UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ UNOCHAPECÓ ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E JURÍDICAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO MONICA FOSCARIN BARELA



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Transcrição:

UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ UNOCHAPECÓ ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E JURÍDICAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO MONICA FOSCARIN BARELA ACIDENTES DO TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS NO ENFOQUE PREVIDENCIÁRIO E TRABALHISTA CHAPECÓ (SC), 2010

MONICA FOSCARIN BARELA ACIDENTES DO TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS NO ENFOQUE PREVIDENCIÁRIO E TRABALHISTA Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade Comunitária da Região de Chapecó, UNOCHAPECÓ, como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Direito, sob a orientação da Profª. Me. Deicy Isabel Winckler. Chapecó (SC), junho 2010.

UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ - UNOCHAPECÓ ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E JURÍDICAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO ACIDENTES DO TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS NO ENFOQUE PREVIDENCIÁRIO E TRABALHISTA MONICA FOSCARIN BARELA Profª. Me. Deicy Isabel Winckler Professora Orientadora Prof. Me. Glaucio Wandre Vicentin Coordenador do Curso de Direito Profª. Me. Silvia Ozelame Rigo Moschetta Coordenadora Adjunta do Curso de Direito Chapecó (SC), junho 2010.

MONICA FOSCARIN BARELA ACIDENTES DO TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS NO ENFOQUE PREVIDENCIÁRIO E TRABALHISTA Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de BACHAREL EM DIREITO no Curso de Graduação em Direito da Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECÓ, com a seguinte Banca Examinadora: Me. Deicy Isabel Winckler Presidente Odisséia Paludo Membro Dilnei Eidt Membro Chapecó (SC), junho 2010.

DEDICATÓRIA Aos meus pais, Paulo Antonio Barela e Mariza Stefani Foscarin Barela, a quem devo a minha vida, a pessoa que hoje sou e que me permitiram mais uma conquista.

AGRADECIMENTOS A minha família, Paulo, Mariza e Marcos, pelo amor, carinho, compreensão e estímulo de todas as horas. Ao tio César Augusto Barella pelo companheirismo e colaboração em mais uma etapa da minha vida. Ao Felipi Ferreira Lazzari que me acompanhou nessa trajetória e acreditou em mim. A minha orientadora Deicy Isabel Winckler pela sabedoria, dedicação e auxílio que jamais deixou de prestar.

A vida humana só acontece uma vez e não poderemos jamais verificar qual seria a boa ou a má decisão, porque, em todas as situações, só podemos decidir uma vez. Não nos é dada uma segunda, uma terceira ou uma quarta vida para que possamos comparar decisões diferentes. (MILAN KUNDERA).

RESUMO ACIDENTES DO TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS NO ENFOQUE PREVIDENCIÁRIO E TRABALHISTA. Monica Foscarin Barela. Deicy Isabel Winckler (ORIENTADORA). (Universidade Comunitária da Região de Chapecó UNOCHAPECÓ). (INTRODUÇÃO) Consistindo o acesso à Previdência Social um direito assegurado ao trabalhador, o Direito do Trabalho e o Direito Previdenciário são duas áreas que se identificam e seus campos de atuação se sobrepõem, especialmente considerando que um trabalhador pode ingressar com ação judicial de pedido de benefício previdenciário acidentário contra o INSS, perante a Justiça Comum Estadual, quando tem negado o pedido administrativo e, ao mesmo tempo, pleitear na Justiça do Trabalho reparação civil do empregador em razão do mesmo acidente do trabalho ou doença de origem ocupacional. Com isto, poderá ter resultados diversos em cada uma das esferas (trabalhista e previdenciária) acerca do mesmo infortúnio, ou seja, pode haver pelo âmbito previdenciário o reconhecimento de que a patologia é de origem laboral e, ao mesmo tempo, não ser reconhecida pelo trabalhista, e vice-versa. Diante disto, o problema é merecedor de estudo, a fim de constatar as repercussões e consequências entre ambas as medidas (ação trabalhista e previdenciária ou pedido administrativo de benefício previdenciário), bem como as controvérsias geradas entre empregado e empregador em relação à matéria. (OBJETIVOS) Têm-se como objetivos desta pesquisa: verificar se as decisões em ações judiciais trabalhistas em que há reconhecimento de doenças laborais repercutem no âmbito previdenciário e vice-versa, e assim, entender a extensão e confluência entre as decisões tomadas pela Justiça do Trabalho e pela Previdência Social, no tocante ao reconhecimento de doenças laborais. (EIXO TEMÁTICO) A presente pesquisa vincula-se ao Eixo Temático do curso de Direito da Unochapecó denominado Trabalho e Seguridade Social. (METODOLOGIA) Esta pesquisa caracteriza-se como bibliográfica, por ser realizada por meio do estudo de doutrinas, legislações, artigos jurídicos e jurisprudências, utilizando-se do método dedutivo para formalizar o presente trabalho. (CONCLUSÃO) Os benefícios previdenciários acidentários e as ações indenizatórias trabalhistas por dano moral e/ou material contra o empregador possuem natureza jurídica diversa. Com isto, em algumas situações poderão haver divergências entre as decisões sobre o mesmo fato acidente de trabalho/doença ocupacional no âmbito trabalhista e no âmbito previdenciário. As decisões na esfera trabalhista, que reconhecem ou não, infortúnio de natureza laboral, não vinculam as do âmbito previdenciário quanto à matéria e, da mesma forma, o reconhecimento do infortúnio laboral para efeito de concessão de benefício previdenciário não implica no acolhimento de pretensão indenizatória formulada em face do empregador. Desta forma, uma possível solução seria a ampliação da competência da Justiça do Trabalho para o conhecimento e julgamento de ações previdenciárias acidentárias, ensejando que o exame de pretensões contra a Previdência e contra o empregador, tendo por objeto infortúnios laborais, seja decidido pela mesma Justiça Especializada. (PALAVRAS-CHAVE) Previdência Social, acidentes do trabalho e doença ocupacional.

