FICHA TÉCNICA. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Reitor Carlos Edilson de Almeida Maneschy Vice-Reitor Horácio Schneider



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Transcrição:

FICHA TÉCNICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Reitor Carlos Edilson de Almeida Maneschy Vice-Reitor Horácio Schneider INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DA UFPA Diretora Ana Maria Orlandina Tancredi Carvalho Vice Diretora Eliana da Silva Felipe ESCOLA DE CONSELHOS - PARÁ Coordenador Salomão Antônio Mufarrej Hage Secretária Executiva Maria de Nazaré Cunha de Araújo Entidades Parceiras CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL - CNBB COMISSÃO DE JUSTIÇA E PAZ SOCIEDADE DE DEFESA DOS DIREITOS SEXUAIS - SODIREITOS MOVIMENTO REPÚBLICA DE EMAÚS - CEDECA ELABORAÇÃO Alessandra Cordovil da Luz Jaqueline Almeida Ferreira Marcel Theodoor Hazeu 02 PROJETO GRÁFICO Claudio Assunção Josi Mendes

SUMÁRIO O que é tráfico de crianças e adolescentes?...04 Legislação...08 Legislação internacional: Protocolo de Palermo...09 Legislação nacional: Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente...12 Planos nacionais de enfrentamento ao tráfico de crianças e adolescentes...14 Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas...14 Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-juvenil...15 Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil...16 Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo...16 III Plano Nacional de Direitos Humanos...17 Algumas referências para aprofundamento da temática...18 Sites de organizações governamentais e não-governamentais que atuam no enfrentamento ao tráfico de pessoas...22 Contatos da rede de enfrentamento...23 03

O QUE É TRÁFICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES? Tráfico de pessoas se refere basicamente ao deslocamento de pessoas de um lugar para outro com objetivo de explorá-las ou abusá-las. Isto quer dizer que o tráfico de pessoas ocorre no contexto da migração (deslocamentos), do mercado de trabalho (exploração) e no âmbito das relações interpessoais (abuso). Tráfico de crianças e adolescentes deve ser entendido além de uma definição legal como crime e com suas especificidades, o que o diferencia do tráfico de adultos. Crianças e adolescentes são diferentes que adultos por estarem em fase de desenvolvimento especial que demanda proteção e responsabilidade do Estado, da sociedade e da família. Neste sentido, o tráfico de crianças e adolescentes viola inicialmente o direito à convivência familiar e comunitária, envolve violações, abuso e exploração no lugar de destino, além da negação de acesso a outros direitos básicos, como educação, saúde, etc. Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária (Estatuto da Criança e do Adolescente) Quando crianças e adolescentes saem da sua rede social primária (família) e secundária (comunidade), que deveriam servir como referências e proteção, existe um sinal de alerta para uma atenção especial. Há inúmeros motivos para que um afastamento possa ocorrer, alguns que consideramos socialmente aceitáveis e para o bem das crianças e adolescentes, como para estudo, tratamento de saúde ou férias (apesar de também ser uma violação do direito à convivência familiar). O afastamento, em geral, deve chamar atenção para indícios de problemas e violações na família e na comunidade que podem ter provocado a saída da criança ou adolescente. Também é necessário avaliar as condições no destino. 04

Algumas situações: 1. Em separações de pai e mãe de crianças e adolescentes podem ocorrer brigas e disputas pela guarda (às vezes por eles entendidos como posse) dos filhos. Fora de soluções e decisões judiciais, uma das partes (mãe ou pai) pode decidir levar seus filhos para longe de casa ou longe da comunidade onde moravam e viviam. 2. Pessoas que querem adotar crianças e não querem passar pelo processo formal de adoção ou não querem esperar o trâmite legal, às vezes, levam crianças (até recém nascidas) para longe da sua família biológica. Ou a família biológica entrega seu filho para outras pessoas na esperança de que estas possam cuidar melhor ou até para receber alguma forma de pagamento. 3. Adultos que mantêm relacionamentos com meninas ou meninos menores de 18 anos os levam para longe da família, para burlar a proibição ou a repressão em relação ao relacionamento, com ou sem o consentimento do adolescente. 4. Crianças e adolescentes, às vezes, fogem de casa ou família em decorrência de violência doméstica (abandono, maus-tratos, abuso sexual) ou pobreza. Estas situações são reações à violência doméstica e miséria, fugas envolvendo relacionamentos amorosos e disputas para uma outra convivência familiar, seja ela com um dos pais (ou sua família) ou com uma família adotiva. Todas envolvem situações de risco e violações de direitos. Tráfico de crianças e adolescentes se refere a situações em que o objetivo do afastamento é violar direitos de crianças e adolescentes no lugar de destino. Estas situações podem se iniciar nos contextos acima citados ou começar com aqueles afastamentos que consideramos socialmente aceitáveis e para o bem estar da criança ou do adolescente. As seguintes violações podem ser a finalidade do afastamento da criança ou do adolescente de sua família e de sua comunidade, ou seja, o motivo do seu deslocamento: Trabalho infantil (trabalho forçado) Prostituição infanto-juvenil (prostituição forçada) Abuso sexual 05

