Dimensionamento do Mercado de Produtos Lácteos no Brasil Maria Pia Souza Lima Mattos de Paiva Guimarães e Paulo Roberto Celles Cordeiro Resumo - O agronegócio é visto como a cadeia produtiva que envolve desde a fabricação de insumos, a produção nas fazendas, a sua transformação até o seu consumo. O desafio da competitividade nos negócios da caprinocultura leiteira está na avaliação real da demanda do seu produto configurando locais onde acontecem uma maior absorção dos mesmos, aliados a soluções no âmbito da gestão e da inovação tecnológica. Observa-se um crescente aumento de interesse por criadores na implantação de projetos de caprinocultura leiteira visto sob dois pontos de vista, econômicos, importantes: nos países desenvolvidos nota-se um estrangulamento na produção de leite de vaca, através das cotas de leite, impedindo o criador de aumentar seu faturamento, fazendo o procurar meios alternativos sem o controle de cotas de produção, como o caso do leite de cabra. Por outro lado, nos países em desenvolvimento nota-se uma procura de mercado alternativo com capacidade de produção com maior liberdade, agregando valor ao produto maior do que se oferece o mercado do leite bovino. O Brasil apresenta ainda baixa produtividade e o leite de cabra contribui apenas com 0,7% da produção total de leite no país. Esta produção está segmentada e tem como o maior mercado a venda de leite para crianças com alergia ao leite de vaca. Tem-se observado um grande crescimento para a fabricação de leites processados (leite esterilizado, UHT, leite em pó) e produção de queijos. Ressalta-se a necessidade premente em se trabalhar com uma publicidade institucional do leite de cabra e seus derivados, em âmbito nacional, para fortalecimento da venda dos produtos. Estimating the Market for Dairy Products in Brazil Abstract - The agribusiness can be considered a vertical production chain starting with the production of raw materials for feeding, milk, processing and packing for delivery to consumers markets. The challenge of business competitiveness in the dairy goats is to find the real demand for its products, finding market niches associated with modern technologies and advanced logistics. We have seen an increase of interest of breeders for new projects on dairy goat farms, basically due to two important reasons: 1) at developed countries cow milk production is stablished and farmers can not increase your quote. The goat production is looking for alternative farming business without any control. 2) at developing countries with no production control, less comtetitivenes, and still growing consumer market breeders are looking for alternative product at a higher added value. Brazil has a lower productivity rate with goat milk sharing only 0,7% of the total milk production (all species). Goat milk production is segmented and has on the sale of milk for allergic children the biggest market. We have seen a growing market on processed milk (sterilized, UHT, and powder milk) and various cheese. Emphasis should be given to implement measures for institutional advertising aiming the increase of use of goat milk and its products on national seale and strengh its market share.
1- DESAFIOS DA COMPETITIVIDADE O agronegócio é visto como a cadeia produtiva que envolve desde a fabricação de insumos, a produção nas fazendas, a sua transformação até o seu consumo. Esta cadeia incorpora todos os serviços de apoio, desde a pesquisa e assistência técnica, processamento, transporte, comercialização, crédito, industrialização, até o consumidor final. O valor agregado do complexo agroindustrial passa assim por mercados de suprimentos, o da produção propriamente dita, o do processamento, o de distribuição e o do consumidor final. A competitividade no agronegócio apoia-se atualmente cada vez mais nos aspectos da cadeia produtiva, na medida que depende da capacidade de resposta à evolução da demanda veiculada pela grande distribuição e exige também novas formas de integração a montante para assegurar os fluxos e a qualidade da matéria-prima. Sente-se assim uma necessidade premente do setor rural para a formação de uma logística de demanda, pois o poder econômico na cadeia agroalimentar desloca-se para o elo da demanda, seja nos serviços ou na grande distribuição. Assim, o desafio da competitividade nos negócios da caprinocultura leiteira está na avaliação real da demanda do seu produto configurando locais onde acontecem uma maior absorção dos mesmos, aliados a soluções no âmbito da gestão e da inovação tecnológica. 