LISTA DE ABREVIATURAS BPC Benefício de Prestação Continuada CAT Comunicação de acidente de trabalho CC Código Civil CF Constituição da República Federativa do Brasil CLT Consolidação das Leis do Trabalho LOAS Lei Orgânica da Assistência Social NTEP Nexo técnico epidemiológico SAT Seguro de Acidentes de Trabalho STF Supremo Tribunal Federal STJ Superior Tribunal de Justiça TJSC Tribunal de Justiça de Santa Catarina TRT Tribunal Regional do Trabalho

LISTA DE SIGLAS CAPFESP Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e Empregador em Serviços Públicos CEME Central de Medicamentos DATAPREV Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social DORT Distúrbio do Sistema Osteomuscular Relacionados ao Trabalho FUNABEM Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor IAP Institutos de Aposentadorias e Pensões IAPAS Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social IAPB Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários IAPC Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários IAPETC Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas IAPI Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários IAPM Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social INPS Instituto Nacional de Previdência Social

INSS Instituto Nacional do Seguro Social IPASE Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado LBA Fundação Legião Brasileira de Assistência MPAS Ministério da Previdência e Assistência Social RGPS Regime Geral de Previdência Social SINPAS Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social SUS Sistema Único de Saúde

LISTA DE APÊNDICES APÊNDICE A ATESTADO DE AUTENTICIDADE DA MONOGRAFIA... 79 APÊNDICE B TERMO DE SOLICITAÇÃO DE BANCA... 81

SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 15 CAPÍTULO I... 18 1 ASPECTOS GERAIS SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL... 18 1.1 Seguridade Social... 18 1.1.1 Saúde... 20 1.1.2 Assistência Social... 21 1.1.3 Previdência Social... 23 1.1.3.1 Aspectos históricos da Previdência Social no Brasil... 23 1.1.3.2 Institutos da Previdência Social... 25 1.1.3.3 Instituto Nacional do Seguro Social... 28 1.1.3.4 Conceito de Previdência Social... 29 1.1.3.5 Prestações previdenciárias... 31 CAPÍTULO II... 35 2 DIREITO ACIDENTÁRIO... 35 2.1 Surgimento da proteção acidentária... 35 2.2 Acidente do trabalho... 39 2.2.1 Doenças ocupacionais... 42 2.2.1.1 Doenças profissionais... 42 2.2.1.2 Doenças do trabalho... 43 2.3 Benefícios decorrentes do acidente do trabalho... 44 2.3.1 Auxílio-doença acidentário... 44 2.3.2 Auxílio-acidente... 46 2.3.3 Aposentadoria por invalidez acidentária... 47

2.3.4 Pensão por morte... 50 2.4 Amparo ao empregado vítima de acidente do trabalho ou de doença ocupacional... 51 CAPÍTULO III... 52 3 RELAÇÃO ENTRE AÇÕES PREVIDENCIÁRIAS ACIDENTÁRIAS E AÇÕES INDENIZATÓRIAS DECORRENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR... 52 3.1 Teorias do infortúnio laboral... 52 3.1.1 Teoria da culpa aquiliana... 53 3.1.2 Teoria da responsabilidade contratual... 53 3.1.3 Teoria da responsabilidade pelo fato da coisa... 54 3.1.4 Teoria do risco profissional... 54 3.1.5 Teoria do risco da autoridade... 55 3.1.6 Teoria da responsabilidade social... 55 3.2 Garantias ao trabalhador acidentado... 56 3.3 Prestações previdenciárias X Reparação civil... 58 3.3.1 Seguro de Acidentes do Trabalho... 60 3.3.2 Ação regressiva do INSS contra o empregador... 61 3.4 Competência para julgamento das ações previdenciárias acidentárias e das ações indenizatórias decorrentes da relação de trabalho... 62 3.5 Análise de jurisprudências... 63 3.6 Análise de casos práticos... 66 CONCLUSÃO... 71 REFERÊNCIAS... 74 APÊNDICES... 77

INTRODUÇÃO O vínculo existente entre as áreas do Direito Previdenciário e do Direito do Trabalho vem de longa data. Ambos possuem finalidades semelhantes, entre elas, diminuir diferenças sociais e proporcionar melhor distribuição de renda, assegurando dignidade humana ao trabalhador. O âmbito de atuação dos campos previdenciário e trabalhista encontra-se bem demarcado. Isso se dá, principalmente, devido à natureza jurídica do primeiro ser de ordem pública, ao passo que o direito do trabalho regulamenta relações de ordem privada. Contudo, consistindo o acesso à Previdência Social um direito assegurado ao trabalhador, essas duas áreas se identificam e seus campos de atuação se sobrepõem, como, por exemplo, quando o empregado busca junto à Previdência benefício decorrente de acidente de trabalho ou de doença de origem ocupacional e, ao mesmo tempo, pleiteia na Justiça do Trabalho reparação civil em face do empregador em razão do mesmo infortúnio. As espécies de benefícios concedidos ao trabalhador acidentado pela Previdência Social, isto é, auxílio-doença acidentário em caso de invalidez temporária, auxílio-acidente, ou em caso de invalidez permanente, aposentadoria decorrente de doença ou de acidente laboral e pensão por morte, dependem de exame médico pericial, realizado por perito do próprio órgão previdenciário, que poderá reconhecer ou não, que a patologia do obreiro decorre do trabalho, configurando acidente laboral típico para fins previdenciários. Ressaltase que, sendo indeferido o pedido administrativo formulado, o segurado poderá recorrer ao Judiciário, por meio de ação movida em face do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pleiteando o reconhecimento do benefício pretendido, quando nova perícia médica poderá ser determinada pelo Juízo competente, que, na hipótese, é a Justiça Comum Estadual.