Extração de órgãos Servir de soldado em conflitos armados Rituais religiosos Casamento servil Os destinos podem, portanto, ser os mais diversos possíveis, tanto dentro do próprio país quanto para outro país, ou seja, existe tráfico interno e tráfico internacional de crianças e adolescentes. Pode ser a rua (mendicância, exploração sexual, roubos) ou espaços no mercado de trabalho (agricultura, fábricas, clubes de prostituição), residências (abuso sexual, trabalho doméstico, casamento servil), exército, times de futebol ou seitas religiosas. As violações vinculadas ao deslocamento formam a complexa realidade do tráfico de crianças e adolescentes, em muitos sentidos parecidos com o que pode ocorrer também com adultos. Entre o deslocamento e a violação dos direitos no lugar de destino há um processo que envolve várias pessoas, situações e lugares. A saída para fins de violação de direitos pode ocorrer tanto de forma legal e consentida pelas crianças, adolescentes e suas famílias, quanto pode ser ilegal e contra a vontade das crianças, adolescentes e famílias envolvidas. É necessário reconhecer quatro possibilidades de uma situação de tráfico de crianças e adolescentes. 1. A saída ocorre dentro da legalidade: os documentos para a viagem estão corretos (autorização de viagem, passaporte, procedimento de adoção, etc.) e os procedimentos legais todos cumpridos; 2. As crianças, adolescentes e sua família estão de acordo com a viagem e expressam explicitamente querer e apoiar a viagem, confiando nas pessoas envolvidas e sentindo-se suficientemente esclarecidas e informadas; 06 3. A saída ocorre de forma ilegal: com documentos falsificados, através de saída e entrada clandestina em países, sem os devidos procedimentos, escondido nos meios de transporte;

4. As crianças, adolescentes e sua família são forçados, coagidos, enganados, corrompidos, podendo caracterizar-se como formas de sequestro. Importante: não importa se a organização da viagem seja legal ou ilegal, consentida ou não, pois quando o objetivo é a violação dos direitos de pessoas menores de 18 anos, trata-se do crime de tráfico de crianças e adolescentes. LEGISLAÇÃO A legislação referente ao tráfico de pessoas geralmente visa mais ao combate do crime e menos à proteção e bem estar das pessoas vitimadas. Além da repressão ao crime organizado, o combate ao tráfico de pessoas também é usado para reprimir a migração internacional, principalmente em direção à Europa e aos Estados Unidos e para combater a prostituição. Enfrentar e combater o tráfico de pessoas e especificamente de crianças e adolescentes exige um olhar crítico de posicionamentos, colocar as vítimas e seus direitos em primeiro lugar e não deixar se envolver por falsas causas que, geralmente, mais prejudicam do que contribuem com o enfrentamento ao tráfico de pessoas. É necessário perguntar: a quem interessa o enfrentamento ao tráfico de pessoas e quem será beneficiado com as ações propostas. 07

