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Transcrição:

Diario de Pernambuco - PE A dor um mês após o parto Mães descobrem que filhos têm microcefalia semanas após o nascimento. Para médica, faltou atenção dos profissionais no início da epidemia Anamaria Nascimento A dona de casa Jéssica de Paula Salles, 18 anos, acompanhava apreensiva pela televisão as atualizações sobre os crescentes casos de microcefalia em Pernambuco. Com um filho recém-nascido, se solidarizava com as mães mostradas nas reportagens. Não imaginava que seria, dias depois, uma delas. Na primeira consulta com o pediatra de seu filho mais novo, então com um mês, a dona de casa recebeu a notícia de que ele tinha 32 centímetros de perímetro cefálico - parâmetro usado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para definir casos de microcefalia. Informada sobre a suspeita de que o filho podia fazer parte da epidemia que acomete o Nordeste, a mãe desabou. Casos de bebês que só foram identificados como casos suspeitos após o primeiro mês de vida têm chegado ao Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), uma das unidades de referência no Recife para o assunto. A microcefalia, que compromete o desenvolvimento do cérebro e pode causar problemas de aprendizado, locomoção e visão, por exemplo, é detactável ainda na gravidez ou no parto. No início, talvez algumas pessoas não estivessem em alerta. Agora, com a divulgação maior, médicos estão recuperando esses casos que passaram. A disseminação das informações tem feito os novos casos chegarem com maior rapidez ao hospital, explica a chefe da infectologia pediátrica do Huoc, Ângela Rocha. Na segunda versão do protocolo de investigação da microcefalia, a Secretaria Estadual de Saúde, acrescentou a notificação de gestantes - além da de bebês - para agilizar os diagnósticos. De acordo com o documento, quatro formas de detecção dos casos podem ser feitas: gestantes com manchas vermelhas na pele; no exame de ultrassom; no parto e pelo Registro na Declaração de Nascido Vivo (DN). Sem sintomas Jéssica, que não teve sintomas de zika vírus durante a gestação, conta que tem esperança de que a suspeita de microcefalia não seja confirmada. Eu acompanhei as notícias e não imaginava que meu filho também pudesse fazer parte das estatísticas, afirma.

Ela também é mãe de um menino de um ano e oito meses. Pernambuco é o estado com mais casos de microcefalia no país, com 646 notificações, de acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde. Em todo o país, são 1.248 casos suspeitos em 311 municípios de 13 estados e do Distrito Federal. O surto está concentrado no Nordeste, onde foram registrados 98% dos casos. Mais preocupante que a talidomida Diario de Pernambuco - PE A chefe do serviço de infectologia pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, Ângela Rocha, não pensa duas vezes ao dizer: a epidemia de microcefalia é um problema de dimensões ainda maiores do que o registrado com a talidomida. Estamos assistindo ao surgimento de uma geração de sequelados. O impacto será gigantesco, diz. A talidomida é um medicamento desenvolvido na década de 1950 que por anos foi usado por gestantes para combater enjoos. A droga, no entanto, interrompia o crescimento de membros dos fetos. Como consequência, cerca de 10 mil bebês tiveram malformação. Angela avalia que a microcefalia vai exigir uma série de adaptações nos serviços. Ela não tem dúvida de que o número de neuropediatras terá de ser ampliado e vagas nos serviços de especialidade - já tão difíceis de serem obtidas - terão de ser garantidas. Além do problema no desenvolvimento de cérebro, os bebês têm tendências a convulsões, limitações motoras e doenças de vista e audição. Isso significa que esses pacientes precisam ser acompanhados por oftalmologistas, otorrinos e fisioterapeutas. Além de serviços públicos terem de se adaptar e algumas regras precisam ser estabelecidas para garantir que pais e cuidadores não tenham uma queda muito significativa nos rendimentos. Isso porque a rotina de tratamento desses bebês é intensa. Na primeira fase, quando ainda não completaram três meses, o ideal é que façam exercícios de terapia ocupacional, mais tarde fisioterapia e neurologia. Pais terão de levá-los às consultas muita vezes durante o horário de trabalho. O impacto será emocional, econômico e social, disse Ângela. Já o pesquisador Rivaldo Cunha, da Fiocruz, afirma que o país está diante de uma tragédia sanitária atualmente: a circulação simultânea de três vírus transmitidos pelo Aedes aegypti (considerando dengue e chikungunya). Diario de Pernambuco - PE Exército entra hoje na batalha contra o Aedes Duzentos militares saem a campo com a missão de visitar 420 mil imóveis em 180 dias. Na primeira semana, oito bairros serão atendidos O Exército entra hoje na frente de batalha contra o Aedes aegypti no Recife. Duzentos homens das Forças Armadas iniciarão um trabalho em oito bairros - um em cada distrito sanitário - considerados críticos em volume de focos do mosquito que causa a dengue, febre chikungunya e zika vírus, que está ligado à epidemia de microcefalia.

