INTERVENÇÃO DE S.EXA. O SECRETÁRIO DE ESTADO DO TURISMO, DR.BERNARDO TRINDADE, NA SESSÃO DE ABERTURA DO XXXIII CONGRESSO DA APAVT TURISMO: TENDÊNCIAS E SOLUÇÕES Exmos. Senhores Conferencistas, Antes de mais agradeço à APAVT, na pessoa do seu presidente, o convite que me foi dirigido para participar em mais uma edição do seu Congresso. Esta é a minha 3ª participação enquanto responsável pelo sector e posso confirmar que 33 edições de congressos da APAVT são, só por si, demonstradores da vitalidade e importância do sector retalhista na indústria do turismo. Quando este Governo tomou posse em Março de 2005, deparou-se com uma situação contextual (económica e financeira) muito clara: um quadro económico muito marcado pela necessidade de equilíbrio das contas públicas e consequente redução da despesa do Estado; O sector público do Turismo encetou, então, uma reforma de grande dimensão e abrangência para melhor poder responder à sua missão: promover o desenvolvimento de um turismo competitivo. Surgiu neste contexto, no início de 2006 e aprovado em 2007, o Plano Estratégico Nacional de Turismo. A estratégia para o sector, reflectida num 1
Plano transversal e multidisciplinar com um prazo de 10 anos, identificando 7 novos pólos de desenvolvimento turístico e seleccionando os 10 produtos turísticos de aposta. Foi lançado um conjunto de medidas conducentes à criação de condições favoráveis ao investimento público e privado, das quais destaco: O lançamento de novos programas de incentivo ao investimento em projectos que tenham por objectivo a requalificação dos destinos, a dinamização dos novos pólos e o desenvolvimento dos produtos turísticos estratégicos, Criámos o PIT (programa destinado ao apoio à realização de infraestruturas de natureza pública) dotação de 100 milhões de euros; Criámos a Linha de Crédito ao Investimento no Turismo em parceria com o sector financeiro (investimento privado) dotação pública de 60 milhões de euros. O Protocolo Bancário conta com 15 instituições financeiras. A Reforma do relacionamento Estado/Empresa, com as metas de menos burocracia, maior responsabilização, melhor fiscalização, racionalizando recursos e optimizando os processos. Nesta vertente saliento: A reestruturação do sector público do Turismo, concentrando num único Organismo, o Turismo de Portugal, IP, todas as competências públicas relacionadas com esta actividade; O acompanhamento dos PIN - cortámos com os anos e anos de redtape que os investidores de projectos qualificadores da nossa oferta enfrentavam; A resposta em tempo útil ao investidor; O desbloqueamento de impasses e a adopção de soluções que concertam os interesses públicos e privados; 2
Os 8 mil milhões de investimento de projectos PIN na área do Turismo e a estimada criação de 34.000 postos de trabalhos directos e indirectos significam por si só a confiança que os promotores depositam nas políticas adoptadas. Demos uma especial atenção à Formação e, neste campo: Criámos o Conselho Estratégico para a Educação e Formação Profissional no Sector do Turismo como um espaço de reflexão e de aproximação entre empresas e Estado, tendo a reflexão produzida permitido, num primeiro momento, identificar as necessidades do mercado e os desfasamentos da oferta de formação que conduziram à adopção de um conjunto de medidas já implementadas Implementámos um projecto-piloto de formação on Job que está a decorrer e que é já o resultado desta parceria entre empresas e Estado que considero essencial Lançámos o Centro de Investigação e Formação Avançada em Turismo, cujos frutos vamos ver já no primeiro semestre de 2008 (ISCTE, Universidade do Algarve, ESHTE) Estabelecemos parcerias com as mais prestigiadas escolas hoteleiras internacionais Paris e Lausanne Alargámos a rede escolar do Turismo de Portugal, que conta hoje com 14 escolas de hotelaria e turismo Reformulámos os currículos nas escolas de turismo já este ano lectivo, com reforço das áreas comportamentais, linguísticas e das novas tecnologias Estamos a criar as condições para que os recursos humanos respondam ao repto de excelência que o nosso turismo exige. Em paralelo, o Governo desencadeou um conjunto de reformas administrativas com o objectivo de promover as condições para a existência de um ambiente 3
inovador, susceptível de garantir a criação de condições locais de competitividade, onde assentam muitas vantagens concorrenciais, alicerçadas em conhecimentos altamente especializados, em organizações eficazes e em clientes exigentes, reformas estas de carácter transversal, e com reflexos directos na actividade turística. Nesta linha, estamos a criar um ambiente de estímulo à inovação das empresas, por via da simplificação dos procedimentos administrativos e pela dinamização de programas de incentivos ao investimento das empresas, que permitem assegurar a produção de novos bens e serviços, a utilização de novos processos tecnológicos, organizacionais e de marketing, e o fomento do empreendedorismo qualificado. No campo da eficiência da Administração, saliento o papel assumido pelo Programa Simplex, no sentido de orientar a Administração Pública para uma resposta pronta e eficaz às necessidades dos cidadãos e das empresas, actuando no domínio da simplificação legislativa e administrativa, o que permite às empresas concentrarem os seus esforços no essencial, criando condições para o surgimento de mais e melhores projectos, geradores de valor acrescentado e emprego, de que é exemplo o Programa Empresa na Hora e a Marca na Hora, medida que hoje são já referência em termos internacionais. Por outro lado, esta responsabilidade de estímulo à actividade empresarial encontra-se igualmente patente na estratégia definida no âmbito do QREN Quadro de Referência Estratégico Nacional, com o lançamento de três sistemas de incentivos de base transversal: o Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (SI I&DT), o Sistema de Incentivos à Inovação (SI Inovação) e o Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de PME (SI Qualificação de PME). 