PO 33: Fotografias Escolares: um olhar histórico e pedagógico do Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas



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Transcrição:

PO 33: Fotografias Escolares: um olhar histórico e pedagógico do Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas Romulo Everton de Carvalho Moia 1 Universidade Federal do Pará romuloecm08@gmail.com Elvys Wagner Ferreira da Silva 2 Universidade Federal do Pará elvys.wagner@gmail.com Resumo Os registros fotográficos são tomados como fontes de pesquisa históricas, pois através das imagens é possivel registrar um momento da história. Embasado nesta concepção é que o presente estudo pretende auxiliar pesquisas em História da Educação Matemática a partir da uma análise minunciosa feita em fotografias antigas que retratam os primeiros anos do Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas. A escolha dos estudos a partir das fotografias se deu, por considerar que as imagens fotográficas alcançam diferentes territórios, contextos e períodos históricos; elas passaram a demonstrar o desenvolvimento da sociedade em diferentes aspectos. Além disso, faz-se registros de contextos educacionais, contanto e/ou demonstrando a história de instituições de ensino. Para tanto, o trabalho fez um estudo em imagens sobre o Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas GEDRS (Cametá/PA). Sendo assim, o trabalho proposto tem por objetivo realizar análises fotográficas a fim de fazer uma leitura sobre a história do GEDRS, evidenciando a personalidade que dá nome a instituição de ensino em questão, localização geográfica e alguns eventos anuais que ocorreram no princípio do século XX. A partir da leitura de imagens fotográficas do GEDRS, será possivel observar aspectos históricos e educacionais. A pesquisa se fundamentará em fotografias escolares adquidas em diferentes lugares, tais como: no arquivo do próprio grupo, no Museu Municipal de Cametá/PA e em acervo pessoal do atual Diretor do referido museu, Senhor Flávio Gaia. A partir das análises das imagens, foi possivel observar quanto o GEDRS foi e é importante para a Cidade de Cametá/PA. Sua implantação foi parte de uma política republicana para melhorar a educação púlica no país, decadente no império. Além disso, com a observação de aspectos relacionadas a geografia e arquitetura no grupo, pode-se fazer relação com estudo sobre a História da Educação Matemática e de instituições escolares de maneira geral. E por fim, este trabalho é parte de uma pesquisa a nível de mestrado sobre as práticas pedagógicas dos professores de matemática do GEDRS nas décadas de 1960 e 1970. Sendo assim, faz-se necessário conhecer pontos históricos sobre o grupo em questão. Palavras-chaves: fotografias, Grupo Escolar, História da Educação. 1 Mestrando em Educação em Ciências e Matemática, Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Matemática/PPGECM na Universidade Federal do Pará/UFPA. 2 Mestrando em Educação em Ciências e Matemática, Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Matemática/PPGECM na Universidade Federal do Pará/UFPA.

Introdução A fotografia é um tipo de imagem que vem sendo utilizada como fonte para escritas históricas. Sua utilização serve de guia para análise histórica, pois também são documentos e/ou registros históricos (DALCIN e Brito, 2014, p. 260). A partir de imagens que se fazem registros históricos. Com esses registros é possível fazer observações e interpretações, dando significados as mesmas. É preceiso salientar que o estudo de imagens não é um trabalho inédito. Dalcin e Brito (2014, p.259) afirmam que a análise de imagens, na história, não é recente. Desde o século XVII, foram catalogados os primeiros trabalhos desta linha. Dalcin e Brito (2014, p. 262) comentam que, atualmente, em História da Educação Matemática vários trabalhos foram abordados em pesquisas que discutem e analisam imagens. Porém ainda são escassas as pesquisas que fazem uso de imagens como documentos históricos. A partir da coleta e aquisição, em diferentes fontes, de materiais fotográficos escolares relacionadas ao Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas - GEDRS, criamos um banco de dados de fotografias que demonstram o valor e relevância desta instituição de ensino no município de Cametá, estado do Pará. A aquisição de material fotográfico ocorreu no prórpio Município de Cametá catalogados através de uma máquina fotográfica. Além disso, serviram de contrução para a elaboração deste trabalho o Museu Municipal e os acervos particular do Senhor Flávio Gaia (Gato). Após a coleta destas imagens, observamos que muitas delas estavam relacionadas a situações educacionais. Dessa maneira, verificamos aspectos históricos e pedagógicos que ocorreram em mais de um século de fundação. A partir deste estudo será possível compreender o processo de representação e construção da memória histórica e educacional desse grupo escolar. 2

