SAÚDE PÚBLICA: CAOS. Senhor Presidente,



Documentos relacionados
AS DISTORÇÕES DA SAÚDE NO BRASIL. Senhor Presidente, notícias UOL publicou uma reportagem evidenciando as

25 ANOS DE SUS: AVANÇOS E DESAFIOS. Senhor Presidente, saúde merece nossa defesa, nosso reconhecimento e a

HOSPITAIS FILANTRÓPICOS: A UM PASSO DO CAOS; REFLEXOS EM DOURADOS (MS)

Senhor Presidente, inquestionável ascensão socioeconômica do povo brasileiro. oportunizaram condição ímpar para a aquisição de bens.

Planejamento e financiamento para a qualificação das ações de alimentação e nutrição na Atenção Básica à Saúde

ROBERTO REQUIÃO 15 GOVERNADOR COLIGAÇÃO PARANÁ COM GOVERNO (PMDB/PV/PPL)

ALCOOLISMO ENTRE AS MULHERES: UM MAL QUE COMEÇA A APARECER. Senhor Presidente, primeira semana de trabalhos da Comissão destinada a

GRATUITO CURSO COMPLETO DO SUS 17 AULAS 500 QUESTÕES COMENTADAS. Professor Rômulo Passos Aula 09

DIA DA AVIAÇÃO CIVIL: INVESTIMENTOS URGENTES. Senhor Presidente, comemoramos o Dia Internacional da Aviação Civil. A

Tema: evasão escolar no ensino superior brasileiro

86 I Poderes em Revista

RADIOGRAFIA DOS HOSPITAIS MUNICIPAIS ABRIL/2013

Josete Malheiro Tavares. COSEMS-Ce SMS HORIZONTE

unidades, serviços e ações que interagem para um objetivo comum: a promoção, proteção e recuperação da Saúde.

REQUERIMENTO DE INFORMAÇÃO Nº, DE (Do Sr. Stepan Nercessian)

META NACIONAL 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por

Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao SBT

A DEMANDA POR SAÚDE PÚBLICA EM GOIÁS

O Sr. ÁTILA LIRA (PSB-OI) pronuncia o seguinte. discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores. Deputados, estamos no período em que se comemoram os

CPI DA MÁFIA DAS ÓRTESES

O Dep. Pastor Frankembergen pronuncia o seguinte discurso: Dia Mundial da Saúde. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados.

O próprio secretário de saúde afirmou que seus antecessores adquiriam. medicamentos através de compras direcionadas e sem qualquer critério.

FINANCIAMENTO NO PNE E OS DESAFIOS DOS MUNICÍPIOS. LUIZ ARAÚJO Doutor em Educação Professor da Universidade de Brasília Diretor da FINEDUCA

Startup reinventa mercado de imóveis com Lego da vida real

26/06: DIA NACIONAL DE COMBATE AS DROGAS. Senhor Presidente, Organização das Nações Unidas (ONU), como a data

*8D22119A17* 8D22119A17

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº, DE 2009

difusão de idéias QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Um processo aberto, um conceito em construção

Atenção Básica agora é Prioridade!

*CD * COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA

1. Seu município enfrenta problemas com a seca? 43 Sim... 53% 38 Não... 47%

SUS Sistema Único de Saúde. Desafio político administrativo do modelo universalizado de Gestão

Discussão Jurídica dos Direitos Humanos no âmbito da Saúde Pública.

ÁLCOOL: UM MAL. Senhor Presidente,

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

ENSINO SUPERIOR: PRIORIDADES, METAS, ESTRATÉGIAS E AÇÕES

ASSISTÊNCIA SOCIAL: UM RECORTE HORIZONTAL NO ATENDIMENTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS

Dicas para investir em Imóveis

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº, DE (Dos Srs. Deputados MENDONÇA PRADO e RONALDO CAIADO)

Senhor Presidente da Assembleia Senhoras e Senhores Deputados Senhor Presidente, Senhora e Senhores Membros do Governo

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

485FB2C746. Pronunciamento da Deputada Telma de Souza no dia 17 de Maio de 2005 Breves Comunicações

PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO HOSPITAL REGIONAL DO LITORAL PARANAGUA PROVA PARA ASSISTENTE SOCIAL

A Organização da Atenção Nutricional: enfrentando a obesidade

Clipping de Notícias Educacionais. Fontes: Agência Brasil, MEC, O Globo e UOL.

