O Turismo de Habitação o seu papel no Programa de Promoção Conjunta Dr. Francisco Sampaio Presidente da ADETURN 1-Introdução Em primeiro lugar quero manifestar a minha satisfação por verificar que o Turismo de Habitação e o seu produto turístico - Solares de Portugal - vem assumindo cada vez mais a sua posição charneira em termos de" unique selling proposition " tal qual o dizíamos em 1989 e 1993, aquando do I Encontro Nacional. Referíamos então que o TER ( D. L. 256/86 de 27 de Agosto e D. R. de 5/87 de 14 de Janeiro) não se tinha afirmado, preferindo as definições trazidas pelo decreto Lei "51 /84 de 25 de Julho quando englobava no Turismo de Habitação as modalidades A e B. No fundo, repercutia no legislador o que lhe interessava - como elemento fundamental - o acolhimento feito pelo dono da casa. Não importava que se tratasse de uma casa antiga ou solar, de uma quinta ou casa rústica. Era uma actividade turística de natureza experimental feita a volta da casa do proprietário (natureza familiar), ligada a um alojamento com uma componente de recuperação patrimonial de natureza erudita ou rústica. Era o Turismo de Habitação. Era e é, será "Os Solares de Portugal". Sem prever entrar em assuntos reservados e tanto quanto sabemos a nova legislação hoteleira aponta para este turismo que em TH é vital como "marca" e, sobretudo, como "imagem". Então o que fazer ao TER? Sempre disse que não vejo incompatibilidade nestas duas designações desde que legislador as defina cabalmente sem margem para dúvidas. Assim e em meu entender o TER deveria interessar-se mais com estruturas físicas das motivações dos turistas, dando-lhe hipóteses de passar umas férias no Mundo Rural (legais) se esse for o seu desejo, do que compartimentá-lo em estruturas de gamas média e média alta e que tem como pressuposto uma arquitectura maior ou menor mas sempre de traça e um dono da casa que o recebe. Não lhe vou chamar elitista. Porém, não é este o exemplo que nos chega do estrangeiro onde o mundo rural embora com problemas, conseguiu em termos turísticos ultrapassar uma legislação que, pesem todas as suas virtualidades - Turismo de habitação - não se aplica à maior parte das nossas aldeias, mesmo às da Ribeira, quanto mais às da montanha. Em França os " chateaux" não têm nada a ver com "vacances à Ia campangne" englobadas num Turismo de Espaço Rural onde as escolhas são várias, para todos os gostos e para todos os preço: gite à Ia ferme, gite rural; meublé de tourisme; chambre d' hotel"; gite de groupe et d'etage; gite d' enfant"; "camping à Ia ferme"; villages de vacances etc, etc. O mesmo poderei dizer na Inglaterra onde a gama alta dos Hospitality - Inns ou Castles nada tem a ver com os Logis d' Angleterre - exemplo da oferta francesa de hoteis familiares ou mesmo com os célebres BB (Bed and Break-Fast), do campo ou das cidades (mesmo em Londres).