Reflexões Teóricas As artes, como pinturas e imagens, são representações de uma sociedade. Relatam aspectos reais com perfeição e veracidade (EBERHARDT, 2014, p. 2). Elas demonstram memórias e, até certo ponto, transmitem uma identidade cultural histórica. Quando se fala de memória, dá-se a impressão de ser um fenômeno individual. No entanto, memória deve ser compreendida como um fenômeno coletivo e, sobretudo, social, que sofre persistentes mudanças. Por outro lado, há memórias tanto individuais quanto coletivas que são imutáveis, isto é, que não podem sofrer qualquer tipo de alteração (POLLAK, 1992, p. 201). Uma das formas de se extrair(em) memória(s) é através de imagens. Segundo Mangel (2009, p.25) apud Dalcin e Brito (2014, p. 260), as imagens Se apresentam à nossa consciência instataneamente, encerradas pela sua moldura [ ] em uma superfície específica. [ ] Com o correr do tempo, podemos ver mais ou menos coisas em uma imagem, sondar mais fundo e descobrir mais detalhes, associar e combinar outras imagens, emprestar palavras para contar o que vemos (MANGEL, 2009, p.25 apud DALCIN e BRITO, 2014, p.260). Para Pollak (1992, p. 201-202), dentro de imagens podem existir acontecimentos regionais que traumatizaram tanto, marcaram tanto uma região ou um grupo, que sua memória pode ser transmitida ao longo dos séculos com altíssimo grau de identificação. Além disso, deve-se ressaltar que esses acontecimentos são constituídos de pessoas, personagens e lugares, que forma uma memória marcante individual ou coletivamente. No final do século XIX e início do século XX, o mundo vivenciou várias descobertas e progressos tecnológicos que mudaram absurdamente a vida das pessoas. Um desses progressos foi a descoberta da fotografia que quer dizer a arte de fixar a luz de objetos mediante a ação de certas substâncias. Com o passar dos anos, o recurso de captação de imagens a partir de fotografias foi se aperfeiçoando (EBERHARDT, 2014, p. 2). Nesse sentido, as fotografias registradas no decorrer da história possuem diferentes funções e utilidades. De acordo com Borges (2003, p. 92) apud Eberhardt (2014, 3

p. 9) a fotografia [...] funciona, na realidade, como um espelho cultural, que tanto informa quanto constrói interpretações sobre os objetos e sujeitos fotografados. Dalcin e Brito (2014, p. 260) afirmam que as imagens, principalmente fotografias, também tem feito parte da escrita de histórias, atualmente. É através delas que se fazem registros de fatos sucedidos em outros tempos. Outro aspecto a ser abordado é o crescente estudo relacionado a fotografias. Bencostta (2011, p. 398) enfatiza que: No domínio investigativo da história da educação o uso de imagens fotográficas da escola tem-se ampliado, ainda que os resultados careçam [ ] de análise mais sistemática desses textos fotográficos. Além da ausência de metodologia mais apropriada na análise, a falta de arquivos específicos dificulta a localização e identificação dessas imagens (BENCOSTA, 2011, p. 398). De acordo com a citação acima, as pesquisas que fazem uso de fotografias para descrever situações históricas e educacionais aumentaram nos últimos anos. Para tanto, esse tipo de estudo necessita de critérios mais sistemáticos quanto a análise desses resultados. Outro ponto negativo é a dificuldade de material fotográfico catalogado, impedindo, em alguns casos, seu posicionamento temporal na história. Dalcin e Brito (2014, p. 261) nos mostram que as imagens (fotografias) devem ser acompanhadas de textos explicativos. Esses textos servem para evitar ambiguidades de interpretações de tais imagens. Leite (1993) apud Dalcin e Brito (2014, p.261) complementa que se quisermos uma melhor compreensão das imagens, é necessário levarmos em conta as condições técnicas em que foram feitas. Caso contrário, as fotografias podem distorcer algum acontecimento a partir de várias interpretações soltas. Ainda nesse aspecto, podemos afirmar que a imagem fotográfica, com toda sua carga de realismo não corresponde necessariamente à verdade histórica, apenas ao registro (expressivo) da aparência [ ] fonte, pois de ambiguidades (KOSSOY, 2002, p. 45 apud DALCIN e BRITO, 2014, p. 261). Nesse sentido, fotografia sem registros históricos podem trazer diferentes interpretações na perspectiva do leitor, causando assim diferentes significados. Imagens fotográficas de instituições de ensino é um campo de estudo amplo. Elas demonstram várias visões do cotidiano escolar. Dalcin e Brito (2014, p. 265) afirmam que 4