16 Por outro lado, o mesmo trabalhador que encaminha pedido de benefício previdenciário acidentário, ao ingressar com ação de indenização civil contra o empregador, perante a Justiça do Trabalho, será submetido a outro exame médico pericial, por perito nomeado pelo Juízo Trabalhista, que poderá chegar à conclusão diferente da elaborada pelo perito da Previdência e/ou do que atuou em processo no Juízo Estadual, em ação previdenciária. Assim, em uma situação pode haver o reconhecimento de que a patologia é de origem laboral, configurando acidente de trabalho pelo órgão da Justiça do Trabalho, ao mesmo tempo em que perante a Previdência Social pode não ser considerada a doença do trabalhador como decorrente do trabalho. Desta forma, o objetivo da presente pesquisa é verificar se as decisões em ações judiciais trabalhistas (entre empregado e empregador) em que há reconhecimento de doenças laborais podem ensejar repercussões no Direito Previdenciário. Também, em que situações as decisões administrativas ou judiciais em que o trabalhador pleiteia benefício em face do INSS podem influir na decisão do Juiz do Trabalho, ao apreciar ação indenizatória trabalhista. Ao discorrer sobre o tema proposto, no primeiro capítulo será abordada a Seguridade Social e seus aspectos históricos, com especificação acerca da Previdência Social no Brasil, bem como os benefícios previdenciários, seus conceitos e regulamentações. No segundo capítulo será feita explanação sobre surgimento da proteção acidentária e caracterização de acidentes laborais. Ao final, serão abordados os benefícios previdenciários decorrentes de acidentes do trabalho reconhecidos pela Previdência Social. No último capítulo serão estudadas as teorias do infortúnio laboral e a responsabilidade civil do empregador, visando identificar em que medidas as decisões tomadas pelo órgão previdenciário ou pela Justiça Comum em ações previdenciárias influem nas decisões da Justiça do Trabalho, em ações indenizatórias acidentárias em face do empregador. Ou ainda, se decisões do Juízo Trabalhista geram efeitos no reconhecimento de direito a benefício previdenciário acidentário pelo trabalhador. Também, a possibilidade de haverem decisões divergentes na consideração, ou não, do infortúnio como sendo de natureza laboral pelos órgãos referidos. Além de pesquisa doutrinária, serão analisadas jurisprudências sobre os assuntos acima mencionados, procurando identificar decisões em casos concretos submetidos ao mesmo tempo na esfera previdenciária e trabalhista. Por fim, se estudará se o empregador

17 responde cumulativamente com o INSS ou se a concessão de benefício pela Previdência o exime de indenizar o trabalhador acidentado. Necessário esclarecer que a pesquisa será elaborada por meio de estudo bibliográfico, de jurisprudências e de casos, utilizando-se o método dedutivo, visto que se partirá do estudo de dados gerais para chegar a dados específicos. A presente pesquisa encontra-se inserida no eixo temático Trabalho e Seguridade Social.

18 CAPÍTULO I 1 ASPECTOS GERAIS SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL A Previdência Social originou-se ao longo dos anos com o fim de proporcionar à sociedade humana o desenvolvimento de modalidades de auxílios, com função essencial de promover o bem comum e fornecer assistência e bem-estar social aos indivíduos em situações de necessidades. Nessa linha e com a sua evolução, surgiu a Seguridade Social direcionada aos trabalhadores e aos seus dependentes, visando o amparo em situações de doenças, acidentes, velhice e morte. O presente capítulo tem por objeto o estudo da Seguridade Social e de seus integrantes, detalhando-se a Previdência Social no Brasil, a iniciar com seus aspectos históricos, considerando o surgimento e a evolução dos seus institutos, especificando-se o Instituto Nacional do Seguro Social. Analisar-se-ão também os benefícios previdenciários, seus conceitos, objetivos e regulamentações. 1.1 Seguridade Social A Constituição da República Federativa do Brasil (CF) de 1988 reconhece a

19 Seguridade Social como direito social fundamental, conforme consta no artigo 6 1. A mesma Carta Magna dispõe no artigo 22, inciso XXIII, que: compete privativamente à União legislar sobre: [...] seguridade social [...]. Preceitua o artigo 194 da CF/88 que: a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Configura um sistema de instituições e entidades que prestam ações e condições básicas em favor dos indivíduos garantindo a eles direitos fundamentais. Martins (2001, p. 44) conceitua o Direito da Seguridade Social como: [...] um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos á saúde, à previdência e à assistência social. A União prestará assistências sociais aos segurados que necessitarem, assim como a suas famílias, proporcionando-lhes condições dignas de vida e segurança em relação ao presente e ao futuro. Desta forma, os indivíduos impossibilitados de proverem suas necessidades encontrarão amparo na Seguridade Social. A organização da Seguridade pelo Poder Público baseia-se essencialmente nos objetivos dispostos no artigo 194 2, parágrafo único da CF/88. Entre eles estão: a universalidade da cobertura e do atendimento, a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais, a seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços, a irredutibilidade do valor dos benefícios, equidade na forma da participação no custeio, a diversidade na base de financiamento e o caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite. 1 Artigo 6 o, CF. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 2 Artigo 194, parágrafo único, CF. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - eqüidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento; VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.