A notícia na revista Tecnotel dizendo "amies per sempre" a primeira fórmula de Bed and Breakfast em Espana e, concretamente em Barcelona, diz-nos que algo está a mudar! Aqui deixo o meu recado na certeza que mais vale legislar e enquadrar as motivações que contrariá-las. Por outras palavras mais vale alargar um pouco a legislação permitindo usufruir debaixo da designação TER - as pensões, Vilas Rurais, os parques de campismo, os restaurantes e as lojas, as casas de hóspedes, os nossos hotéis de I e II estrelas, as nossas albergarias que tê-las depois de muitos ofícios trocados entre DGT e empresários - como indústria paralela. Merecem este enquadramento, o apoio do novo OCA, para criar riqueza, sobretudo, repito no mundo rural, no interior cada vez mais pobre, cada vez mais deserto. 2. O QUE SÃO OS PROGRAMAS DE PROMOÇÃO CONJUNTA (PPC's) Surgem: Da necessidade de dinamizar a promoção turística tanto no mercado interno como nos mercados internacionais; De responder aos interesses específicos dos empresários que neles participam. 2.1 CONDIÇÃO PRÉVIA Estes programas (PPC's) assentam na ideia capital de colaboração/partenariado entre as entidades oficiais responsáveis pela promoção externa do turismo e "trade" turístico nacional. 2.2 REGRAS DE PARTICIPAÇÃO 2.2.1 Deverão participar as empresas, os grupos empresariais ou agrupamentos de empresas: serão considerados prioritários, os projectos apresentados por empresas com actividade complementar a nível regional e se destinem à promoção de marcas nacionais; 2.2.2 Duração mínima de 3 anos; 2.2.3 Deverão ter uma estratégia promocional e objectivos definidos a nível quantitativo de forma a poderem ser avaliados anualmente; 2.2.4 Acções a privilegiarem:. Realização de estudos e pesquisas de mercado;.realização de acções de promoção dirigidas, de divulgação de informação,de comercialização de produtos e serviços e de relações públicas nos mercados;.aquisição de espaço publicitários em suportes físicos e nos meios de comunicação;.produção de material promocional especifico e que se destina aos objectivos do programa;.convite a profissionais envolvidos no fenómeno turístico, "opinion leade.rs.", jornalistas etc. 2.3- APOIOS FINANCEIROS 2.3.1 As comparticipações financeiras do ICEP poderão atingir:. 50% mercados internacionais. 33% mercado nacional 2.3.2 Apoios máximos anuais por projecto e por mercado. -25.000 Contos internacionais -10.000 Contos mercado nacional; 2.3.3 Participação financeira. Regiões de Turismo /CRT >15%. "Trade" >25% 2.4 CRITÉRIOS DE DECISÃO 2.4.1 Programas de carácter especifico e/ou orientados para segmentos ou nichos específicos de mercado; 2.4.2 Orientações estratégicas de:
. redução da sazonalidade e alargamento das temporadas turísticas. aumento da despesa média diária dos turistas;. diminuição da concentração regional; 2.4.3 Divulgação, promoção e consolidação de "marcas" e novos produtos/motivações 2.4.4 Produtos com elevados padrões de qualidade, no que respeita a estruturas hoteleiras e de animação envolvidas, do património histórico cultural, da prestação de serviços e que manifestam preocupações de inserção cuidada no ordenamento e espaço ambiental; 2.5 DOSSIER DE CANDIDATURA-DOCUMENTAÇÃO 2.5.1 Memória descritiva contemplando:. Objectivos gerais e específicos do programa;. Descrição das acções a realizar. Identificação dos participantes;. Mercados envolvidos e cidades onde as acções terão lugar;. Planificação das acções, incluindo datas de inicio e de conclusão do programa;. Reparticipação dos investimentos pelos participantes. 2.5.2 Protocolo que regula o relacionamento entre os diversos participantes - compromissos inerentes à execução orçamental e financeira do mesmo. 2.5.3 Identificação dos membros da comissão de Gestão-3 ou mais membros, entre os quais, o Delegado e/ou Delegado Adjunto do ICEP no mercado e um responsável de uma CRT envolvida) 2.54 Cópias de documentos de identificação jurídica e fiscal de todos os participantes; 2.5.5 Declaração de cumprimento de obrigações à Segurança Social de todas as empresas participantes. 