16 Eficiência Energética



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16 Eficiência

412 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Contextualização A eficiência energética pode ser definida como o desempenho de conversão de um sistema energético. Em outras palavras, representa o quanto de energia gerada está sendo realmente consumida, considerando as perdas que ocorrem ao longo do processo. Quanto maior forem as perdas, menor será a eficiência. Por exemplo, uma lâmpada converte energia elétrica em energia luminosa e térmica. A energia desejada é a luminosa, enquanto a energia térmica pode ser considerada como perda do processo de conversão. Porém as perdas não estão somente relacionadas às transformações energéticas. O uso inadequado de qualquer fonte de energia também pode ser considerado uma forma de desperdício. Um exemplo cotidiano é uma lâmpada acesa em um cômodo vazio. Medidas de Eficiência As medidas de eficiência energética (MEE) são ações aplicadas a um sistema para aumentar a produção de um serviço, considerando menos consumo de energia. Para que essas ações sejam projetadas, é necessário um entendimento da cultura local onde as MEEs serão aplicadas. A busca por um sistema energético mais eficiente fez uma nova área técnica surgir: a de análise e de implementação da conservação de energia. As empresas de serviços de conservação de energia (ESCOS) fazem análise, sugestão e execução das MEEs para tornar os sistemas energéticos mais eficientes. Para uma melhor aplicação das MEEs, é necessário conhecer as tecnologias disponíveis, os custos de implantação, o comportamento dos consumidores e do mercado e as medidas políticas do ambiente de implantação. Todos esses tópicos citados fazem parte dos potenciais de conservação de energia, conforme World Energy Assessment (WEA, 2000). Esses potenciais abrangem os cenários técnico, econômico e de mercado, que balizam as ações do MME. A figura a seguir (Cenários do Potencial de Conservação de Energia) mostra os três cenários principais que compõem o potencial de conservação de energia. Porém, mesmo construindo as medidas por meio desses potenciais, ainda existem barreiras que devem ser consideradas. Portanto, um quarto cenário é considerado: o do potencial realístico. Esse cenário considera ainda as barreiras de implementação, como impactos sociais, ambientais e medidas políticas. A aplicação de uma medida de eficiência de energia é uma opção para aumentar a oferta de forma sustentável sem comprometer a matriz energética de um país. O aumento da eficiência ocorre por meio de ações que modificam e melhoram as tecnologias de equipamentos e dispositivos que convertem energia. Essas medidas também reduzem os impactos ambientais, principalmente as taxas de emissões de dióxido de carbono. Após a crise do petróleo na década de 70, os países começaram a pensar em soluções energéticas para diminuir a dependência dos combustíveis fósseis. Foi nesse ponto que a eficiência energética tornou-se tópico de importância mundial, fazendo parte das políticas energéticas da maioria dos países, fortalecida pela preocupação ambiental. Por meio de análises, percebeu-se que aumentar a eficiência energética de um sistema é o modo mais rápido e econômico de atender à demanda sem afetar os aspectos sociais, ambientais e de segurança de cada nação. Diversas medidas governamentais foram criadas e implantadas para conscientizar essa nova linha de pensamento, como planos energéticos e incentivos para a implantação de programas de eficiência energética, de pesquisa e de desenvolvimento nos diversos setores energéticos. potencial técnico potencial econômico potencial de mercado Implementação das tecnologias mais eficientes disponíveis, sem considerar custos e medidas políticas. É o melhor cenário possível e é utilizado para limitar as medidas aplicadas. Implementação das tecnologias eficientes quando as medidas são viáveis economicamente dentro de um período estipulado. É um subconjunto do cenário técnico. Implementação das medidas que reduzirão os custos do consumidor, ou seja, quando há um retorno econômico considerando as variáveis do mercado.

