Gestão Integrada de Águas Urbanas. Estudo de caso Buenos Aires

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Gestão Integrada de Águas Urbanas Estudo de caso Buenos Aires

2012 Banco Mundial 1818 H Street NW Washington DC 20433 Telefone: 202-473-1000 www.worldbank.org Reconhecimentos Esta publicação foi possível graças à contribuição financeira do Water Partnership Program (WPP) http://water.worldbank.org/water/wpp. A produção deste documento foi possível graças ao apoio do Programa de Água e Saneamento do Banco Mundial. Este publicação foi produzida pelo Banco Mundial com contribuições de terceiros. As apurações, interpretações e conclusões expressadas nesta publicação não refletem necessariamente as opiniões do Banco Mundial, seu Diretório ou os governos que ele representa. O Banco Mundial não garante a exatidão dos dados apresentados nesta publicação. As fronteiras, cores, denominações e outras informações apresentadas em qualquer mapa desta publicação não indicam nenhum julgamento do Banco Mundial sobre a situação legal de qualquer território, nem o endosso ou a aceitação de tais fronteiras. Direitos e Permissões O material desta publicação é protegido por direitos autorais. Devido a que o Banco Mundial estimula a divulgação de seu trabalho, esta publicação poder ser reproduzida, total ou parcialmente, para fins não comerciais, sempre que a autoria seja completamente atribuída. Todas as outras consultas sobre direitos e licenças, inclusive direitos subsidiários, devem ser endereçadas ao Escritório de Publicações, Banco Mundial, 1818 H Street NW, Washington, DC 20433, USA; fax: 202-522- 2422; e-mail: pubrights@worldbank.org. Foto da capa: Buenos Aires, ARG. Fonte: AySA.

Buenos Aires experimentou mudanças institucionais muito importantes durante as últimas duas décadas Os serviços de abastecimento de água e esgoto em Buenos Aires mudou de atendimento por uma entidade pública para ser administrado por uma empresa privada, em 1992 para, logo no ano de 2006, mudar novamente para a esfera pública. A concessão do serviço de água e esgoto de Buenos Aires, assinada em 1992, foi um exemplo único e controverso de privatização do serviço de água devido a sua grande escala e sua rápida implementação. De acordo com a política argentina de privatização em grande escala nos anos 90, a concessão foi outorgada à empresa Aguas Argentinas, um consórcio liderado por uma firma francesa. Desde o ano 2001, Argentina atravessou uma crise financeira que contribuiu para a ruptura de tal concessão. Em 2006, o governo argentino rescindiu o contrato de concessão e criou a empresa pública Agua y Saneamientos Argentinos S.A. (AySA). Desembocadura do Rio de la Plata Rio para o Oceano Atlântico. Fonte: NASA. A Área Metropolitana de Buenos Aires conta com uma só companhia de água, o que reduz os conflitos interjurisdicionais AySA provê serviços de água e esgoto à Cidade Autônoma de Buenos Aires e a 17 municípios que a rodeiam. Com uma área de serviço de 1.800 km 2, com cerca de 11 milhões de habitantes, AySA é uma das maiores companhias de água do mundo. O governo nacional financia a AySA, dotando-a de um importante orçamento, o que possibilita a expansão dos serviços de água e esgoto e, também, a manutenção de tarifas relativamente baixas para os serviços. Buenos Aires conta com recursos hídricos abundantes e a AySA está expandindo a cobertura do serviço de abastecimento de água O grande rio da Prata é a fonte de água potável de Buenos Aires. A AySA capta água do rio da Prata, trata e logo distribui aos usuários do serviço. O serviço de abastecimento de água geralmente é bom, com um serviço contínuo que cumpre com os padrões de água para consumo humano. Atualmente, a AySA provê água a, aproximadamente, 9 milhões de pessoas, o que equivale a 82% da população na área de serviço de sua

