Resumo expandido ANPPAS 2010



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Transcrição:

Resumo expandido ANPPAS 2010 Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) em aterros sanitários e a gestão de resíduos sólidos na cidade de São Paulo Tema Mercado de carbono e inovação em serviços públicos. Objetivos Evidenciar de que maneira os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) em aterros sanitários na cidade de São Paulo podem contribuir para a gestão de resíduos sólidos urbanos; e como os recursos provenientes destes projetos estão sendo destinados. Hipótese Os projetos de MDL em aterros sanitários configuram-se como um instrumento que, além de auxiliar na obtenção de reduções ou remoções reais mensuráveis de gases de efeitos estufa, podem gerar inovações voltadas à promoção da melhoria da gestão local de resíduos sólidos urbanos. Metodologia e informações utilizadas Realizou-se uma pesquisa qualitativa e quantitativa sobre a implantação de projetos de MDL nos aterros Bandeirantes e São João, buscando identificar oportunidades para inovação em serviços públicos no segmento de resíduos sólidos urbanos. Foram realizadas entrevistas presenciais, com aplicação de questionário semi-estruturado. As entrevistas foram realizadas em órgãos públicos municipais, na empresa concessionária e com representantes das comunidades do entorno dos aterros sanitários. Para a análise proposta foi aplicado um modelo multiagentes (WINDRUM, P.; GARCÍA-GOÑI, 2008), embasado em estrutura analítica que permite abranger as interações entre os diversos atores das esferas política, econômica e social, bem como identificar as preferências e competências de cada um destes atores.

Parte dos Resultados Analisando que as organizações prestadoras de serviços inovam, questiona-se em que medida este processo envolve especificidades em relação ao analisado na manufatura fazendo jus assim, a uma explicação diferenciada. A inovação em serviços será entendida à medida que houver mudança nas características do serviço oferecido, o que sugere alterações na relação de serviço (RAUPP, 2006). De acordo com Windrum e García-Goni (2008), o modelo multiagentes para a análise da inovação em serviços, deve abarcar os atores políticos, as organizações de serviços e os consumidores / usuários. O processo de inovação neste modelo é direcionado por meio da interação entre esses três agentes. Os agentes ou partes interessadas identificados na implantação dos projetos de MDL nos aterros Bandeirantes e São João são a empresa privada concessionária, a prefeitura municipal e as comunidades do entorno dos aterros. Os aterros supracitados são os dois maiores da cidade de São Paulo e com um enorme potencial de geração de biogás, devido à quantidade de resíduos recebida durante os anos de funcionamento. As atividades de captação de gás para geração de energia tiveram início em dezembro de 2003, para o Bandeirantes, e em junho de 2006 para o São João. O grupo Biogás recebeu a concessão para exploração de gás nos dois aterros. Os projetos de MDL nesses aterros, além de promoverem a redução de gases de efeito estufa para a atmosfera, através da captura do metano para a geração de energia, também contribuem para o monitoramento dos parâmetros técnicos de manutenção dos aterros e favorecem a recuperação das áreas. Contudo, comparando-se o que é colocado nos Documentos de Concepção dos Projetos (DCP), em que é feita uma estimativa de geração de tco2e, com o que é descrito nos relatórios de monitoramento, a geração efetiva de reduções cumpre menos da metade do que foi previsto. Um dos motivos que pode explicar esse descompasso de valores estimados versus gerados é a composição do lixo, que apesar de em sua grande parte ser de matéria orgânica (que originará o biogás), têm-se outros materiais e devido à cidade de São Paulo ainda não ter uma coleta seletiva satisfatória, resíduos de diferente natureza acabam depositados no aterro, prejudicando iniciativas como estas de geração de energia através da captura do biogás. Caberia assim, uma articulação com os catadores, participando dos projetos de geração de energia, na medida em que contribuem, por meio do seu trabalho, para o aumento do potencial de geração de gás metano.

Com relação à prefeitura municipal, a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) recebe da empresa concessionária, o repasse de 50% dos CER emitidos, além de um pagamento de taxa mensal pelo uso da área e exploração do biogás. Tais recursos compõem o Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (FEMA) que tem como intuito prover suporte financeiro a planos, programas e projetos que tendam ao uso racional e sustentável de recursos naturais, ao controle, à fiscalização, defesa e recuperação do meio ambiente e a ações de educação ambiental. Houve um grande aumento no orçamento do FEMA, devido ao recebimento dos RCE. Por outro lado ficou evidenciado baixo índice de empenho dos recursos em comparação ao orçamento atualizado (24,21%). A SVMA coloca-se em uma posição passiva em relação ao seu papel na implantação dos projetos. Seu posicionamento é que cabe à prefeitura viabilizar a concessão para uma empresa explorar o gás proveniente dos aterros, e que não necessita articular-se com vistas a considerar outros aspectos relacionados, de modo mais abrangente, à gestão dos resíduos sólidos urbanos. No que diz respeito às comunidades do entorno dos aterros, verificou-se, no caso do aterro Bandeirantes, que o projeto de MDL começou a funcionar sem que a comunidade soubesse exatamente do que se tratava e sem que houvesse maiores explicações ou divulgação sobre a obra. A região de localização do aterro tem um exemplar histórico de movimentos sociais e lutas pelos direitos do cidadão e, a partir de 2003, foi criado o Fórum de Desenvolvimento Local Perus Anhanguera, que uniu 20 organizações locais e representantes de órgãos públicos. Para entender melhor o processo, o Fórum de Desenvolvimento Local Perus Anhanguera convidou especialistas da área de créditos de carbono para dar palestras à população sobre o que estaria ocorrendo na região (RIBEIRO, 2009). O Fórum participou dos debates sobre como os recursos provenientes do projeto poderiam ser destinados em prol da comunidade local, elaborando documento com propostas de mudanças na destinação dos recursos e também em algumas ações. No caso do aterro São João, o movimento Mais Vida, Menos Lixo, nasceu a partir de uma iniciativa dos moradores da região de São Mateus, Zona Leste do município de São Paulo. Este movimento participou de manifestações, para que o aterro São João fosse fechado muito antes do que efetivamente fechou, defendendo que o local não tinha mais condições de ser sede do lixo da Região Metropolitana de São Paulo e que tinha atingido sua capacidade limite.