20 Social. Nos itens a seguir analisar-se-ão os componentes, bem como a estrutura da Seguridade 1.1.1 Saúde Considerada um dos integrantes da Seguridade Social, a saúde é prevista constitucionalmente e é reconhecida como um direito de todos e dever do Estado (artigo 196 3, da Constituição Federal). O direito à saúde é direito fundamental das pessoas. O Estado tem a função de prevenir, curar e recuperar os seres humanos, devendo prestar o serviço de forma direta ou por terceiros. Os fatores determinantes para a saúde variam entre alimentação, moradia, saneamento básico, renda, educação, lazer, entre outros, conforme previstos no artigo 3º 4, da Lei n. 8.080/90. A saúde, com exceção da prestada por entidades privadas, é gratuita, isto é, prestada às pessoas independente de contribuir ou não à Seguridade. Aduz Tavares (2006, p. 14) que: [...] o atendimento deve ser universal, não havendo possibilidade de exclusão de paciente por critério de renda. As instituições públicas prestam suas ações e serviços por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), que segue as diretrizes previstas no artigo 198 5, da CF, quais sejam: a descentralização, o atendimento integral, a participação da comunidade, a gratuidade e a universalidade. O SUS é financiado pela União, estados, Distrito Federal e municípios, além de outras 3 Artigo 196, CF. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 4 Artigo 3, Lei 8.080. A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País. 5 Artigo 198, CF. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade.

21 fontes, os quais contribuem por meio de recursos do orçamento da Seguridade Social, de acordo com o artigo 198, 1º 6, da CF/88. A iniciativa privada também pode participar na assistência à saúde, como atividade complementar ou supletiva. 1.1.2 Assistência Social O artigo 4º, da Lei n. 8.212/91 conceitua a Assistência Social sendo: [...] a política social que provê o atendimento das necessidades básicas, traduzidas em proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e à pessoa portadora de deficiência, independentemente de contribuição à Seguridade Social. Para Martins (2001, p. 484) a Assistência Social é: [...] um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer uma política social aos hipossuficientes, por meio de atividades particulares e estatais, visando à concessão de pequenos benefícios e serviços, independentemente de contribuição por parte do próprio interessado. As prestações desse instituto são divididas em benefícios (pecuniários) e serviços que são destinados a quem precisar, isto é, o beneficiado não necessitará contribuir à seguridade social para recebê-los. São devidos às pessoas que não possuem condições de prover o próprio sustento de maneira provisória ou permanente. São serviços assistenciais o serviço social, a habilitação, a reabilitação profissional, os programas de assistência social e os projetos de enfrentamento de pobreza. O benefício legal em vigor é o da Prestação Continuada (BPC), previsto no artigo 203, V, da Lei Maior e no artigo 20 da Lei n. 8.742/93, o qual garante um salário mínimo mensal ao portador de deficiência e ao idoso que comprove não ter meios para prover a própria manutenção ou de têla provida pelos seus familiares. A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), n. 8.742/93, prevê no artigo 5º as diretrizes da assistência social, quais sejam: I - descentralização político-administrativa para 6 Artigo 198, 1º, CF. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.

22 os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo; II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis; III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em cada esfera de governo. A Assistência Social segue os objetivos dispostos no artigo 203 7, da CF e os princípios previstos na Lei n. 8.742/93, artigo 4º, que são: supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, assim como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade; igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais e a divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão. O financiamento do referido instituto é obtido por meio de parcelas dos orçamentos dos entes federativos e por recolhimentos conforme artigo 195, da CF, que dispõe: A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: [...] II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. [...] A Assistência Social difere da Previdência Social devido o fator contribuição, tendo em vista que aquela é prestada a quem precisar, independentemente de contribuição ao instituto da Seguridade Social. Já a Previdência só é prestada a quem contribuir. 7 Artigo 203, CF. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

23 1.1.3 Previdência Social O instituto da Previdência Social será nos itens a seguir explanado de forma detalhada, iniciando pelo estudo dos seus aspectos históricos, para depois identificar as prestações previdenciárias, tendo em vista que um dos objetos do presente trabalho é o estudo das atribuições desse órgão, na assistência ao trabalhador que sofreu acidente de trabalho ou porta doença de origem ocupacional. 1.1.3.1 Aspectos históricos da Previdência Social no Brasil Os primeiros indícios de associações destinadas a proteções sociais no Brasil tiveram fim beneficente e assistencial, no período colonial. De acordo com Tavares (2006, p. 42): deram-se através das santas casas de misericórdia, como a de Santos (1543), montepios e sociedades beneficentes, todos de cunho mutualista e particular. [...] Ensinam Paixão e Paixão (2005, p. 21) que durante a época imperial, por meio da Lei n. 3.397, de 1888, as autoridades governamentais possibilitaram a criação de uma espécie de caixa de socorro aos grupos de cada uma das estradas de ferro estatais. Ainda em 1888 foi concedida aposentadoria aos empregados dos Correios, que exigia trinta anos de serviço e idade mínima de sessenta anos, por meio do Decreto n. 9.912-A, de 26 de março. No ano de 1890, com o Decreto n. 221, de 26 de fevereiro, a aposentadoria estendeu-se aos trabalhadores da Estrada de Ferro Central e após, aos demais ferroviários do Brasil (CASTRO; LAZZARI, 2007, p. 58). Tavares (2006, p. 42) conta que no ano de 1891, a Constituição da República reconheceu de forma inédita a expressão aposentadoria aos funcionários públicos, custeada pela própria União. É oportuno destacar que até então as aposentadorias eram disponibilizadas gratuitamente pelo Estado, pois os beneficiários em nada ajudavam. Dessa forma, ainda não