Também hoje, o prefeito Geraldo Julio vai reunir o secretariado para analisar as ações realizadas até agora e anunciar os próximos passos do combate ao Aedes na capital. Durante 180 dias, as equipes do Exército deverão visitar 420 mil imóveis, em um trabalho que vai ser realizados todos os dias da semana, das 8h às 17h. Na primeira semana, os militares vão atuar em Santo Amaro, Campo Grande, Alto do Mandu, Iputinga, Areias, Pina, Alto José Bonifácio e Cohab. Nesta última localidade se registrou a maior concentração de focos de Aedes neste ano - 2.750 ao todo - um por Distrito Sanitário. A medida potencializa as ações educativas com a população, especialmente nos imóveis onde há resistência para o trabalho dos nossos agentes, afirma o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia. No Recife, 25.219 casos de dengue foram notificados de janeiro a 24 de novembro deste ano. Desses, 15.168 foram confirmados. Um caso de zika vírus e 112 de chikungunya foram confirmados na capital. Estima-se que cerca de 90% dos criadouros do mosquito estejam dentro das residências. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, outros 550 militares estão sendo capacitados para atuar na capital e outras regiões do estado. Ainda não há uma data definida para o início deste trabalho for a da capital. A parceria entre o Exército e a Prefeitura do Recife já foi colocada em prática no primeiro semestre. Através do trabalho conjunto, foram visitados 111.289 imóveis, superando a meta inicial de 90 mil. Reunião O prefeito Geraldo Julio convocou para hoje uma reunião com os secretários, dez dias dias depois de lançar o Plano de Enfrentamento ao Aedes aegypti. O encontro acontece às 9h, no gabinete de Geraldo Julio, no 9º andar da Prefeitura do Recife. Segundo a prefeitura, desde o lançamento do plano, diferentes setores e órgãos vêm atuando para reduzir os índices de infestação pelo Aedes. Entre as medidas adotadas estão mutirões para acabar com focos do mosquito e recolher entulhos, além das parcerias com o Exército, igrejas, estabelecimentos comerciais e sindicatos e a abertura de vagas de voluntariado através do Transforma Recife. Epidemia e promessas Diario de Pernambuco - PE A ajuda financeira do governo federal para o maior problema de saúde pública do Brasil permanece no campo da promessa. Quarenta e quatro dias depois de o governo de Pernambuco ter comunicado ao Ministério da Saúde sobre o aumento no número de casos de microcefalia no estado, a presidente Dilma Roussef veio ao Recife para anunciar o Plano Nacional de Combate à Microcefalia. A exemplo do que disse o ministro da Saúde, Marcelo Castro, cinco dias antes, em Gravatá, a presidente garantiu que não faltariam recursos para combater o zika vírus, transmissor da doença. A presidente não disse quando seria feita a liberação de verba. Muito menos quanto.

