UNIVERSIDADE DO CONTESTADO PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL JAIME PEDRO FOLSTER



Documentos relacionados
DESENVOLVIMENTO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, GERAÇÃO DE EMPREGO E INCLUSÃO SOCIAL. XII Seminario del CILEA Bolívia 23 a 25/06/2006

Os Bancos e o Microcrédito Experiência com departamento especializado. O Caso CREDIAMIGO

POLÍTICA DE INVESTIMENTOS

PROJETO DE LEI Nº, DE 2008 (Do Sr. Antonio Carlos Mendes Thame)

RESOLUÇÃO Nº 752, DE 26 DE AGOSTO DE 2015

Microfinanças e Cooperativismo de Crédito

Pequenas e Médias Empresas no Chile. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Orientações sobre Micro Empreendedor Individual

MICROCRÉDITO E MICROFINANÇAS NO GOVERNO LULA

RELATORA: Senadora KÁTIA ABREU

PALESTRA: LINHAS DE CRÉDITOS.

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Edital TERMO DE REFERÊNCIA 01

O QUE É MICROCRÉDITO?

PROGRAMA TÉMATICO: 6214 TRABALHO, EMPREGO E RENDA

PREFEITURA MUNICIPAL DE PALMAS GABINETE CIVIL

RESOLUÇÃO Nº Parágrafo único. Não são considerados no cálculo da exigibilidade:

alimentos para o brasil APRESENTAÇÃO

PROGRAMA DE FINANCIAMENTO PARA O TURISMO

Pequenos Negócios no Brasil. Especialistas em pequenos negócios / / sebrae.com.br

BNB - Segmentação de Clientes

Cartilha do. Microempreendedor Individual. Microcrédito

Programa de Formalização do Micro Empreendedor Individual Sustentabilidade Social. Florianópolis - SC

O BOLSA FAMÍLIA E A SUPERAÇÃO DA POBREZA. Experiências do Banco do Nordeste: Programas Crediamigo e Agroamigo

RESOLUÇÃO Nº 4.000, DE 25 DE AGOSTO DE 2011

OS NEGROS NO MERCADO DE TRABALHO

PERFIL DOS ESTADOS E DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS: INCLUSÃO PRODUTIVA.

Microcrédito Produtivo Orientado

O Prefeito do Município de João Pessoa, Estado da Paraíba, faço saber que o Poder Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte lei:

gestão das Instâncias de Governança nas regiões turísticas prioritárias do país.

Redução da Pobreza no Brasil

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

APRESENTAÇÃO NO INSTITUTO DO VAREJO

Esclarecimentos sobre rentabilidade das cotas do Plano SEBRAEPREV

Universidade Livre para a Eficiência Humana. Desenvolver e valorizar o ser humano nas empresas e sociedade

alimentos para o brasil APRESENTAÇÃO

Estatuto das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Lei nº 9.841/99)

Recursos Próprios. Amigos e Familiares

MTE - SPPE SECRETARIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE EMPREGO

NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária

MPE INDICADORES Pequenos Negócios no Brasil

FEVEREIRO 2015 BRASÍLIA 1ª EDIÇÃO

ATIVO Explicativa PASSIVO Explicativa

Nova Estrutura de Dados de Crédito

Rede Brasileira de Produção mais Limpa

Especial Lucro dos Bancos

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE BRASÍLIA PÚBLICA

Fundos Garantidores de Risco de Crédito para Micro, Pequenas e Médias Empresas

O Plano Financeiro no Plano de Negócios Fabiano Marques

ANEXO 1 PROJETO BÁSICO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL DE ENTIDADES CIVIS DE DEFESA DO CONSUMIDOR

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O VIDA FELIZ FUNDO DE INVESTIMENTO EM AÇÕES CNPJ / OUTUBRO/2015

MMX - Controladas e Coligadas

Renda Fixa Privada Certificado de Recebíveis Imobiliários CRI. Certificado de Recebíveis Imobiliários - CRI

Edital 1/2014. Chamada contínua para incubação de empresas e projetos de base tecnológica

BNDES Prosoft. Programa BNDES para o Desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços de Tecnologia da Informação

Inclusão Financeira de Empreendedores Individuais, Micro e Pequenas Empresas: a visão dos sistemas organizados

Financiamento no Âmbito do Programa de Incentivo à Implementação de Projetos de Interesse Social - PIPS (Lei nº , de 2003)

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O SPINELLI FUNDO DE INVESTIMENTO EM AÇÕES CNPJ / SETEMBRO/2015

Administração Financeira e Orçamentária I

SEBRAEtec Diferenciação

PROJETO SETORIAL DO POLO DE TI&C DE SÃO CAETANO DO SUL E REGIÃO TERMO DE REFERÊNCIA

TERMO DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO DE CONSULTORIA ESPECIALIZADA

OPINIÃO DOS ATORES. Microcrédito, ocupação e renda Sérgio Moreira. Do microcrédito às microfinanças Monica Valente. Microcrédito

Parte V Financiamento do Desenvolvimento

INSTITUTO COMUNITÁRIO GRANDE FLORIANÓPOLIS - ICOM

TEMA: A importância da Micro e Pequena Empresa para Goiás

Elementos de Análise Financeira Matemática Financeira e Inflação Profa. Patricia Maria Bortolon

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº D, DE O CONGRESSO NACIONAL decreta:

1 - Por que a empresa precisa organizar e manter sua contabilidade?