24 se caracterizava a Previdência Social no Brasil. Em 30 de dezembro de 1911, instituiu-se por meio do Decreto n. 9.284, a Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Operários da Casa da Moeda, que reconheceu os então funcionários públicos (CASTRO; LAZZARI, 2007, p. 59). Destaca-se que, conforme Tavares (2006, p. 42), o seguro obrigatório de acidente do trabalho, assim como a indenização a ser paga pelos empregadores foram reconhecidos inicialmente no ano de 1919, com a Lei n. 3.724. Conforme entendimento da doutrina majoritária, o marco inicial da implantação efetiva da Previdência Social no Brasil deu-se com as Caixas de Aposentadorias e Pensões, mediante contribuições dos indivíduos, pela Lei Eloy Chaves (Decreto legislativo n. 4.682, de 24/01/1923). Paixão e Paixão (2005, p. 21) registram que tal ato legislativo formou as caixas de aposentadorias e pensões e proporcionou aos empregados das empresas ferroviárias os primeiros benefícios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária, pensão por morte e assistência médica. Ampliando-se em 1925 aos portuários e marítimos. Conta Tavares (2006, p. 43) que: Em 1930, foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que tinha a tarefa de supervisionar a previdência social. [...] Porém, durante esse ano houve tanta corrupção no governo de Getúlio Vargas que fez com que as aposentadorias cessassem por um período de seis meses. Por outro lado, diante do Decreto n. 20.465, de 01.10.1931, a Previdência fortaleceuse no Brasil, pois se ampliou o regime para os trabalhadores das empresas denominadas de serviços públicos, estatais ou privadas, como de transporte, luz, telefone e gás, entre outras. Mais tarde, expandiu-se às de mineração e transportes aéreos (PAIXÃO; PAIXÃO, 2005, p. 21). Afirmam Castro e Lazzari (2007, p. 60) que: [...] passa a estrutura, pouco a pouco, a ser reunida por categoria profissional, surgindo os IAP - Institutos de Aposentadorias e Pensões [...]. Assim, criaram-se institutos para as seguintes categorias: marítimos, industriários, aeroviários, ferroviários, comerciários, bancários, empregados em serviços públicos e em transportes de carga.

25 No ano de 1953, a partir das cento e oitenta e três Caixas que havia, criou-se a Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos (CAPFESP), conforme Decreto n. 34.586, de 12 de novembro (PAIXÃO; PAIXÃO, 2005, p. 21). A evolução da Seguridade Social no Brasil pode, então, ser compreendida pelas seguintes fases, conforme Brandão (apud TAVARES, 2006, p. 45): [...] a) período de formação, que vai da lei de indenização por acidentes do trabalho e da Lei 4.682, de 23 de janeiro de 1923 caixa dos ferroviários a 30 de setembro de 1931, marco das grandes reformas introduzidas na previdência social; b) período de expansão, que data da primeira Lei Orgânica da Previdência Social, o Decreto n. 20.465, de 1º de outubro de 1931, [...] até nossos dias; c) período de centralização, coordenação e unificação da previdência social, tendência natural, lógica e racional, consubstanciada no Decreto-lei n. 7.526, de 7 de maio de 1945 (Lei Orgânica dos Serviços Sociais) [...] d) período de organização da seguridade social, como gênero dos direitos à previdência social, saúde e assistência, com delimitação das ações estatais em cada setor, a partir da Constituição de 1988, e e) o fortalecimento de sistemas de previdência privada, complementar à atuação do Estado (art. 202 da CF/88, após a EC n. 20/98) e Leis Complementares n. 108 e 109 de 2001. Apesar das diversas alterações legislativas e evolução da Seguridade Social, esta sempre visou amparar os segurados que, de maneira geral, não possuem condições para prover suas necessidades, bem como de seus dependentes por seus próprios meios. 1.1.3.2 Institutos da Previdência Social Com a Constituição do Brasil de 1934, o artigo 121, parágrafo 1º, alínea h, determinou o modo tripartite de custeio, ou seja, passou a exigir contribuição dos empregados, dos empregadores e do Poder Público. Desde então, como ensinam Paixão e Paixão (2005, p. 21), surgiram os denominados institutos, que posteriormente reuniram-se formando o INPS, e que tinham campo de atuação nacional e base profissional, ao passo que as Caixas erram territoriais e sua base era a própria empresa. Durante a década de trinta criaram-se diversos institutos nacionais e com base

