Critérios ergonômicos e a concepção de sistema de gerenciamento de aprendizagem virtual (LMS)



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Transcrição:

Critérios ergonômicos e a concepção de sistema de gerenciamento de aprendizagem virtual (LMS) Elzo Alves Aranha (UNINOVE) eaaranha@uninove.br O presente artigo trata da contribuição dos critérios ergonômicos na concepção de sistema de gerenciamento de aprendizagem virtual a distância (LMS). A discussão é desenvolvida tendo como eixo norteador os critérios ergonômicos utilizados na concepção do sistema de gerenciamento de aprendizagem virtual que foi projetado pelo Núcleo de Educação a Distância de uma Instituição de Ensino Superior do Estado de São Paulo. O LMS foi estruturado em cinco módulos e oferece ao estudante funções interativas que possibilita a aprendizagem virtual a distância e também ao professor, na condução do processo de aprendizagem através da Internet. Palavras chave: Critérios ergonômicos, Sistema de aprendizagem virtual, Ergonomia. 1. Introdução A aprendizagem a distância tendo como meio de entrega da informação e conhecimento a utilização dos recursos da Internet, vem sendo cada vez mais disseminada nas organizações empresariais e educacionais. Como benefícios do uso da internet para fins de treinamento e educação, freqüentemente são citados na literatura a redução de custos de viagem, redução de tempo e flexibilidade na distribuição da informação e conhecimento. Também a aproximação de pessoas que estão geograficamente distante dos grandes centros urbanos, nos modos síncrono e assíncrono, seja para compartilhar conhecimento ou informação, tem sido um dos benefícios proporcionados pela Internet visando democratizar o conhecimento e a informação (RUMBLE, 1993). Por outro lado, alguns aspectos são apresentados como barreiras, entraves e desafios na formulação de programas de treinamento nas organizações ou educação através da internet. Os aspectos incluem custos expressivos em infra-estrutura de software básico e hardware, necessidade do aprendiz adaptar-se à nova metodologia, treinamento da equipe de desenvolvimento, entre outros. O sistema de gerenciamento de aprendizagem virtual (LMS) deve ser projetado para possibilitar ao usuário/operador, facilidade no manuseio e operação, conforto, segurança, eficácia e facilidade na compreensão do diálogo da interação. Essas facilidades e demais aspectos são temas de estudo da Ergonomia que de uma forma geral tem como uma das finalidades assegurar que os sistemas sejam concebidos para serem utilizáveis pelos operadores/usuários. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é desenvolver a discussão sobre as contribuições dos critérios ergonômicos definidos por Bastien e Scapin na concepção de sistema de gerenciamento de aprendizagem virtual a distância (LMS) através da Internet. O presente trabalho não pretende abordar a avaliação do LMS, mas tentar delinear os contornos sobre as possíveis contribuições dos critérios ergonômicos na fase de concepção do LMS. A discussão é articulada tendo como referência a utilização dos critérios ergonômicos na concepção do protótipo de sistema de gerenciamento de aprendizagem virtual numa Instituição de Educação Superior da Cidade de São Paulo. Para tanto, a discussão é desenvolvida em quatro segmentos: No primeiro é apresentado os conceitos sobre sistema de ENEGEP 2004 ABEPRO 2422