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 413 O atual cenário mundial do potencial técnico para cada setor de energia, considerando a melhor tecnologia disponível, segundo o World Energy Council (WEC, 2013), é: RECOMENDAÇÕES DE POLÍTICAS REGIONAIS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA exploração de óleo e gás: cerca de 20% de eficiência energética do sistema elétrico; geração de energia: usinas com eficiência média de aproximadamente 34%; redes de transmissão e distribuição: média global de perdas de 12%; sistemas de gerenciamento de eficiência energética: aumentam, no mínimo, 5% da eficiência energética de qualquer sistema de energia; construções: a conservação de energia em edifícios pode ser entre 20% a 40% com a tecnologia disponível atualmente. Em muitos casos, apesar de o potencial técnico ser positivo, os outros potenciais não são tão otimistas. É necessário que haja mais incentivos dos governos e que as instituições financeiras tomem atitudes em relação aos projetos energéticos propostos. Para que os potenciais de conservação de energia sejam bem explorados, uma adaptação cultural deve ocorrer em relação aos hábitos energéticos da sociedade. A Agência Internacional de Energia (IEA), a Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (UNECLAC) e o Ministério de Minas e Energia do Peru elaboraram um documento com recomendações sobre políticas e ações de eficiência energética. As recomendações foram elaboradas por especialistas para dar suporte aos investimentos e às atividades da área para as regiões da América Latina e Caribe. O quadro a seguir apresenta, de forma sucinta, as 20 ações recomendadas para melhorar a eficiência energética em diversos setores. 1 Setor Intersetorial Construções Iluminação, aparelhos e equipamentos Transporte Indústria Fonte: IEA (adaptado) Recomendações Designar instituições para planejamento, coordenação, implementação e monitoramento 1 de políticas e programas de eficiência energética. 2 Estabelecer coleta de dados e indicadores de eficiência energética. 3 Remover os subsídios energéticos ineficientes. 4 Estimular o investimento em eficiência energética. 5 Desenvolver programas educacionais e campanhas de conscientização. 6 Melhorar o desempenho energético dos componentes e sistemas de construções. 7 Melhorar o desempenho energético das construções. 8 Implementar etiquetas e certificados energéticos e divulgar o consumo de energia. 9 Almejar o consumo de energia líquida de zero em edifícios. Implementação de etiquetas obrigatórias e padrões mínimos de desempenho 10 energéticos. 11 Eliminação de produtos de iluminação ineficientes. 12 Buscar uma colaboração regional e harmonização de normas e procedimentos de testes. 13 Promover políticas de transformação do mercado. 14 Melhorar o planejamento do sistema de transporte e eficiência. 15 Implementar padrões obrigatórios de eficiência e rotulagem em veículos. Promover o uso de componentes veiculares mais eficientes por meio de normas e 16 procedimentos de ensaio. 17 Melhorar a eficiência operacional dos veículos. 18 Promover projetos de eficiência energética e de gestão de energia. 19 Promover equipamentos e sistemas industriais de alta eficiência. Estimular o desenvolvimento de produtos e serviços eficientes energeticamente para as 20 pequenas e médias empresas. 1 Para o documento na íntegra, consultar: https://www.ica.org/publications/freepublication/eepolicy.re_com_latinamerica_caribbean.pdf

414 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Todas as recomendações elaboradas pela IEA representam um tipo de gerenciamento energético. Quando bem aplicada, a gestão energética pode gerar uma redução no custo de consumo de energia e também diminuição da emissão de dióxido de carbono, contribuindo para um crescimento sustentável do meio em que está sendo aplicada. Eficiência no Mundo O consumo energético aumenta a cada ano e esse crescimento ocorre tanto em países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. A taxa de migração também está em ascensão, causando o desenvolvimento das megacidades. Os países têm que se adaptar ao crescimento populacional de forma sustentável. A eficiência energética é um tópico que está progredindo no cenário mundial. Na figura a seguir (Eficiência no Setor de Transformação de Eletricidade), apresenta-se a eficiência obtida ao longo dos anos no setor de transformação energética mundial. Muitos países estão investindo em programas de eficiência energética e gestão energética para aperfeiçoar seus sistemas. A criação e implementação de leis, metas e regulamentações