MESTRADO 2010/2. As aulas do Mestrado são realizadas no Campus Liberdade, já as matrículas na área de Relacionamento.

REGULAMENTO DO FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITOS FGC ANEXO II Á RESOLUÇÃO nº DE

POLÍTICAS DE GESTÃO PROCESSO DE SUSTENTABILIDADE

INSTITUTO INTERAMERICANO DE COOPERAÇÃO PARA A AGRICULTURA. TERMO DE REFERÊNCIA CONS - OPE Vaga

Concurso Prof. Cid Roberto. Bancos Comerciais. Bancos Comerciais.

Estruturando o modelo de RH: da criação da estratégia de RH ao diagnóstico de sua efetividade

Ponto de vista. Metodologia para um índice de confiança. E expectativas das seguradoras no Brasil

Ministério da Fazenda

projetos com alto grau de geração de emprego e renda projetos voltados para a preservação e a recuperação do meio ambiente

Política de Suitability

Mapa da Educação Financeira no Brasil

COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO URBANO. PROJETO DE LEI Nº 4.992, de 2005

Sistema de Informações de Crédito do Banco Central Solidez para o Sistema Financeiro Nacional Facilidades para os tomadores de empréstimos

Prefeitura Municipal de Botucatu

Financiamento de Micro e Pequenas Empresas (MPEs) no Estado de São Paulo

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O K1 FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTOS MULTIMERCADO

TERMO DE REFERENCIA. Programa Pernambuco: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher

RESOLUÇÃO Nº 4.263, DE 05 DE SETEMBRO DE 2013 Dispõe sobre as condições de emissão de Certificado de Operações Estruturadas (COE) pelas instituições

V Seminário Banco Central sobre Microfinanças


EDITAL PARA SELEÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS 2015

Como funcionam as micro e pequenas empresas

Factoring - Fomento Mercantil

O FGTS TRAZ BENEFÍCIOS PARA O TRABALHADOR?

PROGRAMA IMPULSO JOVEM

COMISSÃO DIRETORA PARECER Nº 522, DE 2014

Francisco Paulo Pimenta Maria Tereza de Araújo Serra

NÚCLEOS DE EXTENSÃO EM DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL. PARCERIA MDA / CNPq. Brasília, 13 de maio de 2014

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Transcrição:

UNIVERSIDADE DO CONTESTADO PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL JAIME PEDRO FOLSTER MICROCRÉDITO PRODUTIVO E ORIENTADO COMO FERRAMENTA PARA FORMALIZAÇÃO DE EMPRESAS: ESTUDO DE CASO DO BANCO DO PLANALTO NORTE ENTRE 2000 A 2007 CANOINHAS 2010

JAIME PEDRO FOLSTER MICROCRÉDITO PRODUTIVO E ORIENTADO COMO FERRAMENTA PARA FORMALIZAÇÃO DE EMPRESAS: ESTUDO DE CASO DO BANCO DO PLANALTO NORTE ENTRE 2000 A 2007 Dissertação apresentada como exigência para obtenção do título de Mestre ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado, sob orientação do Prof. Doutor Walter Marcos Birkner Knaesel. CANOINHAS 2010

AGRADECIMENTOS Acima de tudo, agradeço a essa força incrível que existe dentro das pessoas e que está comigo todos os dias. Muitos a chamam por muitos nomes, e eu, simplesmente Deus. Aos meus pais, que me deram a vida, e somente agora, que sou pai, pude compreender o valor e importância que eles tiveram nessa passagem. Às minhas sete irmãs e aos meus amigos, que também foram os responsáveis por minha evolução e estabilidade na vida. E, como tinha de ser, a Ivânia, digo, a Mulher, que compartilha da minha vida e de nossos três filhos: Calil, Ian e Dara, e que agora são parte de mim. A todos do Banco do Planalto Norte que agora fazem parte da minha lista de amigos, em especial aos Agentes de Crédito: Berenice, Sandro, Toni, Viviane, e seu gerente, Nivaldo. Ao Badesc que patrocinou esta pesquisa e aos seus colaboradores, João José Wilson e Rodrigo Herval Moriguti e; ao Prof. Dr. Jacques Mich, que deram suas significativas contribuições. Aos professores Antônio Alfredo de Souza e Regina Carvalho que colaboraram com a revisão final e ao Mário Livramento, que mesmo mantendo-se em silêncio, foi minha fonte de inspiração sobre o tema. A todo o corpo docente do mestrado da UnC, que vem contribuindo para a evolução do conhecimento científico e que participaram dessa minha evolução - destaco as contribuições da Profª Drª Maria Luiza e do Prof. Dr. Walter Knaesel, meu orientador.

