cabe salientar que por conta do cenário competitivo global, as empresas buscam incessantemente por práticas que visem à melhoria de sua vantagem competitiva. Simultaneamente, neste momento histórico de globalização acelerada dos mercados, empresas líderes em seus seguimentos, pressionados principalmente pelo aumento da concorrência em seus mercados no mundo e pela complexidade acrescida em suas operações logísticas, buscam novas formas de obter competitividade. Identificam novas possibilidades de aumento de eficiência em custos e serviços aos clientes por meio de uma visão sistêmica da cadeia de suprimentos, afloram novas formas de relacionamento entre as empresas, envolvendo todas as áreas empresariais em uma nova visão estratégica. (LEITE, 2009, p.4) Assim, as empresas visualizam o uso da logística reversa como uma forma de adaptar sua estrutura à complexidade e às novas necessidades dos clientes atuais, com o objetivo de obter um ganho em competitividade diferenciado; inclusive por conta da grande similaridade dos aparatos tecnológicos de produção; equipamentos, matérias-primas, componentes, legislação entre outros, fazem com que as possibilidades de diferenciação sejam reduzidas.

Aliado ao conceito de logística reversa, que preza pelo retorno de materiais ou informações a origem da produção, surgiu também o conceito de Supply Chain Managment, que consiste na gestão integrada da cadeia de suprimentos, uma vez que, como dito anteriormente, para a informação ou o produto chegar novamente a sua origem de produção, o caminho inverso deve ser realizado, dependendo de um canal competente e integrado; uma vez que visualizando um canal de distribuição, percebe-se que existem diversos intermediários até a chegada deste item até o cliente e vice versa. Sendo assim, existe a necessidade de uma integração entre estas empresas, no sentido de viabilizar este fluxo e garantir a eficácia da reversão logística, como descreve Leite quando afirma que: [...] desenvolvem-se novas estratégias de relacionamentos e parcerias efetivas nas cadeias de suprimentos, compartilham-se informações de diversas naturezas e coordenam-se fluxos de materiais e de produtos em sua rede operacional, reduzindo ineficiências e melhorando o atendimento de seus clientes diretos e finais o Supply Chain Managment. (LEITE, 2009, p.4) A principal vantagem da gestão integrada da cadeia de suprimentos, ou SCM, é a de prover ganhos em nível de cadeia, ao invés da concorrência individual da empresa. As empresas componentes da mesma SCM adotam estratégias semelhantes ao ponto de se tornarem parceiros operacionais, mesmo não havendo obrigação societária ou legal que os motive a tal ação; tudo se trata de uma visão diferenciada e sistêmica do processo logístico, demonstrando a logística reversa representa o retorno de itens ao ciclo de negócios ou produtivo, sendo descritos por este autor em duas formas distintas, sendo a Logística Reversa de Pós Venda e a de Pós Consumo. 2.1 Objetivo econômico na logística reversa Como descrito anteriormente a Logística naturalmente pode ser compreendida como uma ferramenta estratégica com a finalidade de obter vantagem competitiva a organização que dela utiliza, uma vez que as práticas comerciais atuais se encontram em um nível tão evoluído tecnologicamente, que a busca pela diferenciação e criação de valor aos olhos do consumidor se torna cada vez mais uma tarefa difícil para os gestores, como descreve o autor: [...] valores de marca, preço, tecnologia e outros diferenciais competitivos tradicionais parecem não ter a mesma força mercadológica de outrora em diversos

