Figura 6.1 - Ar sangrado do compressor da APU

Documentos relacionados
Figura 2.1 Localização de uma APU em aeronave e seu sistema pneumático

Acumuladores hidráulicos

BOAS PRÁTICAS NO GERENCIAMENTO SUSTENTÁVEL DE ENERGIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA COLÉGIO TÉCNICO INDUSTRIAL DE SANTA MARIA Curso de Eletrotécnica

Universidade Paulista Unip

FIGURA ACESSÓRIOS DO CICLO DE REFRIGERAÇÃO

Propriedades Físicas do Ar Compressibilidade O ar permite reduzir o seu volume quando sujeito à ação de uma força exterior.

2 PRESCRIÇÕES GERAIS PARA O TRANSPORTE DE PRODUTOS PERIGOSOS

Chemguard - Sistemas de Espuma. Sistemas de espuma de alta expansão DESCRIÇÃO: SC-119 MÉTODO DE OPERAÇÃO

Capítulo 11 - ENSAIOS DE COMPATIBILIDADE E EM VÔO

Desumidificador. Desidrat Plus IV Desidrat Plus V

Automatismos Industriais

MANUAL DE OPERAÇÃO SECADORA CIRCULAR H80 DMAN

2.5 Sistema de recuperação de energia. Funcionamento em alívio

Período de injeção. Período que decorre do início da pulverização no cilindro e o final do escoamento do bocal.

Purgadores da JEFFERSON

NPT 015 CONTROLE DE FUMAÇA PARTE 8 18 ASPECTOS DE SEGURANÇA DO PROJETO DE SISTEMA DE CONTROLE DE FUMAÇA

Tipos de malha de Controle

Cuidados na Instalação

Núcleo de Pós-Graduação Pitágoras Escola Satélite Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho

Os motores de CA podem ser monofásicos ou polifásicos. Nesta unidade, estudaremos os motores monofásicos alimentados por uma única fase de CA.

Hidráulica e Pneumática

13 TUBULAÇÕES DE REFRIGERANTE

1 Introdução simulação numérica termoacumulação

TR Tanque Flash. 1. Termo de garantia. 2. Informações gerais de segurança. 3. Informações de segurança específicas do produto

Válvulas controladoras de vazão

2.1 Dados Técnicos - Dimensões na Condição de Altura Fechada (Sem Pressão)

Centro de Seleção/UFGD Técnico em Refrigeração ==Questão 26==================== Assinale a alternativa que define refrigeração.

EXAUSTORES CENTRÍFUGOS DE TELHADO ROTOR DE PÁS CURVADAS PARA TRÁS / FLUXO VERTICAL. Modelo TCV

Termelétrica de Ciclo Combinado

Disjuntor a Vácuo uso Interno

Energia e Desenvolvimento Humano

Solius 61 Manual de Instruções

Classificação dos Sistemas Fotovoltaicos

bambozzi Manual de Instruções Fonte de Energia para Soldagem MAC 155ED +55 (16) 3383

PRINCIPAIS DEFICIÊNCIAS EM CIRCUITOS HIDRÁULICOS QUE OCASIONAM FALHAS EM BOMBAS HIDRÁULICAS

Módulo VI - Processos Isentrópicos Eficiência Isentrópica em Turbinas, Bombas, Bocais e Compressores.

COMPRESSORES. Ruy Alexandre Generoso

Geração de Energia Elétrica

9. MANUTENÇÃO DE TRANSFORMADORES:

ATERRAMENTO ELÉTRICO 1 INTRODUÇÃO 2 PARA QUE SERVE O ATERRAMENTO ELÉTRICO? 3 DEFINIÇÕES: TERRA, NEUTRO, E MASSA.

SISTEMA HIDRÁULICO. Cilindros hidráulicos Válvulas direcionais Bombas Filtros Reservatórios Circuitos hidráulicos básicos CILINDROS HIDRÁULICOS

Lubrificação IV. Notou-se excessivo ruído no sistema de mudança. Sistema selado

Válvulas de Segurança 5/2 vias para o Comando de Cilindros Pneumáticos ROSS South America Ltda

correas UNIPLY Funcionamento das Correias Elevadoras Componentes de um Elevador de Correias a Canecas Referências:

Boletim da Engenharia 14

DISPOSITIVO DE PARTIDA E TRANSFERÊNCIA AUTOMÁTICA PARA GERADORES DE ENERGIA ELÉTRICA MANUAL DO USUÁRIO

MÁQUINAS TÉRMICAS AT-101

TECNOLOGIA EM CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS. CONFORTO AMBIENTAL Aula 9

