Introdução ao Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edificações



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Transcrição:

Introdução ao Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edificações Documento elaborado pela Eletrobras/ Procel Edifica, Inmetro e CB3E/UFSC Rio de Janeiro, setembro de 2013. 1

O Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) Em 1984, o Inmetro, de forma pioneira, iniciou com a sociedade a discussão sobre a questão da eficiência energética, com a finalidade de contribuir para a racionalização do uso da energia no Brasil através da prestação de informações para auxiliar na decisão de compra dos consumidores. Inicialmente restrito à área automotiva, este projeto cresceu e ganhou status de Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), atuando principalmente na área de produtos consumidores de energia elétrica. Hoje é um amplo programa de conservação de energia, coordenado pelo Inmetro, que utiliza a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) para informar a eficiência energética dos produtos consumidores de energia comercializados no país. Sempre desenvolvido com a adesão voluntária dos fornecedores de produtos, o PBE ganhou dois importantes parceiros: A Eletrobras, através do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e a Petrobras, com o Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet). Com a promulgação da Lei 10.295, de 17 de outubro de 2001, conhecida como Lei de Eficiência Energética, e o Decreto 4.059, de 19 de dezembro de 2001, que a regulamentou, o PBE passou a fazer exigências relacionadas ao desempenho dos produtos no campo compulsório baseando-se no estabelecimento de índices mínimos de eficiência energética pelo Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE): O INMETRO será responsável pela fiscalização e pelo acompanhamento dos programas de avaliação da conformidade das máquinas e aparelhos consumidores de energia a serem regulamentados. Atualmente, o PBE tem desenvolvidos 28 programas, estando previstos, para os próximos anos, o aumento no número e na complexidade dos mesmos. Nesse contexto, cabe ressaltar que o Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf), em vias de 2

implementação por parte do Ministério de Minas de Energia, reforça a importância do PBE ao considerá-lo estratégico, junto com outras iniciativas, para se atingir as metas estabelecidas no Plano Nacional de Energia (PNE 2030). 1 A ENCE atesta a conformidade e evidencia o atendimento a requisitos de desempenho estabelecidos em normas e regulamentos técnicos e, em alguns casos, adicionalmente, também de segurança. Tem como principal informação a eficiência energética do produto cujo desempenho foi avaliado. 1 O Plano Nacional de Energia PNE 2030 é o primeiro estudo de planejamento integrado dos recursos energéticos realizado no âmbito do Governo brasileiro. Conduzidos pela Empresa de Pesquisa Energética EPE em vinculação com o Ministério de Minas e Energia MME, os estudos do PNE 2030 originaram a elaboração de quase uma centena de notas técnicas. 3

O Procel Edifica Desde 1985, o Procel desenvolve e apoia projetos na área de conservação e do uso racional de energia em edificações residenciais, comerciais, de serviços e públicas. Essas atividades incluem pesquisas e apoio à produção de novas tecnologias, materiais e sistemas construtivos, além de estimular o desenvolvimento de equipamentos eficientes, utilizados em edificações. Em conjunto, as edificações das classes residencial, comercial e poder público representam grande parte da parcela do consumo de energia elétrica no Brasil, atualmente cerca de 50% 2. Grande parte dessa energia é consumida para prover conforto ambiental aos usuários. O potencial técnico de economia em edificações existentes é estimado em 30%, enquanto que em prédios novos pode alcançar até 50%, ou seja, quando se considera a eficiência energética nas edificações desde a fase de projeto. Em resposta a esta realidade, foi criado, em 2003, o Procel Edifica, um subprograma do Procel que tem por objetivo desenvolver atividades com vistas à divulgação e ao estímulo à aplicação dos conceitos de eficiência energética em edificações, viabilizar a implementação da Lei de Eficiência Energética, no que concerne a edificações, e contribuir com a expansão, de forma energeticamente eficiente, do setor habitacional do país, reduzindo os custos operacionais na construção e utilização dos imóveis. A maioria das edificações apresenta grande desperdício de energia, por não considerar aspectos relativos às áreas de arquitetura bioclimática, materiais, equipamentos e tecnologias construtivas que permitam um melhor uso da energia sem abrir mão do conforto dos usuários. Para tanto, as soluções devem ser providas desde a fase do projeto arquitetônico, passando pela construção, até a utilização final. 2 Segundo o Balanço Energético Nacional 2013, publicado pela Empresa de Pesquisa Energética. 4

O Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edificações PBE Edifica O Decreto n 4059/2001, ao regulamentar a Lei n. 10.295/2001, criou o Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE) e, especificamente para edificações, o Grupo Técnico para Eficientização de Energia nas Edificações no País (GT-Edificações) para regulamentar e elaborar procedimentos para avaliação da eficiência energética das edificações construídas no Brasil visando ao uso racional da energia elétrica. O GT-Edificações criou, no final de 2005, a Secretaria Técnica de Edificações (ST- Edificações) com competência para discutir as questões técnicas envolvendo os indicadores de eficiência energética. Quando da criação da ST, a Eletrobras/Procel já havia lançado o Programa Procel Edifica, que foi então nomeado coordenador da ST. Desde 2003, através dele, já vinha sendo organizada a estrutura necessária para viabilizar as exigências do Decreto. Em 2005, o Inmetro passou a integrar o processo através da criação da CT Edificações, a Comissão Técnica onde é discutido e definido o processo de obtenção da ENCE. A partir daí, desenvolveu-se, no âmbito do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), os Requisitos Técnicos da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C) e o Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RTQ-R) e seus documentos complementares, como os Requisitos de Avaliação da Conformidade do Nível de Eficiência Energética de Edificações (RAC) e os Manuais para aplicação do RTQ-C e do RTQ-R. Figura 1 Linha do tempo do processo de construção do PBE Edifica 5

Os RTQ-C e RTQ-R contêm os quesitos necessários para classificação do nível de eficiência energética das edificações. O RAC apresenta os procedimentos para submissão para avaliação, direitos e deveres dos envolvidos, o modelo da ENCE, a lista de documentos que devem ser encaminhados, modelos de formulários para preenchimento, dentre outros. É o documento que permite à edificação obter a ENCE do Inmetro. Já os manuais contêm detalhamento e interpretações dos regulamentos técnicos - RTQ-C e RTQ-R - e esclarece algumas questões referentes ao RAC. Para facilitar o entendimento, os manuais são bastante ilustrados, com exemplos teóricos e de cálculo. A primeira versão do RTQ-C foi lançada em 2009. Atualmente encontra-se em vigor a Portaria Inmetro nº 372, de 17 de setembro de 2010, complementada pelas Portarias Inmetro n.º 17, de 16 de janeiro de 2012 e Inmetro nº 299 de 19 de junho de 2013. O RAC também foi lançado em 2009. A portaria em vigor, entretanto, foi publicada pelo Inmetro em 2013 sob o número nº 50, de 01 de fevereiro de 2013. Já o RTQ-R, lançado em 2010, é regido pela Portaria Inmetro nº 18, de 16 de janeiro de 2012. Figura 2 Linha do tempo das publicações de portarias do PBE Edifica 6

O processo para obtenção da ENCE A Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) é obtida mediante a avaliação da edificação a partir dos requisitos contidos nos regulamentos técnicos RTQ-C e RTQ-R e segundo as regras estabelecidas no RAC. Essa atividade é feita por um Organismo de Inspeção Acreditado (OIA) pelo Inmetro. A relação dos OIAs pode ser obtida no sítio eletrônico do Inmetro. O processo de etiquetagem é composto de duas etapas consecutivas - inspeção de projeto e inspeção da edificação construída ao fim das quais são emitidas a ENCE de projeto (facultativa para edificações existentes) e a ENCE da Edificação Construída, respectivamente. A inspeção de projeto pode ser feita segundo dois métodos prescritivo e simulação termoenergética, enquanto a inspeção da edificação construída deve ser feita através da inspeção amostral in loco. O método prescritivo para inspeção de projeto contém equações e tabelas que limitam parâmetros da edificação de acordo com o nível de eficiência energética. Já o método de simulação baseia-se na simulação termoenergética de um modelo do edifício real (proposto em projeto) e modelos de referência elaborados com parâmetros baseados no método prescritivo. A classificação é feita comparando-se os consumos anuais de energia elétrica obtidos nas simulações para cada modelo. A etiquetagem é voluntária e aplicável a qualquer edificação, exceto aos galpões industriais ou àquelas sem uso humano. No Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf) foi estabelecido o calendário da compulsoriedade do PBE Edifica sendo este até 2021 para prédios públicos, até 2026 para edificações comerciais e até 2031 para edificações residenciais. Atualmente o Grupo Técnico de Edificações do Ministério de Minas e Energia está trabalhando na elaboração do Plano para Compulsoriedade do PBE Edifica no setor público. As edificações comerciais, de serviços e públicos são avaliadas quanto ao desempenho de sua envoltória, e de seus sistemas de iluminação e condicionamento de ar. Podem receber uma ENCE geral, quando os três itens são avaliados, ou parcial, quando a 7

envoltória é avaliada separadamente ou combinada com um dos outros dois sistemas. Opcionalmente é possível avaliar outros itens da edificação que contribuem para o seu desempenho energético, como uso racional de água e emprego de inovação tecnológica, e receber uma bonificação na classificação da ENCE. Figura 3 ENCE geral de Projeto (a) e ENCE geral da Edificação Construída (b) para edificações comerciais, de serviços e públicos Já as edificações residenciais podem ser avaliadas em três escalas Unidade Habitacional Autônoma (UH), Edificação Multifamiliar e Áreas de Uso Comum - recebendo uma ENCE geral para cada uma delas e não havendo a opção de ENCE parcial. Nas UHs, que são casas ou apartamentos, são avaliados os desempenhos da envoltória - tanto na condição de verão, quanto na condição de inverno e do sistema de aquecimento de água. Também é possível obter bonificações. 8

