RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DA MULHER AFRICANA

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Transcrição:

RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DA MULHER AFRICANA Principais Conclusões Junho de 2018 Este projecto é financiado pela União Europeia Um projecto executado por

Annexes O Relatório da Situação da Mulher Africana Junho de 2018 Este relatório desenvolveu-se e publicou-se no contexto do projecto relativo à Situação da Mulher Africana, implementado por um consórcio de oito parceiros. Autores: Anouka van Eerdewijk, Mariam Kamunyu, Laura Nyirinkindi, Rainatou Sow, Marlies Visser e Elsbet Lodenstein (KIT, Real Insituto Tropical) Consultora Editorial Principal: Caroline Kwamboka N. (IPPF, Federação Internacional para o Planeamento Familiar) Editora de língua inglesa: Margareth Ruth Gri iths Tradução ao francês: Tamarind Translations Tradução ao português: Tamarind Translations Design do relatório: Kapusniak Design, James Ngechu Foto da capa: Model: Adau Mornyang (South Sudan - Australia) Copyright: BGKI Identidade Visual: Radish Lab Este projecto é financiado pela União Europeia

Preâmbulo O Relatório Situação da Mulher Africana constitui um marco importante no projecto de três anos de campanha de defesa, comunicação e conscientização, centrado no aumento das contribuições da sociedade civil para promover a implementação dos quadros de políticas da União Africana. O projecto é implementado a nível global, continental, regional, nacional e subnacional por um consórcio que inclui a IPPFAR (Federação Internacional de Planeamento Familiar), a Rede Europeia da Federação Internacional para o Planeamento Familiar (IPPFEN), Organização das Primeiras-Damas Africanas contra HIV/AIDS (OAFLA), Deutsche Stiftung Weltbevoelkerung (DSW), Real Instituto Tropical (KIT), Deutsche Gesellschaft for Internationale Zusammenarbeit (GIZ), Faith to Action Network (F2A) e a Associação de Jovens Mulheres Cristãs no Quénia (YWCA). Dentro deste consórcio, o KIT liderou e trabalhou com uma equipa de Pesquisadoras Africanas para desenvolver o Relatório Situação da Mulher Africana. O consórcio trabalha em prol do desenvolvimento, da realização e da extensão de direitos e busca influenciar as normas legais e sociais por meio de maior transparência e pressão pública sobre os responsáveis. Embora existam mecanismos abrangentes para documentar o status de ratificação e domesticação de políticas como o Protocolo de Maputo e o Plano de Acção de Maputo; esta intervenção reconhece o potencial inexplorado de OSC, Jovens, Jornalistas, Parlamentares, Líderes Religiosos e Primeiras-Damas como mediadores e defensores; e aprecia sua capacidade latente de promover ainda mais a execução das disposições em vigor. O Relatório Situação da Mulher Africana fornece informações vitais que apoiam o fortalecimento dos esforços de advocacia das OSC. É o resultado de uma análise específica do contexto que monitora e relata os diferentes níveis de implementação dos principais instrumentos de direitos continentais. As descobertas fortalecem o conhecimento e a capacidade das OSCs e promovem a sua participação significativa nos processos de tomada de decisão. Com o aumento do acesso ao conhecimento e à compreensão das lacunas da política e contestações políticas, as OSCs, incluindo os jovens, estão mais bem preparadas para influenciar o posicionamento e a implementação de normas legais e sociais. Também estão melhor preparados e habilitados a responsabilizar os tomadores de decisão por seus compromissos políticos por meio de evidências e de uma voz mais forte da sociedade civil. O potencial para um impacto duradouro e de muito maior alcance na África é vasto. Os membros do Comité de Direcção do Projecto da Campanha Situação da Mulher Africana observam que as conclusões destacadas neste relatório justificam, adaptam e atendem ao perfil e às necessidades da Campanha Right By Her. Nosso maior desejo é que os profissionais de advocacia em toda a África utilizem esta prova baseada em evidências e desenvolvam ainda mais os instrumentos de aprendizagem, re-empacotando as informações em resumos de políticas e produtos de comunicação. É nossa sincera convicção de que um amplo espectro de partes interessadas em género, saúde, direitos e desenvolvimento utilizará estas conclusões em suas deliberações e reflectirá em soluções práticas de liderança, política, prática e inovação para o progresso da Aspiração 6 da Agenda 2063. Uma África cujo desenvolvimento é Dirigido pelas Populações,, Confiando no Potencial do Povo Africano, Especialmente de suas Mulheres e Jovens. Lucien Kouakou, Federação Internacional do Planeamento Familiar Região Africana Caroline Hickson, Rede Europeia da Federação Internacional de Planeamento Familiar Anouka van Eerdewijk, Instituto Real Tropical Angela Baehr, Deutsche Stiftung Weltbevoelkerung Peter Munene, Faith to Action Catherina Hinz, Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit Mame-Yaa K. Bosomtwi, Organização das Primeiras-Damas Africanas Contra HIV/SIDA Deborah Olwal-Modi, Associação de Jovens Mulheres Cristãs no Quénia Rika Sonia Ndimbira, Organização das Primeiras-Damas Africanas Contra HIV/SIDA Hannah Mekonnen, Organização das Primeiras-Damas Africanas Contra HIV/SIDA Caroline Kwamboka N., Federação Internacional do Planeamento Familiar Região Africana Emma Bowa, Federação Internacional do Planeamento Familiar Região Africana Stephanie Truille-Baurens, União Europeia A Situação da Mulher Africana Principais Conclusões Junho de 2018 i