RESUMO FOLSTER, Jaime Pedro. Microcrédito produtivo e orientado como ferramenta para formalização de empresas: estudo de caso do banco do planalto norte entre 2000 a 2007. 2010. 99 f. Dissertação (Mestrado). Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional. Universidade do Contestado, Campus de Canoinhas. Abordar os efeitos da política de microcrédito produtivo e orientado para a formalização de empresas dos tomadores de crédito do Banco do Planalto Norte, tem como reflexão principal deste estudo. Conceitua o tema microcrédito e o contextualiza na história. Identifica e define os clientes informais e formais. A análise dos dados demonstrou que os recursos concedidos aos clientes antes informais que se formalizaram, contribuíram para o crescimento das atividades e, por extensão, contribuíram para a própria formalização. Este não foi, porém, o fato principal que os conduziu à formalização: ela se deu pela própria exigência da lei, dos órgãos de fiscalização, pela necessidade da emissão da nota fiscal, e há que se considerar, também, o sentimento do empreendedor de estar na legalidade. Além dos dados sobre a formalização, faz uma reflexão do microcrédito como ferramenta de transformação do atual modelo capitalista. O microcrédito produtivo e orientado faz parte de uma política pública que, entre outros, objetiva a inserção de pobres na economia. Este integra três fatores essenciais na construção de um novo modelo: os governos; a sociedade civil organizada, por meio das ONGs e OSCIPs e; o setor produtivo privado. É pela participação e trabalho em conjunto dessas forças, e de todos que fazem parte do mercado, que esse novo modelo poderá ser construído. Palavras chaves: microfinanças; microcrédito produtivo e orientado; formalização de empresas; Banco do Planalto Norte.

ABSTRACT FOLSTER, Jaime Pedro. Productive and oriented microcredit as a tool for formalization of business: case study of the north bank of the plateau between 2000 to 2007. 2010. 99 f. Thesis (Masters). Masters Program in Regional Development, University of Contestado Campus Canoinhas. Address the effects of policy-oriented and productive micro enterprise formalization of borrowers of the Bank of North Plateau, is the reflection of this study. It conceptualizes microcredit and gives a historical survey. It also identifies and defines the informal and formal customers. Data analysis demonstrates that the resources taken by informal customers who then legalized their business contributed to the commercial expansion and therefore to legalization itself. However, it was not the main reason for legalization. Other facts had impact such as law requirement, fiscal authorities, the need of issuing invoices and the entrepreneur s wish to be within the formal sector. Besides legalization data, it describes microcredit as a powerful tool to change capitalism as seen today. Productive and oriented microcredit is a public policy that aims to help poor people access formal economy. To build a new capitalism, there are three main factors that shall work together: governments, civil society and the private sector. Keys words: microfinances; productive and guided microcredit; formalização of companies; Banco do Planalto Norte.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Organograma do BPN...53 Gráfico 1 - Aplicação por finalidade no BPN em 2007...55 Gráfico 2 - Ramo de atividade dos empreendimentos...63 Gráfico 3 - Formação escolar do empreendedor...64 Gráfico 4 - Participação em organizações de classe...65 Gráfico 5 - Poder decisório e de gestão na empresa...65 Gráfico 6 - Expectativa de crescimento do empreendimento...66 Gráfico 7 - Local do empreendimento...66 Gráfico 8 - Mercado de atuação...67 Gráfico 9 - Controles de gestão: livro caixa, contas a receber e a pagar, receitas e despesas, controles de estoque...68 Gráfico 10 - Forma dos controles de gestão...68 Gráfico 11 - Conta corrente em bancos...69 Gráfico 12 - Obtenção de financiamentos, além do obtido no BPN...69 Gráfico 13 - Evolução do faturamento...70 Gráfico 14 - Número de empregos envolvidos...71 Gráfico 15 - Evolução operacional...71 Gráfico 16 - Importância do crédito recebido do BPN...72 Gráfico 17 - Intenção em registrar empresa antes de obter financiamento no BPN..73 Quadro 1 - Principais programas federais de emprego, trabalho e renda no Brasil..18 Quadro 2 - Linhas de crédito do Proger por setor de atividade...20 Quadro 3 - Linhas de crédito do Proger Urbano...20 Quadro 4 - Forma de distribuição do microcrédito...33 Quadro 5 - Distribuição das OSCIPs de microcrédito no Estado de SC...49 Quadro 6 - Organizações que compõem o Conselho do BPN...52 Quadro 7 - Síntese do perfil dos clientes pesquisados...63

LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Instituições habilitadas para atuação com os microempreendedores...29 Tabela 2 - Aplicação do microcrédito em SC...50 Tabela 3 - Número de habitantes por município na área de atuação do BPN...51 Tabela 4 - Número de habitantes por posto de atendimento do BPN...51 Tabela 5 - Recursos aportados pelo BPN - por fonte...56 Tabela 6 - Aplicação do BPN até 2007...56 Tabela 7 - Empréstimos por tipo de cliente...56 Tabela 8 - Relação total de contratos do BPN...59 Tabela 9 - Relação total dos clientes formais e informais Resumo...60 Tabela 10 - Relação dos clientes formais e valores contratados...60 Tabela 11 - Relação dos clientes informais e valores contratados...61 Tabela 12 - Clientes informais que se formalizaram - identificados pelos agentes de crédito...62 Tabela 13 - Importância do crédito recebido do BPN...72

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS A AMPLANORTE Associação dos Municípios do Planalto Norte Catarinense B BACEN BADESC BB BNB BNDES BPN Banco Central do Brasil Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina Banco do Brasil Banco do Nordeste do Brasil Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Banco do Planalto Norte C CDL CEAPE CEF CNPJ CODEFAT COFINS CPF CSLL Câmara de Dirigentes Lojistas Centros de Apoio aos Pequenos Empreendimentos Caixa Econômica Federal Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cadastro de Pessoa Física Contribuição Social sobre o Lucro Líquido F FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador I IBGE ICMS INSS IPEA IPI IRPJ ISS Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços Instituto Nacional do Seguro Social Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Imposto sobre Produtos Industrializados Imposto de Renda Pessoa Jurídica Imposto Sobre Serviços M MEI MTE Microempreendedor Individual Ministério do Trabalho Emprego

N NIRE Número de Identificação do Registro de Empresa O OIT ONG OSCIP Organização Internacional do Trabalho Organização Não Governamental Organização da Sociedade Civil de Interesse Público P PCPP PDI PIS PNMPO PROEMPREGO PROGER PRONAF Programa de Crédito Produtivo Popular Programa de Desenvolvimento Institucional Contribuição para o Programa de Integração Social Programa Nacional de Microcrédito Produtivo e Orientado Programa de Expansão do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador Programa de Geração de Emprego, Trabalho e Renda Programa Nacional da Agricultura Familiar S SCM SEBRAE SFN SPC Sociedade de Crédito ao Microempreendedor Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Sistema Financeiro Nacional Serviço de Proteção ao Crédito U UNO União Nordestina de Assistência a Pequenas Organizações

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...11 2 REFERENCIAL TEÓRICO...14 2.1 POLÍTICA PÚBLICA...14 2.1.1 Políticas públicas governamentais...16 2.2 MICROFINANÇAS, MICROCRÉDITO E MICROCRÉDITO PRODUTIVO E ORIENTADO...22 2.2.1 Os serviços financeiros...25 2.2.2 As instituições financeiras...26 2.2.3 O público alvo...33 2.3 BREVE HISTÓRICO DO MICROCRÉDITO...43 2.4 O MICROCRÉDITO NO BANCO DO PLANALTO NORTE...50 3 APRESENTAÇÃO DA PESQUISA...59 3.1 PERFIL DOS PESQUISADOS...59 3.2 RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO...62 3.3 ANÁLISE DOS DADOS...74 4 CONCLUSÃO...89 REFERÊNCIAS...91 APÊNDICE A - Questionário...95