gerenciamento de aprendizagem virtual (LMS) destacando as suas características. Em seguida os critérios ergonômicos. No terceiro a estrutura do sistema de gerenciamento de aprendizagem projetado e por último, as considerações finais. 2. Sistemas de gerenciamento de aprendizagem virtual (LMS) Os softwares de aprendizagem utilizados através da Internet com a finalidade de treinamento e educação são classificados em: a) aprendizagem individual, b) aprendizagem em grupo e; c) sistema de gerenciamento de aprendizagem virtual (LMS) (PAULSEN, 2002). O software de treinamento utilizando computador (CBT) é tipicamente individualizado e a interação entre o aprendiz e o conteúdo é desenvolvida tendo como meio, o computador. Nesta categoria estão os softwares Norton Connect, Authorware e Virtual-U. O surgimento cada vez mais de software de aprendizagem em grupo, permite desenvolver o modelo de sala virtual em que o aprendiz pode interagir com outro aprendiz, com o instrutor e com o conteúdo. O programa de aprendizagem individual tem a sua importância no processo de treinamento, mas o programa de aprendizagem em grupo oferece mais possibilidade de colaboração como o chat, discussões e debates virtuais, videoconferências e compartilhamento de documentos. O software de aprendizagem em grupo disponibilizam ambiente de aprendizagem virtual nas modalidades síncronas e assíncronas. Na modalidade assíncrona o aprendiz e o facilitador estão integrados mais estão em tempos diferentes. Essa modalidade é freqüentemente utilizada quando o aprendiz precisa de tempo para reflexão sobre conteúdo e que exige posteriormente, a produção de idéias. Por exemplo, no processo de resolução de problemas, o aprendiz no primeiro momento tem acesso a determinado problema e logo em seguir, é requerido tempo para a compreensão, análise, síntese, avaliação e formulação de alternativas para a solução do problema. A modalidade de aprendizagem em grupo síncrona oferece ambiente em tempo real. O desenvolvimento e o compartilhamento de experiências e informações ocorrem simultaneamente, ou seja, em tempo real. Na terceira categoria está o sistema de gerenciamento de aprendizagem virtual (LMS). Esse sistema consiste de ambiente integrado que oferece facilidade e suporte para o desenvolvimento da atividade de aprendizado tanto no modo síncrono, como no assíncrono, além de possibilitar forte interação colaborativa e mecanismos de controle e monitoramento (SITZE, 2002). Na configuração do LMS é definido os objetos de aprendizagem e estratégias de gerenciamento. Os objetos de aprendizagem são pequenas partes do conteúdo de um determinado curso que são criados e armazenados em repositório de dados. A estrutura do curso definida por meio de objeto de aprendizagem possibilita utilizar o mesmo objeto em dois ou mais cursos. A reusabilidade de objeto proporciona redução do tempo de desenvolvimento do desenho instrucional além de possibilitar reduzir os custos de manutenção. 3. Critérios Ergonômicos A Ergonomia cognitiva de acordo com Wisner (1972) é a área de estudo que visa a adaptação do trabalho ao homem especialmente a adaptação dos sistemas automatizados à inteligência humana e às exigências das tarefas, adequando às condições particulares da situação do trabalho. A Ergonomia cognitiva não é uma disciplina semelhante à interação homemcomputador, pois envolve não só a tecnologia do computador, mas também o envolvimento do operador com a máquina como um todo (CARROLL, 1987). ENEGEP 2004 ABEPRO 2423

A investigação em torno da concepção de interfaces homem-máquina cada vez mais adaptáveis aos usuários tem sido alvo de investigação de diversos pesquisadores (POLLIER, 1991; BÉRTRANCOURT e PELLEGRIN, 2003; SPÉRANDIO, 1987; KOLSKI, 2000). Os critérios ergonômicos para a avaliação de sistema apresentados por Bastien e Scapin (1993) constituem leque de elementos que devem ser levados em consideração na concepção do Sistema de Gerenciamento de Aprendizagem Virtual (LMS). Bastien e Scapin (1992) estabeleceram critérios para avaliação de sistema: Manual do usuário, Carga de Trabalho, Controle Explícito, Adaptabilidade, Flexibilidade, Gerenciamento de Erro, Consistência, Significados de Código e Compatibilidade. A seguir são elencados os cinco critérios ergonômicos que poderão contribuir para a nossa discussão, e que junto com os demais orientaram a concepção do LMS. - Manual do usuário Os manuais facilitam o aprendizado e o uso do sistema pelos usuários permitindo conhecer a seqüência de interação das tarefas, conhecer as