Prefácio Os Estados Membros da União Africana são signatários de várias Convenções e Declarações Internacionais que buscam melhorar a saúde de mulheres, homens e crianças no continente. Embora já existam mecanismos abrangentes que documentam a situação em termos de ratificação e utilização do Protocolo de Maputo e do Plano de Acção de Maputo, poucas publicações e processos exploraram em pormenor como as abordagens de direitos e género são implementadas na prática, bem como os desafios que as OSCs enfrentam na mediação entre os responsáveis pelo dever e os detentores de direitos. O Relatório Situação da Mulher Africana comprometeu-se a documentar sistemática, analítica e contextualmente os desafios actuais e emergentes que continuam a sobrecarregar os portadores de direitos, apesar da existência de quadros políticos progressivos e protectores. Este conhecimento é vital para a advocacia baseada em evidências, a tomada de decisões importantes e o fortalecimento do diálogo entre intervenientes estatais e não-estatais. Acredito que este relatório fornecerá inspiração para todo o movimento de Igualdade de Género e SDRS em África, para reavivar a dinâmica de avanço e aceleração do ritmo de aplicação das disposições consagradas em nossos quadros e instrumentos continentais de políticas. O Relatório Situação da Mulher Africana previu consideráveis evidências analíticas sobre o impacto que o Plano de Acção de Maputo e o Protocolo de Maputo tiveram nas políticas sub-regionais e nacionais. É evidente que a domesticação de provisões é necessária para a melhoria da vida e dos meios de subsistência dos cidadãos do continente. Acredito sinceramente que este relatório ajudará bastante os tomadores de decisão, quer no domínio político como no social, a continuar a executar de forma mais consciente estas disposições para enfrentar as questões pendentes de SDRS em África. Espero sinceramente que este Relatório seja de grande utilidade para os formuladores de políticas, parlamentares, parceiros de desenvolvimento, mídia, jovens e cidadãos africanos em geral, como catalisador no trabalho continental de garantir, concretizar e ampliar os direitos das mulheres e meninas. Desejo assegurar a todos os leitores que a IPPFAR e os Membros do Consórcio ʺSoAWCʺ, apoiados por milhares de voluntários, defensores e funcionários, continuarão a cumprir a tarefa colossal de disseminar as conclusões e apoiar a utilização das mesmas em espaços de políticas em todo o continente. Quero agradecer também a todos os intervenientes estatais e não-estatais, à equipa de pesquisadores e ao grupo constituinte da sociedade civil em África pela sua inestimável participação durante a elaboração deste relatório. Gostaria de estender os meus sinceros agradecimentos a todos quantos contribuíram incansavelmente de diversas maneiras para elaborar este relatório. Atenciosamente, Lucien Kouakou Director Regional IPPF Região Africana ii A Situação da Mulher Africana Principais Conclusões Junho de 2018

Agradecimentos Este relatório sobre a Situação da Mulher Africana é um bom exemplo do que se pode conseguir quando se sobe nos ombros de gigantes. Reflecte as vozes, conquistas e coragem de mulheres e meninas em todo o continente que desafiam a discriminação e a desigualdade. Reflecte também o vasto conhecimento, experiências e esforços de inúmeras mulheres e meninas que estão profundamente comprometidas e empenhadas na concretização dos direitos das mulheres e meninas no passado, no presente e no futuro. Gostaríamos de expressar a nossa sincera gratidão à equipa de desenvolvimento do projecto, liderada por Matthias Brucker em 2016, quando da concepção do projecto State of the African Woman. Agradecemos sinceramente às diversas pessoas que foram contactadas, entrevistadas e que compartilharam informações, ideias e opiniões críticas que se revelaram imprescindíveis para este relatório. Estão incluídos os representantes e funcionários das diferentes Comunidades Económicas Regionais, bem como organizações de direitos das mulheres e de SDRS, activistas, líderes juvenis, organizações religiosas e líderes a nível continental, regional, nacional e comunitário. Somos também gratos aos 42 participantes do Workshop Regional de Investigação (5 a 6 de Dezembro de 2017, em Nairobi). A sua participação activa permitiu que este relatório fosse mais abrangente, fundamentado e aprofundado. Também agradeço de modo especial à Tabitha Griffith Saoyo e à Sofia Rajab-Leteipan por terem tomado anotações detalhadas das conversas importantes durante o workshop. A versão final do relatório beneficiou-se da leitura crítica e do feedback cuidadoso de quatro revisores externos. A este respeito, gostaríamos de estender o nosso apreço à Dra. Eunice Brookman-Amissah, Dra. Rose Oronje, à Sifisosami Dube e à Sofia Rajab- Leteipan. As suas análises, fornecidas num tempo muito curto, elevaram este relatório. Na elaboração deste relatório, as contribuições dos parceiros do consórcio também foram de grande valor, desde o esboço do relatório, passando as redacções iniciais e completas dos capítulos, até ao relatório final. Gostaríamos de agradecer a Emma Bowa, Anne Sizomu, Nathalie Nkoume, Cesaire Pooda, Bibiane Mbaye, Eunice Murambi, Mark Okundi, Tina Lubayo, John Robert Ekapu, Susan Wamarwa, Paulin Tra, Peter Munene, Vitalis Mukhebi, Hanna Mekonnen, Macharia Karanja, Gina Wharton, Julia Millauer, Lorena Fuehr, Rena Föhr, Alice Bridgwood, Andrea Oliveira, e aos seus colegas de suas respectivas organizações, pelas suas observações, ideias e opiniões elucidativas ao longo do processo. Ao longo da elaboração do relatório, Nathalie Nkoume e Peter Munene destacaram-se por fornecer orientações e instruções, que foram muito apreciadas. Tivemos a sorte de trabalhar com uma equipa central de pesquisadores apaixonados que criou este relatório. Rainatou Sow, Laura Nyirinkindi, Mariam Mamunyu, Elsbet Lodenstein e Marlies Visser, todos trouxeram uma vasta experiência, um elevado nível de ambição e uma mentalidade trabalhadora à nossa equipa. Há muito mais a dizer, mas agradecemos pela vossa energia e forma aberta como cooperaram connosco, e pela vossa disposição para aprender em conjunto, por forma a que todo o processo seja mais do que a simples soma das partes. Estamos igualmente gratos a Sandra Quintero pellas suas contribuições exaustivas na revisão documental e na fase inicial da redacção. Queremos também agradecer a Peguy Ndonko pelos seus esforços na colecta de dados inicial em uma das regiões. Um especial agradecimento a Margareth Roo Griffith pela edição completa do texto integral do relatório e pela sua maneira flexível e solidária de trabalhar. Agradecemos os esforços que fizeram Kaz Kapusniak, Rena Föhr e seus colegas, pela concepção e publicação do relatório. Estendemos um grande apreço a James Ngechu, cuja flexibilidade foi indispensável nas etapas finais da publicação do relatório. Agradeço também à Prof. Dra. Anna van der Vleuten, pelo apoio e aconselhamento diários e por proporcionar um lar académico. Anouka van Eerdewijk e Caroline Kwamboka N. A Situação da Mulher Africana Principais Conclusões Junho de 2018 iii