segmentos empresariais, tornam-se condição qualificadora de participação de mercado, traduzindo o que se convencionou denominar em comoditização dos mercados. (LEITE, 2009, p.115) E a Logística, em especial em sua utilização reversa, possibilita ao gestor, a capacidade da utilização de uma ferramenta rotineira, para a criação de vantagem competitiva, por meio de ações que atendam as necessidades imediatas do consumidor e da cadeia de suprimentos; bem como a fidelização destes consumidores, haja vista que o fluxo reverso viabiliza um canal de comunicação frequente entre aquele que consome e a estrutura que produz os produtos. Por meio deste fluxo de informações, a empresa pode atender de forma mais individualizada e customizada, as necessidades específicas de seus clientes, bem como visualizar novas oportunidades nos mercados onde atua: A conservação de clientes e sua fidelização à empresa ou a marca torna-se um dos principais objetivos empresariais de hoje, visa melhorar a lucratividade dos clientes em vez de se concentra somente no lucro das transações individuais. Relacionamentos duradouros com clientes são direcionados por objetivos empresariais estratégicos, aos quais todas as áreas da empresa devem se dedicar. Consumidores finais exigentes e clientes nas cadeias de suprimentos com elevados níveis de sofisticação tecnológica percebem e exigem altos níveis de serviço. (LEITE, 2009, p.123) Vale lembrar que todo processo empresarial envolve a utilização de recursos, o que representa em uma ótica contábil, um custo operacional. No caso da Logística reversa os custos estão relacionados principalmente as operações e estruturas disponíveis para a realização deste processo: [...] traduzindo os custos dos transportes, armazenagens, consolidações e de sistemas de informações inerentes ao canal reverso. A estes custos ditos operacionais, somam-se os custos peculiares a logística reversa em decorrência das operações de seleção de destino dos produtos retornados e de redistribuição dos produtos ou materiais reaproveitados. (LEITE, 2009, p.26) No entanto, mesmo tendo noção dos custos envolvidos, o uso da Cadeia Reversa da Logística, principalmente a de Pós-Consumo, representa uma oportunidade de economia em escala e conversão dos resultados desta prática, como ganho em valores monetários, como afirma Leite, quando diz que: [...] o objetivo econômico da implementação da logística reversa de pós-consumo pode ser entendida como a motivação para obtenção de resultados financeiros por meio de economias obtidas nas operações industriais, principalmente pelo

aproveitamento de componentes ou de matérias primas secundárias, provenientes dos canais reversos de remanufatura ou de reciclagem. (LEITE, 2009, p.102) Desta forma, o uso da ferramenta reversa assume a característica de investimento, ou seja, a aplicação de algum tipo de recurso com a expectativa de receber um retorno futuro superior ao aplicado. Este valor futuro deve ser compensar a perda de uso do recurso aplicado durante o período de aplicação segundo Guia de Investimento (2012, p.1) considerada então uma prática que têm como objetivo a definição de uma estratégia clara. Como descrito anteriormente, são poucas as alternativas de diferenciação, desta forma o uso de bens antes considerados descartáveis pelo sistema produtivo, seja como matéria prima, seja pela remanufatura, reciclagem ou reuso, pode reduzir os custos totais dos processos produtivos, aumentando a fatia de lucratividade, ou mesmo estrategicamente, repassar essa redução dos custos produtivos como preços mais atraentes ao consumidor final. Ganhos de 40 a 60% no custo são reportados por empresas que utilizam a remanufatura de componentes, utilizando somente 20% dos esforços de fabricação de um produto novo. Esses reaproveitamentos permitem a redução no preço de venda do produto em 30 a 50% em relação ao produto original. (LEITE, 2009, p.104). No entanto, este ganho só será possível, se houver a participação dos indivíduos intermediários entre a indústria e o cliente, sejam eles atacadistas e varejistas. É necessário que o conceito de Gestão Integrada ou Supply Chain seja empregado para a garantia dessas características. Tratando-se de uma cadeia de distribuição no sentido reverso, constituída pela coleta de pós-consumo, pelos processamentos diversos de consolidação e separação, pela reciclagem ou remanufatura industrial, pela reintegração ao cliclo produtivo ou de negócios por meio de um produto aceito pelo mercado, torna-se necessário que esses objetivos econômicos sejam obtidos em todas as etapas reversas para a existência do fluxo reverso. A falta de ganho em um, ou em algum dos elos da cadeia reversa provocará interrupção ou simplesmente não haverá fluxo reverso, resultando em desequilíbrios entre os fluxos diretos e reversos e suas consequências. (LEITE, 2009, p.104) Demonstrando a interação entre o conceito de cadeia reversa e SCM, uma vez que é a primeira função da reversão do pós consumo, depende de uma estrutura que possibilite este fluxo, e como a indústria dificilmente possui ligação direta com o consumidor final de seu produto, ela necessitará sempre, da participação de outras corporações, que só será solidárias nesses esforços, se elas também obtiverem ganho em forma de vantagem competitiva, o que só é possível com o a aplicação do conceito de SCM.