Para ler mais sobre este assunto: ACESSE Dano colateral, Frans Nederstigt e Luciana Almeida (http://www.gaatw.org/portuguese/ CAPITULOBRASILDANOCOLATERAL-GAATW1.pdf) Entre as "máfias" e a "ajuda": a construção de conhecimento sobre tráfico de pessoas, Adriana Piscitelli (http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0104-83332008000200003&script=sci_arttext) Políticas públicas de enfrentamento ao tráfico de pessoas: a quem interessa enfrentar o tráfico de pessoas (Sodireitos/Trama/Chame) acessar via http://portal.mj.gov.br/main. asp?team={41bb570d-356e-4534-a090-12f4e6f0a592} via link Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas www Legislação Internacional: Protocolo de Palermo Há varias convenções e declarações internacionais que tratam do tráfico de pessoas, tráfico de mulheres ou tráfico de crianças. Porém, com a Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado e seus protocolos, (2000), (http://www.unodc.org/southerncone/pt/crime/marcolegal.html), criou-se uma definição do que é tráfico de pessoas usada como referência em todas as esferas governamentais e não-governamentais. Esta definição consta no Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Palermo, 2000), relativo à prevenção, repressão e punição do tráfico de pessoas, em especial mulheres e crianças: 08 Artigo 3º: a) A expressão "tráfico de pessoas" significa o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de

exploração. A exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos ; b) O consentimento dado pela vítima de tráfico de pessoas tendo em vista qualquer tipo de exploração descrito na alínea a) do presente artigo será considerado irrelevante se tiver sido utilizado qualquer um dos meios referidos na alínea a) ; c) O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de uma criança para fins de exploração serão considerados "tráfico de pessoas" mesmo que não envolvam nenhum dos meios referidos na alínea a) do presente artigo ; d) O termo "criança" significa qualquer pessoa com idade inferior a dezoito anos ; Este protocolo foi ratificado pelo Governo Brasileiro e entrou em vigor no Brasil em 28 de fevereiro de 2004. (http://www.dji.com.br/decretos/2004-005017/2004-005017.htm). Há um foco especial nas situações de crianças e adolescentes vítimas do tráfico, sem, no entanto, tratar esta especificidade com mais detalhes, além de excluir a possibilidade de consentimento quando se trata de crianças ou adolescentes. Dois termos do protocolo merecem uma atenção especial por causa da sua importância para o enquadramento de alguma situação como tráfico de pessoas, que são a exploração (e especialmente a sexual) e o consentimento. Exploração O Protocolo emprega a cláusula para fins de exploração, o que engloba qualquer forma de exploração da pessoa humana, seja ela sexual, do trabalho ou a remoção de órgãos. Exploração sexual Há um debate aberto sobre o que seria exploração sexual. Há um grupo de organizações que entendem que qualquer relação de compra e venda de serviços sexuais, como na prostituição, é 09

exploração sexual, mesmo se as pessoas adultas envolvidas atuem conscientemente e por livre opção nesta atividade. Estes grupos são denominados de abolicionistas e qualquer homem ou mulher que atua no mercado de sexo seria vítima de exploração sexual. Eles defendem a criminalização da prostituição (tanto as pessoas que organizam a prostituição quanto os clientes) e o resgate dos e das prostitutas (considerados como vítimas). Foi por meio da pressão destes grupos que foram inseridas as expressões exploração da prostituição e exploração sexual. Um outro grupo de organizações entende que as pessoas devem ser respeitadas na suas escolhas e atuação profissional, seja esta fora ou dentro do mercado de sexo. Eles defendem que ninguém pode ser explorado e que as pessoas que atuam no mercado de sexo devem ter garantido todos seus direitos e ser protegidas contra o abuso e a exploração. Ou seja, trabalhos e serviços forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura e a servidão, quando ocorrem na prostituição, ou em qualquer outro lugar, devem ser considerados exploração. Destes grupos surge a interpretação da exploração sexual como prostituição infantil, pornografia infantil, prostituição forçada, escravidão sexual ou casamento forçado. Esta compreensão foi reforçada na Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, em Beijing, (1995), na Plataforma de Ação Mundial, onde foi acolhido o conceito de prostituição forçada como uma forma de violência, permitindo entender que a prostituição livremente exercida não representa violação aos direitos humanos. http://www.feminismo.org.br/portal/index. php?option=com_remository&itemid=&func=startdown&id=87 O Estatuto do Tribunal Penal Internacional (1998) (http://www.fd.uc.pt/ci/cee/oi/tpi/ Estatuto_Tribunal_Penal_Internacional.htm) define no seu artigo 7 como crime contra a Humanidade: Violação, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez à força, esterilização à força ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de gravidade comparável 10