Índice Preâmbulo i Prefácio ii Agradecimentos iii Índice iv Lista de Figuras v Lista de Tabelas v Lista de Acrónimos vi Glossário viii Capítulo 1 Introdução 1 1.1 Contexto 1 1.2 O relatório da Situação da Mulher Africana e a campanha Right By Her 2 1.3 Porquê este relatório da Situação da Mulher Africana? 3 1.4 Público-alvo e Objectivos 4 1.5 Descrição do Relatório 5 Capítulo 2 Direitos das mulheres e raparigas e SDRS 6 Capítulo 3 Metodologia 9 3.1 Desenho do estudo e processo de pesquisa 9 3.2 Metodologia para as Comunidades Económicas Regionais 10 3.3 Metodologia para quadros jurídicos e políticas nacionais 11 3.4 Metodologia para estudos de caso 12 Capítulo 4 Direitos das mulheres e raparigas e SDRS na União Africana 14 4.1 O Protocolo de Maputo e o Plano de Acção de Maputo 14 4.2 Estratégias de mudança 17 Capítulo 5 Direitos das mulheres e raparigas e SDRS nas Comunidades Económicas Regionais 18 Capítulo 6 Violência baseada no género contra mulheres 22 6.1 Prevalência de GVAW 23 6.2 Compromissos e resposta exigida sobre a GVAW 24 6.3 Domesticação a nível nacional relativa a GVAW 25 Capítulo 7 Práticas Nocivas 29 7.1 Prevalência de práticas nocivas 30 7.2 Compromisso e resposta requerida sobre as práticas nocivas 31 7.3 Domínio à nível nacional sobre às práticas nocivas 32 iv O Estado da Mulher Africana Principais Resultados Junho 2018

Índice Capítulo 8 - Direitos reprodutivos e saúde sexual e reprodutiva 37 8.1 Questões críticas: Necessidade não suprida, mortalidade e morbidade materna e aborto inseguro 37 8.2 Compromissos e resposta necessária sobre direitos reprodutivos e SSR 39 8.3 Domínio à nível nacional sobre direitos reprodutivos e SSR 40 Capítulo 9 - HIV e SIDA 46 9.1 Prevalência de HIV e SIDA 46 9.2 Compromissos e resposta necessária ao HIV E SIDA 48 9.3 Domínio à nível nacional de HIV e SIDA 50 Notas finais 55 Anexos 58 Lista de Figuras Figura 1. As quatro principais áreas de direitos deste relatório, com as questões transversais 2 Figura 2. A SDRS das mulheres e raparigas e as quatro áreas de direitos neste Relatório da Situação da Mulher Africana 6 Mapa 1. Violência Baseada no Género contra a Mulher (3 indicadores) 26 Mapa 2. Práticas nocivas e MGF 33 Mapa 3. Casamento Infantil 35 Mapa 4. Financiamento do governo para a saúde como percentagem das despesas gerais do governo 41 Mapa 5. Garantia legal para acesso ao aborto seguro 42 Mapa 6. Não-discriminação baseada no HIV e legislação/política sobre testes voluntários 51 Mapa 7. Criminalização da transmissão intencional do HIV 52 Lista de Tabelas Tabela 1. Visão geral da estrutura do relatório da Situação da Mulher Africana 12 Tabela 2. Visão geral dos direitos das mulheres e meninas e compromissos e infraestrutura de igualdade de género nas CERs. 21 O Estado da Mulher Africana Principais Resultados Junho 2018 v

Lista de Acrónimos AADPD ACEWRC ACHPR ARV UA CAR CARMMA CEDAW CEN-SAD COMESA CSE OSC RDC EAC EANNASO ECCAS ECOFEPA ECOWAS UE FEMCOM MGF GVAW HIV ICESCR ICPD IGAD INGO IPPF IPPFAR IPV MARWOP NET MERF Declaração de Adis Abeba sobre População e Desenvolvimento Comité Africano de Peritos sobre os Direitos e Bem-Estar da Criança Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (CADHP) Terapia Anti-retroviral (TARV) União Africana República Centro-Africana (RCA) Campanhas para Erradicação do Casamento Prematuro e Redução da Mortalidade Materna Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Mulheres Comunidade dos Estados do Sahel-Saara Mercado Comum da África Oriental e Austral Educação Sexual Extensiva Organização da Sociedade Civil República Democrática do Congo Comunidade da África Oriental (CAO) Redes Nacionais da África oriental de Organizações de Serviços de SIDA Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) Associação das Mulheres Parlamentares da CEDEAO Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) União Europeia Federação de Associações Nacionais de mulheres Empresárias na África Oriental e Austral Mutilação Genital Feminina Violência contra a Mulher Baseada no Género Vírus da Imunodeficiência Humana Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD) Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento Organização Internacional Não-Governamental (OING) Federação Internacional para o Planeamento Familiar Federação Internacional do Planeamento Familiar Região Africana Violência nas Relações de Intimidade (VRI) Rede das Mulheres do Rio Mano em favor da Paz Quadro de Monitoria, Avaliação e Reporte vi A situação da Mulher Africana Principais Conclusões Junho de 2018

Lista de Acrónimos MPoA MTCT PAN ONG NOPSWECO PAC PITC PdA CER ROAJELF SAC SADC ODS SGBV SOAWC SOGIE SSR SRHR STI UMA NU UNHCR CSNU VCT OMS Plano de Acção de Maputo (PdAM) Transmissão Materno-Infantil (TMI) Plano de Acção Nacional Organização Não-Governamental Rede de Paz e Segurança para as Mulheres no Espaço da CEDEAO Cuidados Pós-Aborto (CPA) Aconselhamento e Testagem Iniciada pelo Provedor Plano de Acção Comunidades Económicas Regionais Benim e a Rede Oeste Africana de Jovens Mulheres Líderes Atenção ao Abortamento Seguro Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral Objectivo de Desenvolvimento Sustentável Violência sexual e baseada no género Campanha sobre a Situação da Mulher Africana Orientação sexual, identidade ou expressão de género Saúde Sexual e Reprodutiva Direitos em matéria de Saúde Sexual e Reprodutiva Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) União do Magrebe Árabe (Union du Maghreb arabe) Nações Unidas Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) Conselho de Segurança das Nações Unidas Aconselhamento e testes Voluntários (ATV) Organização Mundial da Saúde A situação da Mulher Africana Principais Conclusões Junho de 2018 vii

