Atuação Responsável Os resultados obtidos com a aplicação do Programa Atuação Responsável, versão brasileira do Responsible Care, têm sido altamente positivos para as empresas, tanto A aplicação do Programa em termos de ganhos de desempen- Atuação Responsável tem auxiliado as empresas a ho como de imagem. O programa reduzir emissões, consumir menos recursos naturais e foi lançado em a aumentar a segurança. 1992 pela Abiquim e sua aplicação é obrigatória, desde 2001, para todas as empresas associadas à entidade. O levantamento realizado em 2007 pela Abiquim, com base em informações enviadas por 124 empresas sobre o seu desempenho nas áreas de saúde, segurança e meio ambiente, em 2006, mostra que as emissões de dióxido de carbono (CO 2 ) pelas indústrias químicas associadas à Abiquim chegaram a 363 quilos por tonelada de produto fabricado, mantendo-se praticamente estável em relação a 2005. No entanto, nos últimos seis anos, de 2001 a 2006, as emissões de CO 2 diminuíram 12,5%, como resultado, principalmente, da redução da queima de combustíveis fósseis pelo setor. O consumo de água em processos e produtos, de 3,7 m 3 por tonelada de produto fabricado, apesar de ter crescido 5% na comparação com 2005, foi reduzido em quase 45% entre 2001 e 2006. Houve também melhoria no transporte de produtos químicos. O número de acidentes caiu de 4,04 para 3,05 por fabricante, de 2004 a 2006, o que representa redução de 25% em três anos. Por 10 mil viagens, houve queda de 32% na ocorrência de acidentes, que passaram de 3,05 para 2,08. Houve também diminuição no volume total de resíduos gerados pelas indústrias, que passou de 10,05 kg por tonelada de produto, em 2001, para 8,06 kg/t em 2006, uma redução de 19,8% em seis anos. A disposição final de resíduos sólidos não perigosos, de 5,36 kg/t, apresentou redução de 25% em comparação com o volume registrado em 2001 e a geração de resíduos perigosos, de 2,70 kg/t, não tem sofrido grandes variações nos últimos anos. Emissão de Dióxido de Carbono Emissão de CO 2 (Kgt/produto) Os números referentes aos acidentes de trabalho com pessoal próprio não corresponderam às expectativas da Abiquim. A relação entre acidentes totais e os que 16 Relatório Anual 2007
provocaram afastamento de pessoal próprio apresentou elevação de 72%, passando de 0,18 em 2005 para 0,25 em 2006. Como resposta a essa situação, a Abiquim elaborou o "Manual de apoio para investigação de acidentes da indústria química: Técnicas de análise de causa-raiz", distribuído a todas as empresas associadas. Os dados sobre o desempenho das indústrias químicas associadas à Abiquim nas áreas de saúde, segurança e meio ambiente foram divulgados durante o 11º Congresso de Atuação Responsável, aberto pelo presidente do Conselho Diretor da Abiquim, Carlos Mariani Bittencourt, que destacou a importância do programa para a indústria química. O evento, realizado dias 28 e 29 de agosto, em São Paulo, atingiu recorde de público, com participação de mais de 500 pessoas, entre dirigentes e profissionais do setor, estudantes e lideres comunitários. No Congresso, foram discutidos temas como o planejamento estratégico do Atuação Responsável para 2020, o papel do Responsible Care no futuro da indústria química global, o modelo da União Européia para o registro e a avaliação de substâncias químicas, o modelo canadense de regulamentação e controle de produtos químicos, o processo de autoavaliação e o novo Verificar, a integração profissional de pessoas com deficiência e a visão do mercado de capitais em relação à sustentabilidade empresarial. Também foram realizados debates sobre a gestão de transportes, de riscos, de meio ambiente e de produtos. Em 2007, foi concluída a elaboração dos textos descritivos dos quatro níveis de implementação das 62 diretrizes que compõem a estrutura operacional do Programa e apresentam os padrões de atendimento nas áreas de saúde, segurança, meio ambiente, proteção empresarial, qualidade e social. O conteúdo do Atuação Responsável abrange os requisitos dos mais modernos sistemas de gestão empresarial. Com o novo processo de auto-avaliação, as empresas podem identificar o nível de implantação de cada diretriz do Programa. A auto-avaliação serve de base para a realização do sistema de verificação externa do Atuação Responsável, o Verificar. A auditoria, realizada Relatório Anual 2007 17
por equipes independentes, possibilita a certificação em diversos sistemas, como as normas ISO 9001, ISO 14001, NBR 16001 e OHSAS 18001, além de dar apoio para a empresa concorrer ao Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) A Abiquim realizou, em 2007, auditorias-piloto na Akzo Nobel, Petroquímica União, Suzano Petroquímica (atual Nova Petroquímica), Eka Chemicals, Carbocloro e Rhodia. O objetivo foi testar, aprimorar e consolidar os procedimentos da metodologia, garantindo a sua compatibilidade com as auditorias das normas de sistemas de gestão. Todas as informações relacionadas à aplicação do Atuação Responsável estão reunidas no Canal AR, no portal da Abiquim na internet, com o objetivo de facilitar o acesso das empresas associadas às ferramentas do Programa. Química verde A discussão internacional sobre as mudanças climáticas e em relação ao consumo de recursos naturais não-renováveis utilizados como matérias-primas é tema de interesse direto da indústria química mundial. A busca por alternativas passa pelo que se chama de "química verde", definida como o conjunto de pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos voltados a sintetizar produtos químicos a partir de bases renováveis. Participações internacionais O modelo do Atuação Responsável tem atraído o interesse de diversos países que adotaram o Responsible Care. Em 2007, a Abiquim apresentou o Programa na convenção anual da Associação da Indústria Química do México (Aniq), realizada em maio, e a diretores de empresas químicas do Peru, país que pretende adotar o Atuação Responsável como modelo para a reformulação de seu programa, que tem como base o Responsible Care dos Estados Unidos. No Brasil, a discussão envolve especialmente o uso de fontes energéticas e de produtos agrícolas. O tema está no centro da política governamental de promoção e estímulo de oferta de alternativas renováveis, principalmente de etanol e biodiesel. Diversos setores, incluindo universidades, centros de pesquisa e indústrias fornecedoras de produtos e serviços propuseram a criação da Rede Brasileira de Química Verde e a da Escola 18 Relatório Anual 2007
Brasileira de Química Verde. A discussão é estratégica, uma vez que Brasil possui vantagens competitivas importantes na produção de matérias-primas e de energia de fontes renováveis, tanto em quantidade como em variedade. Empresas associadas à Abiquim estão investindo fortemente no desenvolvimento de novos processos e produtos que utilizem fontes renováveis. Em 2007, foram anunciados investimentos em plantas de fabricação de polietileno, que utilizarão como matéria-prima o eteno obtido a partir de álcool de cana-de-açúcar. Essas iniciativas são pioneiras no mundo e não se limitam ao fornecimento de resinas termoplásticas, mas também de outros produtos de alto valor agregado para uso em cosméticos, alimentos e especialidades químicas, entre outros. Melhorias em transporte e distribuição O Sistema de Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade (Sassmaq) é um importante instrumento para a melhoria no armazenamento e transporte de produtos químicos no Brasil. Até o final de 2007, haviam sido avaliadas e aprovadas pelo sistema 535 filiais de empresas de transporte, das quais 240 tinham sido reavaliadas, conforme previsto no modelo ampliado do módulo rodoviário. Com o objetivo de garantir o alinhamento das avaliações e a qualidade das auditorias, a Abiquim realizou, em 2007, treinamentos de atualização para 97 auditores, além de ter feito a verificação de 45 processos de avaliação nos organismos certificadores credenciados. A globalização do SQAS O Grupo de Lideranças de Responsible Care (RCLG), do Conselho Internacional das Associações da Indústria Química (ICCA), aprovou a proposta feita pelo Conselho Europeu das Federações das Indústrias Químicas (Cefic) de globalização do sistema de avaliação de operadores logísticos da indústria química, o SQAS. A proposta foi defendida pela Abiquim, que estabelece para as suas associadas a obrigatoriedade do uso do Sassmaq, baseado no SQAS, para a qualificação de transportadores de produtos químicos perigosos no modal rodoviário. O uso do modelo SQAS na América do Sul trará benefícios para a indústria regional e contribuirá fortemente para a redução do número e da gravidade dos acidentes no transporte. Atualmente, apenas o Brasil e o Chile adotam o Sassmaq para a qualificação de operadores logísticos. Relatório Anual 2007 19