11 1 INTRODUÇÃO Abordar os efeitos da política de microcrédito produtivo e orientado para a formalização de empresas dos tomadores de crédito do Banco do Planalto Norte, tem como reflexão principal deste estudo. Nos últimos anos, as variáveis macroeconômicas têm sido favoráveis à economia brasileira, visto que a inflação está baixa, a dívida externa vem tendo quedas significativas e o Risco Brasil vem caindo, além da balança comercial ter apresentado sucessivos superávits, fazendo com que o país tenha credibilidade em captar recursos externos. O ponto negativo, porém, é o Custo Brasil 1, principalmente para as micro e pequenas empresas, fazendo com que poucos empresários invistam neste setor. Fatores como a burocracia excessiva, dificuldade para abrir e fechar empresas e falta de acesso ao crédito são motivos que afastam os investidores e deixam de fora do mercado formal muitos empreendedores. Com o objetivo de resolver esses entraves, governos e organizações vêm trabalhando em conjunto, resultando o microcrédito uma dessas iniciativas. O microcrédito teve maior repercussão após o economista Muhammad Yunus, Prêmio Nobel da Paz em 2006, iniciar um movimento para disponibilizar recursos financeiros aos pobres em Bangladesh, um dos países mais desfavorecidos da Ásia, com a criação do Banco Grameen. Voltado para atender os que, a primeira vista, não oferecem nenhuma garantia de recuperação dos empréstimos e, por isso, eram rejeitados pelas instituições financeiras tradicionais. No contexto brasileiro, também os pobres, e mesmo empreendedores de atividades não registradas, os que trabalham na informalidade, também possuem acesso restrito a crédito. Pela Lei 10.735 de setembro de 2003 o governo federal vem incentivando o processo de inclusão de pessoas no sistema bancário. Foi, porém, pelo Programa de Microcrédito Produtivo e Orientado, instituído pela Lei 11.110, de abril de 2005 que se criou as bases de uma política pública para a 1 O Risco Brasil e o Custo Brasil são medidas hipotéticas de análise do Brasil, relacionadas, respectivamente, com o investimento financeiro e com o investimento produtivo, em comparação com o resto do mundo. Medidas comparativas do Brasil em relação a outros países, de forma a facilitar a decisão do investidor de trazer recursos para investir em ações ou títulos brasileiros ou na produção dentro do nosso País. Risco Brasil: leva em conta indicadores como o tamanho da dívida pública, a sua capacidade de pagamento, o tamanho do déficit público, a magnitude das taxas de juros e da taxa de câmbio e outros indicadores. É, em suma, a análise do grau de instabilidade econômica do país. Custo Brasil: é o custo de se produzir no Brasil. Fonte: http://www.espacoacademico.com.br/ 050/50cdominik.htm. Acessado em 24/03/2009.

12 disponibilidade de recursos aos empreendedores. O objetivo principal do programa é o de incentivar a geração de trabalho e renda entre os microempreendedores populares, criando condições para que estes tenham acesso ao crédito. O público alvo desse programa é, principalmente, o universo dos empreendedores que trabalham na informalidade, ou seja, que não possuem empresa registrada. Acredita-se que esta iniciativa é uma das saídas para que estes cresçam e formalizem suas empresas, tendo o governo maior controle sobre eles na economia. Neste sentido, parece oportuno constatar empiricamente essas informações no Banco do Planalto Norte (BPN), e com isso compreender melhor a eficiência do programa de microcrédito. O BPN é uma associação civil sem fins lucrativos, qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Está em atividade desde abril de 2000 e tem como objetivo promover o desenvolvimento econômico e social e combater a pobreza, conceder crédito por modelo alternativo visando à criação, crescimento e consolidação de empreendimentos de micro e pequeno porte, formais e informais. Esta organização, que é o resultado de uma ação do governo catarinense iniciada em 1999, disponibiliza o microcrédito para pessoas físicas e jurídicas, ou seja, informais e formais. Para os fins deste estudo, o registro da atividade nos respectivos órgãos oficiais, gerando o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), será a demarcação para a atividade formal. De forma contrária, aos empreendedores que não possuem o Cartão CNPJ serão classificados como informais. Partindo dessas informações, traçamos como objetivo geral desta pesquisa analisar os efeitos dos recursos do microcrédito produtivo e orientado, tomados pelos clientes informais do Banco do Planalto Norte (BPN), sobre a formalização de empresas, entre 2000 e 2007. Nossa pretensão neste estudo não recai sobre a quantidade de clientes do banco que se formalizaram, mas sim, sobre a contribuição do crédito para esta formalização. Assim, traçamos três objetivos específicos: a) Identificar e quantificar o número total de clientes da organização objetivando separar os clientes formais dos clientes informais; b) Pesquisar na organização os clientes que formalizaram suas empresas após terem contraído empréstimo, para saber se há relação entre crescimento e formalização; c) Investigar junto os tomadores de crédito o

13 crescimento de seu negócio em relação ao aumento do faturamento; do número de empregados; de clientes; expansão do mercado de atuação; diferenciação na gestão da empresa, para poder avaliar os benefícios dos recursos tomados. A presente pesquisa visa, de um lado, fornecer dados e conclusões que ajudem na tomada de decisões dos agentes públicos e privados que operam com programas de microcrédito e, de outro, como fonte de informações para futuros pesquisadores na área do desenvolvimento regional, em função do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado. Inicialmente foi realizado estudo bibliográfico, com a intenção de alcançar o entendimento de conceitos nas áreas econômica e social sobre microfinanças, especificamente sobre microcrédito produtivo e orientado. Buscaram-se, em textos acadêmicos e estudos estatísticos setoriais. O referencial teórico encontra-se no capítulo 2, no qual se expõe o tema sobre políticas públicas, e as políticas públicas governamentais de geração de emprego e renda no Brasil. Em seguida, os conceitos de microfinanças, microcrédito e microcrédito produtivo e orientado. O tema se desenvolve com a explanação do próprio conceito de microfinanças, cujas abordagens se dão em torno dos serviços financeiros ofertados, das instituições que oferecem tais serviços e do público alvo. Nesse tópico aborda-se não só a diferenciação dos clientes informais e formais, como também o conceito que o trabalho adotou. Ainda neste capítulo, faz-se um breve histórico sobre o microcrédito chegando-se a organização pesquisada: o Banco do Planalto Norte (BPN). Para se verificar empiricamente os efeitos do microcrédito produtivo e orientado sobre a formalização de empresas dos clientes do BPN, a pesquisa foi dividida em duas etapas: a) análise dos relatórios junto à organização, para identificar o universo a ser pesquisado; b) aplicação de um questionário com perguntas objetivas, que está apresentado no capítulo 3 apresentação da pesquisa. Para finalizar, no capítulo 4, as conclusões deste estudo.