4 Gestão Integrada de Águas Urbanas Estudo de caso Buenos Aires responsabilidade, mas tem o ambicioso plano de estender a cobertura de serviço a 100% da população até 2015. Esta expansão da cobertura do serviço tem como primeiro objetivo alcançar aos usuários de baixa renda. O abundante serviço de água junto com o baixo preço das tarifas tem como consequência um dos consumos de água per capita mais altos da América Latina, estimando-se um consumo diário de 400 litros por pessoa. A drenagem pluvial é um grande desafio para Buenos Aires A maior infraestrutura de drenagem pluvial foi construída entre 1930 e 1940 e, atualmente, está sendo renovada a fim de impedir as crescentes perdas econômicas devido às inundações. Em termos gerais, a rápida urbanização de Buenos Aires, sem o controle e planejamento adequados, trouxe como consequência um grande aumento da impermeabilidade, o que, por sua vez, gerou um maior volume do fluxo pluvial. A densidade populacional da cidade de Buenos Aires é uma das mais altas do mundo, com uma proporção média de 150 habitantes por hectare e algumas áreas alcançando 400 habitantes por hectare. Agravam a situação da drenagem pluvial na área também a flutuação dos níveis de águas superficiais devido às marés do rio da Prata e os altos níveis das águas subterrâneas. A grave situação das inundações e o consequente dano à vida humana e à economia da cidade motivaram a aumentar em grande medida o investimento em obras de infraestrutura de drenagem. Neste sentido, a Cidade Autônoma de Buenos Aires elaborou o Plano Diretor Hidráulico Urbano que estabelece um plano prioritário de investimentos 1. O objetivo do plano 1 Para mais informações sobre o Plano Diretor Hidráulico Urbano: http://www.planhidraulico. buenosaires.gob.ar/ 2 Para mais informações sobre o Plano Diretor de Esgotamento Sanitário da AySA: http://www. aysa.com.ar/index.php?id_seccion=7 é melhorar o sistema de drenagem pluvial da cidade para prover a proteção necessária anterior à ocorrência de chuvas de 10 anos de recorrência, isto é, reduzir a probabilidade de inundações para uma vez a cada 10 anos. A poluição da água, especialmente na bacia Matanza Riachuelo, é a maior questão a ser resolvida na Área Metropolitana de Buenos Aires (AMBA) Por suas características geográficas, históricas e sociais, o rio Matanza Riachuelo é o de maior importância na AMBA. Historicamente, foi um dos rios mais contaminados do mundo devido à grande concentração de indústrias em suas margens, dentre elas as alimentícias, de curtume, frigoríficas, galvanoplásticas e petroquímicas. Aproximadamente 5 milhões de pessoas vivem na bacia e, historicamente, nem os lançamentos de esgotos domiciliares nem os industriais eram tratados antes de seu retorno ao rio. Na bacia baixa, a água está em um estado de anoxia total, o que impede a vida aquática no mesmo. A histórica condição ambiental deplorável do rio levou a cidade a dar as costas ao Matanza Riachuelo, onde assentamentos precários foram instalando-se sem impedimento algum sobre suas margens. No início da década de 90, o governo argentino prometeu limpar o rio em 1.000 dias, mas não foi capaz de implantar um programa em grande escala. O Poder Judiciário é o principal motor para o programa de saneamento atual para o Matanza Riachuelo Em 2008, a Corte Suprema de Justiça da Nação, em resposta a um processo iniciado por cidadãos, considerou que o Governo Nacional da Cidade Autônoma de Buenos Aires e da Província de Buenos Aires eram co-responsáveis e negligentes por não controlar a degradação ambiental do rio Matanza Riachuelo. Em uma sentença histórica, conhecida como a sentença Mendoza, a Corte condenou tais governos a implementar um plano de ação para o saneamento integral da bacia hídrica. Como forma de garantir o cumprimento da sentença, a Corte estabeleceu que a recém-criada Autoridade da Bacia Matanza Riachuelo (ACUMAR - Autoridad de Cuenca Matanza Riachuelo) iria se responsabilizarpor coordenar e implementar o programa de saneamento imposto na sentença que aponta a (i) melhorar a qualidade de vida dos habitantes da bacia, (ii) recompor o ambiente na bacia em todos os seus componentes (água, ar e solo), e (iii) prevenir danos futuros com suficiente e razoável grau de previsão e que consiste dos seguintes componentes: 1. Construção e Melhoramento dos Sistemas de Água, Esgotos e Drenagem Pluvial 2. Controle da Poluição de Origem Industrial 3. Saneamento de Lixões e Gestão Integral dos Resíduos Sólidos Urbanos 4. Plano Sanitário de Emergência 5. Limpeza das Margens do Rio 6. Difusão de Informação Pública 7. Execução e Monitoramento do Cumprimento da Sentença A fim de implementar o último componente da sentença, a Corte estabeleceu que: (i) um tribunal federal recentemente criado com presença na bacia teria sob sua responsabilidade a execução da sentença e que suas resoluções seriam de apelação direta perante a Corte Suprema; (ii) a Auditoria Geral da Nação teria um controle específico da atribuição de fundos e da execução orçamentaria de tudo relacionado ao Plano de Saneamento; e (iii) um Corpo Colegiado coordenado pela Defensoria do Povo da Nação e integrado pelas ONGs que participaram na causa deveriam controlar o cumprimento da sentença. A AySA e o Governo Argentino responderam a sentença da Corte com um programa de investimento em esgotamento sanitáriointegral e ambicioso As metas do Plano Diretor de Esgotamento Sanitário, as quais são ajustáveis, é resumido na seguinte tabela 2. Aproveitando a grande

Gestão Integrada de Águas Urbanas Estudo de caso Buenos Aires 5 Tabela: Resumo do Plano Diretor de Esgotamento Sanitário da AySA Ano 2010 2010-2020 2020 População atendida 5.901.000 3.440.100 9.341.100 Longitude de rede (Km) 10.100 10.400 20.500 Investimento $10.256 Milhões (Aprox. US$ 2.500 Milhões em 2010) capacidade de depuração do rio da Prata, a estratégia elaborada se baseia, por um lado, em coletar o esgoto em coletores principais para levá-lo a duas grandes plantas de pré-tratamento (Berazategui- 33 m 3 /s e Dock Sud-25 m 3 /s, capacidade máxima) às quais incluem retirada de resíduos e de materiais flutuantes como óleos e gordura, antes de seu depósito no rio da Prata mediante emissários submarinos com difusores para diluir o líquido final (Berazategui-7.5 km e Dock Sud-11 km). Estudos de modelação indicam que o esgoto parcialmente tratado terá um impacto limitado na qualidade da água do rio da Prata. Além disso, a AySA está construindo um número considerável de plantas de esgotos de tratamento secundário em áreas urbanas distantes do rio da Prata como alternativa à construção de outro grande coletor de esgoto. O objetivo de qualidade da água para o ano 2020 para o rio Matanza Riachuelo é alcançar, em médio prazo, os padrões de Classe IV apta para atividades recreativas passivas -, o qual implica a possibilidade de atividades sem contato com a água e com níveis de oxigênio dissolvido maiores que 2mg/l ao menos 90% do tempo. A fim de assegurar que os níveis de oxigênio dissolvido sejam alcançados, a AySA construirá uma série de estações de aeração (SEPA) em diferentes pontos ao longo da margem do rio. Basicamente, as estações de aeração (SEPA) buscam elevar uma parte da água do rio que logo regressa ao mesmo, baixando por uma cascata escalonada que por sua vez aera a água ajudando a alcançar os objetivos de oxigênio dissolvidos estabelecidos. A ACUMAR respondeu à sentença da Corte Suprema com um programa integral e dinâmico de controle da poluição industrial A poluição de origem industrial constitui quase a metade da contaminação orgânica total na bacia Matanza Riachuelo e deve ser eliminada para poder alcançar a Classse IV de qualidade da água. Desde o ano 2010, a ACUMAR empreendeu um programa de controle da poluição industrial com especial ênfase nas indústrias Planta de Tratamento de Águas Residuais em Buenos Aires nas áreas metropolitanas. Fonte: AySA. mais contaminadoras, como, por exemplo, de curtume, frigoríficas e galvanoplásticas. Atualmente, na bacia existem, aproximadamente, 10.715 indústrias das quais a ACUMAR fiscalizou, aproximadamente, 85% delas (9.500 em dois anos). De tais empresas, 1.507 foram declaradas Agentes Contaminadoras, das quais, 1.263 (84%) apresentaram seu Plano de Reconversão Industrial (PRI). A ACUMAR aprovou 1.005 de tais planos de reconversão, dos quais 309 foram concluídas e estão implementando seus planos de reconversão. Além disso, a ACUMAR está oferecendo financiamento e assistência técnica a pequenas e médias empresas (PyMEs) a fim de apoiar sua reconversão industrial. A velocidade, escala e integralidade do programa de controle da contaminação de origem industrial não tem precedentes na América Latina. A ACUMAR também avançou na limpeza e recuperação das margens do rio Matanza Riachuelo A qualidade da água no rio Matanza Riachuelo melhorará de maneira significativa quando os investimentos de obras de saneamento sejam completados e o programa para o controle da poluição de origem industrial seja implementado em sua totalidade. Enquanto isso, a ACUMAR levou adiante uma limpeza de grande escala das margens e da superfície do rio. Cooperativas locais de trabalhadores de baixos recursos mediante o plano Argentina Trabalha limparam e melhoraram aproximadamente 70% dos 318 km das margens do rio, assim como, também 61 navios naufragados e mais de 70 automóveis. Além disso, a ACUMAR transferiu 2777 famílias que viviam em condições precárias nas margens do rio para moradias sociais. Apesar de que a qualidade da água ainda não melhorou de maneira significativa, pode-se observar uma mudança ambiental notável ao longo do rio que é apreciada de grande maneira pela população da zona e marca o primeiro passo em um processo de longo prazo para recuperar o rio Matanza Riachuelo.

