ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS COMPARADAS CMI-CEIC

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Transcrição:

ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS COMPARADAS CMI-CEIC 1

Sumário Executivo 1 - A China em África 1.1 - Comércio China África 2 - A China em Angola 2.1 - Financiamentos 2.2 - Relações Comerciais 3 - Características das corporações chinesas 3.1 - Vantagens económicas comparativas 4 - A Responsabilidade Social das Empresas 5 - Receios e representações da presença chinesa Conclusões 2

1 - A China em África (1) As novas relações da China com a África representam um dos desenvolvimentos recentes mais significativos na região. A China está em vias de se tornar não só o mais importante parceiro comercial africano mas também de obter posições privilegiadas em diferentes sectores, como na construção e na reabilitação de infraestruturas, no petróleo e nas minas. A presença da China se torna cada vez mais forte no continente, não só pela instalação de empresas e obras de construção de infraestruturas, mas também por meio de empréstimos e financiamentos para empreendimentos locais de grande projecção. A China é neste momento o terceiro maior parceiro comercial do continente africano atrás dos Estados Unidos e da França. 3

1 - A China em África (2) Segundo o relatório de 2006 do Deutsche Bank, há pelo menos 700 empresas chinesas instaladas em África e destaca os cinco principais destinos comerciais: África do Sul, Angola, Guiné-Bissau, República Democrática do Congo e Sudão. A China utiliza-se da sua capacidade económica, financeira e comercial como instrumento de política para ampliar e diversificar a sua inserção internacional nos países africanos. A sua expansão e influência no mundo, determinaram a criação do Fórum de Cooperação China África em 2000, e do Fórum de Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, em 2003. 4

1.1 - Comércio China África (1) O comércio bilateral entre a China e a África tem crescido de um modo contínuo tendo passado de 10 mil milhões de USD em 2000 para 72 mil milhões em 2007. A China é o terceiro maior exportador de África e o respectivo comércio cresceu a uma média anual de 20% nos últimos anos. 5

1.1 - Comércio China África (2) 6

2 - A China em Angola A China tornou-se um parceiro importante das relações externas de Angola ao assumir o financiamento da reconstrução nacional do país. De relembrar que os primeiros financiamentos da China chegaram numa altura em que Angola continuava com as portas das instituições financeiras internacionais fechadas. A China representa hoje para Angola a garantia de que o país pode continuar a sua reconstrução nacional a um ritmo elevado, mesmo com a actual crise que o mundo vive. As relações de cooperação bilateral têm vindo a evoluir favoravelmente e a perspectiva é de alargamento e de consolidação da cooperação entre os dois países. A China precisa de recursos naturais e Angola precisa de reconstruir as suas infraestruturas e de desenvolver a sua economia. 7

2.1 - Financiamentos (1) A China é hoje o principal financiador da reconstrução de Angola, com empréstimos e apoios massivos estimados em mais de 7 Mil Milhões de dólares norteamericanos (empréstimos públicos 4, 5 Mil Milhões e empréstimos privados 2.9 Mil Milhões). O GAT, trata somente da linha de crédito do Eximbank, ou seja, dos empréstimos públicos do governo chinês, avaliados em 4,5 Mil Milhões de USD, enquanto que os créditos privados são da competência do GRN, criado no fim da guerra, em 2003, para apoiar a reconstrução e integrar os militares. Estes créditos são utilizados para o financiamento de projectos constantes do Programa de Investimentos Públicos, propostos pelo Governo. 8

2.1 - Financiamentos (2) Acordo Montante Fases N.º de Projectos I FASE 50 Projectos 1º ACORDO 2 Mil Milhões U.S. Dólares I FASE 57 Projectos (18 Contratos) 2º ACORDO 500 Milhões 18 Contratos 3º ACORDO 2 Mil Milhões U.S. Dólares I FASE II FASE 9

2.1 - Financiamentos (3) 10

2.2 - Relações Comerciais (1) A balança comercial apresentava em 2006 um saldo positivo no valor de 5.586.654,00 USD, derivado do aumento das exportações de petróleo bruto. Já em 2008 o comércio entre os dois países atingiu o nível recorde de 25.310.000,00 dólares, um aumento de 78%, situando Angola como o maior parceiro comercial da China no continente africano. Angola exporta para a China petróleo bruto, diamantes e sucatas e importa alimentos, máquinas, equipamentos, aparelhos electrónicos, vestuário e calçado. Desde o ano 2004 que a China tem sido o principal destino das ramas angolanas. Estima-se que actualmente mais de 30 % das exportações de petróleo vão para a China 11