Glossário Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a inexistência de doenças ou enfermidades. Saúde Reprodutiva é um estado completo de bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de doenças ou enfermidades, em tudo o que se relaciona com o sistema reprodutivo, as suas funções e processos. A Saúde Reprodutiva implica, portanto, que as pessoas sejam capazes de ter uma vida sexual saudável e satisfatória, que tenham a capacidade de se reproduzir e a liberdade suficiente para decidir quando e como o querem fazer. Estão implícitos nesta última condição os direitos dos homens e das mulheres em serem informados e terem acesso a métodos de Planeamento Familiar seguros, eficazes, aceitáveis e exequíveis à sua escolha, assim como a outros métodos da sua escolha para regular a sua fecundidade que não sejam ilegais, e o direito ao acesso a serviços e cuidados de saúde apropriados que capacitem as mulheres para a gravidez e o parto e que proporcionem aos casais as melhores oportunidades de terem filhos saudáveis (Programa de Acção da CIPD, parágrafo 72, 1994). A saúde reprodutiva inclui também a definição de saúde sexual, cujo propósito é potenciar a vida e as relações pessoais e não só o aconselhamento e cuidados relativos à reprodução e às infecções sexualmente transmissíveis (Programa de Acção da CIPD, parágrafo 72, 1994). A saúde sexual é um estado de bem-estar físico, emocional, mental e social associado à sexualidade; não só a ausência de doença, disfunção ou enfermidade. A saúde sexual implica uma abordagem respeitosa e positiva da sexualidade e das relações sexuais, assim como a possibilidade de ter experiências sexuais gratificantes e seguras, livres de coerção, discriminação e violência. Para que a Saúde Sexual seja atingida e mantida, os direitos sexuais de todas as pessoas devem ser respeitados, protegidos e satisfeitos (OMS, 2006). x Direitos reprodutivos incluem certos direitos humanos que já foram reconhecidos nas leis nacionais, em documentos internacionais sobre direitos humanos e outros documentos de consenso. Esses direitos se ancoram no reconhecimento do direito básico de todo casal e de todo indivíduo de decidir livre e responsavelmente sobre o número, o espaçamento e a oportunidade de ter filhos e de ter a informação e os meios de assim o fazer, e o direito de gozar do mais elevado padrão de saúde sexual e reprodutiva. Inclui também seu direito de tomar decisões sobre a reprodução, livre de discriminação, coerção e violência, tal como expresso nos documentos sobre os direitos humanos (Programa de Acção da CIPD, parágrafo 7.3; ver também a revisão da ICPD +5). Os direitos sexuais, de forma similar, 'incluem certos direitos humanos que já foram reconhecidos em documentos internacionais e regionais sobre direitos humanos e outros documentos de consenso e nas leis nacionais' (OMS, 2006, actualizado em 2010 e OMS, 2015). xi Isto significa que: a aplicação dos direitos humanos existentes à sexualidade e à saúde sexual, constituem os direitos sexuais. Os direitos sexuais protegem os direitos de todas as pessoas na plena realização e expressão de sua sexualidade, usufruindo de sua saúde sexual, desde que respeitados os direitos do próximo e num âmbito de protecção contra a discriminação. xii Mais especificamente, os direitos críticos para a concretização da saúde sexual incluem: os direitos à igualdade e não discriminação; o direito de estar livre de tortura ou de tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes; o direito à privacidade, os direitos ao mais alto padrão possível de saúde (incluindo saúde sexual) e segurança social; o direito de casar e constituir família e de celebrar o casamento com o livre e pleno consentimento dos futuros esposos, e à igualdade no casamento e na sua dissolução; o direito de decidir o número de filhos e o intervalo entre nascimentos; o direito à informação e à educação; o direito à liberdade de opinião e de expressão; e o direito a uma compensação efectiva pelas violações dos direitos fundamentais. O exercício responsável dos direitos humanos exige que todas as pessoas respeitem os direitos dos outros. ʺSOGIEʺ refere-se à orientação sexual e identidade e expressão de género. Discriminação contra a mulher significa 'qualquer distinção, exclusão ou restrição ou qualquer tratamento diferenciado em função de sexo e cujos objectivos ou efeitos comprometam ou destruam o reconhecimento, gozo ou o exercício dos direitos humanos por parte das mulheres, independentemente do estado civil, e das liberdades fundamentais em todas as esferas da vida. (Protocolo de Maputo, Artigo 1) Mulheres significa pessoas do sexo feminino, incluindo meninas. (Protocolo de Maputo, Artigo 1) Criança significa um ser humano menor de 18 anos, mesmo se nos termos da lei nacional, atingir a maioridade mais cedo. (Carta Africana dos Direitos e do Bem-Estar da Criança, Artigo 2) Juventude ou jovens são definidos como todas as pessoas com idades entre os 15 e os 35 anos. (Carta Africana da Juventude, definições) Os adolescentes são indivíduos entre os 10 e os 19 anos, na fase de transição da infância para a vida adulta. Violência contra as mulheres significa todos os actos praticados contra mulheres que causam ou podem causar-lhes danos físicos, sexuais, psicológicos e económicos, incluindo a ameaça de praticar tais actos; ou impor restrições arbitrárias ou privações de liberdades fundamentais na vida privada ou pública em tempo de paz e durante situações de conflitos armados ou de guerra (Protocolo de Maputo, Artigo 1). viii A situação da Mulher Africana Principais Conclusões Junho de 2018

