Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária PHD 2537 Água em Ambientes Urbanos Seminário Taxa de Drenagem Urbana O que é? Como Cobrar? Maíra Simões Cucio Nº USP: 5621990 Novembro de 2009
Introdução Proximidade das populações humanas com corpos dágua condição de segurança que também trazia riscos. Cidades se formaram e com elas veio a necessidade de concepção de sistemas de drenagem, diante da impermeabilização do solo. Sistemas de drenagem são imprescindíveis para a manutenção da qualidade de vida nas cidades Para que a drenagem urbana se torne sustentável, é preciso buscar novas formas de captação de recursos, a fim de se conseguir a sustentabilidade financeira do sistema de drenagem
Financiamento dos Sistemas de Drenagem Urbana Implantação de manutenção dos sistemas de drenagem requerem mobilização de grande aporte de recursos financeiros No Brasil, a drenagem urbana é financiada por uma parcela do orçamento do município, através do IPTU Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana. Como a drenagem não é percebida como prioridade política, seu orçamento não condiz com suas necessidades Lei federal 9.433 Política Nacional de gerenciamento de Recursos Hídricos possibilita a cobrança de uma taxa para disposição de águas pluviais provenientes da drenagem em corpos d água.
Financiamento da Drenagem Urbana A impermeabilização do solo onera o sistema de drenagem, propiciando a ocorrência de enchentes (Baptista e Nascimento, 2002). O serviço é oferecido igualmente para todos os usuários, no entanto, os usuários sobrecarregam o sistema de drenagem de forma desigual (Gomes, Baptista, Nascimento, 2008). Drenagem urbana produz externalidades: alteração do regime hidrológico, poluição de meios receptores, assoreamento, contaminação de populações ribeirinhas, dentre outros (Baptista e Nascimento, 2002). A aplicação de uma taxa visa a sustentabilidade financeira para manutenção e operação do sistema, e não para internalização de externalidades geradas pelo sistema de drenagem.
Taxa de Drenagem Urbana Aplicação da taxa como forma de sinalizar ao usuário um valor para os serviços de drenagem e que estes custos variam de acordo com a impermeabilização do solo (Gomes, Baptista, Nascimento, 2008). Uma propriedade impermeabilizada gera 6,33 mais volume de água que uma propriedade não impermeável, ou seja, sobrecarrega o sistema de drenagem 6 vezes mais (Tucci, 2002) Neste contexto, é prudente considerar a cobrança individualizada por impermeabilização do solo, tornando a cobrança de mais fácil aplicação, pois o usuário poderá compreender a base física através da qual a taxa é calculada (Cançado, Nascimento e Cabral, 2006)
Taxa de Drenagem Urbana A cobrança da taxa permite também uma distribuição mais justa dos custos de provisão do sistema, onerando mais os usuários que sobrecarregam mais o sistema (Gomes, Baptista, Nascimento, 2008). Metodologias de cálculo Durante a pesquisa, 7 foram encontradas apenas na literatura brasileira. A seguir, serão apresentadas as mais relevantes, expondo os cálculos utilizados para se definir o valor da taxa de drenagem
Metodologia de Tucci Baseia se em expressões matemáticas de rateio dos custos de operação e manutenção do sistema de drenagem (Tucci, 2002). Para isso, aplica se a seguinte fórmula: Tx = ACui/100 x (28,43 + 0,632i1) Onde: Tx = Taxa a ser cobrada, em R$, por imóvel; A = Área do lote em m²; I1 = Percentual de área impermeabilizada do imóvel; Cui = Custo unitário das áreas impermeáveis, em R$/m², sendo obtido pela fórmula: Cui = 100Ct/ Ab(15,8 + 0,842Ai) Onde: Ct = Custo total para realizar a operação e manutenção do sistema, em milhões de R$; Ab = Área da bacia em Km²; Ai = Parcela de área da bacia impermeabilizada, em %.