PROGRAMAÇÃO BÁSICA DE CLP

Considerações sobre redimensionamento de motores elétricos de indução

CAPÍTULO 8 - SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO (MOTORES OTTO) CARBURAÇÃO INJEÇÃO INTRODUÇÃO

Boletim da Engenharia

MANUAL DE INSTRUÇÕES REFRIGERADOR PARA ÔNIBUS MODELO G7

AULA 6 Esquemas Elétricos Básicos das Subestações Elétricas

Capítulo 3 Documento Rascunho Eurico Ferreira S.A. 23 de Fevereiro de António Luís Passos de Sousa Vieira ee07362@fe.up.

Sistema de vácuo ICE Condensation Körting. para aplicações em óleo comestível

1 ATUADORES HIDRÁULICOS

Boletim da Engenharia

AQUECEDOR CADENCE DILLETA AQC 412 LIGADO

Lâmpadas. Ar Condicionado. Como racionalizar energia eléctrica

11.1 EQUAÇÃO GERAL DOS BALANÇOS DE ENERGIA. Acúmulo = Entrada Saída + Geração Consumo. Acúmulo = acúmulo de energia dentro do sistema

bambozzi Manual de Instruções NM 250 TURBO +55 (16) 3383 S.A.B. (Serviço de Atendimento Bambozzi)

Assim como o diâmetro de um cano é função da quantidade de água que passa em seu interior, a bitola de um condutor depende da quantidade de elétrons

Acumuladores de energia

NORMA TÉCNICA NO. 15/2012 Controle de Fumaça Parte 5 - CBMGO - GOIÂNIA/GO CBMGO - CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

Medição tridimensional

INFORMATIVO DE PRODUTO

Manual de Instalação e Operações

DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PROTEÇÃO DE SISTEMA AÉREO DE DISTRIBUIÇÃO 2B CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

1 Alteração das imagens do aparelho Kaue Alteração na capacidade do reservat rio, de 1600ml para 1400ml Kaue

4 EJETORES E SISTEMAS DE VÁCUO

HD 100. P Cobertor elétrico Instruções de utilização. BEURER GmbH Söflinger Str Ulm (Germany)

Introdução à pneumática

Todas as figuras deste manual são ilustrativas. Manual de Instruções. Coifas. Piramidal Inox 60 e 90 cm

Procedimentos de montagem e instalação

SOBRE NoBreak s Perguntas e respostas. Você e sua empresa Podem tirar dúvidas antes de sua aquisição. Contulte-nos. = gsrio@gsrio.com.

COMPRESSORES PARAFUSO

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

Métodos normalizados para medição de resistência de aterramento

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO. Material elaborado pelo Professor Edison T Rego

4 SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE CLIMATIZAÇÃO

1 CIRCUITOS COMBINACIONAIS

Arranjo Unidades Físico Típicas de Indústria. Unidades de Produção e Instalações Auxiliares

MÁQUINAS AGRÍCOLAS PROF. ELISEU FIGUEIREDO NETO

Índice. Classificação. Mais leve do que o ar. Curso n 4 Aeronaves

(73) Titular(es): (72) Inventor(es): (74) Mandatário:

Abastecimento do líquido de arrefecimento

ÁREA CLASSIFICADA (DEVIDO A ATMOSFERA EXPLOSIVA DE GÁS)

Fundamentos de Automação. Atuadores e Elementos Finais de Controle

Saiba mais sobre Condicionadores de AR.

Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo Curso Técnico em Eletrotécnico. Cayo César Lopes Pisa Pinto. Usinas Termelétricas

Introdução. Tipos de Válvulas. Eletropneumática Válvulas de Controle Direcional. Válvulas de Controle Direcionais. Fabricio Bertholi Dias

Nome:...N o...turma:... Data: / / ESTUDO DOS GASES E TERMODINÂMICA

MANUAL DE INSTALAÇÃO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO SOPRADORES TIPO ROOTS DOSITEC SÉRIE Cutes - CR

MANUAL DE INSTALAÇÃO RADAR DUO N de Homologação:

PUBLICAÇÕES: TECNOMETAL n.º 149 (Novembro/Dezembro de 2003) KÉRAMICA n.º 264 (Janeiro/Fevereiro de 2004)

FICHA DE SEGURANÇA Edição revista no : 1

Seminário Eficiência Energética no Setor Agropecuário e Agroindústrias. Oportunidades de Eficiência Energética em

Procedimento Prático Para Manutenção de Cabine Introdução Manutenção preventiva Manutenção corretiva Procedimento, verificações e ensaios