Promessas não vão frear o avanço da microcefalia no país. Já são 1.248 casos registrados no Brasil, espalhados em 13 estados e no Distrito Federal. São Paulo acaba de engrossar a lista: o primeiro caso suspeito contraído por um morador no próprio estado começou a ser investigado sábado. Pernambuco, com 646 registros, continua com o maior número, porque, de acordo com Ministério da Saúde, adotou protocolo próprio para notificar rapidamente os casos em várias unidades de saúde. O próprio ministério acredita que a subnotificação é grande tanto em estados do Nordeste quanto no Rio de Janeiro. A presidente convocou para amanhã uma reunião com os governadores do país no Palácio do Planalto. O encontro, às 17h, ocorrerá três dias depois da visita ao Recife e a expectativa não é das maiores com relação à liberação dos recursos. Mas todos os governadores precisam cobrar uma ação efetiva da presidente. A situação exige medidas urgentes. Não há mais tempo, portanto, para ficar apenas ouvindo promessas. O encontro será no mesmo dia em que o Conselho de Ética vai aprovar, ou não, o pedido de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o que pode ser protelado mais uma vez. Ainda amanhã, também será instalada a comissão especial que analisará o pedido de impeachment da presidente. Mas é importante que não haja desvio de foco do que hoje é o maior problema de saúde pública do país, com consequências sérias para uma geração de crianças. Se a saúde é um direito básico de todos, ela precisa vir antes das batalhas políticas e receber atenção redobrada. O governador Paulo Câmara (PSB) foi convidado por Dilma para ajudar os demais colegas. Vai fazer uma apresentação das providências que já foram tomadas em Pernambuco. Mas tanto ele quanto os demais, especialmente os do Nordeste, esperam ouvir mais do que palavras. Querem recursos para investir em tecnologia e resolver um problema que existe há mais de 30 anos. É quase inacreditável que existam vacinas e estudos para tantas outras doenças, enquanto o país não consegue derrotar um mosquito. A reunião de Dilma com os governadores será, portanto, um termômetro do quanto ela está ou não preocupada com as crianças e gestantes, que vivem em estado de pânico para não serem picadas pelo zika vírus. Se o encontro da presidente com os governadores não trouxer números, prazos e investimentos, poderá passar para a população a ideia de que ela apenas os convocou para Brasília, numa terça-feira como essa, para tentar mostrar força política e conseguir apoios contra o impeachment. Falta mais de um ano para as eleições municipais. E pouco mais de três para uma nova disputa presidencial - caso não haja impeachment ou cassação do mandato de Dilma Roussef pelo Tribunal Superior Eleitoral. Mas o país não pode parar em virtude de um projeto político, seja do PT ou da oposição, sob o risco de comprometer uma geração de bebês.

Diario de Pernambuco - PE O homem dos mil transplantes Cláudio Lacerda superou expectativas de transplante de fígado no estado em um ano difícil até para esse setor médico A equipe do médico Cláudio Lacerda, 62 anos, nunca viajou tanto a Petrolina como neste ano. Cerca de 20% dos fígados captados pela equipe dele ao longo de 2015 vieram do município do Sertão pernambucano. O número, diz o especialista, consolida Petrolina como grande polo fornecedor de órgãos no estado. O maior ainda é o Recife. Traduzidos, os dados revelam o lado cruel da epidemia dos acidentes de moto no estado. A maioria dos doadores são jovens vítimas do trânsito. O lado bom dessa notícia triste é a destinação dos órgãos captados. Centenas de pacientes que esperavam na fila de transplante de fígado ganharam vida nova. A equipe de Cláudio Lacerda conseguiu superar expectativas em um ano difícil até mesmo no que se refere à doação de órgãos. Aumentou o número de transplantes. Remou na contramão do país. Até agora são 111 transplantes. Até o final do ano deverão ser 125. Isso porque dezembro historicamente e inexplicavelmente é o mês com mais doações. Não arrisco hipóteses para justificar esse aumento no final de ano. Não sei porque isso acontece, pontua. A explicação para a situação andar capenga no resto do país, no entanto, existe. A população está menos sensível à doação diante da situação precária das unidades de saúde, piorada com a crise, reflete. O serviço dirigido por Lacerda, a Unidade