de eficiência energética também estão se tornando práticas comuns, principalmente nos países desenvolvidos. eficiência do setor de transformação - mundo O quadro a seguir apresenta o cenário de metas de eficiência energética dos 10 países que mais consomem energia no mundo com ano-base de 2014, segundo dados obtidos no World Energy Council. O mapa da figura a seguir mostra o cenário de leis e metas no mundo. CENÁRIO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DOS MAIORES CONSUMIDORES DE ENERGIA País Consumo (Mtep) Metas de Eficiência Leis de Eficiência Leis de Energia com Metas de Eficiência China 3034 4 Sim Em desenvolvimento Estados Unidos 2224 6 Sim Não Índia 872 13 Sim Em desenvolvimento Rússia 751 8 Sim Sim Japão 437 7 Sim Sim Alemanha 307 8 Sim Não Brasil 306 2 Sim Sim República da Coreia 277 6 Sim Em desenvolvimento Canadá 251 2 Sim Não França 243 9 Sim Sim Fonte: WEC. 41,00% Eficiência da produção total de eletricidade 40,00% 39,00% 38,00% 37,00% 36,00% 35,00% Fonte: WEC 1990 2000 2005 2009 2010 2011 2012 2013 Ano Fonte: WEC Sim Não Em desenvolvimento Não informado

Eficiência EnErgética 415 O WEC possui diversas informações sobre a eficiência energética mundial. A organização, associada à Enerdata, criou uma base de dados sobre indicadores, medidas políticas e metas de eficiência energética de cada país. O quadro a seguir apresenta as leis de eficiência energética dos maiores consumidores de energia do mundo citados anteriormente. País Leis Brasil Lei de Eficiência (10.295) Canadá Ato de Eficiência China Lei de Conservação de Energia Estados Unidos Lei Nacional de Política de Conservação de Energia França Lei de Eficiência e Lei de Programação Política Japão Lei de Conservação de Energia República da Coreia Lei da Utilização Racional de Energia (REAU) Fonte: WEC Eficiência EnErgética no Brasil O Brasil passou por diversas mudanças no setor energético nos últimos anos. O elevado custo da energia proveniente de combustíveis fósseis, a crise do abastecimento e o aumento do consumo foram alguns dos fatores que afetaram esse setor. O País possui, há mais de 20 anos, diversas iniciativas na área de eficiência energética e até mesmo uma lei de eficiência energética: Lei n 10.295/2001, porém o setor de eficiência energética precisa ser fortalecido por meio de mais incentivos e programas por parte do Governo, para que a eficiência comece a fazer parte da cultura dos brasileiros. Em se tratando de energia elétrica no Brasil, entre 2008 a 2013, o consumo no País foi de 2.534 TWh, sendo que a energia que poderia ter sido poupada no período seria da ordem de 251 TWh. Isso representa 10% e 2,6 vezes a produção da UHE Itaipu, sendo que o custo dessa energia gasta desnecessariamente chega a R$ 62 bilhões (figura a seguir). Energia que poderia ter sido poupada no período 2008-2013 residenciais 657 twh 99 TWh outros SetoreS 375 (agricultura, pública e transporte) 37 TWh comércio 433 48 TWh indústrias 1.069 66 TWh Segundo a EPE e o MME, a eficiência energética causa: redução de custos e aumento da competitividade; aumento da eficiência econômica; melhoria da balança comercial; impactos socioambientais positivos. Os impactos causados pela aplicação da eficiência energética no setor energético são positivos e podem ajudar a melhorar a situação atual do País. Porém existem diversas barreiras que podem dificultar o desenvolvimento de projetos nessa área, como a tecnologia aplicada, a cultura do meio, o quadro econômico e os agentes financiadores e institucionais. Por esse motivo, uma política de eficiência energética se faz necessária para impulsionar o mercado e diminuir as barreiras. A EPE projeta que, em 2030, a energia final conservada será entre 4% a 12% do consumo final, considerando as medidas propostas no Plano Nacional de Energia (PNE) 2030. PrinciPais MEdidas PolÍticas Programa Brasileiro de Etiquetagem PBE O Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) existe desde 1984 e fornece informações sobre o desempenho dos produtos, considerando atributos como a eficiência energética e o ruído, entre outros critérios de performance. Ele também estimula a competitividade da indústria, que deverá fabricar produtos cada vez mais eficientes. O PBE é coordenado pelo INMETRO e possui um papel importante no PNE 2030, pois está ligado às metas brasileiras de economia de energia (INMETRO, 2015). No sítio do INMETRO, é possível acessar a tabela com informações de consumo e eficiência energética dos produtos aprovados no PBE. A etiqueta de eficiência energética desenvolvida pelo programa é chamada de Etiqueta Nacional de Conservação de Energia e apresenta a classificação do produto e outras informações (figura a seguir). Indica o tipo de equipamento Indica o nome do fabricante Indica a marca comercial ou logomarca Indica o modelo/tensão A letra Indica a eficiência energética do equipamento / Veja a tabela correspondente na coluna ao lado Indica o consumo de energia, em kwh/mês