14 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 POLÍTICA PÚBLICA A política consiste no [...] conjunto de procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e que se destinam à resolução pacífica dos conflitos quanto a bens públicos (RUA, 1998). O termo público é aqui caracterizado como sendo do coletivo; de todos. Vê-se a figura do Estado como sendo o principal responsável; se é do coletivo, porém, a esfera privada também deve ter participação. Embora as políticas públicas sejam de competência do Estado, não são decisões impositivas e injunções do governo para a sociedade, mas que envolvem relações de reciprocidade e antagonismo entre duas esferas. Portanto, mesmo considerando a primazia do Estado pela condução de políticas públicas, a participação ativa da sociedade civil nos processos de definição e controle da sua execução é fundamental para a consolidação da sua dimensão efetivamente pública (RAICHELIS; WANDERLEY, 2004, p.7) Ainda para definição do que é política pública e a diferença para com uma decisão política, Rua (1998) diz que: As políticas públicas (policies), por sua vez, são outputs, resultantes da atividade política (politics): compreendem o conjunto das decisões e ações relativas à alocação imperativa de valores. Nesse sentido é necessário distinguir entre política pública e decisão política. Uma política pública geralmente envolve mais do que uma decisão e requer diversas ações estrategicamente selecionadas para implementar as decisões tomadas. Já uma decisão política corresponde a uma escolha dentre um leque de alternativas, conforme a hierarquia das preferências dos atores envolvidos, expressando - em maior ou menor grau - uma certa adequação entre os fins pretendidos e os meios disponíveis. Assim, embora uma política pública implique decisão política, nem toda decisão política chega a constituir uma política pública. [...] Além disso, por mais óbvio que possa parecer, as políticas públicas são públicas - e não privadas ou apenas coletivas. A sua dimensão pública é dada não pelo tamanho do agregado social sobre o qual incidem, mas pelo seu caráter imperativo. Isto significa que uma das suas características centrais é o fato de que são decisões e ações revestidas da autoridade soberana do poder público. Faz-se essencial uma maneira diferente de conceber o que é público. É importante ultrapassar os interesses individuais para produzir transformações na

15 vida social. Não há mais como separar do Estado e do privado aquilo que é público: ambos têm responsabilidades distintas, mas são responsáveis ao mesmo tempo. Assim, as políticas públicas são formas de atuação dos governos e traduzemse em instrumentos reguladores do comportamento dos agentes econômicos. Elas são utilizadas pelo Estado para regular, mas também para intervir e incentivar, com vistas à construção de uma sociedade mais justa, mais humana, mais equilibrada e mais coesa. Silva (2007, p. 40) aborda a disseminação das políticas públicas, baseado em Dolowitz e Marsh (1996), propondo uma estrutura baseada em sete perguntas, conforme a sequência: a) por que há o engajamento na transferência de políticas?; b) o que é transferido?; c) quem está envolvido no processo de transferência de políticas?; d) de onde são obtidas as referências para a adoção de políticas?; e) há graus diferentes de transferências?; f) quais os fatores que constrangem a realização da transferência?; e ainda uma nova pergunta: g) como o processo de transferência pode levar ao sucesso ou fracasso da política? As seis primeiras perguntas [...] buscam identificar fatores que influenciaram a adoção ou não de determinadas políticas, arranjos institucionais, ferramentas, etc. de outras localidades ou tempo, fazendo do processo de transferência uma variável dependente de fatores a serem estudados. A nova pergunta considera o processo de transferência como variável independente e busca analisar seu efeito sobre o desempenho da política adotada. Os autores reconhecem que umas das principais dificuldades desse tipo de investigação está na definição sobre o que seria o sucesso ou fracasso de uma política, e propõem que seja perguntado aos gestores se a política alcançou os objetivos esperados (SILVA, 2007, p. 42). Face ao conjunto das condições e dos problemas identificados, as políticas públicas traduzem-se em preferências. Os governantes se defrontam com a necessidade de trabalhar a agenda institucional para produzir a agenda governamental. Dessa forma, a segunda questão com que se deparam é a seleção de um problema, de forma a produzir e implementar uma política ajustada aos objetivos, às limitações existentes e à respectiva dimensão temporal. Por tais fatos, a decisão daquela escolha depende, também, da sensibilidade pessoal e da filosofia política, assim como dos princípios de cada governante. Também definida por Silva (2000, p. 13), [...] a política pública é resultado de um demorado e intrincado processo que envolve interesses divergentes, confrontos