2.2 - Relações Comerciais (2) 12

3 - Características das corporações chinesas A China esteve durante algumas décadas isolada da economia global, tendo durante esse período desenvolvido internamente grandes empresas, que devido ao próprio isolamento a que estavam votadas, perderam alguma competitividade, resultante da pouca experiência internacional; Muitas empresas não têm ainda a confiança suficiente para entrar nos mercados americano e europeu e adoptaram a estratégia de penetrar nos países em desenvolvimento, menos competitivos, como o africano. As empresas chinesas são muito competitivas internamente e são fortemente suportadas pelo Estado. As empresas chinesas têm vindo a ser criticadas pelo seu modelo de negócios, de práticas laborais e da sua contribuição para o desenvolvimento local 13

3.1 - Vantagens económicas comparativas Uma empresa multinacional tipicamente chinesa tem como modelo de negócios uma extrema dependência nas acções e nos apoios políticos do Estado, recebendo retaguarda financeira por parte daquele e estando envolvida nas indústrias de minas e de energias. Baseadas na utilização de estratégias de baixo custo, centradas na utilização de pessoal pouco qualificado e em baixos custos de gestão e em mão-de-obra disciplinada. A capacidade financeira da China aliada ao desempenho e à competitividade das suas empresas transformaram a China na solução que o governo angolano procurava para fazer face aos graves problemas infraestruturais derivados da guerra, quer numa perspectiva de reconstrução, quer na de desenvolvimento de novas capacidades. 14

4 - A Responsabilidade Social das Corporações (1) A responsabilidade social corporativa é um conceito no qual as empresas incorporam nos seus negócios e na sua interacção com as várias entidades, governo, clientes, empregados, investidores, etc., questões ambientais e sociais de modo voluntário, isto é, prolongam o seu papel para além dos seus objectivos puramente económicos. Este conceito tem ganho cada vez mais actualidade e nos dias de hoje é inquestionável que a actuação de uma empresa não pode estar dissociada da prática de acções de cidadania 15

4 - A Responsabilidade Social das Corporações (2) Segundo Tang, Li, e Lee, esta noção de responsabilidade social corporativa encontra as suas raízes filosóficas no conceito tradicional ocidental de liberdade, democracia e cidadania. As empresas ocidentais pautam-se pela defesa de certos valores éticos, mas muitas vezes, na prática, os interesses comerciais sobrepõem-se a tudo, tal como acontece com as empresas chinesas. A responsabilidade social nas empresas chinesas é menos evidente que noutras empresas ocidentais que se apresentam com mais transparência e maior responsabilidade social, até por exigência e pressão das organizações da sociedade civil dos respectivos países, que no caso da China parece ainda não haver esta preocupação. 16

5 - Receios e representações da presença chinesa (1) Substituição da mão-de-obra nacional por mão-de-obra chinesa Substituição pelas empresas chinesas do empresariado angolano nos principais sectores de crescimento da economia, na construção civil, nas telecomunicações e na energia Monopólio quase exclusivo de empresas chinesas nalguns sectores Dependência de importação de matérias-primas, materiais e equipamentos de origem chinesa. 17

5 - Receios e representações da presença chinesa (2) Angola como parceiro estratégico da China, tem sabido honrar os seus compromissos económicos e financeiros, tendo por essa razão obtido do governo chinês a garantia de que irá responder à solicitação feita para a concessão de novos créditos. A comunidade chinesa em Angola é a mais recente no país. Relativamente ao número de chineses em Angola, segundo a imprensa, já ultrapassa os 100 mil, embora dados oficiais tenham declarado que foram concedidos apenas 22 mil vistos aos chineses. Presume-se que para os consumidores angolanos o maior impacto da presença chinesa se revele na possibilidade de adquirir bens de equipamento a baixo preço. 18

Conclusões (1) O estado das relações políticas e de cooperação económica, técnico-científica e cultural estabelecem-se num clima de confiança mútua. Esta forte comparência das multinacionais chinesas no espaço africano está dada pela necessidade de prover a China de matérias-primas e de energia para o desenvolvimento das suas indústrias e ao mesmo tempo para abrir novas fronteiras para o seu mercado de exportação; A actuação das empresas chinesas começou a ser questionada pelas suas praxes a partir do momento em que se estabeleceram em África. 19

Conclusões (2) Hoje é bem possível que os chineses conheçam mal Angola. Mas não nos devemos esquecer que eles têm quase sempre uma visão de longo prazo. A marcante presença das corporações multinacionais chinesas tem vindo a aumentar gradualmente e de forma destacada em África, sendo hoje a China o terceiro mais importante parceiro comercial e o primeiro de Angola. 20

MUITO OBRIGADO 21