2- SITUAÇÃO DA CAPRINOCULTURA NO MUNDO A espécie caprina é responsável por aproximadamente 1,14% do suprimento anual de leite do mundo (FAO, 2000 ).Entretanto, sua contribuição econômica é notória, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. Nos últimos 15 anos o número de caprinos aumentou em quase 50% em todo o mundo, enquanto o número de bovinos, não mais que 9%. O maior contingente de caprinos se encontra nas regiões tropicais e áridas (74% da população mundial) (Goat Production, 1981). Tem-se observado, nos últimos anos, um crescente aumento de interesse por criadores na implantação de projetos de caprinocultura leiteira visto sob dois pontos de vista, econômicos, importantes : nos países desenvolvidos nota-se um estrangulamento na produção de leite de vaca, através das cotas de leite, impedindo o criador de aumentar seu faturamento, fazendo o procurar meios alternativos sem o controle de cotas de produção, como o caso do leite de cabra. Por outro lado, nos países em desenvolvimento nota-se uma procura de mercado alternativo com capacidade de produção com maior liberdade, agregando valor ao produto maior do que se oferece o mercado do leite bovino. Os países industrializados apontam uma grande eficiência na produção de leite de cabra, representando 17% da produção mundial com 3% da população caprina, como no caso dos países da Europa. A análise dos sistemas de transformação do leite de cabra na Europa mostra uma grande heterogeinidade de situações, em função de cada realidade regional, das tradições de consumo, e do nível de integração do setor da economia leiteira moderna com infraestruturas industriais. É notadamente observado que em todos os países coexiste uma transformação nas fazendas geralmente orientada sobre a venda local, com uma transformação industrial mais ou menos desenvolvida Os países que apresentam uma maior transformação industrial são: a França com 58% do leite com 500 milhões de litros (FAO, 2000) coletados anualmente por uma centena de laticínios, sendo que, dentre 5 que trabalham na produção em escala industrial, 2 grupos excedem 50 milhões de litros /ano e qualquer grupo de dimensão industrial internacional tem uma atividade no leite de cabra; a Espanha com 65% do leite coletado pelos laticínios de pequeno porte; Países Baixos e Noruega com baixo volume coletado ( menos de 20 milhões de litros/ano). Um dos obstáculos da industrialização a longo prazo se refere à sazonalidade da produção do leite de cabra, mesmo nos países com tecnologia avançada na produção.
Em relação ao consumo, com exceção da França existe pouco estudo sobre o comportamento do consumidor europeu face aos produtos caprinos. A Europa constitui um conjunto de países em que o o queijo de vaca faz parte do hábito alimentar do consumidor representando 17 kg /habitante, sendo o queijo de cabra variando de 500 g/habitante até 4 kg /habitante dependendo do país. A maioria dos estudos de comportamento do consumidor mostram que, dentro dos grandes centros urbanos, o queijo de cabra é pouco conhecido, com exceção da França, e é muitas vezes considerado como um produto de sabor pronunciado e de preço elevado. Na América do Norte e Central, estes representam 3% do efetivo do rebanho mundial e se observa uma menor especialização leiteira, com exceção dos Estados Unidos e Canadá, apresentando a utilização do leite de cabra para consumo família, como fonte alternativa de receita pecuária. Na América do Sul o país que se apresenta mais preparado em rebanho com aptidão leiteira é o Brasil, representando excelentes perspectivas para o crescimento de vendas internacionais. Quadro comparativo da destinação do leite caprino PAÍSES REB CAPRINO FAO 2000 PRODUÇÃO DE LEITE PREÇO PAGO AO PRODUTOR DESTINAÇÃO PRINCIPAL DO LEITE ESPANHA 2.400.000 317 ML US$ 0,35 95% queijos misturados (Manchego ) GRÉCIA 6.220.000 460 ML US$ 0,42 80% queijo Fetá (cabra e ovelha misturados) FRANÇA 1.100.000 495 ML U$ 0,41 Queijo industrializado/ artesanal 8% leite fluído ou Pó HOLANDA 80.000 62 ML US$ 0,37 Sobretudo Golda de cabra onde 70% é para exportação. BRASIL 12.600.000 141 ML 4,2 ML para indústria US$ 0,24 a US$ 0,28 (várias empresas brasileiras) 10 t Leite em pó Leite Fluido e UHT Queijos /Cosméticos Subsistência ML milhões de litros Fonte : Boletim da L Ucardec / Jan./ Fev. / Mar-97 ; FAO 2000 e CCA Laticínios input CORDEIRO,2003 3 SITUAÇÃO DA CAPRINOCULTURA NO BRASIL O Brasil possui cerca de 12,6 milhões de cabeça de caprinos sendo colocado em 11º lugar em rebanho caprino do mundo, com produção estimada de 141 milhões de litro de leite anual, contribuindo com apenas 0,7% da produção total de leite no país (FAO, 2000).
Entretanto mesmo com esta modesta contribuição no cenário lácteo brasileiro, de acordo com os dados da FAO, houve um aumento na produção de leite de cabra no Brasil de aproximadamente 51,6% no período de 1980 a 1992 (FAO,1993 ). Esta produção está bastante segmentada, demonstrando uma maior aglomeração destes números para as regiões sudeste (somente Minas Gerais apresentou produção de 2,06 milhões de litros de leite por ano (IBGE,1997), Rio de janeiro apresentou, em 1995, 1,05 milhões de litros (VINHA, 1996) e bastante concentrada em algumas localidades na região Nordeste. Com o aumento crescente do interesse dos criadores em todo o Brasil a região Nordeste vislumbra grandes possibilidades para o desenvolvimento da caprinocultura leiteira, devido principalmente pelo potencial da espécie caprina em aproveitar das diversidades biológicas existentes, como na possibilidade de se diminuir os custos de produção através de manejo intensivo com manejo de pastagens. 4- MERCADO NACIONAL No Brasil a produção do leite de cabra está em crescimento e o maior consumo ainda está associado ao consumo pediátrico por crianças com alergia ao leite de vaca ou indivíduos que necessitem de leite especial. No caso da produção de derivados o maior consumo está associado ao trabalho junto aos formadores de opinião, feito de uma forma simplificada de divulgação e marketing.este fato se deve pela total falta de conhecimento, falta de hábito de consumo por parte dos consumidores, associado ao preconceito relacionado com o leite de cabra. Assim, o setor enfrenta dificuldades na colocação dos produtos no mercado, principalmente pela falta de hábito de consumo como pelo preço, considerado alto. A coleta incipiente de leite e a comercialização praticamente limitada ao mercado interno fizeram as empresas se voltarem para parcerias na comercialização e formação de cooperativas para garantir a produção. Além disso, as empresas tentam driblar as modestas estruturas do setor, terceirizando a industrialização. A industrialização do leite de cabra e de seus derivados exige instalações e equipamentos adequados e credenciados junto aos Serviços de Inspeção em níveis Federal, Estadual e Municipal. Desde novembro de 2000 (Instrução Normativa nº37 de 31 de outubro de 2000) o Brasil já possui Legislação Federal própria para o leite de cabra no que se refere ao processamento do leite fluído, padronizando assim o produto leite de cabra fluído. Entretanto ainda é inexistente para os derivados,contando somente com as legislações Estaduais, que se apresentam de forma bastante regionalizada no que se refere às exigências, dificultando a busca por parte dos produtores, de alcançarem mercados mais competitivos, pois precisam se adequar à Legislação Federal do leite de vaca para industrialização do leite de cabra. Isto torna-se um fator limitante no custo final do produto já que as produtores de leite de cabra utilizam escalas menores para processamento, quando comparado ao leite de vaca. Atualmente poucos estabelecimentos estão habilitados com registro sanitário no País para beneficiamento do leite de cabra, existe apenas uma indústria habilitada para exportar leite de cabra UHT e uma para exportar leite de cabra em pó. Em Minas Gerais existem apenas dois estabelecimentos com SIF que beneficiam leite de cabra. Os estados de São Paulo, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul possuem apenas um estabelecimento, respectivamente (FEIJÓ input BELCHIOR, 2003 ). 4-1 DESTINO DO LEITE DE CABRA PRODUZIDO NO BRASIL Dentre os produtos lácteos caprinos produzidos e industrializados, os mais frequentes são:
a) Leite de cabra integral pasteurizado e ou congelado - neste setor existem um grande quantidade de pequenos produtores pulverizados em todo País com produção média de até 50 litros/dia que comercializam seu produto em âmbito municipal. b) Leite de cabra em pó - iniciou com projeto pioneiro em Nova Friburgo RJ, em 1994 é um produto bastante interessante como regulador de oferta ao mercado, exigindo, entretanto, alto custo de operação. Atualmente existem duas unidades produtoras: uma em Minas Gerais, no Instituto Cândido Tostes em Juiz de Fora e a outra em Sobral no Ceará. c) Leite de cabra esterilizado - atualmente existem duas empresas que comercializam no Rio Grande do Sul. d) Leite de cabra UHT Longa Vida lançado no mercado nacional em 1998 através da CCA atualmente existem várias algumas marcas no mercado. A forma operacional se deve à terceirização das empresas com indústrias processadoras de leite de vaca, pois apresenta alto valor de investimento. e) Iogurtes e bebidas lácteas produto bastante interessante apesar de existir ainda pequena produção quando comparado aos outros produtos. Possui grande vantagem na competitividade em relação ao valor de venda para o consumidor final. f) Sorvetes produto muito pouco explorado com um mercado a ser conquistado; g) Queijos de cabra de variados tipos: frescal; boursin natural ou condimentado; massa semi dura como moleson, pecorino; massa semi mole como chevrotin, chabichou, crotin, saint