possíveis ações e suas conseqüências para o sistema e obter informações adicionais sobre o mesmo. Os manuais do usuário devem possuir qualidade e rapidez nas respostas às perguntas. - Carga de Trabalho O critério carga de trabalho refere-se ao nível da percepção do operador e da carga cognitiva, contribuindo para o aumento da eficiência do diálogo do operador com máquina. Este critério está relacionado ao volume e quantidade de entrada e saída de dados necessários para estabelecer um diálogo de conversação. A capacidade de memória de curto prazo do operador é limitada. Consequentemente o pequeno número de entrada de dados possibilitados pelo LMS aliado à interação com diálogos, curtos e não complexos, possibilitarão a redução de erros, durante a operação do sistema. - Adaptabilidade A adaptabilidade está relacionado à capacidade do LMS em executar as solicitações, atendendo às necessidades e preferências do usuário. O critério está envolvido com a dimensão da flexibilidade e representa a capacidade do sistema em adaptar-se particularmente às necessidades do usuário, ou seja, diferentes alternativas de utilização poderão estar disponíveis para o usuário executar a tarefa. Outra questão que está evidenciada neste critério é a experiência do usuário. O usuário experiente e não experiente têm diferentes necessidades de informações. Portanto, o manual do usuário deve ser capaz de oferecer caminhos diferentes de busca e pesquisa de informações para atender diferentes interesses e diferentes níveis de diálogos. O LMS deve ser projetada para acomodar esta variedade de níveis de experiência do usuário. - Gerenciamento de erro O gerenciador de erro envolve os aspectos relacionados à prevenção ou redução de erros, na operação do LMS, bem como capacidade de sistema auto-recuperar-se a partir de ocorrência de falhas. O erro, aqui neste ponto, é definido como formato de entrada de dados inválido, comando de sintaxe incorreta, entre outros, que são interpretados pelo LMS. A interpretação do dados incorretos pelo sistema, causada pela utilização inadequada do usuário, tem conseqüências negativas nas tarefas. O LMS deve possuir mecanismos para identificar os erros sem causar o efeito de interrupção do sistema. A qualidade da mensagem de erro com a especificidade e a relevância do conteúdo da mensagem de erro promovem o aprendizado do sistema pelo usuário, a partir das indicações da natureza do erro, prevenção e resolução. ENEGEP 2004 ABEPRO 2424

- Compatibilidade Este critério está relacionado a aderência entre as características do usuário como, por exemplo, memória, percepção, habilidades, idade e expectativas e as características do diálogo da tarefa do LMS. Os critérios ergonômicos possibilitam revelar aspectos da tarefa de trabalho que devem ser observados e levados em consideração no projeto de LMS. O mapeamento da tarefa a ser executada e da inteligência do usuário que são fundamentais à execução dos comandos de operação do LMS contribuem para que o projetista conheça os problemas enfrentados pelos usuários na aprendizagem e operação do sistema. Os critérios ergonômicos que foram investigados a partir da década de noventa orientaram na avaliação de interfaces na fase de implementação do projeto de desenvolvimento de sistema. As metodologias de desenvolvimento de sistema de informação surgidas na década de setenta e oitenta por mais que encorajem a participação do usuário em todas as fases de desenvolvimento de sistemas, estão apoiadas na abordagem taylorista-fordista de organização do trabalho. Esta não revela aspectos da atividade humana que são revelados pela Ergonomia. Portanto, o LMS pode ser concebido baseado nos princípios tradicionais de organização do trabalho humano (ARANHA, 1997). 