416 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica PROCEL O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) é coordenado pelo MME e executado pela Eletrobras desde 1985. Foi criado com o intuito de combater o desperdício de energia elétrica e promover o seu uso eficiente. O programa promove ações de eficiência energética em diferentes segmentos, buscando a economia da energia elétrica. Uma delas é o Selo PROCEL, um selo de economia de energia dado aos equipamentos e dispositivos mais eficientes após uma série de ensaios e testes de desempenho (PROCEL, 2015). Outra ação do programa é a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), em parceria com o INMETRO, que é designada a edificações em geral, após uma avaliação da eficiência energética da instalação. O PROCEL ainda possui projetos de eficiência energética no setor público, na área de iluminação pública e em centros de pesquisas. Até 2014, as ações do programa economizaram 80,6 bilhões de quilowatt/hora de energia desde 1936. A figura a seguir mostra os resultados do PROCEL nos últimos 5 anos. Energia economizada (bilhões kwh) 12 10 8 6 4 2 0 Fonte: PROCEL 6,7 9,1 9,74 10,52 2011 2012 2013 2014 Programa Nacional de Conservação de Petróleo e Derivados CONPET O Programa Nacional de Conservação de Petróleo e Derivados (CONPET) foi criado pelo Governo brasileiro, vinculado ao MME e à Petrobras, em 1991, para promover o desenvolvimento de uma cultura antidesperdício no uso dos recursos naturais não renováveis no Brasil. Os principais objetivos são racionalizar o consumo dos derivados do petróleo e do gás natural; reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera; promover a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico; e fornecer apoio técnico para o aumento da eficiência energética no uso final da energia. O programa também possui a sua própria etiqueta de eficiência: Selo CONPET de Eficiência, além de possuir parceria no PBE em relação aos equipamentos que consomem combustíveis. Programa de Eficiência PEE ANEEL Conforme Lei n 9.991, de 24 de julho de 2000, as empresas concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica devem aplicar anualmente um montante de, no mínimo, 0,5% de sua receita operacional líquida (ROL) em Programas de Eficiência (PEE), segundo regulamentos da ANEEL. A agência possui um manual de PEE para elaboração e execução: o guia de Procedimentos do Programa de Eficiência (PROPEE). APLICAÇÃO DE 1% DA ROL DAS EMPRESAS DE ENERGIA ELÉTRICA Aplicação de 1% da ROL Vigência: 21/01/2010 a 31/12/2015 A partir de 1/01/2016 Pesquisa e Desenvolvimento 0,5% 0,25% Projetos de Eficiência 0,5% 0,75% Fonte: ANEEL. Os resultados obtidos pelo PEE até julho de 2015, segundo a ANE- EL Superintendência de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência, são: investimento total: R$ 4,269 bilhões; energia total economizada: 3.987 GWh/ano; demanda retirada do horário de ponta: 1,277 GW; quantidade de projetos: 1.524. Lei de Eficiência A Lei n 10.295/2001 diz respeito à Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia, que visa a alocação eficiente de recursos energéticos e a preservação do meio ambiente (art. 1 ). Conforme art. 2, o Poder Executivo estabelecerá níveis máximos de consumo específico de energia, ou mínimos de eficiência energética, de máquinas e aparelhos consumidores de energia fabricados ou comercializados no País, com base em indicadores técnicos pertinentes. Por meio do Decreto n 4.059, que regulamenta a Lei n 10.295, foi criado o Comitê Gestor de Indicadores de Eficiência (CGIEE), que é responsável por elaborar regulamentação específica para cada tipo de aparelho e máquina consumidora de energia, além de estabelecer programa de metas com indicação da evolução dos níveis a serem alcançados para cada equipamento regulamentado, entre outras ações que executem a Lei n 10.295/2001. Plano Nacional de Eficiência PNEE O PNEE foi elaborado com o objetivo de cumprir as metas de eficiência energética estabelecidas no âmbito do PNE 2030. O documento foi elaborado pelo MME em parceria com diversas instituições especializadas em energia. O documento final visa a inclusão da eficiência energética no planejamento do setorial energético de forma explícita e sustentável. Possui 16 diretrizes básicas que orientam as atuações dos diversos entes públicos e privados no combate ao desperdício de energia e na construção de uma economia energeticamente eficiente. Tais ações

