UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA Programa Institucional de Iniciação Científica PROINCI/UEPB Campina Grande - Paraíba Conselhos Comunitários de Saúde e Saúde da Família: Thaísa Simplício Carneiro Cristiana Carla Silva Francisca Marta Nonato Abrantes Juliana Alves Bezerra Viegas Kathleen Elane Leal Vasconcelos
1994: Programa Saúde da Família Novas práticas (promoção, prevenção, cura e reabilitação) Estímulo ao controle social
A) Situando o município de Campina Grande/PB B) Objetivo: Analisar, sob a ótica dos(as) profissionais de Campina Grande-PB, como se dá o controle social na estratégia. C) Metodologia: Pesquisa bibliográfica, documental e de campo (entrevistas e questionários); Análise de conteúdo - Amostra: 23 profissionais de nível superior de uma equipe por Distrito Sanitário; 79 ACS s. - Local: Unidades Básicas de Saúde da Família. - Período da coleta de dados: Dez/2006 a Jun/2007; Dez/2007 a Fev/2008. - Resolução n. 196/1996, do Conselho Nacional de Saúde.
D) O controle social e as equipes de SF: avaliação dos profissionais - Termo controle social desconhecido por 14 ACS: Essa você me pegou! De que maneira assim? (ENTREVISTADA ACS 08). Controle Social, dá para esclarecer mais isso? (ENTREVISTADA ACS 14). - Concepção de controle social e importância dos CCS duas tendências 1.Interlocução entre usuários e profissionais, canal de avaliação: [O CCS é] de suma importância. Porque é através dele que vamos saber se o programa está funcionando ou não. Na minha opinião, é um órgão presente que pode avaliar (...) de maneira direta as atividades do Programa no local (ENTREVISTADA 05).
2.Canal de reivindicações, organização, mobilização popular: Eu acho que, através do Conselho, [...] a comunidade pode estar se juntando, pode estar se organizando, se mobilizando para estar reivindicando, com relação não só especificamente à unidade de Saúde da Família, mas [aos problemas da] comunidade como um todo (ENTREVISTADA 11). A comunidade participa, reclama [...] e junta-se todo mundo e faz, então eu entendo que é a participação do povo da comunidade junto ao PSF (ENTREVISTADA ACS 02). - Existência dos CCS. - Debilidades na participação popular: A comunidade ainda não está com essa consciência de buscar os seus direitos (ENTREVISTADA 04). Por mais que a gente tente [mobilizar a população para participar do CCS], isso é uma preocupação nossa, realmente de equipe (ENTREVISTADA 02).
As fragilidades no tocante à participação comunitária e ao processo organizativo não são exclusivas dos Conselhos Comunitários de Saúde: as transformações societárias em curso têm fomentado a descrença em projetos coletivos, afetando sobremaneira as organizações populares e movimentos sociais, refletindo-se na debilidade da participação, na desmobilização e no enfraquecimento de suas lutas (SILVEIRA, SILVA e VASCONCELOS, 2005, p.08). Eu acho que o movimento social hoje no Brasil está muito arrefecido. As pessoas não estão mais se organizando, [...] reivindicando. Eu acho que [...] hoje é a tônica da sobrevivência, está sendo muito mais individualista, então isso também emperra. Eu espero que seja temporário, que daqui a algum tempo a gente retome o fôlego e volte a discutir questões sociais e fazer um controle social efetivo [...] de todos os lados: do lado de quem está trabalhando, dos trabalhadores; do lado das pessoas da própria comunidade, enfim, de todas as áreas (ENTREVISTADA 22).
- Compreensão das equipes sobre o controle social: Porque assim, porque às vezes nem mesmo os próprios profissionais estão interessados que isso aconteça [o controle social] (ENTREVISTADA 11). Sempre tem um ou outro profissional que acha que controle social é a população querendo mandar nele, [...] que vai querer dar as regras (ENTREVISTADA 07).
- Atual situação do assistente social: Com essa nova Era do PSF... (porque sempre quem levava, quem tava levando os Conselhos era o assistente social), como houve uma saída geral das assistentes sociais, então houve uma quebra [no processo do controle social] em vários locais de Campina (ENTREVISTADA 04). -Atual gestão e controle social: Aqui não tem ainda [CCS], a gente está tentando lutar, montar esse Conselho, que a Secretaria não quer que a gente articule isso e que monte [...] (ENTREVISTADA 19). Se preocupa, mas a equipe agora não está envolvida. Mas a equipe que saiu tinha mais preocupações. [...] a gente está tentando trazer mais para as reuniões dos conselhos, que antes eles não valorizavam muito (ENTREVISTADA ACS 02).
Aí a gente fez uma reunião com as lideranças comunitárias e chamou a gerência, e... cada um foi expondo o seu ponto de vista, e a gente fez ver à Secretaria que o desejo da população era que o posto naquela sexta-feira à tarde estivesse voltado para o Conselho Local de Saúde, pra discutir as questões que eram de relevância pra o bairro, pra que a gente pudesse encaminhar, porque isso ia trazer mais benefícios pra população, do que fazer dezesseis consultas naquela tarde. E aí assim, teve que ser uma briga mesmo, porque a gente tava quase a ponto de receber punições, caso a gente não abrisse o posto pra o atendimento ao público, e sim pra fazer reunião do Conselho. Então, a gente fez entender que abrir o posto pra ter a reunião do Conselho era tá abrindo o posto pra o atendimento público, e isso é promoção à saúde. A gente teve que convencer a gestão que o controle social só poderia ser exercido se a gente tivesse participando do Conselho Local. Como é que a gente ia tá passando as informações, discutindo as questões, se a gente tava distante da reunião do Conselho Local de Saúde, se a gente não participava junto com eles, pra gente apontar problemas e soluções, trazer discussões maiores (ENTREVISTADA W).
- Algumas iniciativas das equipes de SF em Campina Grande/PB: Capacitações para Conselheiros de Saúde; Rodas de Diálogos; Reuniões Itinerantes;
Breves Considerações [O conselho] não pode ser desprezado numa realidade como a brasileira, em que o que é público é tratado com descrenças, os recursos para as políticas sociais são escassos e o controle sobre estes, em sua maioria, ainda está nas mãos dos gestores, tratando-os com sigilo como se fossem privados (Correia, 2006; p.135).
Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da Família: uma estratégia para reorientação do modelo assistencial. Brasília, 1997. CORREIA, M. V. C. Controle Social na Saúde. In: MOTA, Ana Elisabete et al (orgs) Serviço Social e Saúde Formação e Trabalho Profissional. São Paulo: OPAS, OMS, Ministério da Saúde, Cortez, 2006. LACERDA, W. A. de. A participação popular na gestão local do Programa Saúde da Família em Campina Grande-PB: a efetividade do processo na ótica dos conselheiros comunitários de saúde, usuários e profissionais. Dissertação (Mestrado Interdisciplinar em Ciências da Sociedade). Universidade Estadual da Paraíba UEPB, Campina Grande, 2005. MENDES, E. V. Uma agenda para a saúde. São Paulo: Hucitec, 1996. SILVEIRA, S. A. S.; SILVA, M. J. M.da; VASCONCELOS, K.E.L. Conselhos Comunitários de Saúde: espaços de ampliação da democracia participativa? Campina Grande, 2005. Mimeografado. SOUZA, 2006. Participação e Controle Social. SALES, A. P.; MATOS, M.C.; LEAL, M.C. (Org.). Política social, Família e Juventude. São Paulo, Cortez, 2004.