Glossário Violência contra a mulher baseada no género refere-se a todos os actos perpetrados contra as mulheres que causam ou podem causar-lhes danos físicos, sexuais, psicológicos e económicos, incluindo a ameaça de praticar tais actos; ou empreender a imposição de restrições arbitrárias ou privações de liberdades fundamentais na vida pública ou privada em tempos de paz e durante situações de conflitos armados ou de guerra', e diz respeito a 'violência dirigida contra as mulheres porque ela é mulher ou afecta mulheres desproporcionalmente (combinando as definições sobre violência contra as mulheres do Protocolo de Maputo, Artigo 1; e violência baseada no género das Recomendações Gerais Nº 19 e 35 da CEDAW). Violência sexual significa qualquer acto sexual não consensual, ameaça ou tentativa de realizar tal acto ou compelir alguém a praticar tal acto em uma terceira pessoa. Estes actos são considerados não consensuais quando envolvem violência, ameaça de violência ou coerção. A coerção pode ser o resultado de pressão psicológica, influência indevida, detenção, abuso de poder ou alguém tirando proveito de um ambiente coercitivo ou a incapacidade de um indivíduo de expressar livremente o seu consentimento. Esta definição deve ser aplicada independentemente do sexo ou sexo da vítima e do agressor e do relacionamento entre a vítima e o agressor (Directrizes sobre o Combate à Violência Sexual e suas Consequências em África, CADHP 2017, secção 3.1, definições). Violência sexual e baseada no género (SGBV) refere-se a qualquer acto que seja perpetrado contra a vontade de uma pessoa e se baseia em normas de género e relações de poder desiguais. Inclui violência física, emocional ou psicológica e sexual e negação de recursos ou acesso a serviços. A violência inclui ameaças de violência e coerção. A SGBV causa danos a mulheres, meninas, homens e meninos e é uma violação grave de vários direitos humanos (Guia de Emergência do ACNUR). Assédio sexual é assédio de uma pessoa por causa de seu sexo, como fazer avanços sexuais indesejados ou se envolver em práticas sexistas que causam à vítima perda de renda, angústia mental e outras. É uma forma de violência sexual. (ONU Mulheres. 2012. Glossário de termos das bases da programação e das seções de monitoramento e avaliação ). Tráfico de pessoas refere-se ao recrutamento, transporte, transferência, abrigo ou recebimento de pessoas, por meio de ameaça ou uso da força ou outras formas de coerção, sequestro, fraude, engano, abuso de poder ou uma posição de vulnerabilidade ou de dar ou receber pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tem controlo sobre outra pessoa, para fins de exploração. Exploração deve incluir, no mínimo, a exploração da prostituição de terceiros ou outras formas de exploração sexual, trabalho ou serviços forçados, escravidão ou práticas semelhantes à escravidão, servidão ou remoção de órgãos. (Protocolo para Prevenir, Suprimir e Punir o Tráfico de Pessoas, especialmente Mulheres e Crianças, complementando a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (2000); também conhecido como Protocolo de Palermo, Artigo 3a). Aconselhamento e testes Voluntários (ATV) é iniciado pelo cliente e refere-se a indivíduos que procuram activamente serviços de aconselhamento e teste de HIV porque desejam saber mais sobre a sua situação. Aconselhamento e Testagem Iniciada pelo Provedor (PICT) é um teste e aconselhamento para HIV recomendado pelos prestadores de cuidados de saúde a pessoas que frequentam instalações de cuidados de saúde como um componente padrão de cuidados médicos e com o objectivo de permitir que decisões clínicas sejam tomadas e/ou prestação de serviços médicos específicos. O PITC precisa ter uma opção de não participação, pois os pacientes têm o direito de recusar a recomendação de teste e aconselhamento para HIV, se não desejarem que o teste seja realizado. Testes obrigatórios ou forçados refere-se à testagem obrigatória de indivíduos, sem o seu consentimento informado. Testes obrigatórios foram relatados no contexto de pedidos de visto, triagem pré-contratação, bolsas ou pedidos de bolsas de estudo, fins de seguro ou empréstimos bancários, bem como para trabalhadores do sexo ou militares. O teste de HIV também pode ser obrigatório para mulheres grávidas, e também há tendências de testes pré-conjugais obrigatórios (de mulheres e homens). Transmissão materno-infantil (TMI) é a transmissão do HIV de mãe para filho durante a gravidez, trabalho de parto, parto ou amamentação. Práticas prejudiciais são todos os comportamentos, atitudes e / ou práticas que afectam negativamente os direitos fundamentais de mulheres e meninas, como seu direito à vida, saúde, dignidade, educação e integridade física. (Protocolo de Maputo, artigo 1g) Casamento significa uniões formais e informais entre homens e mulheres reconhecidas sob qualquer sistema de direito, costume, sociedade ou religião. (Comentário Geral Conjunto, p. 3) Noivado significa s um noivado ou uma promessa de casamento. Também pode se referir ao acto de prometer ou oferecer uma criança ou jovem em casamento, seja pelos pais, tutores ou ancião da família. (Comentário Geral Conjunto, p. 4) Livre e pleno consentimento no contexto do casamento implica acordo não coercitivo com o casamento, com total entendimento das consequências de dar o consentimento (Comentário Geral Conjunto, p. 4). O consentimento total implica o consentimento total da pessoa que expressa o consentimento e não pode ser complementado ou remediado com a adição da autorização dos pais em nome de uma criança. A situação da Mulher Africana Principais Conclusões Junho de 2018 ix