1. O papel da Educação no SUS

MINISTÉRIO DA FAZENDA GABINETE DO MINISTRO ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 21/12/2015

Na entrega dos diplomas de mestrado no Lubango (Angola)

Resumo do Projeto Nacional de Atendimento ao Acidente Vascular Cerebral

NOTA TÉCNICA N o 12/2014

Resultado da Avaliação das Disciplinas

50 pontos do programa de governo do PSOL - Ivanete Prefeita para transformar Duque de Caxias:

22/05/2006. Discurso do Presidente da República

Câmara Municipal de São Paulo

TEMA. O jovem e a nova cena política: entre a indignação e a esperança na era da internet. Texto 1. Malala diz que não será silenciada por ameaças

Projeto de Lei nº 7.093, de 2014

ACORDO DE PARIS: A RECEITA PARA UM BOM RESULTADO

1. Garantir a educação de qualidade

QUESTÕES TEMÁTICAS. Professores Diogenes Júnior e Fabrício Martins

ESTATUDO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Secretaria de Assuntos Estratégicos Presidência da República. Re d u ç ã o d a s d e s i g u a l da d e s

Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Sub-E I X O 4-4ª C N S T

Análise Econômica do Mercado de Resseguro no Brasil

O que é Programa Rio: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher? Quais suas estratégias e ações? Quantas instituições participam da iniciativa?

Como pode ser dividido

Porto Alegre, 13 de abril de À COSMAM COM. SAÚDE E MEIO AMBIENTE DE PORTO ALEGRE At. VEREADOR SEBASTIÃO MELLO PRESIDENTE. Senhor Presidente.

Modelo concede flexibilidade a hospitais públicos

O maior desafio do Sistema Único de Saúde hoje, no Brasil, é político

RESOLUÇÃO NORMATIVA 003/06

PUBLICO ESCOLAR QUE VISITA OS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE MANAUS DURANTE A SEMANA DO MEIO AMBIENTE

PROJETO DE LEI Nº, DE 2014

ESTRATÉGIAS DE CAPTAÇÃO DE DOADORES

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

GASTO COM SAÚDE NO BRASIL EM Gilson Carvalho 1

INTERVENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA O MINISTRO DAS OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES. Eng. Mário Lino. Cerimónia de Abertura do WTPF-09

DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE) Bom-dia, Excelentíssimo. Senhor Ministro-Presidente, bom-dia aos demais integrantes

Recupere a saúde financeira e garanta um futuro tranquilo. Campus da UNESP de São José do Rio Preto, 30/09/2015

2. Referencial Prático 2.1 Setor das Telecomunicações

Objetivos das Famílias e os Fundos de Investimento

Discurso do Ministro Alexandre Tombini, Presidente do Banco. Central do Brasil, na Comissão Mista de Orçamento do. Congresso Nacional

Nélida Piñon recebe homenagem em colégio de Manguinhos

䇾Tudo o que acontece no mundo, seja no meu país, na minha cidade ou no meu bairro,

O BRASIL E OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO

CARTILHA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR GUIA FÁCIL DE TRIBUTAÇÃO

MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES Gabinete do Ministro INTERVENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA O MINISTRO DAS

ATIVIDADE 03 POR água ABAIXO!

ESPORTE NÃO É SÓ PARA ALGUNS, É PARA TODOS! Esporte seguro e inclusivo. Nós queremos! Nós podemos!

Pelo estudo, cerca de 13 milhões de brasileiros estão envolvidos diretamente com alguma atividade empreendedora.

Prouni 2016: candidatos podem consultar primeira lista de aprovados

AGENDA PROPOSITIVA DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE

As Fundações Estatais e as Políticas Públicas de Saúde. Jérzey Timóteo Diretor Substituto DEPREPS SGTES/Ministério da Saúde

NOTA DA SECRETARIA DE AVIAÇÃO CIVIL - Perguntas e Respostas sobre o processo de concessão Viernes 30 de Septiembre de :32

SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE. Desenvolvimento é sinônimo de poluição?

ANEXO III PROPOSTA ECONÔMICO FINANCEIRA DA SABESP PARA A REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA - RMBS MUNICÍPIO DE SANTOS

PROGRAMA DINHEIRO DIRETO NA ESCOLA: um estudo nas redes municipal de Porto Alegre e estadual do Rio Grande do Sul

UMA NOVA EDUCAÇÃO PARA O BRASIL COM O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

Transcrição:

Discurso proferido pelo deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS), em sessão no dia 18/12/2013. SAÚDE PÚBLICA: CAOS Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Quem dormiu tranquilo na última sextafeira à noite, dia 13, ou não assistiu ao Globo Repórter, ou não tem coração. A cena do rosto resignado de Patrícia de 17 anos, caída na calçada ao carregar a mãe com câncer, e a história de Jéssica de 16 anos, com lúpus, esperando remoção há um mês e a notícia, no final do bloco do programa, que a menina havia morrido, não saem da minha cabeça. Mesmo ciente do caos da saúde pública, imagens como essas nos obrigam a refletir: o que estamos fazendo aqui? Outro drama enfrentado pela população, quando não encontram soluções para suas doenças nas