O módulo Estação de Limpeza do Sassmaq, destinado a reduzir o risco de acidentes durante o processo de descontaminação de tanques, foi publicado pela Abiquim em 2007. Para divulgar o novo sistema para as empresas associadas, transportadoras e empresas de prestação de serviços de limpeza de veículos e contêineres-tanque, a Abiquim promoveu um workshop, realizou apresentações em eventos e criou matérias informativas divulgadas na mídia especializada, entre outras ações. A Abiquim também intensificou ações relacionadas à capacitação dos motoristas, motivada pela comprovada importância do fator humano na prevenção de acidentes. Foram promovidos programas de treinamento para motoristas e coordenadores do Programa Olho Vivo na Estrada, utilizando a metodologia de análise das observações. Os treinamentos foram realizados em parceria com o Serviço de Segurança no Transporte do Sistema Nacional de Transporte (Sest Senat), com o apoio da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), da Associação Brasileira dos Distribuidores de Produtos Químicos (Associquim) e da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas (NTC). Desde a implantação, em 2005, do Programa Olho Vivo na Estrada, que visa prevenir atitudes inseguras no transporte, cerca de 4 mil profissionais foram treinados, até 2007, pelo Sest Senat. Devido aos resultados positivos do Programa na redução dos índices de falhas no transporte, o Ministério dos Transportes manifestou interesse em estender a metodologia para outros setores, como parte de um programa nacional de segurança no transporte de cargas e passageiros. A Abiquim realizou vários outros cursos relacionados à segurança nas atividades de transporte e distribuição, com destaque para os treinamentos sobre o uso do Manual para o Atendimento a Emergências com Produtos Químicos. Participaram do curso técnicos da defesa civil de diversos Estados, da central de operações da Policia Metropolitana de São Paulo (Copom), da Companhia de Engenharia de Tráfego, do Departamento de Operação do Sistema Viário do município de São Paulo, de concessionárias de rodovias, de empresas de atendimento a emergências e de órgãos de meio ambiente. Em 2007, os treinamentos passaram a ser realizados também em outros municípios do Estado de São Paulo. 20 Relatório Anual 2007
Orientações em emergências O Pró-Química, serviço de utilidade pública criado pela Abiquim em 1989, atendeu a mais de 23 mil pedidos de informação em 2007, relacionados, principalmente, a aspectos técnicos ou à legislação. O Pró-Química está estruturado para fornecer, por telefone, orientações sobre o transporte e o manuseio de produtos químicos, principalmente em situações de emergência. Bombeiros, polícia rodoviária, órgãos de defesa civil e ambiental, operadores logísticos e transportadores são os principais usuários do serviço, que opera 24 horas por dia, inclusive nos sábados, domingos e feriados. Do total de chamados recebidos pelo Pró-Química, 182 foram classificados como emergenciais, por estarem relacionados a acidentes ou vazamentos durante o transporte, e 355 foram classificados como incidentes diversos, por não representarem danos ou riscos ao meio ambiente. O transporte rodoviário respondeu por 394 do total de atendimentos classificados como emergenciais ou incidentes diversos. O Pró-Química utiliza o Manual para Atendimento a Emergências com Produtos Químicos, editado pela Abiquim, como base de informações para o atendimento. A publicação informa o número ONU e a classificação de risco de aproximadamente 2 mil produtos químicos, fornecendo orientações para as primeiras ações em casos de emergência. O manual explica como identificar um produto químico a partir do painel de segurança e dos rótulos de risco que, obrigatoriamente, são fixados nos veículos durante o transporte. Relatório Anual 2007 21