MORFOLOGIA E SEDIMENTOLOGIA EM UM TRECHO DA PRAIA DE CANDEIAS (JABOATÃO DOS GUARARAPES-PE, BRASIL)



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Transcrição:

MORFOLOGIA E SEDIMENTOLOGIA EM UM TRECHO DA PRAIA DE CANDEIAS (JABOATÃO DOS GUARARAPES-PE, BRASIL) Ana Regina L. Uchoa de Moura 1 ; Xiomara Franchesca G. Diaz 2 ; Bernadete Negromonte C. Bem 3 ; Márcia C. de S. Matos Carneiro 4 ; César P. Rocha 5 ; Gilson A. do Nascimento Filho 2 ; Tereza Cristina M. Araújo 2 1 Escola Politécnica de Pernambuco-UPE (anaregina@upe.poli.br); 2 Departamento de Oceanografia-UFPE; 3 Colégio Militar do Recife 4 ; IBGE-UE/PE; 5 Depto.de Geociências-UFAL Abstract. The morphologic and sedimentologic studies of coastal areas will be able to supply future subsidies interventions in the governmental scope, besides providing an evaluation of the risk potential of the beach, due to the erosion of antropic actions. This work consists of the comparison of the data gotten by surveys of two topographical profiles, carried out during March of 2004 and May of 2005, with the objective to verify the variations of the beach morphology and sedimentology in a coastal zone densely occupied and subjects to the processes of erosion and deposition of sediments. Thus, one segment of the Candeias s beach - located in the city of Jaboatão dos Guararapes, in the state of Pernambuco - was selected for being characterized by the presence of a semisubmerged break-sea and strongly influenced by the estuarine system of Barra de Jangadas (formed by the Jaboatão and Pirapama rivers). The used methodology conjugates technique of topographical levelling allied to the technology of the global positioning system (GPS). Palavras-chave: Deposição de sedimento, quebra-mar semisubmerso, erosão. 1. Introdução O monitoramento da dinâmica costeira de um recorte da praia de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes-PE, que está sendo influenciado pelos fenômenos naturais de ondas, maré e correntes, pelo estuário dos rios Jaboatão e Pirapama e pelas ações antrópicas, mostra tendências de processos de erosão e deposição de sedimentos dessa praia. A descontinuidade dos recifes, paralelos à linha de costa, concorre em processos erosivos na área em estudo. Isto motivou a construção de um quebra-mar semisubmerso de proteção com 750m de extensão, com intuito de minimizar o problema. Entretanto, em alguns casos, essas obras de contenção são ineficazes, pois impedem a tendência natural da ocupação do mar, transferindo o problema para as áreas adjacentes. A região do estudo situa-se entre as coordenadas UTM/WGS84 (9.095.000N; 288.900E) e (9.090.000N; 288900E), onde a ocupação desordenada devido à construção indiscriminada em áreas de pós-praia, vêm impedindo as transformações naturais da linha de costa e o aumento dos processos erosivos, que denunciam a falta de planejamento das ações pertinentes à conservação do ambiente costeiro. 2. Caracterização da Área O litoral de Jaboatão dos Guararapes possui aproximadamente oito quilômetros de extensão, composto pelas praias de Piedade, Venda Grande, Candeias e Barra de Jangadas. A sua população litorânea segundo o censo demográfico (IBGE, 2000) é de 326.000 habitantes, o que corresponde a 56,11% da população total do município. Esse litoral caracteriza-se pelas atividades recreativas e pela ocupação

urbana intensa, com centros comerciais e empresariais, equipamentos turísticos (hotéis, restaurantes e bares), edificações de luxo e de classe média, e da economia informal. A ocupação acelerada dessa zona costeira provêm da localização relativamente próxima ao centro da capital pernambucana, e da conturbação com os bairros da zona sul do Recife. Além disso, a Lei Municipal nº 122, de 23 de outubro de 2001 que rege a urbanização local, permite edificações com até vinte e dois pavimentos, comprometendo e ameaçando a sua orla. Constata-se que essa legislação vem sendo prejudicial ao meio ambiente já que permitiu a