Consentimento Segundo o Protocolo de Palermo sobre Tráfico de Pessoas: Para crianças e adolescentes o consentimento é irrelevante para a configuração do tráfico. Para adultos o consentimento é relevante para excluir a imputação de tráfico, a menos que comprovada ameaça, coerção, fraude, abuso de autoridade ou de situação de vulnerabilidade, bem como a oferta de vantagens para quem tenha autoridade sobre outrem. Mas mesmo para o crime de tráfico de adultos, é necessário perguntar: consentir o quê? Trata-se de consentimento para viajar, o que não significa que alguém autorize outras pessoas a explorá-lo. Se o consentimento se refere à perspectiva de ser explorada, há o questionamento se isto exclui a responsabilidade do traficante que conscientemente viola o direito do outro. Pode-se dizer que consentimento não reflete uma escolha livre, mas uma submissão voluntária dentro de um esquema de dominação naturalizada no qual o fato de obter consentimento anula quase toda a responsabilidade do opressor. Como, em princípio, ninguém deve abrir mão de seus direitos (inalienáveis), o consentimento para o tráfico de pessoas, que se materializa na exploração, é irrelevante para configurar o crime, assim define a Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Brasil (parágrafo 5 ). Assim, o consentimento dado pela vítima é irrelevante para a configuração do tráfico de pessoas. Legislação nacional: Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente No Brasil, o tráfico de pessoas pode ser enquadrado por meio de vários crimes previstos no Código Penal (https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm) e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm). Os artigos 231 e 231-A tratam especificamente do tráfico de pessoas, mas têm um escopo muito limitado, pois visam somente a finalidade de exploração sexual, conceito discutido na sessão anterior. A exploração sexual de crianças e adolescentes é objeto do artigo 224-A do ECA. Juristas alegam que há outros artigos no Código Penal e no Estatuto que abrangem um leque maior de finalidades do tráfico de pessoas. 11

Art. 206 do Código Penal: Aliciamento para o fim de emigração Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro. Pena - detenção de 01 (um) a 03 (três) anos e multa. Art. 231 do Código Penal: Tráfico internacional de pessoas para fim de exploração sexual Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro. Pena - reclusão de 03 (três) a 08 (oito) anos. 1º Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. 2º A pena é aumentada na metade se: I - a vítima for menor de 18 (dezoito) anos; Art. 231-A do Código Penal: Tráfico interno de pessoas para fim de exploração sexual Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual. 1º Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. 2º A pena é aumentada da metade se: I - a vítima for menor de 18 (dezoito) anos. Art. 245 do Código Penal: Entrega de filho menor a pessoa inidônea Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo. Pena - detenção de 01 (um) a 02 (dois) anos. 1º - A pena é de 01 (um) a 04 (quatro) anos de reclusão se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exterior. 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de obter lucro. 12

Art. 149 do Código Penal: Condição análoga à de escravo Reduzir alguém à condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto. 1º - Nas mesmas penas incorre quem: I cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; II mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. Art. 239 do Estatuto da Criança e do Adolescente Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente ao exterior com a inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro. Pena - reclusão de 04 (quatro) a 06 (seis) anos e multa. Parágrafo único Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a pena é de reclusão de 06 (seis) a 08 (oito) anos, além da pena correspondente à violência. Art. 224-A do Estatuto da Criança e do Adolescente Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art.2º desta lei, à prostituição ou à exploração sexual. Pena - reclusão de 04 a 10 anos e multa. Planos nacionais de enfrentamento ao tráfico de crianças e adolescentes Para enfrentar o tráfico de crianças e adolescentes existem no Brasil cinco planos nacionais que prevêem ações para este fim, considerando que o tráfico de crianças e adolescentes envolve, às vezes, violência sexual, trabalho infantil e/ou trabalho escravo e que se trata de uma violação de direitos humanos: I Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas I Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-juvenil I Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil 13

II Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo III Plano Nacional de Direitos Humanos Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas O Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas visa o enfrentamento de todas as formas de tráfico de pessoas e de todas as pessoas, homens e mulheres, adultos, crianças e adolescentes. Há quase nenhuma atenção específica para a situação de crianças e adolescentes. As três menções no Plano referentes a crianças e adolescentes são: Elaborar levantamento de boas práticas de serviços e experiências de prevenção ao tráfico de crianças e adolescentes realizadas no Brasil ou em outros países; Desenvolver metodologias para identificação de interfaces do tráfico de pessoas com outras situações de violências ou vulnerabilidade para subsidiar ações de prevenção ao tráfico e atenção às vítimas; Capacitar profissionais de saúde e agentes, direta ou indiretamente, envolvidos na prevenção ao tráfico de pessoas. http://www.unodc.org/pdf/brazil/publicacoes/planonacionaltp.pdf www.reporterbrasil.org.br/pnetp.doc Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-juvenil Voltado para a finalidade de abuso e exploração sexual, em combinação ou não com o tráfico de crianças e adolescentes. Há somente algumas ações voltadas para o tráfico: 14 Adotar medidas coercitivas em relação ao tráfico de crianças e adolescentes para fins sexuais e de proteção às vítimas; Identificar causas/ fatores de vulnerabilidade e modalidades de violência sexual contra crianças e adolescentes (número de rotas de tráfico identificadas e desmanteladas);