Diversos setores da economia atuam de forma vanguardista na área de Logística reversa, demonstrando a importância econômica da prática. Como é o caso da indústria da reciclagem de embalagens de alumínio, que segundo pesquisa realizada por Leite (2009, p.29) com faturamento de U$ 3 bi em 2006 e um índice de reciclagem de praticamente 98%, pode-se estimar o valor equivalente do canal reverso, quando aferido pelo mesmo valor de venda do produto. Ou seja, este elemento, podendo ser reciclado em sua totalidade, pode dependendo da estrutura disponível para o seu resgate nos pontos de consumo, representar um ganho com o mesmo valor ao produto original. O principal foco da interação entre o ciclo reverso de pós venda e de pós-consumo é garantir que por meio de sua aplicação prática, a Logística possa dar resposta às necessidades dos consumidores, bem como manter os níveis de qualidade e eficácia, nos processos de relacionamento da cadeia de suprimentos. Nesta mesma abordagem cada vez mais, setores reavaliam seus processos e suas relações em cadeia, com o intuito de desenvolver métodos para fortalecer os canais de obtenção reversa, com a intenção de minimizar os custos do processo produtivo, por meio das práticas de logística reversa, principalmente em ações de pós-consumo. 2.2 A logística reversa e a questão ambiental. No estudo de práticas empresariais, o foco principal é sempre desenvolver práticas e procedimentos que consigam o aumento da produtividade com um menor custo produtivo; e assim se deu por toda a história da gestão. No entanto, essa busca pela competitividade e a exploração dos recursos a custos baixos causa efeitos ao ambiente onde a empresa se encontra. Sendo assim, é possível afirmar que a entidade empresarial é sem sombra de dúvida, a causadora da maior parte dos descontroles de ordem ambiental em nosso planeta. Pode-se considerar que o homem está em uma situação de parasitanismo para com a natureza [...] trata-se de uma relação desarmônica, em que o homem a depreda, sempre consumindo e destruindo, e nada de útil lhe acrescentando, ele desequilibra ecossistemas, provocando impactos desastrosos, muitas vezes de efeitos irreversíveis. (MARQUES, 2010, p.17). Desta forma, admite-se também que a própria prática logística, como ferramenta empresarial é provedora de impactos ambientais; seja pelo uso de veículos no transporte, seja

pela incorreta destinação de embalagens, entre outras. No entanto, a Logística reversa, por meio de suas ações pontuais, retirando do ambiente os materiais considerados inúteis ao usuário, e o retornando ao ponto de origem produtiva, presta um serviço ambiental extremamente relevante. Ao recolher o material, a cadeia reversa minimiza os efeitos do descarte incorreto destes bens, ao passo que o utilizando como matéria prima para um novo processo produtivo ela evita a necessidade da extração deste item do ambiente natural, preservando os recursos naturais finitos, como minérios e outros. A revalorização ecológica de um bem em fim de vida é entendida como a eliminação ou mitigação desse somatório de custos dos impactos no meio ambiente, provocados pela ação nociva de produtos nocivos à vida humana pelo excesso desses bens. (LEITE, 2009, p.114) A utilização desta ferramenta, é o exemplo de um cenário em plena mudança, atento as necessidades de novos consumidores atentos e conscientes da sua responsabilidade social e ambiental e que automaticamente repassam essa pressão ao setor produtivo, quando optam pela preferência do consumo de produtos que garantam a ideia sustentável, como descreve Leite (2009, p.115) quando afirma que a intensificação da sensibilidade ecológica na sociedade é decorrência da visibilidade dos excessos de disposições indevidas de produtos descartáveis nos centros urbanos em geral, dos quais as embalagens constituem grande parcela. Dessa forma, as organizações preconizam a viabilidade de uma produção de atinja níveis de impacto menores, com vistas a atender essa demanda por um consumo mais consciente, impulsionados por essa alteração. Como afirma Reis (2010, p.311) ao citar o Relatório da Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento: No passado, preocupávamo-nos com o impacto do crescimento econômico sobre o ambiente. Agora somos forçados a preocupar-nos com os impactos das tensões ecológicas sobre as nossas expectativas econômicas. Este esforço torna-se o início do conceito da manutenção da Sustentabilidade. 2.3 O papel das empresas no desenvolvimento sustentável. O conceito de empresa, na sociedade atual parece ser algo tão comum que se torna inclusive difícil de conceituar. Trata-se de uma construção subjetiva do ser humano que