Transcrição:

1 Capítulo 6 - SANGRIA DE AR 6.1 - Finalidade e características gerais A finalidade da APU é fornecer ar comprimido para os sistemas pneumáticos da aeronave e potência de eixo para acionar o gerador de eletricidade e outros equipamentos como ventiladores, para promoverem a circulação de ar externo para resfriamento do seu compartimento. O ar comprimido sangrado da APU pode ser proveniente do compressor da própria APU ou de um compressor separado, como o ilustrado pelas Figs. 6.1 a 6.3. Figura 6.1 - Ar sangrado do compressor da APU

2 Figura 6.2 - Ar sangrado de compressor independente Figura 6.3 - Ar sangrado de estágio intermediário - turbina de 2 eixos

3 Figura 6.4 - Vista externa da APU APs 2300 O ar é sangrado de um ponto entre a descarga do compressor e a câmara de combustão e é dirigido para o sistema pneumático da aeronave através de uma válvula do tipo ON-OFF ou LCV (Load Control Valve), integradas ao sistema de controle da APU. No caso de compressor separado, o ar é dirigido ao sistema pneumático da aeronave através de uma válvula de sangria (bleed valve), do tipo ON-OFF e não está integrada ao sistema de controle da APU. A vazão de ar comprimido geralmente é controlada por um conjunto de pás diretoras à entrada do compressor separado (IGVs Inlet Guide Vanes). O ar comprimido é utilizado para: 1. Acionar o sistema de partida dos motores principais, através de uma turbina a ar comprimido. 2. Operar o sistema de condicionamento de ar da aeronave, baseado num ciclo de expansão de ar. 3. Pressurizar a aeronave, mantendo a cabine de pilotos e de passageiros a uma pressão adequada às funções humanas. 4. Acionar motores à base de turbina de ar comprimido para aplicações diversas (ventiladores, etc.) 5. Aquecimento de superfícies do sistema anti-gelo. 6. Controle de bombeamento do compressor da APU. A Fig. 6.5 indica a localização da APU e do ar sangrado, que é carregado para as diversas aplicações na aeronave.

4 Figura 6.5 - Sistema Pneumático de uma aeronave O sistema pneumático da aeronave pode ser esquematizado como o da Fig. 6.6. Figura 6.6 - Esquema do sistema pneumático de uma aeronave O desempenho de uma APU é medido em função da capacidade de vazão de massa, pressão e temperatura de descarga do ar comprimido sangrado e, no caso de

produção de potência de eixo, também a potência gerada, em todas as condições de operação da aeronave. Deve-se obter do fabricante da APU as informações de desempenho da APU durante a fase de discussão que precede a compra do equipamento. Uma vez emitido o pedido de compra fica difícil qualquer modificação decorrente da incapacidade de a APU apresentar o desempenho requerido. Na Fig. 6.6 podem ser vistas as diversas válvulas (de corte, de controle (Fig. 6.7), unidirecionais) para assegurar a qualidade e a quantidade do escoamento de ar comprimido nos diversos circuitos pneumáticos. Vê-se que a APU fornece ar comprimido a um par de sistemas de condicionamento de ar e de motores de partida das turbinas principais. 5 Figura 6.7 - Válvula de controle de vazão de ar comprimido As válvulas de controle de vazão requerem atenção especial de instalação, a fim de que funcionem adequadamente em todas as condições de operação da APU e da aeronave. As recomendações do fabricante devem ser atendidas para uma instalação e operação adequadas. Alguns tipos de APUs possuem válvula de controle de bombeamento (surge control valve) que operam durante a partida da APU, em altitude ou quando a quantidade de ar sangrada cai abaixo de certo valor. A localização da válvula de controle de bombeamento depende da APU considerada pois há diversos pontos possíveis de onde se pode sangrar o ar do compressor. Como o ar sangrado está a altas pressões e temperaturas, o projetista da instalação da APU deve providenciar dutos e pontos de descarga apropriados, geralmente no duto de exaustão da turbina.