maure, piramide. Produto bastante interessante, por agregar maior valor ao leite produzido e que tem apresentado nos últimos dois anos maior crescimento tanto em âmbito regional e nacional. Depende de investimento alto para implantação e uma logística de distribuição muito apurada. Atualmente existem empresas do setor coletando leite de produtores e industrializando o produto para venda nacional ou regional. Para ilustrar o potencial do mercado e a capacidade de absorção no que se refere aos queijos, no Brasil, das 240.000 toneladas de queijo de leite de vaca produzidos anualmente, 95% é considerada como consumo popular (prato, mussarela, parmesão, Minas, etc), enquanto que 5% referem-se a queijos tidos como especialidades. Nesta área o queijo de leite de cabra assume grande importância, pois é a fatia do mercado que se mostra bastante lucrativa fazendo-o ser competitivo em relação ao preço de queijos finos do leite de vaca. Algumas indústrias nacionais compradoras e/ou produtoras de leite de cabra e derivados LITROS/ANO ACOSC- RIO GRANDE DO NORTE 2.200.000 GOVERNO DO ESTADO DA PARAIBA 1.500.000 DESTINAÇÃO Leite pasteurizado/programa institucional do governo Leite Pasteurizado destinado a programa Institucional CCA LATICÍNIOS- RIO DE JANEIRO 1.100.000 Leite longa vida /U H T /Achocolatado QUEIJARIA ESCOLA DE NOVA FRIBURGO CAPRIL GENEVE - RJ 870.000 1.100.000 PAULOCAPRI SÃO PAULO 420.000 LADELL- RIO GRANDE DO SUL CAPPRY S RIO GRANDE DO SUL 240.000 480.000 CAPRIMINAS MINAS GERAIS 40.000 AGROPECUÁRIA SANRI MINAS GERAIS 38.000 INSTITUTO CÂNDIDO TOSTES- M. G. 36.000 FONTE: CORDEIRO (2003 ), BELCHIOR (2003 ) e FONTE PESSOAL Leite em pó e queijos Queijos Leite congelado / iogurte e queijos Leite esterilizado, queijos e iogurte Leite esterilizado, leite em pó Leite congelado Leite congelado e queijos Leite em pó e queijos
5 PERSPECTIVAS Para que haja um maior crescimento da produção e comercialização do leite de cabra no Brasil, notadamente, é necessário uma avaliação regional de casos, observando-se principalmente o verdadeiro potencial de cada realidade regional ou local aliado ao estudo do perfil do consumidor. A capacidade de organização social de uma região é o fator endógeno por excelência para transformar o crescimento em desenvolvimento, através de uma complexa malha de instituições e de agentes de desenvolvimento, articulados por uma cultura regional e por um projeto político regional. Estas avaliações devem ser norteadas para viabilizar projetos na caprinocultura leiteira levando- se em consideração alguns pontos no setor de produção: localização do terreno, acesso para escoamento dos produtos, distância dos centros consumidores, estudo de mercado potencial para absorção do produto, entre outros. Para o mercado de derivados ou mesmo do leite fluído: conhecimento real do consumidor, investimento em tecnologia para diminuição de custos, e no setor governamental, um maior conhecimento do rebanho nacional para indexação zootécnica e maior aproveitamento destes dados em favor do setor, para aumento de produtividade. De um modo geral a tendência da caprinocultura moderna no Brasil seguirá, em parte, os modelos internacionais já existentes ou sejam: produções em pequena escala para venda local e regional, produções maiores para venda à industria beneficiadora / transformadora ou o próprio beneficiamento com abrangência nacional e internacional e a venda e/ou produção de produtos cosméticos. Uma outra realidade tem-se mostrado bastante interessante para a caprinocultura leiteira: a produção de leite orgânico, pois como a escala é menor, torna-se mais fácil viabilizar os requisitos para implantação desta atividade, agregando valor ao leite e derivados. É importante considerar o papel do turismo rural aliado à atividade agropecuária. Desta forma a caprinocultura se mostra bastante caracterizada, pois várias experiências no Brasil demonstram que o turismo pode representar uma alíquota representativa nas receitas de uma empresa agropecuária que tem potencial para receber visitação. Diante dos diagnósticos estes processos certamente mudam o perfil do produtor tornando-o mais profissional e competitivo. Aliado a esta mudança de comportamento do produtor rural em se transformar em empresário rural, é necessário que haja um fortalecimento das Associações de Criadores, Cooperativas, Instituições de Fomento, Universidades, promovendo o suporte técnico e empresarial ao setor. Ressalta-se a necessidade premente em se trabalhar com uma publicidade institucional do leite de cabra e seus derivados, em âmbito nacional, para fortalecimento da venda dos produtos. Bibliografia ANAIS III Encontro Nacional para o desenvolvimento da espécie caprina. Jaboticabal, 1994. BELCHIOR, F. Caprinocultura busca representatividade. Revista Leite e Derivados. n.71. p.54-63. 2003. BORTOLETO, E. E. Consumidor seletivo, exigindo mais. Revista Leite e Derivados, n.31, p. 6-10. 1996. CORDEIRO, P.R.C. A Cadeia produtiva do leite de cabra. V Congresso de Medicina Veterinária. Recife, jul. 2003.
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