16 e negociações entre várias instâncias instituídas ou arenas e entre os atores que delas fazem parte. Em praticamente todas as definições de políticas públicas está presente a noção de publicidade, ou seja, políticas públicas são políticas que possuem como caráter central o fato de que as decisões tomadas e as ações implementadas são revestidas pela autoridade soberana do poder público. Não podem, assim, ser produzidas por atores privados, mas somente por atores públicos (parlamentares, gestores e técnicos do executivo) que detenham autoridade para tal (RUA, 1998). Os atores privados (ONGs, empresas, sindicatos, agências de financiamento) possuem capacidade de influir nas políticas públicas, embora não possam formulálas ou buscar implementá-las isoladamente, haja vista que, como citado anteriormente, esta é uma função específica do Estado. No entanto, pode-se dizer que atualmente atores políticos privados vêm desempenhando um papel maior na implementação de políticas públicas, por meio de parcerias firmadas com vários órgãos do Estado. Definido o que seja política pública, apresenta-se a seguir as principais políticas públicas governamentais que estão sendo implantadas no Brasil, notadamente na área de trabalho e renda. 2.1.1 Políticas públicas governamentais Historicamente as políticas públicas no Brasil foram mais caracterizadas pela ação do Estado em conceder benefícios do que inserir as pessoas para a permanência no mercado de trabalho. Nos últimos governos, iniciativas de ações objetivando tal inserção vêm se concretizando. Nesse contexto, a Constituição de 1988 surgiu como um marco na história da política social brasileira, ao ampliar legalmente a proteção social para além da vinculação com o emprego formal (IPEA, 2007, p. 8). O relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) faz uma análise das principais políticas sociais do governo federal no período entre 1995 e 2005, nas áreas da: a) seguridade social; b) previdência social; c) assistência social e segurança alimentar; d) saúde; e) educação; f) trabalho e renda; g) igualdade

17 racial; h) direitos humanos, justiça e cidadania e; i) desenvolvimento rural (IPEA, 2007). No decorrer deste estudo, destacaremos as políticas e programas de geração de emprego, trabalho e renda, mais especificamente as ligadas às microfinanças. É importante dar destaque para pontos abordados no mencionado relatório, a começar pelo grau de informalidade na população ocupada. Parte da população ocupada do país não está registrada em postos de trabalhos, nem desempregada, mas no exercício de atividades produtivas. A partir dessa constatação, o estudo divide os trabalhadores em dois grupos: a) núcleo estruturado do mercado de trabalho, que seriam os trabalhadores com carteira assinada (trabalho formal); b) núcleo pouco estruturado do mercado de trabalho, abrangendo os trabalhadores ativos sem ocupação, trabalhadores sem carteira assinada, autônomos, sem remuneração e aqueles localizados na construção para próprio uso e na produção para autoconsumo. Conclui-se que, embora pequeno, há um crescimento positivo de quase dois pontos percentuais no nível geral de formalização, dentro do núcleo estruturado, passando de 39% em 1995 para 41% em 2006, ou seja, há certa estabilidade na formalização dos trabalhadores. (IPEA, 2007, p. 197). É frente a um mercado de trabalho marcado pelo desemprego elevado, alto patamar de informalidade e por uma renda média baixa e mal distribuída que as políticas de emprego, trabalho e renda se organizaram a partir de meados da década de 1990 (IPEA, 2007, p. 200). Até então, as políticas de trabalho e renda no Brasil estavam desconexas, não estavam organizadas de forma a constituir uma única política. A partir da década de 1990 é que se criam as bases materiais para a organização das políticas de trabalho e renda. Em outras palavras, pode-se afirmar que está em construção no país algo que se poderia chamar de um Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda (SPETR), isto é, um conjunto de programas de governo dirigidos ao mercado de trabalho nacional, tendo em vista os objetivos de: i) combater os efeitos do desemprego (por meio de transferências monetárias como as previstas no seguro-desemprego); ii) requalificar a mão-de-obra e reinseri-la no mercado (por meio dos programas de qualificação profissional e de intermediação de mão-de-obra); e iii) estimular ou induzir à geração de novos postos de trabalho por meio da concessão de crédito facilitado a empresas e/ou trabalhadores que busquem algum tipo de auto-ocupação ou ocupação associada/cooperativada (IPEA, 2007, p. 200).