de Transplante de Fígado de Pernambuco, conta com cerca de 20 profissionais de diversas áreas e atua no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, Jayme da Fonte e Imip. Trabalhamos com espírito de superação, avisa. Esse seria o antídoto contra a insensibilidade e a crise. A tarefa inclui embarcar em um avião de carreira ou da Secretaria Estadual de Saúde para buscar o fígado a ser doado onde quer que ele esteja, a qualquer hora. É preciso o diagnóstico de morte cerebral do paciente doador e a constatação, a partir de exames laboratoriais, de que o fígado não está doente, explica Lacerda. A fila à espera de um fígado tem cem pacientes. A maior parte é formada por homens, de variadas idades e classes sociais, em geral, com cirrose alcoólica ou provocada pelo vírus da hepatite C. Com exceção da região Sul, recebemos pacientes do Brasil inteiro. A nossa fila anda mais rapidamente. Não podemos calcular, no entanto, um tempo médio de espera. Vai depender da gravidade. Quanto mais grave, maior a prioridade, esclarece. O primeiro transplante feito por Lacerda aconteceu em 1993. Depois ele passou seis anos sem fazer esse tipo de intervenção até que recomeçou e não mais parou em 1999. Os bastidores dessa história ele conta no livro Acorde o governador, histórias de superação e vida em mil transplantes de fígado no Nordeste do Brasil. A obra, com 216 páginas, está à venda na Livraria Cultura do Shopping RioMar ou pelo site www.acordeogovernador.com.br. Custa R$ 50. Todo o dinheiro da venda é revertido para a Associação Pernambucana de Apoio aos Doentes de Fígado.

Cláudio Lacerda foi um dos homenageados nas comemorações dos 190 anos do Diario de Pernambuco. No último dia 17, recebeu o Prêmio Orgulho de Pernambuco, na categoria Saúde. Lacerda segue firme com seu trabalho. Para alívio de centenas de pessoas à espera de uma vida nova. Exército contra o aedes Jornal do Commercio - PE 07/12/2015-08:17 Duzentos homens do exército começam a atuar hoje em oito bairros do Recife para combater o aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, da chicungunha e da zika, esta última associada aos casos de microcefalia no Estado. Os militares devem visitar 420 mil imóveis na capital nos próximos 180 dias, acompanhados por agentes de controle de endemias. Na primeira semana, os trabalhos vão se concentrar nos bairros de Pina, Santo Amaro, Campo Grande, Alto do Mandu, Iputinga, Areias, Alto José Bonifácio e Cohab. As comunidades foram escolhidas por concentrar o maior número de focos do mosquito em cada um dos oito distrito sanitários do Recife. As localidades que receberão a ação serão definidas semanalmente, a partir dos resultados obtidos. Paralelo a esse trabalho, outros 550 integrantes do Exército estão sendo treinados para atuar nas demais cidades da Região Metropolitana e em 19 municípios do interior do Estado. A expectativa é que eles estejam aptos ao serviço até o final da semana. As visitas às casas serão feitas das 8h às 17h, inclusive aos domingos. Em maio, quando o Recife teve um pico nos casos de dengue, o Exército já havia sido chamado a ajudar no trabalho de combate ao mosquito por 30 dias, quando mais de 111 mil imóveis foram vistoriados. Hoje pela manhã, o prefeito Geraldo Julio também reúne o secretariado para fazer um balanço do que já foi realizado pelo município no combate ao aedes aegypti e apresentar novas ações, como o recrutamento de 500 voluntários do programa Transforma Recife para atuar na área de conscientização. Exército na batalha contra o Aedes Folha de Pernambuco - PE 07/12/2015-07:32 Hoje, das 8h às 17h, um efetivo de 200 solados vai reforçar o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika, na Capital pernambucana. Segundo a Prefeitura do Recife, os militares irão ajudar os agentes de saúde ambiental e controle de endemias (asaces) municipais durante um período de 180 dias. A expectativa é que 420 mil moradias distribuídas em oito bairros sejam visitadas. Nesta primeira semana, os soldados circularão simultaneamente por ruas de Santo Amaro, Campo Grande, Alto do Mandu, Iputinga, Areias, Pina, Alto José Bonifácio e Cohab - um por Distrito Sanitário. As visitas serão feitas de segunda-feira a domingo. A parceria entre a Prefeitura do Recife e Exército Brasileiro foi firmada no último mês de maio, e já alcançou 111.289 imóveis nos oito distritos sanitários da Cidade.