Adoção de medidas de segurança, de proteção e de retorno aos pais de crianças e adolescentes brasileiros traficados (fiscalizar fronteiras, portos e aeroportos; serviço nacional de localização, identificação, resgate e proteção de crianças e adolescentes traficados e desaparecidos); Mobilização e articulação fortalecer as articulações nacionais, regionais e locais de combate e pela eliminação da violência sexual; comprometer a sociedade civil no enfrentamento dessa problemática; divulgar o posicionamento do Brasil em relação à exploração sexual no turismo e ao tráfico para fins sexuais e avaliar os impactos e resultados das ações de mobilização. ACESSE http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/conanda/plano_nacional.pdf http://www.condeca.sp.gov.br/legislacao/plano_nacional_enfrentamento.pdf http://www1.direitoshumanos.gov.br/spdca/publicacoes/.arquivos/.spdca/plano_nac_parte1.pdf http://www1.direitoshumanos.gov.br/spdca/publicacoes/.arquivos/.spdca/plano_nac_parte2.pdf Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil www É um plano que trata da exploração de crianças e adolescentes no mercado de trabalho e não é voltado para o processo de aliciamento e tráfico que desloca crianças e adolescentes, muitas vezes, para serem explorados (como as trabalhadoras infanto-juvenis domésticas). Apresenta posicionamento e ações que contribuem ao enfrentamento ao tráfico de crianças e adolescentes. O art. 1º (da Convenção Internacional) estabelece que os estados-membros que tenham ratificado essa Convenção devem tomar medidas imediatas e eficazes O art. 3º estabelece quatro categorias claras de piores formas de trabalho infanto-juvenil que devem ser abolidas: todas as formas de escravidão ou práticas análogas à escravidão, como venda e tráfico de crianças, sujeição por dívida e servidão, trabalho forçado ou compulsório, inclusive recrutamento forçado ou compulsório de crianças para serem utilizadas em conflitos armados. http://www.mte.gov.br/trab_infantil/pub_6361.pdf. (1ª edição) http://www.forumdca.org.br/arquivos/documentos/plano%20nacional%20trabalho%20 INFANTIL%20-%202%20EDI%C3%87%C3%83O%20-%202010-2015.pdf (2ª edição) 15

Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo O trabalho escravo na sua caracterização se aproxima muito com o que se entende por tráfico de pessoas. Condição análoga à de escravo: reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto. E/ou cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho e/ou mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. Porém, o Plano visa o contexto de mercado de trabalho reconhecido, excluindo, portanto, o mercado de sexo. http://www.mte.gov.br/trab_escravo/7337.pdf (1ª edição) http://www.reporterbrasil.org.br/documentos/novoplanonacional.pdf (2ª edição). III Plano Nacional de Direitos Humanos O Plano Nacional de Direitos Humanos aborda todos os grandes temas do campo dos direitos humanos e suas violações. Neste sentido há um capítulo referente ao enfrentamento ao tráfico de pessoas, no qual há atenção especial para a situação de crianças e adolescentes. Objetivo estratégico VI: Enfrentamento ao tráfico de pessoas Implementar as ações referentes a crianças e adolescentes previstas na Política e no Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas; Consolidar fluxos de encaminhamento e monitoramento de denúncias de casos de tráfico de crianças e adolescentes; Revisar e disseminar metodologia para atendimento de crianças e adolescentes vítimas de tráfico; 16