dá caráter de Pessoa Jurídica a uma instituição que tem como objetivo a atuação em processos que originem produtos ou serviços com a intenção do recebimento de um pagamento em troca destes, como define o doutrinador Inglez de Souza citado no artigo Requião que: [...] por empresa devemos entender uma repetição de atos, uma organização de serviços, em que se explore o trabalho alheio, material ou intelectual. A intromissão se dá, aqui, entre o produtor do trabalho e o consumidor do resultado desse trabalho, com o intuito de lucro. (SOUZA, 1985, apud REQUIÃO, 2005, p.27) No entanto, ao se discutir o conceito de uma organização empresarial, não se pode esquecer que independente do caráter jurídico e de personalidade que a mesma assume quando formaliza-se como empresa, ela é uma abstração, uma construção subjetiva que sempre estará ligada a participação e ao trabalho do ser humano; sendo assim, uma empresa é de fato o resultado da comunhão de valores e comportamentos das pessoas que a representam; ao ponto que Brunetti; um doutrinador italiano, mencionado por Requião, chegou a abstratividade da empresa ao observar que: [...] a empresa, se do lado político-econômico é uma realidade, do jurídico é un'astrazione, porque, reconhecendo-se como organização de trabalho formada das pessoas e dos bens componentes da azienda, a relação entre a pessoa e os meios de exercício não pode conduzir senão a uma entidade abstrata, devendo-se na verdade ligar à pessoa do titular, isto é, ao empresário. (BRUNETTI, 1982, apud REQUIÃO, 2005, p.40) Portanto conforme palavras do autor anterior, a figura do ser humano está sempre por trás das ações desenvolvidas pelas organizações às quais pertencem, mesmo que em se tratando de ações consideradas anti-éticas ou amorais por parte das corporações mundo afora, a justificativa mais frequente é a necessidade da geração do lucro; pois em uma sociedade onde o capital não possui mais bandeira ou nacionalidade, os sócios, representados por suas ações influenciam diretamente nas ações de suas empresas, no entanto, fazem isso no conforto de suas casas ou de seus escritórios; alheios aos impactos ambientais das empresas as quais comandam. Esta questão dá espaço a discussão do papel das corporações quanto a questão ambiental; inclusive pelo aumento da consciência e das mudanças nos padrões de consumo, como afirma o autor: [...] dentre as principais alterações observadas nas ultimas décadas, observa-se o crescimento de uma nítida consciência por parte dos consumidores em relação aos impactos dos produtos no meio ambiente, devido a um número maior de informação ou a intensidade e proximidade dos problemas advindos destas agressões. Os acionistas de empresas ou de fundos de investimentos em ações têm procurado

investir em empresas consideradas éticas em usa relações com a sociedade e o meio ambiente. (LEITE, 2009, p.119) Nesta ótica as empresas buscam por práticas que atendam a estas necessidades, aliando suas estratégias empresariais a esta nova onda de consumo sustentável. Um aspecto relevante a ser discutido, é o ganho conseguido pelas empresas ao adotarem prática sustentáveis como é o caso da Logística Reversa, ou dos meios de Certificação Ambiental. Além dos ganhos em redução dos custos do processo produtivo, e o serviço ambiental prestado pelo recolhimento dos itens descartados; a organização apresenta ganhos por meio da exploração dessas ações nos esforços de marketing. Ou seja, como descrito anteriormente é possível admitir que existe um grande mercado para empresas que atuam de forma sustentável, com consumidores fiéis; portanto, muitas empresas utilizam dos meios das ferramentas de marketing para identificar e angariar mais indivíduos que compartilhem da mesma intenção. Quanto a função mercadológica Baker afirma que [...] é vital para o estrategista de marketing entender o impacto potencial da agenda verde sobre sua empresa e seus clientes. É importante entender as forças e fraquezas relativas do desempenho ecológico da empresa. Um bom desempenho ecológico é importante em muitos mercados porque pode proporcionar: novas oportunidades de mercado; oportunidades de diferenciação; oportunidades para vantagens de custo e oportunidades de nicho. (BAKER, 2005, p.524) No, entanto, para que essa vinculação de práticas e ganhos por conta do aspecto mercadológico que a sustentabilidade propicia, é necessário que a empresa realmente adapte novos processos voltados a garantia de uma melhor utilização de recursos, relacionamento com a comunidade interna e externa, consciência logística dos resultados de seus processos produtivos entre outros. E assim, com o uso de ferramentas como a de Logística reversa, a administração possibilita uma mudança de paradigmas na forma de exploração das atividades comerciais, onde, a ideia do lucro desenfreado sem a responsabilidade com o ambiente que envolve a corporação vem sendo cada vez mais posta em desuso. No entanto, convêm lembrar que, esta situação é o resultado de um contexto muito maior, onde, por um lado existem as mudanças de ordem natural, que possuem um impacto grande principalmente no temor das pessoas pelo fim do mundo como é conhecido;