4. Estrutura do sistema de gerenciamento de aprendizagem virtual A partir dos critérios elencos o LMS foi concebido e integrado em cinco módulos a saber: Segurança, Aprendizagem Virtual, Acompanhamento da Aprendizagem, Controle e Orientação ao usuário. A seguir, é apresentado a estrutura modular do protótipo do LMS e em seguida, as funções de cada módulo. Segurança Ssala de aprendizagem Acompanhamento de aprendizado Controle Orientação ao usuário Figura 1 - Estrutura Modular do protótipo de sistema de gerenciamento de aprendizagem virtual interativa (LMS) 4.1 Módulo de segurança O módulo de segurança realiza a administração da segurança e o controle de acessos dos usuários ao sistema. Está estruturado para administrar três categorias de usuários: a) o aluno; b) o professor ou tutor; e c) administrador do sistema. Cada categoria de usuário acessa funções privilegiadas e diferenciadas oferecidas pelo sistema. 4.2 Módulo de sala de aprendizagem virtual O módulo foi desenhado utilizando o conceito de metáforas para proporcionar e facilitar a utilização das funções pelo aluno durante a aprendizagem a distância. A sala possui dois conjuntos de informações. No primeiro conjunto, o nome do aluno que acessa a sala, nome ENEGEP 2004 ABEPRO 2425

do curso, o nome do professor que ministra o curso, o identificador de turma e o ícone que possibilita a saída da sala. O segundo conjunto de informações é constituído por dez funções simbolizadas através de dez ícones a saber: identificador da unidade de aprendizagem, orientação do curso, agenda, material didático do curso, quadro de aviso virtual representa a metáfora do quadro de aviso no mundo real (PAVARD, 1991), caderno virtual do estudante, mecanismos de diálogo com colegas da Sala, Chat, E-mail e controle de freqüência em sala de aula. 4.3 Módulo de acompanhamento da aprendizagem Este módulo tem como objetivo disponibilizar dados que permitem efetuar o acompanhamento da aprendizagem ao aluno. A primeira função tem como finalidade gerar dados automáticos sobre o acompanhamento da aprendizagem do estudante para posterior consulta. Os dados gerados pelo sistema são o dia e hora em que o estudante acessou o sistema, módulos, funções e seus respectivos tempo de duração que sinalizam ao professor como o estudante está interagindo no processo de aprendizagem. A segunda função do módulo registra o conteúdo dos assuntos debatidos, discutidos e comentados pelos estudantes e professor através de chat no modo síncrono e fórum no modo assíncrono, que são úteis para avaliar os conteúdos assimilados pelo estudante ao longo do curso. Por último o professor tem a alternativa de efetuar inclusão, alteração ou exclusão de informações que dizem respeito ao acompanhamento do aprendizado e seu desempenho ao longo do curso. 4.4 Módulo de orientação Este módulo tem como finalidade orientar os usuários (professor ou tutor, alunos e administrador do sistema) em relação a utilização dos comandos e funções do sistema. Este módulo foi concebido baseado nas dificuldades que o usuário tem em operar o sistema. O módulo foi desenvolvido para atender usuários iniciantes e experientes. 4.5 Módulo de controle Este módulo é responsável em controlar e gerar dados sobre todas as operações internas e externas efetuadas pelo sistema e também aquelas executadas pelo estudante e professor. O módulo visa supervisionar as operações internas e externas do sistema gerando mensagens de aviso e erro para posterior análise. As informações geradas por este módulo pode ser consultada através de relatório ou em tempo real pelo administrador do sistema. Ao longo da explanação sobre a estrutura do sistema, consegue-se identificar a aplicação dos conceitos de manual do usuário, carga de trabalho, adaptabilidade, gerenciamento de erro e compatibilidade, bem como a contribuição na concepção de LMS. O roteiro de orientação destinado a facilitar a aprendizagem do usuário em relação ao sistema foi desenvolvido para duas categorias de usuários: os iniciantes, ou seja, aqueles que tem dificuldade de utilizar os recursos de informática e os que já são experientes. A distribuição da quantidade de dados na entrada e saída foi projetado de forma contribuir para aumentar a eficiência do diálogo do aluno e professor, uma vez que, a disposição dos dados da LMS bem como, a grande quantidade de dados pode contribuir para aumentar a carga de trabalho cognitiva. A construção de mecanismos de gerenciamento de erro pretende contribuir para a redução de falhas e também da capacidade do sistema auto-recuperar-se a partir das ocorrências de ENEGEP 2004 ABEPRO 2426