Deve-se observar: ƒ Se o ar for descarregado no duto de escapamento, não pode causar contrapressão na turbina ou impedir o escoamento livre dos gases quentes. ƒ Não descarregar o ar sangrado em local que possa comprometer a leitura de temperatura do termopar utilizado para medir a temperatura de exaustão da APU. ƒ Que não haja degradação de desempenho do edutor, se existir. ƒ Que não seja descarregado para a atmosfera em local que possa atingir pessoas e/ou equipamentos de solo. ƒ A necessidade de tratamento acústico para não incomodar passageiros, Quando o ar comprimido é produzido por um compressor separado, a válvula de controle de vazão é geralmente combinada com um conjunto de pás estatoras móveis (IGVs) à entrada do compressor, atuando também no controle de bombeamento (surge). Neste caso, está ligada ao sistema de controle da APU. A descarga do ar comprimido para efeito de controle de bombeamento deve também ser feita no duto de escapamento. 6 6.2 - Dutos para ar sangrado O ar sangrado do compressor está a altas temperaturas e pressões. Desta forma, os dutos que o transportam devem ser adequadamente dimensionados para suportarem essas condições, bem como as vazões especificadas. As perdas de pressão decorrentes do escoamento nos dutos não podem ser altas para não degradar a qualidade do ar comprimido sangrado. Os dutos devem atender também os requisitos dos locais por onde passam. Os dutos também não devem ser superdimensionados porque representam peso desnecessário e formam volumes grandes que influem no desempenho das válvulas de controle, pois afetam a estabilidade do sistema de controle e acarretam atrasos de informações que precisam ser levados em conta nos sistemas de controle. Os dutos devem ser adequadamente ancorados e não devem impor cargas além das admitidas, nos diversos equipamentos a que estão fixados. Como a temperatura do ar sangrado é elevada, há dilatação/deflexão grande dos dutos, o que pode impor cargas excessivas aos equipamentos, o que pode ser minimizado com o uso de juntas flexíveis e de formas (caminhos) apropriadas. Os dutos devem ser fabricados de materiais à prova de fogo, especialmente as partes que ficam no compartimento da APU e as próximas a equipamentos críticos da aeronave. Devem ser dimensionados para suportar altas pressões e temperaturas e dar vazão ao escoamento necessário, sem perdas excessivas. Deve-se dar atenção especial aos dutos de sangria de ar de controle de bombeamento, pois os fluxos são elevados e estão a altas velocidades, uma característica potencialmente destrutiva, pois pode causar vibrações e, devido a estas, fadiga de paredes finas e erosão em materiais não-metálicos.

Recomenda-se o uso de aço inoxidável ou titânio para os dutos e juntas de expansão. Os dutos para ar sangrado que estiverem no compartimento da APU precisam ser os mais curtos possíveis e isolados para diminuir a radiação de calor para dentro do compartimento. Essa isolação pode ser feita construindo o duto de parede dupla ou utilizando cobertura isolante. Se a cobertura isolante for utilizada, seu material não pode absorver nem reter fluidos inflamáveis que poderiam criar um potencial de fogo quando o duto atingir sua temperatura de operação. Deve-se incorporar no duto de sangria uma válvula unidirecional acionada por mola para evitar que o ar comprimido do motor principal circule pela APU quando a APU estiver funcionando e a válvula de corte estiver na posição aberta. Quando a válvula de sangria do motor principal estiver aberta (o que pode acontecer quando um ou mais motores estiverem ligados e a APU estiver operando com sua válvula de sangria aberta), a maior pressão do motor principal deve fechar a válvula unidirecional instalada próxima da APU. Se essa válvula falhar na posição aberta, ar comprimido do motor principal pode circular pela APU. Neste caso o fluxo divide-se em dois: uma parte vai para a turbina e a outra retorna pelo compressor, saindo pelo duto de entrada de ar. Se isto acontecer e não for detetado, pode causar danos à APU. A experiência mostra que a rpm e a temperatura de escapamento da APU podem permanecer como normais ou não notadas. Se houver deteção de fluxo reverso, a APU deve ser desligada imediatamente. Há APUs em que existe dispositivo de deteção de escoamento invertido, com ação para imediato corte da APU. Em algumas instalações utiliza-se ar sangrado da APU num ejetor para movimentar ar para resfriamento do compartimento da APU. Neste caso, deve-se utilizar o ar sangrado somente depois que a APU atingiu velocidade governada. Requer-se, portanto, válvulas, pressostatos, dutos, etc. para esse tipo de utilização do ar sangrado. Como uma das principais aplicações da APU é para fornecer ar comprimido para o sistema de ar condicionado da aeronave, o ar sangrado deve ser livre de contaminantes para que possa ser adequado à respiração humana. Devem satisfazer os requisitos da FAA. Como a APU não tem controle sobre os contaminantes do ar que podem chegar à sua admissão, deve-se assegurar que o ar que chega à APU seja limpo. Isto é uma razão importante para se localizar a APU onde a ingestão de gases dos motores principais seja minimizada. 7