Discurso proferido pelo deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS), em sessão no dia 18/12/2013. SAÚDE PÚBLICA: CAOS Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Quem dormiu tranquilo na última sextafeira à noite, dia 13, ou não assistiu ao Globo Repórter, ou não tem coração. A cena do rosto resignado de Patrícia de 17 anos, caída na calçada ao carregar a mãe com câncer, e a história de Jéssica de 16 anos, com lúpus, esperando remoção há um mês e a notícia, no final do bloco do programa, que a menina havia morrido, não saem da minha cabeça. Mesmo ciente do caos da saúde pública, imagens como essas nos obrigam a refletir: o que estamos fazendo aqui? Outro drama enfrentado pela população, quando não encontram soluções para suas doenças nas
Unidades Básicas de Saúde, ou quando a gravidade obriga, é a peregrinação para encontram um serviço de urgência e emergência. Os Pronto Atendimentos do País apresentam uma profunda carência de estrutura e são fotografias fies do que é o sistema público de saúde. O serviço de urgência e emergência recebe o rescaldo de uma atenção primária deficiente, que poderia diminuir em 30% a procura pelo pronto socorro, além de represar os pacientes por falta de leitos hospitalares do maior sistema de saúde integral do mundo. As estruturas inacabadas que deveriam abrigar hospitais no entorno da Capital Federal, que consumiram juntas cerca de R$ 30 milhões evidenciam a gestão amadora dos parcos recursos para a saúde. No Sistema Público, quando não faltam recursos, falta gestão. A reportagem evidenciou que muito dos valores repassados a Estados e Municípios, por meio de Programas como o SOS Emergência, o de Valorização do Profissional de Atenção Básica, Provab, dentre outros, não estão surtindo o efeito para quem mais precisa: o usuário do Sistema Único de Saúde, o SUS. No dia 09 de dezembro o jornal Folha de São Paulo esmiuçou um relatório do Banco Mundial que apontou os problemas enfrentados pelo SUS. A reportagem
mostrou a estagnação, desde 2010, do Programa Estratégia Saúde da Família, que na melhor das hipóteses atinge 50% do público alvo, porém, em algumas grandes cidades, não passa de 35%. O relatório apontou a piora de alguns serviços, bem como o aumento da fila de espera para tratamentos especializados como oncológicos e psiquiátricos. O documento aponta que nossos hospitais e salas de cirurgias são mal utilizados. O relatório afirma também que o número de 3.500 pequenos hospitais, com menos de 50 leitos estão na contramão das medidas internacionais, provocando uma taxa de ocupação menor que 45% e superlotando as grandes unidades. A gestão é um problema crítico e pode ser melhorada com maior fiscalização da execução dos recursos e planejamento estratégico, pensando a atenção integral do paciente, acompanhando-o do nascimento a velhice, ampliando e capacitando as equipes de saúde da família, aumentando o número de especialistas de modo a aproveitar melhor leitos hospitalares ociosos, como também, fazermos um verdadeiro pacto pelo orçamento à saúde. Para tanto, aprovamos na Comissão Especial que estudou o financiamento para a saúde pública nesta Casa, a proposta que fixa uma porcentagem para o ente mais rico da Federação, o Governo Federal,
escalonando uma porcentagem, partindo de 15% da receita corrente líquida já em 2014 e atingindo o teto de 18,7% em 2018. Esta última porcentagem seria equivalente aos 10% da receita bruta, prevista em projeto de lei de iniciativa popular, que tramita na Casa, desde agosto, depois da coleta de 1,8 milhão de assinaturas, por meio da mobilização do Movimento Saúde Mais 10. Esta alternativa prevê um acréscimo no orçamento da saúde de R$ 18,9 bilhões já no ano que vem, sem criarmos outro imposto, abrindo o debate do que são recursos para a saúde e definindo uma porcentagem de repasse de responsabilidade da União, certamente o principal avanço. O SUS tem que ser tratado com o máximo de carinho, e garantir um orçamento perene para a saúde publica é fortalecer o maior programa social do planeta. Em 2012, o SUS realizou 3,8 bilhões de procedimentos. Pesquisas recentes demonstraram que 30% daqueles que possuem plano de saúde privado, ou pagam consultas particulares, ou recorrem ao Sistema Público. Na atualidade, Governos Estaduais e Administrações Municipais tem que aplicar em saúde pública 12% e 15% de suas receitas respectivamente, porém, repassam na prática 14% e 21%. Essa parcela é maior para os Estados e para as Prefeituras, pois, esses representantes
públicos estão mais perto da população, são cobrados diretamente e tem de responder a esta pressão. Para a União a regra é marota, pois, estabelece que o seu repasse para saúde deve ser em cima do que foi empenhado no ano anterior, somado a variação nominal do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Como o crescimento do PIB está muito pequeno, a saúde padece com um subfinanciamento, como também aponta o relatório do Banco Mundial. Temos que lutar para concatenar o binômio: orçamento e gestão para efetivamente garantirmos saúde pública a população. Não podemos perder a oportunidade histórica de deixar este legado para nossa gente. Estabelecermos esta prioridade é garantirmos saúde para nossos filhos e netos, bem como uma melhora no atendimento daqueles que estão nas filas, neste momento, por consultas, exames e cirurgias e correm risco de vida. Muito obrigado pela atenção. Deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS)