4. DIAGNÕSTICO AMBIENTAL 1 4.1. ÁREAS DE INFLUÊNCIA 1 4.1.1 Meio socioeconômico 2 4.1.2 Aspectos físicos e biológicos 8 Áreas de influência
4. DIAGNÕSTICO AMBIENTAL 4.1. ÁREAS DE INFLUÊNCIA A Resolução CONAMA 01/86, marco do licenciamento ambiental no País, considera impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. A mesma Resolução exige ainda a consideração da Bacia Hidrográfica na definição da área de influência dos empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental. Os conceitos de áreas de influência direta e indireta estão portanto relacionados aos espaços territoriais definidos pelos impactos diretos e indiretos do projeto. Trata-se de definir o alcance geográfico do diagnóstico ambiental da situação anterior ao projeto. Os resultados dos estudos de dispersão de poluentes atmosféricos ou de efluentes em um corpo receptor, bem como dos efeitos de encadeamento econômico de um empreendimento, podem alterar a definição preliminar das Áreas de Influência, e assim torna-se recomendável trabalhar com distintos cortes disciplinares e com flexibilidade para incorporar, por ocasião da análise dos impactos, fatores ambientais específicos de áreas porventura não incluídas no diagnóstico ambiental 1. Por outro lado, é complexa e sujeita a controvérsias a definição de impactos secundários ou indiretos, mesmo nos aspectos biofísicos, enquanto do ponto de vista socioeconômico estes impactos podem atingir escalas territoriais de macrorregiões, Países e blocos econômicos. Mas há unanimidade entre os especialistas quanto ao fato de cada corte disciplinar gerar um determinado espaço geográfico como área de influência direta e indireta e quanto à necessidade de consideração de escalas territoriais realistas no Diagnostica Ambiental, ao mesmo tempo em que são focalizados em maior detalhe, e em amplitude geográfica pertinente, os fatores ambientais efetiva ou potencialmente afetados pelo empreendimento. Assim sendo, os estudos 1 No presente caso, foram utilizados os estudos da FIPE e da FGV sobre os efeitos de encadeamento econômico do COMPERJ e realizadas simulações preliminares, utilizando dados estimados das fontes fixas de emissão, e o AIRMOD, modelo de dispersão de poluentes atmosféricos distribuído pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA, conforme apresentado no Capítulo 5 deste EIA Identificação e Avaliação dos Impactos Ambientais.. Estas simulações reforçaram a conveniência de ampliação da área de influência direta do empreendimento no que se refere aos aspectos socioeconômicos e biofísicos, o que será incorporado na versão final deste EIA. Áreas de influência 4.1-1
em tela vão utilizar diferentes escalas de abordagem conforme o tema ou conjunto de temas em análise. 4.1.1 Meio socioeconômico 4.1.1.1 Área de influência Estratégica e Área de Influência Indireta Como visto nos Capítulos 1 e 2 deste EIA o COMPERJ é um empreendimento de grande porte, com investimentos da ordem de US$ 8,4 bilhões. O COMPERJ integra, de forma pioneira no Brasil, operações de refino com a produção petroquímica e está orientado para a oferta de olefinas e produtos de segunda geração petroquímica (sobretudo polietilenos, polipropilenos e PET) aos mercados externo e interno, mantendo certa flexibilidade para a produção de combustíveis. A importância extraordinária do COMPERJ para o Brasil pode ser avaliada quando são considerados os aspectos de inovação tecnológica, de substituição de importações, de transformação do petróleo Marlim, produto de baixo valor no mercado, em produtos nobres, de alto valor agregado, e pela notável capacidade dos setores de refino de petróleo e de produção petroquímica de alavancarem o crescimento do conjunto de atividades produtivas situado a montante e à jusante. Os efeitos diretos, indiretos e induzidos para trás desses setores são os maiores na economia brasileira, alcançando, respectivamente, valores de 9,4 e 5,6 respectivamente conforme a matriz de insumo-produto nacional 1. Os efeitos de encadeamento econômico direto, indireto e induzido das fases de construção e de operação do COMPERJ, sobre a produção, a renda e o emprego, assumem portanto importância extraordinária no quadro nacional, sendo estratégico para o Estado do Rio de Janeiro maximizar a internalização desses efeitos, evitando que vazem para outras regiões do País 2. O caráter estratégico do COMPERJ para o Estado do Rio de Janeiro, deriva justamente da necessidade de maximizar a internalização dos efeitos positivos diretos, indiretos e induzidos do COMPERJ sobre a produção, a renda e o emprego no Estado. Assim sendo, o território do estado do Rio de Janeiro corresponde a uma Área de Influência Estratégica AIE para o EIA do COMPERJ, conforme a Figura 4.1.1. Deve-se notar aqui, por fundamental para o entendimento da questão, que a técnica de insumoproduto, entre outras limitações, retrata apenas as relações intersetoriais vigentes à época da elaboração da matriz. Assim sendo, embora a técnica não deva ser usada para projetar o futuro de forma mecanicista, como se não fossem possíveis e mesmo previsíveis, alterações estruturais na divisão regional do trabalho, nos mercados respectivos e na evolução econômica e tecnológica de cada região/setor, fornece uma visão clara das tendências espontâneas caso prevaleçam os padrões de localização industrial e relações intersetoriais vigentes à época de sua elaboração. Caso mantida a atual divisão regional do trabalho, por exemplo, o setor de plásticos que utilizará 1 Ver Impactos econômicos e sociais da nova Refinaria no Brasil: uma análise comparativa, Universidade Federal do Rio De Janeiro, Instituto de Economia, Monografia de Bacharelado, Raphael Simas Zylberberg, 2006 2 Ver Avaliação dos Impactos Socioeconômicos do COMPERJ, FIPE, 2006 Áreas de influência 4.1-2
os produtos petroquímicos do COMPERJ, manter-se-ia largamente concentrado em São Paulo, dadas as suas características locacionais predominantes, i.e. sua orientação para o mercado e não para a fonte de insumos. Figura 4.1.1 O Estado do Rio de Janeiro como AIE do COMPERJ Ao localizar-se em Itaborai, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, com acesso fácil aos eixos estruturadores do espaço regional como a BR-101, BR-493 e BR-116, e tendo em vista sua articulação futura com o Porto de Sepetiba através da implantação do projeto rodoviário do Arco Metropolitana (Figura 4.1.2), o empreendimento certamente desfrutará das economias de aglomeração existentes na escala metropolitana, que compreende a região da bacia hidrográfica da Baía de Guanabara (Figura 4.1.3 e Carta Imagem da AII em anexo), corte territorial importante do ponto de vista da Res. CONAMA 01/86. Áreas de influência 4.1-3
Figura 4.1.2 COMPERJ no contexto macrorregional integração via Arco Metropolitano Região Hidrográfica da Baía de Guanabara Figura 4.1.3 Região Metropolitana do Rio de Janeiro e Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara A região do Consórcio de Municípios do Leste Fluminense - CONLESTE (Figura 4.1.4), que inclui municípios do leste Metropolitano e municípios não metropolitanos como Cachoeiras de Macacu, pertencente à Região Serrana, além de Casimiro de Abreu e Silva Jardim, da região das Baixadas Litorâneas, merece corte socioeconômico específico no diagnóstico do meio antrópico, pela proximidade ao empreendimento e pela existência de organização intermunicipal que poderá dar suporte às ações coordenadas necessárias ao aproveitamento das oportunidades e prevenção dos efeitos indesejáveis do COMPERJ. Foi assim definida uma área de Abrangência Regional do COMPERJ, para efeito do meio antrópico, considerando esses 11 municípios, que mereceram atenção especial por levantamento direto de sua situação e perspectivas, em cada Prefeitura. Áreas de influência 4.1-4
Figura 4.1.4 AAR Área de Abrangência Regional conleste Consórcio de Municípios do Leste Metropolitano Os municípios da RM Rio de Janeiro (AII) e do CONLESTE (AAR) não situados no entorno imediato do empreendimento, poderão de fato desfrutar dos benefícios indiretos do COMPERJ, tanto em termos dos efeitos de encadeamento para frente e para trás do complexo na estrutura de produção, como em termos dos efeitos induzidos (efeito dito acelerador, de criação de produção, emprego e renda orientados para a demanda por bens e serviços das pessoas ocupadas nas atividades tecnicamente inter-relacionadas com o COMPERJ) e poderão sofrer impactos negativos sobre a ocupação do solo e sobre a infra-estrutura urbana, por força da magnitude desses efeitos indiretos e induzidos, quando localizados no seu território. Os estudos disponíveis e a experiência com projetos semelhantes indicam que os impactos das obras propriamente ditas (sem considerar a aquisição de máquinas e equipamentos) tenderão a se restringir aos municípios do entorno imediato do COMPERJ, enquanto os efeitos positivos de encadeamento direto, indireto e induzido da fase de operação, poderão se estender à Região Metropolitana do Rio de Janeiro e aos municípios do CONLESTE que não pertencem a esta região, na dependência da eficácia dos planos, programas e projetos governamentais que garantam a necessária atratividade aos investimentos privados respectivos. Estes espaços geográficos receberão parte dos impactos do tráfego gerado durante as obras, poderão acomodar a residência de parte da mão-de-obra de construção e do pessoal de operação e também poderão receber investimentos privados tanto dos fornecedores de bens e serviços ao COMPERJ como da terceira geração de empreendimentos petroquímicos associados ao downstream do COMPERJ. Municípios da Região Serrana como Friburgo ou Petrópolis e Teresópolis e da Região dos Lagos (Baixadas Litorâneas) como Araruama e Saquarema, conforme os estudos desenvolvidos até esta data, não sofrerão impactos relevantes pela construção ou operação do COMPERJ, mas também poderão ser beneficiados, ainda que e menor grau, pelos efeitos indiretos e induzidos do Complexo sobre a economia e as finanças locais, ou sofrer impactos negativos do tráfego futuro, e estão analisados, com base em dados secundários, como parte do agregado regional respectivo. No que concerne, portanto, às áreas de influência para o diagnóstico do meio antrópico, territórios que podem ser definidos em várias escalas, chegando ao Estado do Rio de Janeiro, as Áreas de influência 4.1-5
macrorregiões do País a serem atendidas pelos produtos do COMPERJ, ao Brasil como um todo (basta considerar implicações sobre a substituição da importação de petróleo e derivados e sobre a exportação de resinas e outros produtos de terceira geração), o estudo focaliza inicialmente os níveis CONLESTE (AAR), Região Metropolitana do Rio de Janeiro (AII), Região Serrana, Região das Baixadas Litorâneas e Estado do Rio de Janeiro (AIE), obviamente em termos agregados. Para o CONLESTE (AAR) o diagnóstico apresenta ainda os resultados do levantamento direto junto a cada Prefeitura. 4.1.1.2 Área de influência Direta AID A poluição atmosférica é sem dúvida um dos principais impactos ambientais de projetos como o COMPERJ. A experiência demonstra o caráter crítico de operações de refino para a qualidade do ar nas regiões onde se inserem. A poluição atmosférica também é um impacto que se manifesta nos meios físico, biótico e antrópico. A Área de Influência Direta do COMPERJ foi assim definida a partir de simulações da dispersão atmosférica dos poluentes primários regulados, utilizando-se os óxidos de nitrogênio como indicadores, também pelo seu caráter mais crítico entre os poluentes primários regulados. Estas simulações indicaram que a partir de um raio de 20 km, as concentrações desses poluentes no ar ambiente aproximam-se das concentrações de fundo em ambientes pouco antropizadas. Desta forma os municípios cortados pelo raio de 20 km do centro de gravidade do sítio do COMPERJ foram tratados como área de influência direta do empreendimento do ponto de vista antrópico. RAIO DE 20 KM NOVA AID Figura 4.1.5 Corte territorial da Área de Influência Direta AID, a partir do estudo de dispersão de poluentes atmosféricos Áreas de influência 4.1-6
4.1.1.2 Área Diretamente Afetada - ADA A ADA foi definida com um raio de cerca de 10 km do centro de gravidade do COMPERJ, cobrindo os municiais do entorno imediato do empreendimento. A Figura 4.1.5 abaixo ilustra a Carta Imagem da ADA assim definida, considerando-se a superfície envoltória do raio de 10 km, mas extendendo a porção Oeste até o início do manguezal da APA de Guapimirim. Figura 4.1.6 Área Diretamente Afetada ADA Esta definição está apoiada no fato de as obras gerarem efeitos mais intensos nesse raio, da mesma forma que os impactos positivos e negativos esperados na fase de operação também se concentrarem nesse espaço geográfico. A ADA que envolve o raio de 10 km mostrada acima compreende uma parte da região formada pelos municípios de Itaboraí, Guapimirim, Cachoeiras de Macacu e Tanguá todos integrantes do CONLESTE. As áreas urbanas e com atividades agrícolas potencialmente mais vulneráveis à implantação e operação do COMPERJ, no raio de 10 km, foram ainda objeto de levantamentos diretos por amostragem domiciliar para efeito do diagnóstico do meio antrópico, em complementação à Avaliação Socioambiental contratada pela PETROBRAS e incorporada ao diagnóstico conforme pertinente. Áreas de influência 4.1-7
4.1.2 Aspectos físicos e biológicos 4.1.2.1 Área de Influência Indireta AII A Área de Influência Indireta do empreendimento para os aspectos físicos e biológicos foi definida como a região hidrográfica da Baía de Guanabara. Nessa escala foram utilizados apenas dados secundários. A Figura 4.1.7 abaixo ilustra esta perspectiva, enquanto a Carta Imagem e os temáticos respectivos encontram-se em anexo. Figura 4.1.7 Área de Influência Indireta AII para os aspectos biofísicos 4.1.2.2 Área de influência Direta AID e Área Diretamente Afetada ADA Para a AID E ADA, no que se refere aos aspectos físicos e biológicos, foram adotados os espaços geográficos definidos, respectivamente, pelos recortes cartográficos para os raios de 20 km, como destacado anteriormente, e de 10 km no entorno imediato do COMPERJ, conforme as Cartas Imagens e mapeamentos temáticos em anexo. Além da sistematização do conhecimento disponível foram realizadas observações de campo com registro fotográfico pertinente pelos especialistas em geologia, geomorfologia, solos/aptidão, recursos hídricos de superfície e subterrâneos, recursos minerais e sua situação de exploração, buscando refinar o conhecimento disponível na escala regional e macrorregional, incorporar criticamente o acervo de levantamentos e avaliações específicas disponibilizado pela Áreas de influência 4.1-8
PETROBRAS, e produzir mapas e avaliações temáticas da situação atual da AID e da ADA em escalas ampliadas. As avaliações ambientais expeditas das áreas ambientalmente sensíveis no raio de 20 km do COMPERJ, que incluíram: Os manguezais remanescentes na foz dos rios Caceribu e Guapimirim ( incluindo, portanto, a APA de Guapimirim e respectiva Estação Ecológica da Guanabara); As áreas do Barbosão-Sambé de Itaboraí, Tanguá e Rio Bonito; e Estação Ecológica Paraiso Famintos florestais ecologicamente relevantes (em princípio a mata de galeria remanescente no rio Aldeia, afluente do Porto das Caixas) Plano de manejo do Parque Estadual dos 3 Picos O uso do solo e a cobertura vegetal da AID mereceram esforço específico, incorporando-se na medida do possível os trabalhos acadêmicos disponibilizados pela PETROBRAS e mediante fotointerpretação, com idas a campo para validação, utilizando-se imagens de alta resolução devidamente mosaicadas e georefenciadas no sistema UTM, datum SAD 69. Os levantamentos primários da qualidade do ar, das águas e dos ruídos de fundo, além da caracterização fitosociológica dos remanescentes florestais na AID e ADA complementam o esforço do diagnostico nessas escalas territoriais, como descrito adiante. Áreas de influência 4.1-9