26 profissional. Mencionam Castro e Lazzari (2007, p. 60) que entre eles estão: [...] o IAPM Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos, criada em 1933, pelo Decreto n. 22.872, de 29 de junho daquele ano. Seguiram-se o IAPC Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários e o IAPB Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários, em 1934; o IAPI Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários, em 1936; o IPASE Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado, e o IAPETC Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas, estes em 1938. A primeira tentativa de aglutinação de todos os institutos de classe em um só deu-se no ano de 1945, por meio do Decreto-Lei n. 7.526, de 07 de maio, com a formação do Instituto dos Serviços Sociais do Brasil. Tentou-se de forma inédita, uniformização legislativa e unificação administrativa na Previdência Social. Contudo, a tentativa foi infrutífera, tendo em vista que no final de 1945, o novo governo após deposição do Presidente Getulio Vargas não fez a regulamentação (PAIXÃO; PAIXÃO, 2005, p. 22) Segundo Tavares (2006, p. 43): [...] Esse processo de unificação e criação dos Institutos avançou até o início dos anos 50, quando praticamente toda a população urbana assalariada já se encontrava coberta pela Previdência, exceto os trabalhadores domésticos e autônomos. O artigo 121 8 da CF/34 possibilitou proteção social do trabalhador por meio de lei, estabelecendo condições de trabalho e amparo da produção, visando também, interesses econômicos do País. O termo Previdência Social foi reconhecimento com a Constituição de 1946, em que obrigou ao empregador a manutenção de seguro de acidentes de trabalho (CASTRO; LAZZARI, 2007, p. 61). Com ela, incluiu-se a doença, a invalidez, a velhice e a morte como riscos sociais. Com a Lei n. 3.807, de 28/8/1960, surgiu a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), a qual unificou requisitos à concessão dos benefícios pelos vários institutos. Foi a partir dela que os IAPs passaram a ser regulados pelas mesmas normas (TAVARES, 2006, p. 43). Essa lei incluiu no regime protetivo como segurados obrigatórios, os autônomos e 8 Artigo 121, CF. A lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as condições do trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a proteção social do trabalhador e os interesses econômicos do País.

27 empregadores, deixando ainda excluídos os domésticos e os trabalhadores rurais. No ano de 1963, instituiu-se o salário-família (aos segurados com filhos menores), bem como o décimo terceiro salário e, ainda no mesmo ano, o abono anual, com a Lei n. 4.281, de 08 de novembro (CASTRO; LAZZARI, 2007, p. 61). A unificação dos Institutos do Brasil ocorreu com o Decreto-Lei n. 72, de 1966, em que se formou o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) (PAIXÃO; PAIXÃO, 2005, p. 22). Para Borges (apud CASTRO; LAZZARI, 2007, p. 62): a previdência brasileira, sob o argumento de controle da segurança nacional, começou a perder seu rumo, pois todos os recursos dos institutos unificados foram carreados para o Tesouro Nacional, confundindo-se com o orçamento governamental. O Seguro de Acidentes de Trabalho (SAT) passou a fazer parte da Previdência Social em 14 de setembro de 1967, conforme a Lei n. 5.316, mesmo não descrito no mesmo diploma legal que os outros benefícios. Passou a ser feito por meio de contribuições vertidas ao caixa único da Previdência e não mais realizado com instituições privadas (CASTRO; LAZZARI, 2007, p. 62). Tavares (2006, p. 43) informa que: A Lei Complementar n. 11 instituiu o PRÓ- RURAL. Este passou a reconhecer os trabalhadores rurais, assim como um sistema de caráter assistencial a eles. Afirmam Castro e Lazzari (2007, p. 62) que: A última lei específica sobre acidentes de trabalho foi a Lei n. 6.367, de 1976. Nesse ano, foi feita nova compilação das normas previdenciárias estatuídas em diplomas avulsos, pelo Decreto n. 77.077/76. A Lei n. 6.439 de 1977 sistematizou o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), que era controlado e coordenado pelo Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) e possuía entre seus objetivos, a concessão e manutenção de benefícios e prestação de serviços; custeio de atividades e programas e gestão administrativa, financeira e patrimonial (PAIXÃO; PAIXÃO, 2005, p. 22-23). As prerrogativas do SINPAS eram divididas entre autarquias, fundações e empresa

28 pública. Conforme a Lei n. 6.439/77, ele era integrado por: o INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), o INAMPS (Instituto de Assistência Médica da Previdência Social), o IAPAS (Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social), a LBA (Fundação Legião Brasileira de Assistência), a FUNABEM (Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor), a DATAPREV) (Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social) e a CEME (Central de Medicamentos) (PAIXÃO; PAIXÃO, 2005, p. 23). Apesar de toda a reorganização estrutural administrativa, verificava-se certa desordem entre os conceitos de Previdência Social, bem como de assistência social e saúde pública. Segundo Leite (apud CASTRO; LAZZARI, 2007, p. 63): [...] houve ampliação do sentido de previdência social para abarcar também a assistência social, entendendo-se àquela época previdência social como sendo a soma das ações do seguro social e das iniciativas assistenciais. No ano de 1984, toda a disciplina sobre custeio e prestações previdenciárias, inclusive as de acidentes do trabalho, foram reunidas na última Consolidação das Leis da Previdência Social (CASTRO; LAZZARI, 2007, p. 63). Em 1993, a Lei n. 8.742 dispôs sobre a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), como conta Tavares (2006, p. 45). Essa abrangeu benefícios de renda mensal vitalícia, auxílio-natalidade e auxílio-funeral, assim como fez alterações às aposentadorias, adotando requisitos mais severos. 1.1.3.3 Instituto Nacional do Seguro Social O Instituto Nacional do Seguro Social é autarquia federal vinculada ao Ministério da Previdência Social, com sede no Distrito Federal em Brasília (artigo 1 9, Decreto n. 6.934 de 2009). 9 Artigo 1 o, Decreto n. 6.934. O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, autarquia federal com sede em Brasília - Distrito Federal, vinculada ao Ministério da Previdência Social, instituída com fundamento no disposto no artigo 17 da Lei n o 8.029, de 12 de abril de 1990, tem por finalidade promover o reconhecimento, pela Previdência Social, de direito ao recebimento de benefícios por ela administrados, assegurando agilidade, comodidade aos seus usuários e ampliação do controle social.