Realizar estudos e pesquisas sobre o tráfico de pessoas, inclusive sobre exploração sexual de crianças e adolescentes. http://portal.mj.gov.br/sedh/pndh3/pndh3.pdf Algumas referências para aprofundamento da temática 1. Tráfico de pessoas para fins de exploração sexual Edição: Organização Internacional do Trabalho (OIT) - Projeto de Combate ao Tráfico de Pessoas (TIP) Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil (IPEC) Destinado àqueles a quem cabe a tarefa de investigar, prender, acusar e julgar os traficantes, este manual tem o objetivo de fornecer informações que possam servir de auxílio nessa área. Operadores do Sistema de Garantia de Direitos encontrarão desde a descrição de como os traficantes atuam, estimativas sobre o número global de vítimas e os métodos mais adequados para lidar com elas, até endereços e telefones de organizações assistenciais, embaixadas de países estrangeiros e de consulados brasileiros nos principais locais onde os traficantes agem. http://www.oitbrasil.org.br/info/downloadfile.php?fileid=253 2. Manual de Capacitação sobre Trafico de Pessoas Ana Luiza Fauzina, Marcia Vasconcelos e Thaís Dumêt Faria, OIT, 2009. O manual tem o objetivo de oferecer aos diversos atores envolvidos no enfrentamento ao tráfico de pessoas subsídios conceituais para que possam melhor compreender a dinâmica desta questão no Brasil. De maneira mais específica, a compilação visa apresentar aos profissionais que trabalham diretamente em áreas de grande incidência desta prática um olhar mais sensível à problemática, em sintonia com os princípios basilares de direitos humanos. No primeiro capítulo, O que é o tráfico de pessoas, é trabalhado o conceito aceito internacionalmente para tráfico de pessoas, além das principais informações e estatísticas em torno do delito no mundo. 17

O segundo capítulo, Princípios de Direitos Humanos, traz a necessidade de se abordar a questão do tráfico de pessoas do ponto de vista do respeito aos direitos humanos e apresenta as especificidades dos direitos das mulheres e das crianças e adolescentes. Apresenta, ainda, os principais instrumentos de direitos humanos relacionados com a temática. No terceiro, denominado Conhecendo o tráfico de pessoas no Brasil, são introduzidos conceitos fundamentais acerca do tráfico para fins de trabalho escravo e para fins de exploração sexual comercial, suas principais características, legislação associada, a forma como operam as redes criminosas e o perfil das vítimas aliciadas e exploradas. No quarto capítulo, Migração irregular X tráfico de pessoas: conhecendo as diferenças, são tratadas as principais características da migração irregular, do tráfico de pessoas e do contrabando de migrantes com o objetivo de estabelecer suas principais diferenças e conexões, bem como consequências práticas dessas diferenças para o enfrentamento ao problema. Finalmente, no quinto capítulo, A Política e o Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, faz-se uma breve apresentação desses dois instrumentos elaborados no âmbito do Governo Federal, apontando suas principais características e objetivos. O tráfico de pessoas é uma questão complexa que, para ser compreendida, tem demandado a produção de uma série de estudos e pesquisas. As abordagens e compreensões construídas até o momento demonstram que o tráfico de pessoas não tem uma causa única. Ele é fruto de uma série de fatores relacionados às oportunidades de trabalho, aos fluxos migratórios, à busca por melhores condições de vida, às desigualdades sociais, à discriminação. http://www.oitbrasil.org.br/info/downloadfile.php?fileid=385 3. Kit anti-tráfico (inglês) O chamado "kit instrumental de combate ao tráfico de pessoas" oferece medidas práticas para policiais e para entrevistar e proteção às vítimas. http://www.unodc.org/pdf/trafficking_toolkit_oct06.pdf 18

4. Tráfico de pessoas: da Convenção de Genebra ao Protocolo de Palermo Ela Wiecko de V. de Castilho Este artigo arrola os principais instrumentos internacionais que antecederam o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Palermo, 2000), relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em especial Mulheres e Crianças. Tem como objetivo ampliar a compreensão do conceito de tráfico incorporado em parte pela Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. http://www.violes.unb.br/rima/artigos/tp%20convencao%20de%20genebra%20palermo.pdf 5. A legislação penal brasileira sobre tráfico de pessoas e imigração ilegal/ irregular frente aos Protocolos Adicionais à Convenção de Palermo (E. Wiecko) A exposição objetiva apresentar os tipos penais existentes na legislação brasileira aplicáveis ao tráfico de pessoas e à imigração ilegal e verificar se abarcam de forma suficiente as condutas descritas nos Protocolos Adicionais à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Palermo, 2000): Protocolo relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em especial Mulheres e Crianças, e Protocolo sobre o Tráfico de Migrantes por Via Terrestre, Marítima e Aérea, promulgados no Brasil, respectivamente, pelo Decreto n. 5.017 e 5.016, de 12.03.2004. http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/publicacoes/trafico-de-pessoas/ seminario_cascais.pdf 6. UNICEF O Fundo para Infância das Nações Unidas (UNICEF) tem dado atenção especial referente ao tráfico de crianças e adolescentes, como pode ser conferido: http://www.unicef.org/search/search.php?querystring=trafficking&hits=&isnews=&go.x=0&go. y=0 19