Glossário Casamento infantil é um casamento em que uma das partes, ou ambas, é ou era menor de 18 anos no momento da união. (Comentário Geral Conjunto da CADHP e do ACERWC sobre a Erradicação do Casamento Infantil, ponto 6, página 4). Mutilação Genital Feminina (MGF) refere-se à prática de remover parcial ou totalmente a genitália feminina externa ou de outra forma ferir os órgãos genitais femininos por razões não médicas e não relacionadas à saúde. (CEDAW & CRC (2014) Recomendação Geral Conjunta n.º 31 da Convenção para a Eliminação da Discriminação contra a Mulher/ Comentário Geral n.º 18 da Convenção dos Direitos da Criança sobre práticas prejudiciais, Comentário/recomendação Geral, CEDAW, ponto 19 (Parte VI.A.19, página 6) Práticas prejudiciais incluem uma ampla gama de práticas que constituem uma forma de discriminação que afecta desproporcionalmente as mulheres e raparigas, e geralmente é equivalente a ʺGVAWʺ. Costumam basear-se em normas culturais ou sócio-convencionais e profundamente enraizadas nas desigualdades de género e nos valores discriminatórios. As práticas prejudiciais são aquelas realizadas para fins não terapêuticos. Este relatório incide sobre o casamento infantil e a MGF, tendo em conta, nomeadamente, a sua elevada prevalência nos países africanos e suas fortes interligações em certos contextos. Casamentos de crianças costumam estar profundamente enraizados em normas culturais, religiosas e sociais de respeitantes à desigualdade das relações de poder entre os sexos e constituem uma expressão do controlo social e da regulação da sexualidade e das funções reprodutivas das mulheres. A deficiência dos sistemas jurídicos e administrativos, bem como o pluralismo jurídico, contribuem para a prática continuada do casamento infantil. A deficiente educação contribui para o casamento infantil; por sua vez, o casamento infantil leva ao baixo nível de escolaridade das raparigas. O casamento infantil afecta a saúde das raparigas e, principalmente, os seus direitos em matéria de saúde sexual e reprodutiva (SRHR). Mutilação genital feminina é uma violação dos direitos humanos e envolve violência específica contra a integridade física das mulheres e os seus direitos à vida, à dignidade, à igualdade e à liberdade da tortura. A MGF pode ser do Tipo I, II, III ou IV. Os três primeiros tipos diferem quanto ao facto de terem ou não sido cortados o clitóris e/ou os pequenos lábios e se a ferida foi costurada ou não (infibulação). O tipo IV refere-se a todas as outras intervenções nefastas, que incluem punção/ picar, perfuração, incisão/corte, escarificação e cauterização dos órgãos genitais femininos. A MGF tem efeitos duradouros nos órgãos reprodutivos de raparigas e mulheres, e todos os quatro tipos de MGF representam um risco directo para a sua saúde e as suas vidas. A MGF é fortemente afectada pelas normas culturais e sociais da subordinação feminina e do controlo sobre a sexualidade e reprodução das mulheres e raparigas. O casamento infantil e a MGF também estão estreitamente interligados, e o casamento infantil é predominante nos países onde se pratica a MGF. Mortalidade materna refere-se à morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez, por qualquer factor relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela, mas não por factores acidentais ou incidentais. (OMS, 1992) Planeamento familiar/contracepção significam as medidas adoptadas para um indivíduo controlar a sua fertilidade, incluindo a utilização de métodos contraceptivos, se optarem por não ter filhos, nem de imediato, nem de futuro. Os Comentários Gerais N.o 2 referem-se a planeamento familiar/contracepção ; este relatório usa o termo contracepção. Educação sexual abrangente (ESA) é um processo baseado no currículo de ensino e aprendizagem sobre os aspectos cognitivos, emocionais, físicos e sociais da sexualidade. Seu objectivo é dotar crianças e jovens de conhecimento, habilidades, atitudes e valores que os empoderem para: vivenciar sua saúde, bem-estar e dignidade; desenvolver relacionamentos sociais e sexuais respeitosos; considerar como suas escolhas afectam o bem-estar próprio e dos outros; entender e garantir a protecção de seus direitos ao longo da vida. (UNESCO, UNAIDS, UNFPA, UNICEF & OMS (2018). Orientação Técnica Internacional para Educação Sexual. Uma abordagem baseada em evidências). Sexualidade é um aspecto central do ser humano ao longo da vida e inclui o sexo, género, identidades e papéis, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. A sexualidade é experienciada e expressa através de pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relações. Embora a sexualidade possa incluir todas estas dimensões, nem sempre elas são todas experienciadas ou expressas. A sexualidade é influenciada pela interacção de factores biológicos, psicológicos, sociais, económicos, políticos, culturais, éticos, legais, históricos, religiosos e espirituais. (OMS 2018, Definição de saúde sexual) Aborto seguro refere-se aos serviços de aborto seguro prestados, através de medicamentos ou métodos específicos, com todas as informações necessárias e o consentimento informado das pessoas em causa, por profissionais da saúde de nível primário, secundário e terciário, com formação em aborto seguro, em conformidade com as normas da OMS. Estes serviços incluem também técnicas e tratamentos cirúrgicos. (Comentário Geral N. o 2). x A situação da Mulher Africana Principais Conclusões Junho de 2018

Glossário Aborto inseguro é um procedimento para finalizar uma gravidez não desejada, realizado por indivíduos sem as habilidades necessárias e/ou em ambiente abaixo dos padrões médicos exigidos. (OMS (2012) Aborto Seguro: Orientação Técnica e de Políticas para os sistemas de saúde, 2012; página 18). Aborto farmacológico refere-se a métodos médicos de abortamento. Estes são definidos como o uso de fármacos para interromper a gravidez, e são às vezes chamados de aborto não-cirúrgico ou aborto medicamentoso. (OMA (2012) Aborto Seguro: Orientação Técnica e de Políticas para os sistemas de saúde, 2012; página iv). Aborto cirúrgico (SGBV) refere-se a métodos cirúrgicos de abortamento. Estes são definidos como o uso de procedimentos transcervicais para interromper a gravidez, incluindo a aspiração a vácuo e a dilatação e evacuação (D&E). (OMS (2012) Aborto Seguro: Orientação Técnica e de Políticas para os sistemas de saúde, 2012; página iv). A situação da Mulher Africana Principais Conclusões Junho de 2018 xi