29 O referido instituto é pessoa jurídica de direito público interno, que foi instituído pela Lei n. 8.029, de 1990, pela fusão entre o INPS e o IAPAS, passando a exercer essencialmente as atribuições de arrecadar, fiscalizar e pagar benefícios, aplicar penalidades pecuniárias e a regulamentar parte de custeio do sistema da seguridade social, concedendo benefícios e prestando serviços aos segurados e seus dependentes, o que permanece fazendo até hoje (CASTRO; LAZZARI, 2007, p. 65-66). No ano de 1991 publicaram-se duas leis, as quais tratam sobre a organização da Seguridade Social, instituindo-se o plano de custeio e dos benefícios e serviços da Previdência Social, incluindo os de acidente de trabalho, sendo elas Leis n. 8.212 e n. 8.213, respectivamente, conforme Castro e Lazzari (2007, p. 66). Apesar das inúmeras reformas que sofreram, ambas as legislações permanecem em vigor no ordenamento jurídico. Até a promulgação da Emenda Constitucional n. 20, de 1998, o monopólio sobre seguro de acidente do trabalho era do INSS, como conta Gonçales (2005, p. 177). Após, a CF passou a tratá-lo concorrentemente pelo regime de Previdência Social e pelo setor privado. 1.1.3.4 Conceito de Previdência Social A Previdência Social encontra amparo legal nos artigos 201 e 202 10 da Constituição da República Federativa do Brasil. Seu Regime Geral surgiu com a Lei n. 8.213/91, de 24.07.91, que dispõe sobre a finalidade e os princípios básicos da Previdência. Esta é administrada pela autarquia federal denominada Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Mediante contribuição, tem por fim a Previdência Social assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente (artigo 1º da Lei n. 8.213/91). A Previdência é direito social e universal destinada a todos os contribuintes. Incumbe 10 Artigo 202, CF. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar.

30 a este órgão manter o segurado e seus dependentes, em caso de ocorrer sinistro, isto é, um risco social. Para Martinez (apud TAVARES, 2006, p. 51): Pode-se conceituar como técnica de proteção social que visa propiciar os meios indispensáveis à subsistência da pessoa humana quando esta não puder obtê-los ou não é socialmente desejável que os aufira pessoalmente através do trabalho, por motivos de maternidade, nascimento, incapacidade, invalidez, desemprego, prisão, idade, avançada, tempo de serviço ou morte -, mediante contribuição compulsória distinta, proveniente da sociedade e de cada um dos participantes. O objetivo maior da Previdência Social é possibilitar condições de subsistência e proteção social aos indivíduos que contribuem, bem como à sua família, caso houver as contingências ou os eventos descritos em lei. As contingências estão previstas no artigo 201 da CF/88, que dispõe: A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no 2º. [...] A Previdência tem um elemento denominado temporal e outro material. Pelo primeiro entende-se que é necessária carência para poder usufruir de alguns benefícios. Já o segundo elemento são as contingências e os eventos. Segundo Martins (2001, p. 298-299): A previdência social consiste, portanto, em uma forma de assegurar ao trabalhador, com base no princípio da solidariedade, benefícios ou serviços quando seja atingido por uma contingência social. Entende-se, assim, que o sistema é baseado na solidariedade humana, em que a população ativa deve sustentar a inativa, os aposentados. As contingências sociais seriam justamente o desemprego, a doença, a invalidez, a velhice, a maternidade, a morte etc. Em síntese, a Previdência Social abrangerá a cobertura das contingências decorrentes de doença, invalidez, velhice, desemprego, morte e proteção à maternidade. Tudo, mediante contribuições por parte dos segurado, que receberão aposentadorias, pensões, auxílios, etc.

31 1.1.3.5 Prestações previdenciárias As prestações previdenciárias podem ser compreendidas pelo que é devido aos beneficiários, segurados ou dependentes pelo Instituto da Previdência Social (INSS). São divididas entre prestação de benefícios e prestação de serviços. Os primeiros são pagos em dinheiro de forma mensal e continuadamente, já os serviços são bens imateriais, como por exemplo, a reabilitação profissional e o serviço social. O serviço social, conforme artigos 88 e 89, da Lei n. 8.213/91, é posto à disposição dos que se encontram incapacitados ao trabalho (total ou parcialmente), podendo ser beneficiários, segurados, dependentes incapacitados e também, portadores de deficiência física. É método que visa habilitar e reabilitar o trabalhador em sua profissão. Afirma Gonçales (2005, p. 110) que: O objetivo da assistência reeducativa e da readaptação profissional é colocar ou recolocar a pessoa na atividade laboral, socialmente situação mais conveniente para a vida em comunidade. A legislação brasileira prevê, de maneira geral, a universalidade do direito ao recebimento de benefícios previdenciários para os contribuintes ou dependentes. É um direito ao segurado, prestado pela Previdência Social. Os benefícios, segundo conceitua Tavares (2006, p. 123): São prestações pecuniárias, devidas pelo Regime Geral de Previdência Social aos segurados, destinadas a prover-lhes a subsistência, nas eventualidades que os impossibilite de, por seu esforço, auferir recursos para isto, ou a reforçar-lhes os ganhos para enfrentar encargos de família, ou amparar, em caso de morte ou prisão, os que dele dependiam economicamente. As espécies de benefícios previdenciários estão previstas em lei e a garantia constitucional está no artigo 195 11, parágrafo 5º que faz referência à necessidade de fonte de custeio total. De acordo com o artigo 18, da Lei n. 8.213/91 são divididos quanto à qualidade de segurados ou dependentes ou ainda quanto a segurados e dependentes. Em relação aos primeiros, são classificados em aposentadoria por invalidez; aposentadoria por idade; 11 Artigo 195, 5º, CF. Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