interrupções. A compatibilidade está intrinsicamente relacionada às mais variadas formas de aderência e adaptação do usuário ao sistema. 5. Comentários finais O presente artigo abordou a aplicação dos critérios ergonômicos na fase de concepção do protótipo do sistema de gerenciamento de aprendizagem virtual. Não teve o propósito de avaliar o protótipo, mas refletir sobre a contribuição na fase de concepção. A discussão enfocou os critérios de manual do usuário, carga de trabalho, adaptabilidade, gerenciamento de erro e compatibilidade que tratam das características que o LMS deve possuir para propiciar a melhor usabilidade. A abordagem da Ergonomia na concepção de software contribui para tornar o software mais amigável e utilizável pelo usuário. A partir da identificação e análise da tarefa do usuário é possível conceber o sistema levando em consideração essa dimensão. Os critérios ergonômicos contribuem para revelar aspectos durante a fase de concepção e desenvolvimento de LMS que não são revelados pelas metodologias de desenvolvimento de sistema, uma vez que estão apoiados na abordagem taylorista-fordista de organização do trabalho. Os critérios ergonômicos possibilitam construir sistemas adaptados a inteligência e a tarefa do usuário. O aluno e o professor foram envolvidos na fase de concepção do protótipo do sistema com o objetivo de identificar se o LMS estava aderente aos critérios ergonômicos. Mas torna-se relevante e desafiador reunir o conjunto expressivo de critérios e demais abordagens da ergonomia para verificar se o sistema está aderente à tarefa e a inteligência do usuário. Referências: ARANHA, E. A. O comando de voz como alternativa de interface: Um ensaio de ergonomia na informática. Tese de doutorado, USP, 1997. BASTIEN, J. M. C. e SCAPIN, D. L. Ergonomic criteric for évaluation of human-computer, interfaces. Rapport tecnique de l INRIA-Rocquencourt, 1993. BASTIEN, J. M. C.; SCAPIN, D.L. e A. POLLIER, Évaluation d une interface par des ergonomes: diagnostics et stratégies, Le Travail Humain 55, 1992, p. 71-96. BÉRTRANCOURT, M. e PELLEGRIN, A., Évaluation ergonomique des options de spécification et de visualisation temporelle utilisées das MADEUS. Rapport de recherche de l INRIA Rhones-Alpes,2003. CARROLL, J. (Ed.) (1987). Interfacing thought: Cognitive aspects of human-computer interaction. Cambridge, Ma: MIT Press. KOLSKI, C. Évaluation des systèmes d ínformation et Critéries Ergonomiques in: Systémes d ínformation et interactions homme-machine, C. KOLSKI (éditeur), Hermès, Tolouse, France, 2000, PAULSEN, M. F. An Analysis of On line Education and Learning Management System in the Nordic Countries, 2002. http://home.nettskalen. com/~morlen. PAVARD, B. Métaphores, analogie et conception dês postes informatisés. L Ergonomie des Logiciels-um atout, Paris, 1991. POLLIER A. Évaluation Dune Interface Par Des Ergonomes: Diagnostics Et Strategies. Rapport de Recherche INRIA n 1391, France, Institut Nacional de Recherche en Informatique et en Automatique, 1991. RUMBLE, G. A. Gestão dos Sistemas de Ensino a Distância. UNESCO: Instituto Internacional de Planejamento de Educação, IIPE, Paris, 1993. SITZE, A. Six Pieces of advice on how to evalvate a learning management system. On line Learning Magazine. Innovative Strategies for business, Canadá, September 2002. SPÉRANDIO, J.C. Introduction à l`ergonomie des logiciels In:L ergonomie des Logiciels un atout pour la conception des systèmes informatiques, Paris, 1987. ENEGEP 2004 ABEPRO 2427

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