4
Também à área da qualificação dos recursos humanos foi dada importância primordial através da criação de um Programa específico de incentivo Programa Operacional Potencial Humano. 2007 foi um ano de óptimos resultados para o Turismo: O crescimento da receita, com +11,3% nos primeiros 9 meses de 2007, comparativamente com o período homologo de 2006 O crescimento da procura, com +7,1% dos hóspedes nos primeiros 9 meses de 2007 O crescimento do tráfego aéreo de voos internacionais, com +11,8% que em igual período de 2006 No tráfego aéreo registo particularmente os crescimentos dos voos Low Cost no Porto, com + 78,8%, em Lisboa, com + 51,6%, e em Faro, com + 19,1%, representando aqui cerca de 60% do tráfego. Também foi um ano de mudanças estruturais, organizacionais e do quadro legislativo da actividade turística, em que o Governo assumiu, claramente, o Turismo como factor-chave para o desenvolvimento do país a revisão da legislação relativa às Agências de Viagens e de Restauração e Bebidas constituem marcas importantes. Neste momento, Portugal está numa fase determinante para se afirmar internacionalmente como destino turístico europeu de excelência A Presidência da União Europeia neste último semestre de 2007 constituiu, neste campo, uma janela de oportunidade que rentabilizámos Assumimos o turismo como uma prioridade da nossa presidência, o que deu frutos: 5
O Novo Tratado contemplará pela primeira vez uma referência autónoma ao Turismo, o que traduz um reconhecimento da importância desta actividade na economia europeia No passado dia 22 de Novembro, o Conselho da Competitividade aprovou as conclusões da Agenda Europeia para um Turismo Sustentável e Competitivo, que pretende criar as condições para uma indústria turística europeia mais forte, competitiva, geradora de emprego e de bem-estar social Estamos, assim, apostados num novo paradigma para o Turismo em Portugal, paradigma que é indissociável, não só, da qualidade da nossa oferta, alicerçada, cada vez mais, em práticas de sustentabilidade e de respeito pela integridade do património natural e cultural, mas, essencialmente, da imagem que consigamos transmitir desta mesma oferta, de modo a reposicionar a percepção que os outros têm de nós. Neste aspecto, é certamente essencial a responsabilidade do Estado na criação de condições facilitadoras, bem como na promoção da marca Portugal e do posicionamento do País, factores que têm sido evidenciados: Na capacidade de organização de grandes eventos Na capacidade de eliminar custos de contexto Na implementação de soluções inovadoras e sustentáveis - Portugal apresentou, em 2006, a segunda maior taxa de crescimento da produção de energia eólica e, em 2015, apresentaremos um acréscimo de 50% na capacidade hidroeléctrica instalada, em comparação com a actualidade. Somos o terceiro país com a meta mais ambiciosa de crescimento em fontes de energia renováveis, na Europa dos 27. 6
A dinâmica sentida no desenvolvimento dos projectos turísticos em curso, nomeadamente nos pólos identificados, bem como a excelência dos empreendimentos turísticos que estão a surgir no país demonstram a adequação da estratégia definida e estão a contribuir para a construção do novo paradigma que defendemos. É determinante a responsabilidade de cada um em matéria de inovação, da excelência do serviço prestado, da capacidade de leitura face ao mercado e às suas tendências. Assistimos, há poucos dias, a uma conferência interessantíssima, em Cascais sobre Inovação e Turismo, e os que estiveram presentes tiveram oportunidade de ouvir, de conferencistas com áreas de negócio bem diferentes que, hoje, tudo está centrado no consumidor e nas experiências que este pode e espera viver. O turista viaja mais frequentemente, mas é menos fiel, mais volúvel e sensível às opiniões dos outros. Espera um grau de satisfação de 100%; quando esta expectativa não é atingida ou mesmo superada, recorre a ferramentas poderosas (blogues, sites de opinião, etc.) que podem afectar seriamente o negócio de alguns prestadores de serviços. Estamos num momento de viragem. Dentro de dias será apresentada uma nova imagem para a promoção de Portugal. 2008 será o ano de implementação do novo modelo de regulação da oferta turtística com a aprovação da Lei dos Empreendimentos Turísticos Contem com o Governo, tal como eu conto convosco para demonstrar que Portugal é, de facto, um país único que está na rota dos destinos a não perder. Muito obrigado. 7