VIZINHO Já em Jaboatão dos Guararapes, a prefeitura pretende visitar imóveis que estejam fechados ou abandonados, e aqueles sem autorização dos proprietários, na busca da erradicação do mosquito no município. A ação foi comunicada no último sábado pelo prefeito Elias Gomes, respaldado pela aprovação de projeto de lei pela Câmara dos Vereadores, propondo as visitas com ou sem o aval dos donos das propriedades. Segundo o prefeito, a entrada forçada dos agentes sanitários, quando houver recusa, é importante para as ações de combate ao Aedes aegypit. A população também será convocada pelo Comitê Intersetorial de Mobilização, Combate, Prevenção e Controle ao Aedes aegypit de Jaboatão a se mobilizar contra a proliferação do Aedes, que pretende ampliar as ações ema ndamento e lançar novas frentes de combate. Cena Política Dilma e a zika Jornal do Commercio - PE 07/12/2015-08:17 A presidente Dilma veio ao Recife no sábado para anunciar ações de combate ao mosquito da zika. Só não disse quanto o plano vai custar. Tomara que não seja mais uma pedalada. As ações têm que ser rápidas. Verão é época de proliferação do bicho. Rapidez O assunto é sério. Os bebês que estão nascendo hoje vítimas da epidemia de microcefalia são filhos de mães que estavam grávidas no verão passado. A diferença agora é que sabemos a causa e, portanto, a solução. Mais uma crise para administrar. Voz do Leitor Sugestão Jornal do Commercio - PE 07/12/2015-08:17 O combate ao Aedes aegypti é uma grande oportunidade para nossos governantes e seus secretariados, adjuntos e comissionados mostrarem aos eleitores e cidadãos a que vieram. Seria bom se o chamamento a todos os cidadãos para o combate ao mosquito, se o exemplo começasse por eles. Imaginem o governador e o prefeito indo de casa em casa, colocando o remédio na água. Ou, pelo menos, mandariam para as ruas secretários, adjuntos, assessores e comissionados, para ajudar os demais voluntários. Afinal, a responsabilidades é de todos. E, deles, maior ainda, afinal recebem dos cofres públicos.

Desrespeito Registro a minha indignação com a equipe médica clínica do Hospital Unimed Recife 3, pois trataram meu pai de forma desumana, enquanto internado, sem dar importância ao sofrimento e sintomas dele e sem prestar esclarecimentos diagnósticos sobre o quadro clínico aos familiares. De que vale tanta tecnologia, tanto luxo, se não há respeito à vida? Angela Lopes, por e-mail Pela Metrópole Abreu e Lima contrata médicos Jornal do Commercio - PE 07/12/2015-08:17 A Secretaria de SAÚDE do Município de Abreu e Lima reabriu o prazo para inscrições na seleção pública simplificada que prevê a contratação de 50 médicos plantonistas de diversas especialidades para atuar, temporariamente, no hospital e maternidade local. Os interessados têm até a próxima sexta-feira (11) para se inscrever, na própria secretaria, na Rua São Cristovão, s/n, em Timbó. A reabertura se deve a mudanças no edital. Cartas e emails Sugestão Exemplo de gestão Diario de Pernambuco - PE O combate ao mosquito da dengue é uma grande oportunidade para nossos governantes e o secretariado mostrarem a seus eleitores a que vieram. Seria um grande exemplo e um chamamento a todos para o combate ao mosquito, se o exemplo começar por eles. Imaginem o governador e o prefeito indo de casa em casa colocando o remédio na água. Afinal a responsabilidades é de todos. E deles maior, afinal recebem dos cofres públicos. Silvan Matias - Olinda Negligenciados Microcefalia e Zika O zika vírus é um problema seríssimo que poderia ser evitado se o Brasil não banalizasse tanto os males que acometem os menos favorecidos. Dengue mata! Há décadas se sabe disso, mas nunca se combateu o mosquito com veemência, como nos EUA e Caribe. A microcefalia se dissemina e o caos segue seus passos. Franklin Santos Recife