Unidades Básicas de Saúde, ou quando a gravidade obriga, é a peregrinação para encontram um serviço de urgência e emergência. Os Pronto Atendimentos do País apresentam uma profunda carência de estrutura e são fotografias fies do que é o sistema público de saúde. O serviço de urgência e emergência recebe o rescaldo de uma atenção primária deficiente, que poderia diminuir em 30% a procura pelo pronto socorro, além de represar os pacientes por falta de leitos hospitalares do maior sistema de saúde integral do mundo. As estruturas inacabadas que deveriam abrigar hospitais no entorno da Capital Federal, que consumiram juntas cerca de R$ 30 milhões evidenciam a gestão amadora dos parcos recursos para a saúde. No Sistema Público, quando não faltam recursos, falta gestão. A reportagem evidenciou que muito dos valores repassados a Estados e Municípios, por meio de Programas como o SOS Emergência, o de Valorização do Profissional de Atenção Básica, Provab, dentre outros, não estão surtindo o efeito para quem mais precisa: o usuário do Sistema Único de Saúde, o SUS. No dia 09 de dezembro o jornal Folha de São Paulo esmiuçou um relatório do Banco Mundial que apontou os problemas enfrentados pelo SUS. A reportagem

mostrou a estagnação, desde 2010, do Programa Estratégia Saúde da Família, que na melhor das hipóteses atinge 50% do público alvo, porém, em algumas grandes cidades, não passa de 35%. O relatório apontou a piora de alguns serviços, bem como o aumento da fila de espera para tratamentos especializados como oncológicos e psiquiátricos. O documento aponta que nossos hospitais e salas de cirurgias são mal utilizados. O relatório afirma também que o número de 3.500 pequenos hospitais, com menos de 50 leitos estão na contramão das medidas internacionais, provocando uma taxa de ocupação menor que 45% e superlotando as grandes unidades. A gestão é um problema crítico e pode ser melhorada com maior fiscalização da execução dos recursos e planejamento estratégico, pensando a atenção integral do paciente, acompanhando-o do nascimento a velhice, ampliando e capacitando as equipes de saúde da família, aumentando o número de especialistas de modo a aproveitar melhor leitos hospitalares ociosos, como também, fazermos um verdadeiro pacto pelo orçamento à saúde. Para tanto, aprovamos na Comissão Especial que estudou o financiamento para a saúde pública nesta Casa, a proposta que fixa uma porcentagem para o ente mais rico da Federação, o Governo Federal,

escalonando uma porcentagem, partindo de 15% da receita corrente líquida já em 2014 e atingindo o teto de 18,7% em 2018. Esta última porcentagem seria equivalente aos 10% da receita bruta, prevista em projeto de lei de iniciativa popular, que tramita na Casa, desde agosto, depois da coleta de 1,8 milhão de assinaturas, por meio da mobilização do Movimento Saúde Mais 10. Esta alternativa prevê um acréscimo no orçamento da saúde de R$ 18,9 bilhões já no ano que vem, sem criarmos outro imposto, abrindo o debate do que são recursos para a saúde e definindo uma porcentagem de repasse de responsabilidade da União, certamente o principal avanço. O SUS tem que ser tratado com o máximo de carinho, e garantir um orçamento perene para a saúde publica é fortalecer o maior programa social do planeta. Em 2012, o SUS realizou 3,8 bilhões de procedimentos. Pesquisas recentes demonstraram que 30% daqueles que possuem plano de saúde privado, ou pagam consultas particulares, ou recorrem ao Sistema Público. Na atualidade, Governos Estaduais e Administrações Municipais tem que aplicar em saúde pública 12% e 15% de suas receitas respectivamente, porém, repassam na prática 14% e 21%. Essa parcela é maior para os Estados e para as Prefeituras, pois, esses representantes

públicos estão mais perto da população, são cobrados diretamente e tem de responder a esta pressão. Para a União a regra é marota, pois, estabelece que o seu repasse para saúde deve ser em cima do que foi empenhado no ano anterior, somado a variação nominal do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Como o crescimento do PIB está muito pequeno, a saúde padece com um subfinanciamento, como também aponta o relatório do Banco Mundial. Temos que lutar para concatenar o binômio: orçamento e gestão para efetivamente garantirmos saúde pública a população. Não podemos perder a oportunidade histórica de deixar este legado para nossa gente. Estabelecermos esta prioridade é garantirmos saúde para nossos filhos e netos, bem como uma melhora no atendimento daqueles que estão nas filas, neste momento, por consultas, exames e cirurgias e correm risco de vida. Muito obrigado pela atenção. Deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS)