Centenário do Cancioneiro guasca e a obra de Lopes Neto como consolidadora da literatura gaúcha do séc. 20



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Transcrição:

Centenário do Cancioneiro guasca e a obra de Lopes Neto como consolidadora da literatura gaúcha do séc. 20 Trabalho apresentado em mesa-redonda no Unilasalle, em evento promovido pelo curso de Letras, em comemoração ao dia da Língua Nacional, 5/11/2010, e no CC CEEE EV, Sala O Retrato, em 9/11/2010, durante a 56ª Feira do Livro de Porto Alegre 1) Localização teórica da obra de Lopes Neto A produção literária de Lopes Neto tem sido justificadamente enquadrada, no âmbito da literatura nacional, na fase que os estudiosos brasileiros vêm denominando período literário prémodernista. Justifica-se a classificação de período, e não de escola literária, porque falta à produção desse momento ideologia unificadora e porque, ao invés de estilos convergentes, os estilos se mostram divergentes. Isso não estabelece nenhum caráter de inferioridade ao período, com relação às escolas; ao contrário: no caso do RS, precisamente é nesse momento que se consolidou a literatura aqui produzida, com caraterísticas que a marcaram, algumas das quais ainda se mostram vigentes. É nesse período que aparece a obra de Lopes Neto (especialmente conhecida na tríade Cancioneiro guasca, Contos gauchescos, Lendas do Sul). Nesse período também são editados o poema Antônio Chimango de Amaro Juvenal (Ramiro Barcelos); e a obra de Alcides Maya, entre outras. 2) Como pode ser lido o Cancioneiro guasca Denominam-se cancioneiros coletâneas de textos poéticos; textos poéticos para música; pautas musicais; repositórios de reservas de memória cultural de épocas e de culturas. Conforme se pode ler na introdução do Cancioneiro guasca, em que Lopes Neto justifica a publicação da obra, foi essa a razão de seu esforço para coletar e organizar o material aí editado. O adjetivo guasca, que especifica o substantivo cancioneiro, é palavra oriunda do quíchua, chegado ao

português pelo espanhol platino, e significa tira de couro cru, utilizada para vários fins, como corda. Acontece que houve no Pampa uma era do couro. Muitos utensílios, de canoas a casas, eram feitos com esse material, facilmente obtenível. Além naturalmente de prestar-se perfeitamente para confecção de arreios e vestuário. Por metonímia e por metáfora, o homem recebeu também essa denominação. Mais tarde foi (e ainda é) usada para designar o habitante do interior, no RS. 2.1) A desconsideração que geralmente se dispensa à obra A crítica e, pelo silêncio que vem isolando a obra, também os leitores parecem tê-la abandonado. Preocupa a desatenção que ameaça encobri-la. 2.2) Outros cancioneiros, como o Cancioneiro da ajuda (séc. 13) Não ocorre o mesmo com outros cancioneiros, como o lusitano Cancioneiro da ajuda. Esse conheci quando cursei Letras. Do nosso, porém, nunca ouvi falar no curso de Letras que fiz. Cheguei a pensar que se tratasse de equívoco meu, porque o conhecia desde os catorze anos de idade. Hoje sei que tem havido falhas no estudo e no ensino da nossa produção literária, que precisam ser recuperadas. Temos dedicado, no curso superior, frequentemente, muito tempo pra encobrir o que é nosso, nossa memória e nossa identidade. 2.3) A montagem do Cancioneiro guasca O Cancioneiro guasca está dividido em dez partes: (1ª) duas páginas introdutórias, com esclarecimento sobre o motivo da obra e explicação do título; (2ª) Antigas danças, em que aparecem os conhecidos O tatu e Chimarrita; (3ª) Quadras (descante e desafio); (4ª) Poemetos, em que está incluído o hino sul-rio-grandense; (5ª) Trovas

(cantadas ao som do hino farrapo); (6ª) Poesias históricas; (7ª) Desafios (dois modelos); (8ª) Dizeres; (9ª) Diversas; (10ª) Modernas. A primeira edição do Cancioneiro guasca é de 1910, pela editora Universal Echenique, de Pelotas; faz, portanto, um século neste ano. No exemplar que tenho, desde 1958, edição da (antiga e então brasileira) Globo, de 1954, o livro tem 268 páginas. 2.4) A herança honrosa Augusto Meyer dedicou considerável tempo de seus estudos ao Cancioneiro guasca. Analisou-lhe as origens e pesquisou variantes, especialmente dos textos mais conhecidos. Publicou esses resultados no Cancioneiro gaúcho (1952), também na Coleção Província, da Globo. Donaldo Schüler, em A poesia no Rio Grande do Sul (1986), reorganizou a distribuição de estrofes e partes de O tatu e de Chimarrita e, a partir dessas narrativas populares versificadas, como ele denomina esses textos, concluiu ponderadamente que a literatura do RS começa com eles. Isso não é pouco. Devemos o conhecimento desses textos parcialmente à coleta e à organização deles em Cancioneiro guasca. Toda organização de danças conhecidas atualmente através do movimento nativista gaúcho, p. ex., é também, pelo menos parcialmente, tributária do trabalho de Lopes e Neto. Hoje se pode lê-lo integralmente também na internete, com possibilidade de acesso por partes, em, p. ex., <www.ufpel.tche.br/ pelotas/cancioneiroguasca.html>. Destaque para quatro trovas (poemas completos em quadrinhas heptassílabas), que poderiam igualmente ser outras: [O encontro malogrado] Menina, minha menina, Vocemecê fez-me a boa: Fez-me dormir no sereno, Como sapo na lagoa.

[O que deu certo] Chegaste, meu bem, chegaste, Chegaste a bem boa hora; O papai já stá dormindo, A mamãe deitou-se agora. [Da mulher admirada] Já vi chorar uma pedra Pelo teu pé arredada: Por tu passares por ela, E ela não ser pisada. [Da maledicência] Por aqui passou um pássaro De cores que nunca vi; Todos falam e murmuram, Mas ninguém olha pra si. Lendas do Sul 1) Lendas do Sul, com primeira edição em 1913, contempla dezessete narrativas. Lopes Neto dividiu-as em Lendas do Sul (3), Missioneiras (7) e do Centro e Norte do Brasil (7). 2) Das narrativas de Lendas do Sul, A salamanca do Jarau tem o poder de sempre e cada vez mais me surpreender, pela geração de significados, pela habilidade da construção estrutural em que foi montada e pela impossibilidade de ser analiticamente esgotada. Essas razões me fizeram optar, devido à condição desta exposição, por citar algumas passagens dessa narrativa. Creio que interesse lembrar que a narrativa aparece nominada como O Cerro do Jarau, e, logo abaixo, A Salamanca. Eis as passagens

1) [Parágrafo inicial.] Era um dia..., um dia, um gaúcho pobre, Blau de nome, guasca de bom porte, mas que só tinha de seu um cavalo gordo, o facão afiado e as estradas reais, estava conchavado de posteiro, ali na entrada do rincão; e nesse dia andava campeando um boi barroso. 2) - [O boi barroso] anda cumprindo o seu fadário. [...] - Vou no rastro!... - Está enredado!... (parte 1). 3) Só não tomou tenência que a teiniaguá era mulher (parte 2). 4) [...] Blau Nunes bateu o chapéu para o alto da cabeça, deu um safanão no cinto, aprumando o facão...; foi parando o gesto e ficou-se olhando, sem mira, para muito longe, para onde a vista não chegava, mas onde o sonho acordado que havia nos seus olhos chegava de sobra e ainda passava... ainda passava, porque o sonho não tem lindeiros nem tapumes... [...] (parte 2). 5) Tudo que volteia no ar tem seu dia de aquietar-se no chão (parte 3). 6) E não pensei mais dentro da minha cabeça, não; era uma coisa nova e esquisita: eu via com os olhos os pensamentos diante deles [...] (parte 3). 7) Eu sou a rosa dos tesouros escondidos dentro da casca do mundo (parte 4). 8) Por senha da vontade a boca não falou (parte 4). 9) [...] condenado fui por ter dado passo errado com bicho imundo, que era bicho e mulher moura [...] (parte 4). 10) [...] os olhos do meu pensamento [...] recreavam-se na luz cegante da cabeça encantada da teiniaguá, onde reinavam os olhos dela, olhos de amor tão soberanos e cativos, como em mil vidas de homem outros se não viram!... (parte 5). 11) [...] seu amor de mulher, que vale mais que destino de homem!... (parte 5).

12) Alma forte e coração sereno! (parte 5). 13) [...] governa o pensamento e segura a língua: o pensamento dos homens é que os levanta acima do mundo, e sua língua é que os amesquinha... (parte 6). 14) Teiniaguá encantada! Eu te queria a ti, porque tu és tudo!... És tudo o que eu não sei o que é, porém que atino que existe fora de mim, em volta de mim, superior a mim... Eu te queria a ti, teiniaguá encantada! (parte 7). Nota: A salamanca do Jarau está montada em decálogo, como a lembrar sua condição de gênese da formação dos gaúchos. Comentários finais 1) Todos os textos de Lendas do Sul são marcantes, mas, dentre eles, é impossível o estudioso não se deter, além de sobre A salamanca do Jarau, também sobre O Negrinho do Pastoreio (a partir de cuja narrativa muito se tem produzido na literatura, na música, na escultura, na pintura, no teatro e no cinema); sobre A mboitatá (também geratriz de muitas formas expressivas) e sobre O lunar de Sepé. Surpreende que esse texto não tenha aparecido no Cancioneiro guasca, porque se trata de um poema. O próprio Lopes Neto informa que tomou conhecimento dele em 1902, ou seja, oito anos antes da publicação do Cancioneiro guasca. Conta que ouviu a melopeia de uma idosa, já com dificuldades de lembrar e de articular o poema nas suas partes. Apesar da estatura de intelectual que demonstrou ter, Lopes Neto parece não ter considerado suficientemente o poema. Esse poema, no entanto, ajudou a perpetuar, juntamente com outras formas de manter a memória da cultura popular, a imagem do índio guarani Sepé Tiaraju como santo (i. é, protetor espiritual, místico e mítico). Charles Kiefer retirou de um dos versos de O lunar de Sepé o título para o romance Quem faz gemer a terra (1991).

A seguir se transcrevem as duas estrofes iniciais de O lunar de Sepé Eram armas de Castela Que vinham do mar de além; De Portugal também vinham, Dizendo, por nosso bem: Mas quem faz gemer a terra... Em nome da paz não vem! Mandaram por serra acima Espantar os corações; Que os reis vizinhos queriam Acabar com as Missões, Entre espadas e mosquetes, Entre lanças e canhões!...