ocupação da faixa de pós-praia do leste e áreas de mangues do sistema estuarino de Barra de Jangadas ao oeste, além do entorno da lagoa Olho D Água. Dessa maneira, terraços marinhos foram alterados pela urbanização da zona costeira. Essa faixa litorânea apresenta terrenos recentes, do Quaternário, composta por depósitos fluviais e flúvio-lagunares, onde ocorrem sedimentos areno-argilosos, com matéria orgânica ocasional; beach rocks ou arenitos de praia e recifes de coral; mangues, com sedimentos síltico-argilosos ricos em matéria orgânica; terraços Holocênicos, com sedimentos arenosos de praia e fragmentos de conchas; e terraços Pleistocênicos, com sedimentos arenosos de praia com nível espódico na base (Galindo, 2002). 3. Métodos e Técnicas Foram monitorados dois perfis topográficos na seguintes épocas: março de 2004 e maio de 2005, na zona costeira da Praia de Candeias. O perfil Norte (PN) localiza-se entre as coordenadas (288.690; 9.093.376) e (288.743; 9.093.383) e o perfil Sul (PS) entre (288.724;9.093.256) e (288.802; 9.093.286), conforme ilustra a Figura 1. LOCALIZAÇÃO GEOGRAFICA DOS PERFIS NORTE SUL - PRAIA DE CANDEIAS Completo Data 9.094.300 Hora 06/18/2005 17:32:45 WP,UTM,20,25L,288926,909344 9.094.200 06/18/2005 17:26:55 WP,UTM,21,25L,288890,909365 06/18/2005 9.094.100 17:27:43 WP,UTM,29,25L,288894,909395 06/18/2005 17:29:06 WP,UTM,31,25L,289047,909395 06/18/2005 9.094.000 17:30:12 WP,UTM,32,25L,289107,909365 29 06/18/2005 17:32:17 31 9.093.900 WP,UTM,33,25L,289081,909331 06/18/2005 17:30:59 WP,UTM,35,25L,288960,909324 06/18/2005 9.093.800 17:31:28 WP,UTM,36,25L,288927,909400 9.093.700 9.093.600 9.093.500 9.093.400 9.093.300 9.093.200 PN PS 9.093.100 288600 288750 288900 289050 289200 Figura 1 Localização dos perfis Norte (PN) e Sul (PS) 21 Os perfis foram posicionados na parte sul do quebra-mar semisubmerso, pois é uma área que sofre a influência direta do sistema estuarino. Os perfis estenderam-se desde o começo da pós-praia até a antepraia, com a utilização de um nível topográfico Pentax AL-240, com precisão 2mm + 2ppm, trena de fibra de vidro (30m) e mira codificada, para os quais, foram adotados dois níveis de referência a partir de marcos fixos: para o perfil Norte o muro de uma edificação (Fotografia 1) e para o perfil Sul o calçadão (Fotografia 2). Foi utilizado o GPS de navegação Garmim (12 canais) para o posicionamento dos perfis, para a determinação do comprimento do quebramar semisubmerso e para estabelecimento da distância entre o quebra-mar semisubmerso e a linha de costa. Em laboratório, foram representados graficamente os dois perfis da área em estudo, com o intuito de correlacionar as diferentes épocas e identificar áreas sujeitas 20 35 33 32 N

a processos de erosão e/ou deposição de sedimentos. posterior de dados. Os sedimentos foram classificados segundo Folk & Ward (Muehe, 1996), através dos parâmetros estatísticos (tamanho do grão, seleção, assimetria e curtose) obtidos por meio do software SYSGRAM. 4. Resultados 4.1. Perfil Sul Fotografia 1 Muro de referência para o Perfil Norte, Praia de Candeias. Apresentou uma extensão de aproximadamente 155 metros, em 2004 e 128 metros, em 2005. Observa-se que no ano de 2005, houve um pequeno rebaixamento do perfil, na área de póspraia e um acréscimo de volume de sedimentos na região de antepraia, indicando, respectivamente a ocorrência dos processos de erosão e deposição de sedimentos (Figura 3) Perfis Sul Fotografia 2 Vista do Perfil Sul, Praia de Candeias. Nos perfis topográficos, foram coletadas amostras de sedimentos na face de póspraia, praia e antepraia. Esses sedimentos foram analisados no Laboratório de Geologia do Departamento de Oceanografia da UFPE, seguindo a metodologia proposta por Suguio (1973). Na análise granulométrica foram pesadas em balança de precisão, 100 gr de cada amostra. Inicialmente, foi realizado o peneiramento úmido, para a separação da fração lamosa e eliminação de sáis solúveis. Na etapa seguinte, o material foi conduzido à estufa a temperatura de 60 C durante um período superior a 72 horas. Posteriormente, foi realizado o peneiramento seco da fração de areia e foram pesadas para o tratamento Cota (mm) 51000 50000 49000 48000 47000 46000 45000 PERFIL 2005 PERFIL 2004 44000 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Distancia (m) Figura 3 Perfis Sul 2004 e 2005. Com relação a granulometria dos sedimentos, nos dois períodos (2004 e 2005) de amostragem, o tamanho do grão analisado foi de areia média na póspraia e de sedimentos muito finos na região de antepraia. No entanto, na região de estirâncio, foram encontrados sedimentos de areia fina em 2004 e areia média em 2005. Em relação a seleção de sedimentos, predominaram amostras moderadamente selecionadas nos dois períodos, para as regiões de póspraia, estirâncio e antepraia. Porém, foi encontrada em 2004, na região de

póspraia, apenas uma amostra bem selecionada (Tabela 1). A curtose (K) é uma medida que caracteriza o "achatamento" da curva da função de distribuição normal. Para a distribuição normal, a curtose positiva significa uma curva mais "afunilada" em relação a curva normal padrão e, negativa, para uma curva mais "achatada". Na antepraia, nos anos de 2004 e 2005, os sedimentos foram classificados em distribuições muito leptocúrticas (K>0). Entretanto, na póspraia, em 2004, foram encontrados sedimentos mesocúrticos (K=0) e em 2005, foram classificados os sedimentos como leptocúrticos. Na região de estirâncio em 2004, foram encontrados sedimentos leptocúrticos e em 2005 foram classificados os sedimentos como mesocúrticos (Tabela 1). Região TAM. GRÃO SELEÇÃO CURTOSE ASSIMETRIA PERFIL SUL 2004 PósPraia Areia média Bem Sel. MC Aprox Sim Estiâncio Areia fina Moderada LC Aprox Sim AntePraia Areia muito fina Moderada MLC Negativa PERFIL SUL 2005 PósPraia Areia média Moderada LC Positiva Estiâncio Areia média Moderada MC Positiva AntePraia Areia muito fina Moderada MLC Muito negativa Tabela 1. Resultados Granulométricos do Perfil Sul nos períodos do 2004 e 2005. Curtose: Mesocúrtica, MC; Leptocúrtica, LC; Muito Leptocúrtica. No que se refere à assimetria dos sedimentos, que é um indicador da "concentração" de valores em relação à sua mediana, as amostras foram classificadas entre positiva e negativa, com base na distribuição da curva normal simétrica, que por sua vez, apresenta assimetria nula. Conforme indicado na tabela1, verifica-se na região de póspraia, em 2004, sedimentos aproximadamente simétricos e em 2005, assimetria positiva. Em 2004 foram consideradas aproximadamente simétricas na região do estirâncio e em 2005, apresentaram sedimentos com assimetria positiva. Para o período de 2004, observouse uma assimetria negativa na região da antepraia, entretanto, em 2005, apresentaram sedimentos com assimetria muito negativa (Tabela 1). 4.2. Perfil Norte Apresentou aproximadamente 80 metros de extensão, em 2004 e em torno de 83 metros, em 2005. Observa-se que no ano de 2005, houve um pequeno acréscimo no volume de sedimentos em relação ao ano de 2004, tanto na pós-praia, quanto no estirâncio, indicando processo de deposição de sedimentos (Figura 2). Figura 2 Perfis Norte 2004 e 2005. Cota (mm) 51000 50000 49000 48000 47000 46000 45000 44000 Perfis Norte PERFIL 2005 PERFIL 2004 0 20 40 60 80 100 Distância (m) Para a análise granulométrica dos sedimentos do perfil norte, observa-se na região de póspraia, para o período de 2005, que a amostra foi caracterizada por areia média; seleção moderada; leptocúrtica (K>0); e aproximadamente simétrica. Região TAM. GRÃO SELEÇÃO CURTOSE ASSIMETRIA PERFIL NORTE 2004 PósPraia * * * * Estiâncio Areia fina Pobre PC Ass Positiva AntePraia Areia muito fina Moderada LC Negativa PERFIL NORTE 2005 PósPraia Areia média Moderada LC Aprox SIm Estiâncio * * * * AntePraia * * * * Tabela 2. Resultados Granulométricos do Perfil Norte nos períodos do 2004 e 2005. Curtose: Leptocúrtica, LC; Platicúrtica, PC (*sem dados).

Na região de estirâncio, em 2004, os sedimentos foram classificados em areia fina; seleção pobre; platicúrtica (K<0) e assimetria positiva. Entretanto, na antepraia foi constatada areia muito fina; seleção moderada; leptocúrtica (K>0) e assimetria negativa. 5. Discussão Verifica-se, a ocorrência de acréscimos de sedimentos nos dois perfis, gerando um trecho caracterizado por processos de deposição. Esse efeito é considerado uma das principais conseqüências ambientais da construção de obras de contenção como quebra-mar semisubmerso, tal como o construído na área de estudo (French, 1997 In: Gregório 2004). Foi considerada a possibilidade de que, o fluxo das águas do sistema estuarino de Barra de Jangadas, no sentido Sul-Norte, (Rollnic e Medeiros, 2004) vêm ocasionando o deslocamento de sedimentos da área do perfil sul da praia de Candeias, em direção à regiao norte. Isso foi observado pela diminuição da extensão do perfil sul e a deposição de sedimentos em todo o perfil norte. No entanto, pode-se considerar o resultado das diferenças de altura da maré e/ ou as diferenças sazonais entre as duas épocas de amostragem. Nos dois perfis a presença de areias fina e muito fina é conseqüência do aporte de sedimentos da pluma do sistema estuarino de Barra de Jangadas e da diminuição da influência da energia das ondas pela presença do quebra-mar semisubmerso, além dos recifes de arenito, que retêm esses tipos de sedimentos. A seleção dos sedimentos se caracterizou como predominantemente moderada, o que indica que nesses perfis ocorre uma mistura nos tamanhos dos grãos médios e finos. Enquanto, as variações na assimetria dos sedimentos, não apresentaram um padrão constante e sim, diferenças de energia entre os períodos monitorados. 6. Conclusões A presença do quebra-mar semisubmerso está ocasionando alteração na dinâmica costeira, gerando uma área de deposição, causada pela redução de energia das ondas e, possivelmente, ocasionando erosão em praias adjacentes. A influência do fluxo estuarino, no sentido Sul-Norte, e a prescença do quebramar semisubmerso em frente à praia de Candeias, ocasionou a acumulação de sedimentos fino e muito fino nos perfis monitorados. 7. Referências GALINDO, V.M.H. Uso e ocupação do solo sob o enfoque da gestão ambiental: A orla maritima do municipio do Jaboatão dos Guarapes-PE. Dissertação de Mestrado de gestão e políticas ambientais, Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2002. 237p. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e estadística. Geografía do Brasil Região Nordeste, Recife, 2000. GREGÓRIO, M.D.N. Sedimentologia e morfologia das praias do Pina e da Boa Viagem, Recife (PE) Brasil. Dissertação de mestrado. Universidada Federal de Pernambuco, Departamento de oceanografia. 2004, 92p. ROLLNIC, M. e MEDEIROS, C. Influencia de uma pluma estuarina no litoral sul da região metropolitana do Recife-PE. I Congresso de Oceanografia. XVI Semana Nacional de Oceanografia. Itajaí SC Brasil. 10 a 15 Outubro, 2004. MUEHE, D. Geomorfologia costeira. 1996. In: GUERRA,A.J.T.;CUNHA,S.B. Geomorfologia: exercícios, técnicas e aplicação. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.