Custo médio Metodologia desenvolvida na UFMG pelo Prof. Nascimento. Implica o conhecimento de todos os custos do sistema de drenagem e na ponderação pelas áreas impermeáveis, inclusive de áreas públicas, cobertas pelo sistema de drenagem. CME = CT/( vj+vv) Onde: Vj = Volume lançado pelo lote na rede de drenagem vj = Volume produzido na área de lotes coberta pelo sistema VV = Volume produzido nas áreas públicas (vias, praças, etc) cobertas pelo sistema Pode se também relacionar o custo médio à impermeabilização do solo, através da seguinte fórmula: CME = CT/ ( aj + aiv) Onde: Aj = Área impermeabilizada do lote aj = Parcela de solo impermeabilizada pelos imóveis na área urbana coberta pelo sistema de drenagem aiv = Parcela do solo impermeabilizada pelas vias na área urbana coberta pelo sistema.
Vantagens e desvantagens da Implementação de uma Taxa de Drenagem Urbana Vantagens Sustentabilidade do sistema de drenagem Caráter Incitativo Base física torna a cobrança mais fácil Promoção da equidade: Sobretaxa para bacias que precisem de maiores investimentos Crédito para propriedades que tenham mecanismos de retenção/detenção Sobretaxa para residências em áreas inundáveis
Vantagens e desvantagens da Implementação de uma Taxa de Drenagem Urbana Desvantagens Brasil já tem uma carga tributária pesada, a criação da taxa enfrentaria críticas pesadas da opinião pública Dificuldade em se associar a um usuário uma parcela de escoamento superficial Dificuldade de percepção da contribuição individual na sobrecarga do sistema de drenagem
Santo André Exemplos de Municípios que aplicam Taxa de Drenagem Desde 1998, tem uma taxa especifica para a drenagem. Sabe se o custo total para manutenção do sistema por ano (cerca de R$6 milhões) e rateia se o custo entre os usuários de acordo com a impermeabilização do solo. Porto Alegre Desde 2000, uma lei cobra a manutenção da vazão pré urbanização para novos empreendimentos. Para empreendimentos já existentes, é cobrada uma taxa como forma de compensação pelos impactos gerados pela impermeabilização. Este custo fica entre R$7 e R$10 por mês por propriedade.
Conclusões Serviços de drenagem estão se tornando cada vez mais obsoletos diante da evolução da urbanização (demanda crescente), é imprescindível, portanto, a manutenção deste sistema Importância da aplicação de uma taxa de drenagem para a sustentabilidade do sistema de drenagem Individualização da cobrança possibilita ao usuário perceber seu impacto individual na sobrecarga do sistema de drenagem Caráter incitativo da taxa melhorias em longo prazo Promoção de equidade Importância como ferramenta de gestão
Referências Bibliográficas BAPTISTA, M. B. e NASCIMENTO, N. O. Aspectos institucionais e de financiamento dos sistemas de drenagem urbana. RBRH Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre: ABRH, vol. 7, n 1, p29 49, jan/mar 2002. CANÇADO, V., NASCIMENTO, N. O., CABRAL, J. R. Cobrança pela Drenagem Urbana de Águas Pluviais: Bases Conceituais e Princípios Microeconômicos. RBRH Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre: ABRH, vol. 11, nº 2, p15 25, abr/jun 2006 (1) CANÇADO, V., NASCIMENTO, N. O., CABRAL, J. R. Estudo da Cobrança pela Drenagem Urbana de Águas Pluviais por meio da Simulação de uma Taxa de Drenagem. RBRH Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre: ABRH, vol. 11, nº 2, p135 147, abr/jun 2006 (2) GOMES, C. A. B. M., BAPTISTA, M. B., NASCIMENTO, N. O. Financiamento da Drenagem Urbana: Uma Reflexão. RBRH Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre: ABRH, vol. 13, nº 3, p93 104, jul/set 2008. MARCON, H. VAZ JUNIOR, S. N. Proposta De Remuneração Dos Custos De Operação E Manutenção Do Sistema De Drenagem No Município De Santo André A Taxa De Drenagem. Anais do 20º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro. ABES, 1999. Disponível em: < http://www.bvsde.paho.org//bvsaidis//brasil20//ix 021.pdf> Acesso em: 14/11/2009 TUCCI, C. E. M. Gerenciamento da Drenagem Urbana. RBRH Revista Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre: ABRH, vol. 7, nº1. p5 27, Jan/Mar, 2002.