O movimento Mais Vida, Menos lixo representou a comunidade do entorno nas audiências públicas relativas aos créditos de carbono provenientes do aterro São João e Bandeirantes. Houve resistência dos moradores do entorno e dos catadores de materiais recicláveis à implantação dos projetos de MDL. Acreditam que o foco na construção de mais aterros não é a solução para os problemas da GRSU, e que os recursos do projeto devem também financiar pesquisas para novas formas de gestão e destinação do lixo e também fomentar programas préconstrução do aterro, encarando o problema na fonte, com: formulação de políticas públicas, programas de educação ambiental, adequados sistemas de coleta seletiva, fomento a cooperativas de catadores locais e ONGs voltadas para a reciclagem, entre outras medidas. Conclusões Acredita-se que novas formas de arranjos institucionais, aliadas aos créditos advindos dos projetos de MDL nos aterros sanitários, podem ser encaradas como uma oportunidade de melhorar a gestão de resíduos sólidos urbanos nos municípios interessados que apresentem viabilidade para o uso desse mecanismo. Para a prestação de serviços, as carências envolvendo o escopo organizacional são um dos principais estreitamentos para o processo de inovação. O avanço da gestão de resíduos sólidos urbanos, a partir dos projetos de MDL em aterros sanitários e de recursos dos RCE, será concretizado, por meio da articulação e participação das diferentes partes interessadas. Evidenciou-se que pouco ainda foi feito com a verba proveniente das reduções certificadas de emissões (RCE), bem como a necessidade de um melhor acompanhamento e monitoramento da destinação deste recurso. A concretização de projetos com recursos do FEMA, sobretudo aqueles provenientes dos Leilões de Créditos de Carbono, tem ocorrido timidamente. Continuou então estagnada no relatório anual de fiscalização da cidade de São Paulo, a regularização da seguinte determinação relativa ao exercício de 2007: Estabelecer um planejamento adequado à possibilidade de utilização dos recursos advindos das chamadas Reduções Certificadas de Emissão. As comunidades envolvidas com os projetos necessitam ser melhor informadas sobre o que é um projeto MDL e os benefícios para o desenvolvimento sustentável local que estes devem promover, ampliando-se o acesso à informação, na medida em que o conteúdo técnico não pode se transformar em um fator de promoção de assimetria entre os diferentes atores envolvidos. Deve existir a capacitação das comunidades envolvidas para que possam se colocar de forma apropriada nas audiências públicas e assim terem maior credibilidade para que suas exigências sejam acatadas, diminuindo a condição de quem detém o conhecimento técnico, possui maior poder decisório.

Os proponentes (público e privado) devem interagir e planejar como os projetos de MDL do Bandeirantes e São João podem tornar-se uma ferramenta para o efetivo desenvolvimento local sustentável, colocando nitidamente os responsáveis por implantar tais ações, que devem ser decididas em conjunto com as comunidades do entorno dos projetos. Referências bibliográficas BRASIL. COMISSÃO INTERMINISTERIAL DE MUDANÇAS GLOBAIS DO CLIMA - CIMGC. Estabelece os procedimentos para aprovação das atividades de projeto no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto e dá outras providências. Resolução n.1 de 11 de setembro de 2003. RIBEIRO, A. M. et al, Perus: O caminho mais curto para Quioto: A conquista da participação pela Sociedade Civil, artigo do livro: O Pagamento por serviços ambientais: O mercado de carbono promove a inclusão social?, Organizador: Markus Brose, Goiânia, Ed da UCG, 2009. UNFCCC, United Nations Framework Convention on Climate Change. Project Design Document: Bandeirantes Landfill Gas Project, 2005. Acesso em: Janeiro de 2010.. United Nations Framework Convention on Climate Change, CDM Executive Board. Project Design Document: São João Landfill Gas Project, 2005. Acesso em: Janeiro de 2010. WINDRUM, P.; GARCÍA-GOÑI, M. A neo-schumpeterian model of health services innovation, Manchester Metropolitan University Business School, Center for International Business & Innovation, Manchester, UK, Research Policy 649 672, 2008.