6 Gestão Integrada de Águas Urbanas Estudo de caso Buenos Aires Recuperação ambiental ao longo do Matanza Riachuelo. Fonte: ACUMAR. O Banco Mundial assima dois grandes empréstimos para o programa de água de Buenos Aires O apoio do Banco ao programa se forma mediante os seguintes projetos: Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Bacia Matanza Riachuelo (Empréstimo para uma quantia de US$718.032.000 com data estimada de encerramento para o ano 2016): Os objetivos de desenvolvimento do projeto incluem (i) melhorar os serviços de esgotamento sanitário na bacia Matanza Riachuelo e outras partes da Província e da Cidade de Buenos Aires mediante a expansão da capacidade de coleta, transporte e tratamento de lançamento de esgotos; (ii) apoiar a redução dos lançamentos industriais de pequenas e médias empresas; (iii) promover melhorias na tomada de decisão para um planejamento do uso do solo e da drenagem urbana de maneira ambientalmente sustentável, e levar adiante programas piloto para o investimento em drenagem urbana e usos do solo em áreas vulneráveis; e (iv) fortalecer institucionalmente a ACUMAR para o contínuo e sustentável saneamento da bacia Matanza Riachuelo. Projeto de Drenagem Urbana e Prevenção de Inundações (Empréstimo para uma quantia de US$ 130 milhões com data estimada de encerramento para o ano de 2012): O projeto busca aumentar a adaptabilidade da Cidade Autônoma de Buenos Aires à inundações por meio de proteção da infraestrutura crítica e a introdução de uma abordagem de gestão de riscos ao programa de investimentos do governo local. O projeto está focado no problema da identificação e redução do risco mediante a prevenção, mitigação, educação e capacitação. O investimento de infraestrutura principal do projeto é o túnel ado rio Maldonado.

Este estudo de caso foi preparado por Greg Browder, Especialista Principal em Água e Saneamento, quem teve o apoio de Juan Pedro Cano, Profissional Associado Júnior; e Michael Murphy, Coordenador de Gestão do Conhecimento. As contribuições e o material técnico, de apoio, e de referência, foram fornecidos por Renan Poveda, Especialista de Meio Ambiente Sênior. O presente documento foi possível graças ao financiamento do Water Partnerhip Program, uma sociedade para a gestão melhorada dos recursos hídricos e a prestação dos serviços da água. Este texto faz parte de uma coleção de estudos de caso, realizada pelo Banco Mundial que é parte da Iniciativa de Gestão Integrada de Águas Urbanas para América Latina e o Caribe. Para maiores informações, por favor, clique http://www.worldbank.org/laciuwm.

Por favor, visite: www.worldbank.org/laciuwm