Figura 4 ENCE geral de Projeto (a) e ENCE geral da Edificação Construída (b) para Unidades Habitacionais Autônomas A avaliação das edificações multifamiliares é feita a partir da ponderação das ENCEs dos apartamentos (UHs) que a compõe. Quanto às áreas de uso comum, a avaliação é feita tanto naquelas em que o uso é frequente onde se avalia a eficiência do sistema de iluminação artificial, das bombas centrífugas e dos elevadores quanto nas áreas de uso eventual nas quais são avaliados os sistemas de iluminação artificial e de aquecimento de água (banheiros, vestiários e piscinas), os equipamentos e a sauna. 9

Figura 5 ENCE geral de Projeto (a) e ENCE geral da Edificação Construída (b) para Edificações Multifamiliares Figura 6 ENCE geral de Projeto (a) e ENCE geral da Edificação Construída (b) para Áreas Comuns das Edificações Multifamiliares 10

As exigências contidas nos regulamentos técnicos são avaliadas por um Organismo de Inspeção Acreditado pelo Inmetro (OIA), de forma que este verifique as características projetadas e construídas da edificação para indicar qual o nível de eficiência alcançado por este. Iniciando o processo de etiquetagem, o solicitante encaminha ao OIA o pedido de avaliação, juntamente com os documentos exigidos, como projetos, declarações e memoriais descritivos. De acordo com o método de inspeção de projeto escolhido pelo solicitante, o OIA procederá à inspeção de projeto, avaliando a edificação segundo os critérios descritos nos regulamentos técnicos (RTQ-C ou RTQ-R). Ao final do processo ele emitirá a ENCE de projeto, caso tenha sido requerida pelo solicitante, e o relatório de inspeção. Esta ENCE será enviada ao Inmetro para seu registro em banco de dados específico. Uma vez concluída a construção, o que é evidenciado pela o alvará de conclusão da obra ou pela ligação definitiva com as concessionárias de energia elétrica e gás combustível, o OIA deverá proceder à inspeção in loco na edificação, verificando se as características que constaram no projeto foram corretamente atendidas. Uma atualização do projeto de acordo com o que foi construído pode ser realizada antes da inspeção, evitando alterações no nível de eficiência obtido. A inspeção da edificação construída é realizada pela amostragem dos ambientes e componentes, incluindo medições de dimensões e de propriedades dos materiais construtivos e conferência de aplicação de materiais e equipamentos especificados no projeto que foi avaliado. Ao final desse processo o OIA emitirá a ENCE da Edificação Construída e o relatório de inspeção. Esta ENCE também será enviada ao Inmetro para seu registro em banco de dados específico. Esta ação configura a finalização do processo de etiquetagem da edificação. Todas as edificações etiquetadas são publicadas pelo Inmetro em seu sítio eletrônico, no link: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/tabelas.asp. 11

Vantagens da ENCE A etiquetagem de edificações possibilita o conhecimento do nível de eficiência energética das edificações. Seu uso auxilia na busca e garantia de edificações mais eficientes possibilitando o crescimento econômico do país com controle do crescimento do consumo de energia. Para os consumidores, a etiquetagem torna-se uma ferramenta importante na tomada de decisão quando da compra de um imóvel, permitindo comparar os níveis de eficiência entre uma edificação e outra. Além disso, edificações mais eficientes promovem a redução do consumo de energia elétrica, gerando economia na fatura de energia durante toda a vida útil do empreendimento. A etiquetagem proporciona mecanismos para a contratação de projetos de novas edificações e a definição de requisitos de eficiência energética a serem incorporados nos processos licitatórios. Possibilita também, ao governo, conhecer o desempenho energético do parque edilício, estabelecer índices mínimos de desempenho para novas edificações e orientar políticas, programas e projetos para a promoção da eficiência energética das edificações brasileiras. Mais informações Para mais informações, sugerimos consultar os sítios eletrônicos do Procel Info, do Inmetro e do CB3E Centro Brasileiro de Eficiência Energética em Edificações. www.procelinfo.com.br/etiquetagem_edificios www2.inmetro.gov.br/pbe/ http://cb3e.ufsc.br/ 12