3. ADETURN 3.1 O QUE É A ADETURN A região Norte é constituída pelas NUT's Minho, Lima, Cávado, Ave, grande Porto, Tâmega, Entre Douro e Vouga, Douro e Alto Trás-Os-Montes. Do ponto de vista turístico, a Região norte engloba as Regiões de Turismo do alto Minho, Verde Minho, Alto Tâmega, Serra do Marão, Douro Sul, Nordeste Transmontano e, ainda, parte dos concelhos pertencentes à Rota da Luz. Tem uma área de cerca de 21300 Km2 e uma população residente de 3 452 mil habitantes (1991), representa uma Região de elevado potencial turístico pela sua diversidade e complementaridade. Porém, todos reconhecemos que muito há a fazer para tratar convenientemente todo este "inventário de potencial idades", ou seja, o sermos capazes de assumir para toda a Região Norte uma boa galeria de pontos fortes (vamos esquecer/melhorar os pontos fracos!) capazes da criação de um ou mais produtos turísticos, que não serão únicos e homogéneos, antes, um produto compósito dos produtos temáticos que os enformam, permitindo prever um progressivo crescimento da procura e, paralelamente, a potencialização de uma oferta cada vez mais diversificada e flexível, garantindo um maior poder negocial e uma melhor adaptação a situações conjunturais.. Aproveitamento de recursos características pré-existentes, particularmente as de ordem natural e cultural;. Fortalecimento de uma "imagem" com destino "selectivo" não concorrencial de áreas de Turismo standardizado, para criativo aproveitamento da sua alargada diversidade de motivos;
- Motivos estes susceptíveis de utilização turística, posteriormente transformados em "produtos" mediante a sua conjugação com adequados componentes de "animação"; - Processo dinâmico - este dos produtos temáticos ou dos special interest (interesses especiais), o que exige um levantamento sistemático dos recursos da oferta - quer a nível de motivos, quer de estruturas, quer ainda de intenções de desenvolvimento - e a detecção simultânea de novas tendências da procura e do seu peso relativo;. Processo dinâmico, repito, que implica a articulação entre as diversas áreas geográficas que, sendo constituídas por quatro unidades com suficiente identidade, especificidade e, necessariamente, complementaridades, forjam todo o quadro matricial das potencialidades de desenvolvimento Turístico da Região Norte. Nasce assim a ADETURN como centro de reflexão e análise sobre as questões relativas ao Turismo na Região Norte, primeiro como gabinete técnico, depois como Associação. E afirmamos no nosso Plano de Actividades e no Seminário da nórférias/93, que para tal era necessário: a) Construção de uma Base de Dados com o Objectivo de obter um conhecimento actualizado dos recursos e potencial idades turísticas à escala regional, mormente:. Inventariação das potencial idades turísticas da Região Norte e da distribuição dos recursos e potencialidades turísticas da Região Norte e da distribuição dos recursos (património natural e cultural);. Caracterização dos recursos humanos do sector;. Compilação do material de investigação e divulgação existente;. Registo e classificação do investimento feito na Região nos diversos domínios da actividade turística;. Caracterização da oferta de alojamento na Região. b) Elaboração de um caderno de encargos para o plano de Desenvolvimento Regional ou seja, dar a conhecer os problemas e as potencialidades do sector de forma a possibilitar a articulação das estratégias de valorização e divulgação levadas a cabo pelas entidades responsáveis pelo sector. Das áreas a tratar referíamos, concretamente: - Definição de produtos turísticos à escala regional; - Definição de produtos com uma forte imagem e capacidade de identificação da Região; - Estudo de "vocações turísticas" nos diversos níveis de espaços sub-regionais e dos limites de desenvolvimento da oferta! procura turísticas, para além das quais sairão seriamente afectados equilíbrios sócioculturais ambientais; - Definição de pólos interactivos de atracção turística e de fixação. c) Renovação de acções específicas; d) Prestação de serviços de consultadoria. Tudo isto nos diz quanto há a fazer na Região Norte, em termos de divulgação da informação existente que há (dispersa e parcelar), sobretudo, em termos de sistematização. E isso é vital para se dar uma resposta aos quatro vectores de desenvolvimento turístico definidas pelo Governo: - Aumento da Qualidade da oferta - Melhoria do profissionalismo - Diversificação de produtos - Diversificação de mercados 4-0FERTA/PROCURA - O cunho antiquado de grande parte das nossas unidades hoteleiras;