Outra discussão sobre mudanças legislativas para proteger os direitos de crianças e adolescentes vítimas de tráfico de pessoas é apresentada em LEGISLATIVE REFORM FOR THE PROTECTION OF THE RIGHTS OF CHILD VICTIMS OF TRAFFICKING http://www.unicef.org/policyanalysis/files/legislative_reform_for_the_protection_of_the_ Rights_of_Child_Victims_of_Trafficking.pdf 7. Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial no Brasil (Pestraf) Esta pesquisa é a única realizada em âmbito nacional, envolvendo diversas ONGs e universidades na sua execução. Como pesquisa pioneira, pela complexidade da realidade do tráfico de pessoas e a diversidade e extensão do território brasileiro, a pesquisa apresenta, de um lado, informações importantes e interessantes (envolvendo uma grande quantidade de atores sociais na execução da pesquisa, um mapa de possíveis rotas em todo território nacional, o agendamento do tema nas esferas governamentais), e, ao mesmo tempo, questões metodológicas (e ideológicas) que são questionadas (o fato de tomar como base de dados recortes de jornais, a não utilização sistemático do material produzido pelas equipes regionais de pesquisa, e o vínculo direto entre tráfico de pessoas e prostituição). No Brasil, a pesquisa coordenada nacionalmente pelo Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria) resultou neste estudo, que se destaca pelo que tem de inédito ao revelar as diversas faces de um fenômeno pouco analisado no país. Ao dar visibilidade ao problema e situá-lo com relação a sua dimensão jurídica, às rotas internas e externas, ao perfil da demanda e das redes de favorecimento e à caracterização das vítimas, o estudo contribui para aumentar a mobilização social pela erradicação de todas as formas de violência, para a construção de estratégias de enfrentamento e para a formulação de políticas públicas adequadas para coibir o tráfico e reduzir os danos causados às vítimas. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/exposicoes/sociedade/publicacoes/cecria/pesquisa_trafico.pdf Sit 20

Sites de organizações governamentais e não governamentais que atuam no enfrentamento ao tráfico de pessoas Adital - http://www.adital.com.br/hotsite_trafico/ Aliança Global contra Tráfico de Mulheres Gaatw http://www.gaatw.org/ Associação Brasileira em defesa da mulher, infância e juventude - www.asbrad.org - http://www.asbrad.com.br/ Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes - http://www. cecria.org.br/ Chame - www.chame.org.br Comitê nacional de enfrentamento à violência sexual de crianças e adolescentes - http://www.comitenacional.org.br/ IBISS-Co - http://www.ibiss-co.org.br/site/ Ministério da Justiça www.mj.gov.br Ministério Público Federal de São Paulo - http://www.prsp.mpf.gov.br/prdc/area-deatuacao/escravidao-e-trafico-de-seres-humanos Movimento República de Emaús www.movimentodeemaus.org MTV campanha contra tráfico de pessoas - http://www.mtvexit.org/index.php?lang=21 OIT Brasil - www.oitbrasil.org.br Projeto Trama - www.projetotrama.org.br 21

Repórter Brasil www.reporterbrasil.org.br Secretaria de Direitos Humanos - http://www.direitoshumanos.gov.br/ Serviço de Prevenção ao Tráfico de Mulheres e Meninas www.smm.org.br Sodireitos www.sodireitos.org.br UNODC - www.unodoc.org.br. Ungift - www.ungift.org/brazil/ Contatos da rede de enfrentamento Nacional Disque 100 (Disque Denúncia Nacional) Ministério do Exterior (Departamentos de apoio à comunidade brasileira no exterior) Regional Polícia Federal Ministério Público Federal Polícia Rodoviária Federal Local Conselhos Tutelares Ministério Público Estadual Polícia Civil Paróquias CRAS 22