Capítulo 1 Introdução Capítulo 1 Introdução 1.1 CONTEXTO A saúde e a integridade corporal estão no cerne do bem-estar para todos. A saúde e os direitos sexuais e reprodutivos são elementos críticos de saúde e integridade corporal, especialmente para as mulheres e raparigas. A falta de saúde e as violações da integridade corporal não são apenas maus resultados do desenvolvimento, mas também violações dos direitos humanos fundamentais. Gestações saudáveis, bem espaçadas e programadas, juntamente com a protecção contra infecções pelo HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, têm um grande impacto na saúde e na vida das mulheres e meninas. Para que esse impacto seja positivo, mulheres e meninas precisam ter a liberdade de fazer escolhas sobre fertilidade, gravidez, contracepção e sobre como se proteger e se proteger do HIV e outras DSTs. O acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva, bem como informações e educação abrangentes, é indispensável para apoiar mulheres e meninas na escolha dessas opções. Para que esse impacto seja positivo e a saúde e a integridade corporal de mulheres e meninas sejam promovidas e realizadas, elas precisam poder escolher e decidir sobre parceiros e relações sexuais e, quando desejado, sobre seu parceiro de casamento. E exige que mulheres e meninas estejam livres de violência, discriminação e coerção, e em particular estejam livres de casamento infantil, mutilação genital feminina e outras práticas prejudiciais. Isso aponta para a necessidade de desafiar as desigualdades de género e as normas e práticas patriarcais e promover relações de igualdade de género que respeitem e promovam o consentimento, a liberdade e a escolha de todas as mulheres e meninas. Essas relações de género se manifestam em relações íntimas, casamento e comunidades, bem como em interacções com prestadores de serviços de saúde ou policiais ou agentes judiciais. Este ano marca o décimo quinto aniversário do Protocolo de Maputo, o Protocolo da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos sobre os Direitos das Mulheres na África, adoptado em 2003. Este aniversário oferece uma excelente oportunidade para fazer um balanço das lacunas e disputas em torno da realização dos direitos das mulheres e meninas e identificar onde o progresso precisa ser acelerado. A próxima revisão de 25 anos da CIPD (Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, CIPD +25) também pede uma revisão dos progressos realizados. Esta revisão, especialmente em conexão com a revisão de cinco anos da Declaração de População e Desenvolvimento de Adis Abeba na África além de 2014 (AADPD +5), fornece o momento para ver onde o progresso parou e quais são as questões pendentes para o futuro próximo na concretização dos direitos e da saúde sexual e reprodutiva das mulheres e raparigas. A plena igualdade de género em todas as esferas da vida é um elemento crítico das 'aspirações da África que queremos' articuladas na Agenda 2063. Abordar a agenda inacabada também é essencial para a realização dos ODS, em particular os ODS Três e Cinco. A saúde sexual e reprodutiva, bem como o financiamento para os sistemas de saúde, são prioridades fundamentais para o cumprimento do ODS Três (promover vidas saudáveis e promover o bem-estar para todos em todas as idades). Para cumprir o ODS Cinco (para alcançar a igualdade de género e empoderar todas as mulheres e meninas), são necessários mais esforços acabar com a violência de género contra mulheres e meninas, bem como práticas prejudiciais, como casamento infantil e MGF. Também exige que mulheres e meninas sejam capazes de tomar decisões sobre relações sexuais e parceiros e sobre a escolha de métodos contraceptivos, acesso e uso de serviços e informações sobre SSR. Abordar esse negócio inacabado é de importância crucial, à medida que embarcamos nos últimos três anos da Década das Mulheres na África (2010-20), que visa responsabilizar o governo por seus compromissos continentais e internacionais pela igualdade de género e pelo empoderamento de mulheres e meninas. Este relatório State of African Women visa contribuir para a realização e promoção dos direitos das mulheres e meninas, em particular no SRHR, aumentando a conscientização sobre os compromissos e acompanhando o progresso feito em direcção à sua plena implementação. A Situação da Mulher Africana Principais conclusões Junho de 2018 1

Capítulo 1 Introdução 1.2 O RELATÓRIO STATE OF AFRICAN WOMEN E A CAMPANHA RIGHT BY HER Este relatório Estado das Mulheres Africanas é publicado como parte do projecto da Campanha Estado das Mulheres Africanas (SOAWC), cujo objectivo geral é contribuir para garantir, realizar e estender os direitos das mulheres consagrados nas políticas da União Africana (UA) nos países africanos. O projecto está sendo implementado por um consórcio de oito organizações, sob a liderança da Região Africana da Federação Internacional de Planeamento Familiar (IPPFAR). 1 O projecto SOAWC tem dois objectivos intermediários. O primeiro é influenciar as normas legais e sociais sobre os direitos das mulheres por meio de maior transparência e pressão pública sobre os portadores de deveres. O segundo é que os tomadores de decisão prestem contas de seus compromissos políticos em relação aos direitos das mulheres e meninas por meio de uma voz mais forte da sociedade civil e participação significativa na tomada de decisões. No coração do projecto SOAWC está a campanha Right By Her, que se concentra no aumento da contribuição da sociedade civil para a implementação dos compromissos africanos nos direitos das mulheres e meninas em saúde e direitos sexuais e reprodutivos (SRHR). A campanha Right By Her concentra-se, em particular, na implementação do Protocolo de Maputo da UA (o Protocolo da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos sobre os Direitos das Mulheres na África) e no Plano de Acção de Maputo (PdAM), que é a implementação estrutura para o Quadro de Política Continental sobre SRHR. A campanha procura fortalecer a implementação do Protocolo de Maputo e do PdAM em quatro níveis de tomada de decisão na África: continental, regional, nacional e subnacional. Isso é feito através do fortalecimento das organizações da sociedade civil (OSC) em dois aspectos: em termos de conhecimento sobre os direitos das mulheres e meninas em matéria de DSSR e em termos de estratégias de advocacia e capacidade de participar significativamente dos processos de tomada de decisão. Como tal, o projecto SOAWC visa aumentar o potencial das OSCs de ter um impacto duradouro e de longo alcance. A campanha Right By Her se concentra em quatro áreas específicas de direitos: 1. Violência baseada no género contra mulheres (GVAW) 2. Práticas nocivas (em particular casamento infantil e mutilação genital feminina, MGF) 3. Direitos reprodutivos e saúde sexual e reprodutiva (SRH) 4. HIV e SIDA Juntamente com as quatro áreas de direitos, este relatório leva em consideração quatro questões transversais: paz e segurança; Educação e treinamento; participação das mulheres nos processos políticos e de tomada de decisão; e grupos marginalizados e vulneráveis de mulheres e meninas (em particular meninas adolescentes e mulheres jovens, mulheres idosas, mulheres com deficiência, mulheres em perigo e indivíduos marginalizados com base em sua orientação sexual ou identidade ou expressão de género, SOGIE). Figura 1. As quatro áreas principais de direitos deste relatório, com as questões transversais PRINCIPAIS ÁREAS DE DIREITOS VIOLÊNCIA BASEADA NO GÉNERO CONTRA MULHERES PRÁTICAS PREJUDICIAIS DIREITOS REPRODUTIVOS & SSR HIV E SIDA QUESTÕES TRANSVERSAIS Paz e segurança Educação e formação Participação em processos políticos e de tomada de decisão Grupos marginalizados e vulneráveis de mulheres e raparigas 1 O projecto é financiado ao abrigo da UE. 2 A Situação da Mulher Africana Principais conclusões Junho de 2018