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 417 ocorrerão mediante a escolha das formas de energia, tecnologias de equipamentos e processos operativos mais eficientes, objetivando uma meta de conservação anual de energia equivalente a 10% do consumo energético nacional no horizonte de 2030 (MME, 2015). Todas as metas projetadas para o setor energético podem ser encontradas com mais detalhes no PNE 2030. As diretrizes básicas e premissas do PNEE são: legislação e regulamentação; pesquisa e desenvolvimento; setores da indústria, educação, transporte, construção, prédios públicos, iluminação pública e saneamento; medição e verificação; associações internacionais; iniciativas de financiamento; o papel do PROCEL e CONPET; programa de etiquetagem brasileiro. Eficiência no Rio Grande do Sul O Rio Grande do Sul possui participação de aproximadamente 7,8% da oferta total de energia do Brasil. Os três energéticos mais consumidos no Estado são: derivados do petróleo (58,7%), gás natural (30,2%) e energia elétrica (7,6%), conforme dados da SEPLAN (2012). Nos últimos 10 anos, o RS atingiu um crescimento significativo na sua capacidade de geração de energia, porém também houve um aumento similar na demanda de energia, o que manteve o balanço energético quase equilibrado. O Estado não possui nenhuma medida política com foco em eficiência energética. Porém a medida de PEE ANEEL tem um papel importante no Estado, pois existem cerca de 23 agentes de distribuição de energia, sendo que 93,5% da distribuição pertencem a três grandes concessionárias: a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE-D), a Distribuidora Gaúcha de Energia Elétrica (AES-Sul) e a Rio Grande Energia (RGE). Devido ao PEE, existem diversos projetos de eficiência energética ocorrendo no Estado por meio das concessionárias (quadro a seguir). NÚMERO DE PEE POR EMPRESA Empresa Número de PEE (aproximado) AES-Sul 93 CEEE-D 20 RGE 29 Fonte: ANEEL. PEE NO RS COM RESULTADOS SIGNIFICATIVOS Projeto Empresa Tipologia CEEE-D na Comunidade 2008 (finalizado) Atendimento Comunidades de Baixo Poder Aquisitivo (finalizado) Baixa Renda 3 (finalizado) Baixa Renda IV (ativo) Projeto Baixa Renda VI (finalizado) Atendimento Comunidades de Baixo Poder Aquisitivo Fonte: ANEEL Energia Economizada (GWh/ano) CEEE-D Baixa Renda 10.598,04 CEEE-D Baixa Renda 7.542,29 AES-Sul Baixa Renda 46.121,81 AES-Sul Baixa Renda 28.818,1 RGE Baixa Renda 13.127,44 RGE Baixa Renda 8.285,32 Alguns PEEs executados no RS que obtiveram uma economia de energia significativa estão reunidos no quadro a seguir. Mais informações sobre os PEEs podem ser obtidas no sítio da ANEEL. Além dos PEEs, o Rio Grande do Sul possui um grande número de ESCOS, além disso, o setor de consultoria energética está se tornando tendência no mercado energético. Espera-se que, com o PNEf, o Estado do RS obtenha medidas políticas regionais de eficiência energética nos próximos 10 anos e que a conservação de energia faça parte da cultura energética regional. Objetivo do Projeto Eficientização energética em clientes de baixa renda e número de inscrição social, por meio da substituição de geladeiras e lâmpadas ineficientes por equipamentos de alto rendimento. Proporcionar o uso racional da energia elétrica, por meio da substituição de equipamentos de baixo rendimento, bem como por meio da conscientização da população com palestras e atividades lúdicas. O projeto objetiva promover a eficientização em comunidades de baixo poder aquisitivo por meio da substituição de lâmpadas, geladeiras, chuveiros, ações de conscientização e regularização de consumidores. O objetivo do projeto é promover a eficientização de 50.000 unidades consumidoras de baixo poder aquisitivo, por meio da substituição 210 mil lâmpadas, 3.960 geladeiras e 7.800 chuveiros, além da instalação de 400 coletores solares para aquecimento d água. Promover a eficientização em comunidades de baixo poder aquisitivo por meio da substituição de lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes compactas, substituição de equipamentos ineficientes e adequação de entrada de energia elétrica. Promover a eficientização em comunidades de baixo poder aquisitivo por meio da substituição de lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes compactas, substituição de equipamentos ineficientes e adequação de entrada de energia elétrica.