18 Dentre as políticas de trabalho e renda, segundo relatório do IPEA, o governo do presidente Lula mantém sete programas, conforme demonstrado no quadro abaixo. Programa Descrição Ano de início Abono salarial Benefício no valor de um salário mínimo anual, assegurado aos empregados que percebem até dois salários mínimos de remuneração mensal, desde que cadastrados há 5 anos ou mais no PIS/Pasep e que tenham trabalhado pelo menos 30 dias em um emprego formal, no ano anterior. Segurodesemprego Intermediação de mão-deobra/sine Qualificação profissional Primeiro emprego para juventude Geração de emprego e renda Economia solidária Assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado, em virtude da dispensa sem justa causa. Concedido em parcelas mensais, que variam de três a cinco, dependendo do número de meses trabalhados nos últimos 36 meses, para um período aquisitivo de 16 meses, ou seja: - três parcelas, se trabalhou pelo menos seis dos últimos 36 meses; - quatro parcelas, se trabalhou pelo menos 12 dos últimos 36 meses; e - cinco parcelas, se trabalhou pelo menos 24 dos últimos 36 meses. Captação de vagas nas empresas e encaminhamento de trabalhadores em busca de emprego. Oferta de cursos de qualificação profissional para trabalhadores desempregados ou em risco de desemprego e microempreendedores. Promoção do ingresso do jovem no mercado do trabalho por meio de qualificação profissional, estímulo financeiro às empresas contratantes, parcerias para contratação de aprendizes e apoio à constituição de empreendimentos coletivos pelos jovens. Concessão de crédito produtivo assistido a micro e pequenas empresas, cooperativas e trabalhadores autônomos. Apoio à formação e divulgação de redes de empreendimentos solidários, pelo fomento direto, mapeamento das experiências e constituição de 1989 (1970 para contas individuais). 1986: Trabalhador formal 1992: Pescador artesanal 2001: Trabalhador doméstico 2003: Trabalhador resgatado. 1977 1995 2003 1995 2003 incubadoras. Quadro 1 - Principais programas federais de emprego, trabalho e renda no Brasil Fontes: MTE; IPEA (2007, p. 201) Uma das dificuldades para a expansão de programas voltados à geração de renda era a falta de recursos financeiros. A regulamentação para o uso de recursos públicos de microcrédito produtivo orientado surgiu com a aprovação das Resoluções: CODEFAT nº. 449 em 29 de agosto de 2005 que criou uma linha de depósito especial do FAT (200 milhões de reais); e a nº. 3.310 de 31 de agosto de 2005 do Conselho Monetário Nacional que determinou a destinação de 2% dos depósitos à vista dos bancos comerciais para a aplicação em operações de

19 microcrédito, entendendo-o como qualquer operação de crédito de pequeno valor com destinação para diferentes finalidades. Esta última também chamada de exigibilidade apresentou um saldo médio disponível de mais de R$ 2 bilhões dos quais R$216 milhões estavam aplicados em microempreendimentos e R$825 milhões em consumo (fev/07) (PEREIRA, 2007, p. 5). A partir de 1995, os programas de geração de renda passaram a ser operacionalizados, inicialmente pelo Banco do Brasil (BB) e Banco do Nordeste do Brasil (BNB), tendo como foco os setores que tinham acesso restrito a crédito. A implementação desses programas foi feita por meio da abertura de linhas especiais de crédito a setores com pouco ou nenhum acesso ao sistema financeiro convencional, como micro e pequenas empresas, cooperativas e formas associativas de produção, além de iniciativas de produção próprias da economia informal (IPEA, 2007, p. 213). O Programa de Geração de Emprego, Trabalho e Renda (PROGER) 2 foi criado em 1994 pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT) para possibilitar o financiamento de setores geradores de emprego e renda e intensivos de mão-de-obra. O PROGER tem a finalidade de permitir o acesso ao crédito para a montagem, ampliação ou modernização de pequenos negócios, na cidade e no campo, prevendo ainda, a capacitação gerencial do beneficiário, acompanhamento e assistência técnica. A princípio estruturado com três programas: PROGER Urbano, PROGER Rural e o Programa Nacional da Agricultura Familiar (PRONAF) operava apenas quatro Linhas de Crédito. Ao longo dos anos, o Programa foi reestruturado, o número de linhas aumentou substancialmente e, em 2006, o PROGER já operava mais de 30 programas/linhas atendendo a diferentes segmentos sociais e diversos setores considerados prioritários pelo Governo. Com a nova estrutura dos Programas de Geração de Emprego e Renda, tornou-se difícil a visualização do direcionamento do conjunto dos programas/linhas para cada setor e, portanto, fez-se necessária uma divisão por setores de atividade, conforme demonstra o quadro abaixo. 2 Fontes: <http://www.mte.gov.br/codefat>; <http://www.bb.com.br; http:www.sine.mg.gov.br>. Acessado em: 09 jun. 2008.