Capítulo 1 Introdução 1.3 PORQUÊ ESTE RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DA MULHER AFRICANA? A situação actual da ratificação e domesticação do Protocolo de Maputo e do PdAM já está a ser controlada e documentada nos mecanismos existentes e em relatórios e publicações anteriores. Poucos deles exploram os caminhos pelos quais os direitos são operacionalizados na prática, por meio de leis, políticas, administração, orçamentos e programas. É necessário mais discernimento sobre o que deve ser feito para acelerar a implementação, o monitoramento e a geração de relatórios sobre os principais instrumentos de direitos e compromissos políticos em relação aos direitos das mulheres e meninas no SRHR. Esse insight é vital para fortalecer ainda mais os esforços de advocacia das OSC. Também será valioso para os estados e organizações e órgãos regionais e continentais, contribuindo para a realização dos direitos das mulheres e meninas. A análise de lacunas e oportunidades entre países e regiões, e uma compreensão mais profunda dos desafios actualmente enfrentados na implementação, informarão a priorização das principais áreas de direitos e estratégias de advocacia nas diferentes regiões e níveis. O relatório complementa os relatórios e análises existentes por: Focar especificamente em questões de DSSR e fazer isso de maneira abrangente e holística Trazer e fortalecer uma perspectiva de género e direitos, vinculando integralmente os DSSR aos direitos humanos das mulheres e meninas e tratando-os de uma perspectiva de eliminar a discriminação de mulheres e meninas Analisar o papel e as tendências das Comunidades Económicas Regionais (CERs) na África, no avanço e na realização dos direitos das mulheres e meninas no SRHR, e Analisar as estratégias de mudança e o papel de vários agentes de mudança, incluindo atores continentais, regionais, nacionais e subnacionais estaduais e não estatais em toda a África na domesticação e implementação de compromissos continentais e regionais; destacando, em particular, o papel das OSC como mediadoras entre os responsáveis e os titulares de direitos. A Situação da Mulher Africana Principais Conclusões Junho de 2018 3

Capítulo 1 Introdução 1.4 PÚBLICO-ALVO O relatório State of African Women e a campanha Right By Her visam atingir uma ampla audiência de multiplicadores e formadores de opinião africanos sobre assuntos legais regionais, continentais, regionais e nacionais. compromissos políticos sobre os direitos das mulheres e meninas aos DSSR nos países africanos. Esse público inclui parlamentares, primeiras-damas, jornalistas, líderes religiosos e líderes de jovens, bem como organizações de direitos das mulheres e / ou SRHR e organizações religiosas. Também visa alcançar representantes da UA e das CERs, decisores governamentais a nível nacional e doadores europeus e internacionais. O relatório procura oferecer conhecimentos e perspectivas que possam ajudar esses diferentes públicos a promover ainda mais os direitos das mulheres e meninas no SRHR. O público-alvo do relatório pode ter níveis variados de conhecimento sobre os compromissos continentais relevantes (Protocolo de Maputo, PdAM) e pode não ser necessariamente bem versado ou ser especialista em análise de género e direitos. Mais precisamente, o relatório irá: Caixa 1.1. Público-alvo do relatório 1. Multiplicadores e formadores de opinião africanos, incluindo parlamentares, primeiras-damas, jornalistas, líderes religiosos, líderes juvenis, organizações feministas e activistas e representantes de OSC (incluindo direitos da mulher, SRHR, direitos da criança e organizações religiosas) 2. Representantes da UA e REC, incluindo decisores políticos de alto nível, bem como tecnocratas e especialistas temáticos 3. Tomadores de decisão do governo nacional (e subnacional) 4. UE (Bruxelas) e doadores Fornecer informações e antecedentes sobre o Protocolo de Maputo e o Plano de Acção de Maputo, em particular sobre os compromissos continentais sobre os direitos das mulheres e meninas no SRHR Fornecer esclarecimentos sobre como os compromissos continentais são relevantes na vida de mulheres e meninas e por que e como é importante uma perspectiva de direitos humanos Fornecer informações sobre a ratificação e domesticação de compromissos continentais sobre os direitos das mulheres e meninas no SRHR Fornecer informações sobre o papel das CERs no continente na realização dos direitos das mulheres e meninas na SRHR Fornecer informações e insights sobre a domesticação e tradução de compromissos continentais sobre os direitos das mulheres e meninas no SRHR, nas estruturas legislativa, política e institucional em nível nacional Fornecer informações sobre o papel das OSCs, CERs e governos em nível nacional ao promover e contribuir para a mudança de normas legais e sociais para a realização dos direitos das mulheres e meninas no SRHR Fornecer uma análise das lacunas e oportunidades na implementação dos compromissos continentais e na realização dos direitos das mulheres e meninas no SRHR, para ajudar a identificar prioridades de advocacia e estratégias eficazes de advocacia, adaptadas às diferentes regiões 4 A Situação da Mulher Africana Principais conclusões Junho de 2018

Capítulo 1 Introdução 1.5 DESCRIÇÃO DO RELATÓRIO Este relatório sobre o estado das mulheres africanas possui nove capítulos. O capítulo introdutório é seguido pelo capítulo 2 que oferece as estruturas conceptuais sobre os direitos das mulheres e meninas no SRHR. O capítulo 3 discute a metodologia da colecta e análise de dados. O capítulo 4 apresenta as principais conclusões sobre o quadro normativo e institucional da União Africana sobre os direitos das mulheres e meninas e o SRHR. O capítulo 5 muda a atenção para as Comunidades Económicas Regionais (CERs) e discute suas estruturas normativas e institucionais sobre os direitos das mulheres e meninas e o DSSR. Os capítulos 6 a 9 enfocam as quatro principais áreas de direitos do relatório. O capítulo 6 trata da violência de género contra as mulheres (GVAW) e o capítulo 7 trata de práticas prejudiciais. O capítulo 8 da continuidade sobre os direitos reprodutivos e SRH, e o capítulo 9 aborda HIV e AIDS. Estes quatro capítulos das áreas de direitos seguem a mesma estrutura: todos começam com as principais conclusões sobre a prevalência do problema. Em seguida, apresentam os compromissos continentais em relação a esta questão, em uma explicação concisa, mas abrangente, das disposições e obrigações do Protocolo de Maputo e de outros compromissos continentais relevantes. Isto é seguido por uma revisão e discussão da domesticação e implementação em nível nacional. Isso inclui uma visão geral das principais tendências em reformas legais, políticas e institucionais, bem como a identificação das principais lacunas e contestações. Cada capítulo termina com um conjunto de recomendações. Este relatório das Principais Conclusões é uma versão mais curta do relatório completo sobre o estado das mulheres africanas. O conteúdo apresentado aqui é um resumo do relatório completo mais detalhado. Isso significa que os leitores que desejam mais informações e uma leitura mais aprofundada dos pontos levantados neste relatório das Principais conclusões podem consultar o relatório completo para obter mais detalhes. O relatório completo foi configurado de forma modular, o que permite que diferentes leitores sigam caminhos diferentes de leitura, dependendo de seus interesses principais. A Situação da Mulher Africana Principais Conclusões Junho de 2018 5