que naturalmente altera a sua forma de pensar e agir, levando o indivíduo a ações mais conscientes para evitar que este cenário realmente aconteça. Nesta ótica, é possível afirmar que as pessoas alteram suas culturas de consumo optando por produtos de origem mais limpa. No entanto, como dito anteriormente, a grande maioria da população global se encontra nos países em desenvolvimento, onde a desigualdade e a má distribuição de renda imperam. Sendo assim, é difícil admitir que esta mudança cultural no consumo, que depende antes de mais nada, de um equilíbrio social, e econômico por parte dos indivíduos, seja grande o suficiente para uma alteração em níveis globais nas relações comerciais. Por outro lado, o que ocorre é que por conta da necessidade de competir em um ambiente globalizado, onde as informações fluem como muita facilidade em todos os canais de comunicação no mundo todo. As empresas buscam sempre por mercados que as tragam segurança e estabilidade; que é o caso do perfil dos consumidores sustentáveis da atualidade. Sendo assim, pode se dizer que, em as empresas buscando atender a esses mercados emergentes, ela traz benefícios para todo o restante da população global que não se enquadra nesses padrões; admitindo que são elas, as corporações, as causadoras da maioria dos desequilíbrios ambientais; nesse contexto; elas também podem representar este fluxo reverso, e a melhoria das condições de vida e a qualidade do ambiente. 3. CONCLUSÃO O ser humano é uma espécie como qualquer outra no planeta; a diferença, é que diferente da maioria das outras espécies, o ser humano possui a capacidade de transformar o ambiente onde habita. No entanto, esta interação ao longo do tempo tem causado um descontrole na delicada sinergia do ecossistema global. Essas alterações ficam cada vez mais nítidas e visíveis ao longo do tempo, se manifestando de diversas formas; desde o desaparecimento de espécies e inclusive possíveis alterações no clima global. No entanto as alterações mais notáveis são aquelas que afetam diretamente na vida das pessoas e em suas atividades rotineiras. É possível afirmar que por conta de um conjunto de fatores como acesso a comunicação e desenvolvimento econômico das nações; forma-se uma categoria diferenciada de indivíduos; os que possuem um nível de

consciência da influência de sua existência no ambiente; e naturalmente essa nova forma de agir reflete em suas relações de consumo. Por conta disso, as organizações buscam atender as necessidades desta nova geração de indivíduos, por meio da definição de práticas gerenciais conscientes de seu papel nesta nova sociedade. A logística reversa demonstrada neste trabalho científico possibilitou a discussão sobre a utilização de uma ferramenta originada do meio gerencial, como uma ferramenta de manutenção de sustentabilidade; o que prova que é possível a continuidade dos processos produtivos; geração de renda e também a preservação e conservação dos ambientes naturais. Ao final deste trabalho foi possível concluir que as corporações, muitas vezes responsabilizadas pela maioria das alterações ambientais, possuem ferramentas viáveis para a redução do feito negativo de sua atividade empresarial; a exemplo da logística reversa, que por conta da ideia de repensar os fluxos normais de produção, retirando dos meios de consumo, bens que antes seriam dispostos de forma incorreta no ambiente, contribuindo para o aumento dos problemas ambientais. O esforço logístico da empresa que opta por atuar com o canal reverso utiliza a estrutura que normalmente já seria utilizada para o fluxo normal de distribuição; cabendo ao gestor definir a estratégia correta que faça como que os itens oriundos do consumo retornem ao ponto de origem e seja trabalhada de forma tal que seja possível o seu reuso, sua remanufatura, ou sua reciclagem. O conceito de logística reversa, definido pelos autores consultados, é definido de duas formas, sendo o canal reverso de pós-consumo aquele que define meios de retornar ao processo produtivo bens resultantes da utilização do produto, sejam embalagens, peças, carcaças e outros. Já a de pós-venda defende o retorno de itens oriundos dos processos comerciais, e que por algum motivo não atende aos anseios das partes envolvidas, como por exemplo, itens vencidos, estoque ocioso, mudança de coleções. De fato a logística reversa de pós-consumo é aquela que movimenta e contribui com a ideia da sustentabilidade, pois por meio de sua utilização, os bens resultantes da utilização são recolhidos, o que em um primeiro momento auxilia na redução do lixo e da poluição do ambiente, bem como em um segundo momento representa uma redução na exploração da matéria prima; haja visto que muitos desses elementos são reutilizados nos processos produtivos.

Sendo assim, este trabalho conclui que a logística reversa, em sua manifestação de pós-consumo é de fato uma alterativa viável para a redução dos impactos sociais e ambientais causados pela atividade empresarial, e ainda assim permite a manutenção dos preceitos econômicos das empresas. 4. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO BAKER, Michael J. Administração de Marketing. 7. Ed. Rio de Janeiro:Elsevier, 2005. BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. 1. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. MARQUES, José Roberto: Lições de Direito Ambiental. 01. Ed. São Paulo: Editora Verbatim, 2010. REIS, Luis Felipe Souza Dias. Agronegócios: qualidade na gestão. Rio de Janeiro: 2010. REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 26. ed. 2005. São Paulo: Saraiva disponível em http://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/843/conceito-de-empresa, acessado em 02 de outubro de 2012.