32 aposentadoria por tempo de contribuição; aposentadoria especial; auxílio-doença; saláriofamília; salário-maternidade e auxílio-acidente. Aos dependentes é concedida a pensão por morte e o auxílio-reclusão. E, finalmente, aos segurados e dependentes há o serviço social e a reabilitação profissional. Tavares (2006, p. 123-124) classifica os benefícios previdenciários quanto ao tempo, havendo os de prestação instantânea (pagos em cota única, que não mais existem no Regime Geral de Previdência Social), os de prestação continuada (como exemplo as aposentadorias por idade e especial) e os de prestação periódica (o salário-maternidade, por exemplo). Quanto aos destinatários, os benefícios podem ser aos segurados ou aos dependentes. O autor supramencionado classifica os benefícios quanto ao risco social de acidente de trabalho, sendo benefícios comuns e acidentários. Com exceção destes (auxílio-doença acidentário, auxílio-acidente, aposentadoria por invalidez e pensão por morte), todos os demais reconhecidos pelos RGPS são considerados comuns. E quanto à natureza, podendo ser remuneratórios (ou substitutivos de remuneração) ou indenizatórios (complementares). Estes são os que permitem compensação ao obreiro, inclusive em valores inferiores ao salário mínimo, como por exemplo, o auxílio-acidente e o salário-família. Já os remuneratórios destinam-se à substituição da remuneração do segurado e visa o sustento da família, não podendo ser pago no valor inferior ao salário mínimo, conforme artigo 201, parágrafo 2º 12, da CF/88. A fim de objetivar igualdade social, o valor à concessão dos benefícios aos contribuintes variará conforme as contribuições efetuadas, com as devidas correções monetárias, não podendo ser inferior à importância de um salário mínimo mensal, conforme o Regime Geral da Previdência. A Lei n. 8.213/91 prevê em seu artigo 29 13, parágrafo 2º, que os benefícios previdenciários têm renda mínima fixada em um salário mínimo e renda máxima que não permite que o valor seja maior ao do limite máximo do salário-de-contribuição. Na sua maioria, a legislação exige para cada modalidade um tempo determinado de contribuições (período de carência). 12 Artigo 201, 2º, CF. Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. 13 Artigo 29, 2º, Lei n. 8.213/91. O valor do salário-de-benefício não será inferior ao de um salário mínimo, nem superior ao do limite máximo do salário-de-contribuição na data de início do benefício.

33 É de suma importância destacar a diferença entre benefícios previdenciários e benefícios acidentários, os quais, apesar de serem prestados pelo mesmo órgão (INSS), não se confundem. Segundo Gonçales (2005, p. 108): A causa do benefício previdenciário é a perda da capacidade de trabalhar por motivos que não digam respeito a atividades desenvolvidas pelo obreiro no âmbito do seu trabalho. É a doença degenerativa, é o acidente causal etc. [...]. Por outro lado, a origem do benefício acidentário está no próprio trabalho, seja ocasionando acidente-tipo ou doença do trabalho. Também diferem pelo fato de que este benefício é devido independentemente de carência, nos termos do artigo 26 14, I e II, da Lei n. 8.213/91, sendo necessário apenas que o indivíduo esteja na condição de segurado. Os benefícios acidentários considerados pela Lei n. 8.213/91 correspondem ao auxíliodoença-acidentário, que se refere à incapacidade total ou parcial e temporária; ao auxílioacidente que é devido à incapacidade parcial e permanente; à aposentadoria por invalidez acidentária, correspondendo à incapacidade total e permanente; e à pensão por morte acidentária, a qual é o benefício que receberá o dependente, pela ocorrência do resultado morte. Destaca-se que o auxílio-acidente é direito aos segurados empregados, aos trabalhadores avulsos e aos segurados especiais. Ao passo que os empresários, os empregados domésticos e os trabalhadores autônomos ou equiparados a trabalhador autônomo estão excluídos desta classe de benefícios (PAIXÃO; PAIXÃO, 2005, p. 95). No ano de 2005 com a inclusão dos parágrafos 12 e 13 15, ao artigo 201 da CF/88, houve significativa alteração de cunho social, pois teve abrangência previdenciária dos trabalhadores de baixa renda e os sem renda própria (donas de casa), garantindo-lhes benefícios no valor de um salário mínimo. Estabeleceram-se condições diferenciadas às 14 Artigo 26, Lei n. 8213/91. Independe de carência a concessão das seguintes prestações: I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente; II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; [...] 15 Artigo 201, da CF. [...] 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-mínimo. 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência social.