- O aumento descontrolado da oferta; - A degradação da paisagem; - A perda de competitividade ; Uma promoção inadequada; - A recessão económica; - A diminuição da qualidade; - As taxas de juro; - A política monetária; serão algumas das razões estruturais e conjunturais que nos obrigam a repensar todo o quadro que a ADETURN aceitou como Associação para o Desenvolvimento do Turismo na Região Norte. Causas que estiveram na origem da diminuição da procura, na diminuição das taxas de ocupação e até na alteração dos mercados emissores que, normalmente, trabalhavam com a Costa Verde e com as Montanhas. Os quadros estatísticos de 1989 a 1992, provam exactamente que algo terá de ser feito. Por isso, a ADETURN quer assumir-se como interlocutora válida, junto das Regiões de Turismo e Associações Municipais que a enformam, junto da Tutela, sobretudo, junto do tecido empresarial, onde afinal se pode ganhar ou perder toda a aposta que fazemos ao potenciar os recursos turísticos, que afirmamos existirem na Região Norte. Por isso mudamos de estratégia. Em resposta ao que nos era solicitado e no"timing" que julgamos melhor apropriado para: - Um maior dinamismo na promoção; - Um maior rigor na produtividade; - Uma maior aposta na qualidade; - Atingimos outros mercados; - Actualização dos "produtos turísticos", já operacionais; - Melhoria significativa na área da educação e do profissionalismo, são algumas das apostas que gostaríamos de concretizar no nosso mandato. OS PROGRAMAS DE PROMOÇÃO CONJUNTA NA ADETURN Não vale aqui enaltecer as PPC's, nem o ICEP Respondem aquilo que era vital para o relançamento da nossa área promocional e encaixam perfeitamente nos objectivos que a ADETURN se propunha realizar. E tal qual como a ADETURN se propõe assumir o partenariado entre as instituições locais, centrais e privadas, também o ICEP ao avançar com os programas Promocionais Conjuntos, fá-lo desde que os PPC's reúnam a participação e intervenção de empresas ou grupos empresariais, instituições oficiais, Regiões de Turismo, ORT's, TAp/Air Portugal e outras empresas transportadoras e se façam em mercados considerados prioritários, estando a respectiva coordenação a cargo do ICEP E continua: Os PPC's deverão sempre corresponder aos interesses específicos e aspirações dos empresários que neles participam e destinam-se a complementar e potenciar, de forma activa, as acções promocionais que o ICEP; em articulação com as Regiões de Turismo, as ORT's e a TAP/air Portugal, continuarão a realizar em diversos mercados.
A ADETURN aceitou o desafio e apresentou oficialmente numa 1a fase, três PPC's: - Congressos e Incentivos para o Mercado alemão;. Cultura e Lazer para o Mercado EUA/Canadá; - Cultura e Lazer para os mercados interno e espanhol. O nosso trabalho consistiu na coordenação das diversas entidades sectoriais com vista à promoção turística em mercados seleccionados. Reconhecemos que não está um trabalho completo até porque a rotação dos técnicos neste primeiro ano de existência da ADETURN não permitiu a liderança necessária. Mas aqui estamos, de novo, agora reforçados com a vinda do Dr. Rui Terraseca para nosso Director Executivo a dizer ao ICEP e aos empresários que aceitámos este desafio, e iremos credibilizar os PPC's não só no aspecto técnico, como empresarial e institucional, da fragilidade que os mesmos possam apresentar. Para esta liderança, três desideratos são imprescindíveis: a) Que o ICEP aposte na ADETURN como forma de consertação para a promoção dos PPC's não só no aspecto financeiro, mas, sobretudo, no aspecto logístico e funcional (os mercados, os alvos, as marcas, as montras terão sempre a coordenação do ICEP; conforme legislação dos PPC's); b) Que Regiões de Turismo, Área Metropolitana do Porto, Associações de Municípios aceitem o carácter supra-municipal que a ADETURN, assume como interlocutora privilegiada para estimular a intervenção conjunta de toda a Região Norte como destino turístico de qualidade; c) Que os Empresários e Associações do sector, inclusive do TER, que corporizam o 'Trade" participem de uma forma activa em todos os PPC's. A ADETURN, estou certo, saberá dar resposta à confiança e ao desafio de que V. Exas. nos irão incumbir.