a escola enquanto instituição de ensino é palco de um jogo teatral de relações de forças que pode ser evidenciado nas ações dos atores professores, alunos, funcionários, padres, pais materializadas em suas práticas cotidianas e no modo de se organizar os tempos e espaços escolares (DALCIN e BRITO, 2014, p. 265). Estudar a história de instituições de ensino a partir de imagens fotográticas torna-se importante, pois, na imagem estão marcados indícios de realidade que contribuem na eternização do passado e da cultura, tanto local quanto da própria instituição (EBERHARDT, 2014, p. 6). Com relação a Educação Matemática, Mendes (2014, p. 3) indaga que A Educação Matemática é considerada uma atividade essencialmente pluri e interdisciplinar, constituindo-se de estudos e pesquisas dos mais diferentes tipos, cujas finalidades principais são desenvolver, testar e divulgar métodos inovadores de ensino; elaborar e implementar mudanças curriculares, além de desenvolver e testar materiais de apoio para o ensino da matemática (MENDES, 2014, p. 3). Conforme a citação acima, a Educação Matemática relaciona-se com as mais diversas áreas do conhecimento. Uma delas é a História e fazendo uso da leitura e interpretação de imagens, dá-se significado às mesmas, (re) construindo e (re) contando contextos educacionais passados. Mendes (2014, p. 11) complementa dizendo [ ] a busca da (re)construção histórica do conhecimento matemático passa a ter significativas implicações pedagógicas na construção dos conhecimentos cotidiano, escolar e científico [ ], bastando para isso utilizarmos tais informações históricas numa perspectiva atual de geração do conhecimento matemático (MENDES, 2014, p. 11). A partir da pesquisa realizada de fotografias que demostram uma realidade, as representações e a composição da memória coletiva existente no GEDRS, buscamos compreender através desses registros um pouco mais da história desta instituição de ensino. Na História da Educação Matemática temos diversas pesquisas que realizam discuções e análises a partir de imagens. No entanto, neste mesmo campo, ainda são escassas as pesquisas que fazem uso de imagens como documentos históricos (DALCIN e BRITO, 2014, p. 262). 5

Nesse sentido, a fotografia nos provoca, nos toca e contribui para o pensar sobre escola, ensino e práticas, contextos nos quais a educação matemática se constitui (DALCIN e BRITO, 2014, p. 266). Fotografias: o registro de memórias e de práticas As imagens são meios de se registrar fatos e/ou ações de uma determinada época da história. É por meio desse registro que podemos verificar e analisar determinados contextos históricos. Dalcin e Brito (2014, p. 266) consideram que para algumas instituições de ensino, a fotografia é um importante recurso para a legitimação e divulgação da Escola perante a sociedade [ ], viam neste dispositivo a perpetuação de suas ações, a preservação da memória. De acordo com essa visão é que o presente trabalho apresentará as imagens do Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas. Essas imagens mostram aspectos históricos e educacionais perpassados em mais de cem anos de fundação. Fotografia 1- Dom Romualdo de Seixas Fonte: Museu Municipal de Cametá A Fotografia 1 é um quadro de Dom Romualdo Antônio de Seixas, natural da própria cidade de Cametá, em exposição no Museu Municipal. Ela retrata a imagem de 6

uma figura ilustre no município, uma figura importate daquela época. Foi influente no âmbito Religioso, educador, político e administrador e foi consagrado através do nome ao Grupo Escolar do Município de Cametá. Teve influência na História do Pará e do Brasil. Um dos fatos de maior relevância sobre a história de Dom Romualdo foi por ter presidido a solenidade de sagração de D. Pedro II quando se tornou imperador do Brasil em 1841. Fotografia 2 - Fachada do Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas (1905) Fonte: Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas Cametá/PA A Fotografia 2 mostra a fachada do Grupo Escolara Dom Romualdo de Seixas, referente ao ano de 1905. No início do século XX, o grupo era uma instituição de ensino de referência para a cidade. Por retratar um ícone do republicanismo, recebeu o nome de uma personalidade importante nos âmbitos local, estadual e nacional. Conforme retratado por Pollak (1992, p.201), a memória é um fenômeno individual e coletivo. Na escolha do nome do Grupo, verifica-se a representação coletiva de uma elite política em uma figura (individual) relevante para perpetuar a história daquele individuo que representou a cidade durante o império. Outro aspecto que pode ser observado nesta imagem está relacionado a arquitetura utilizada para a construção do Grupo. De acordo EBERHARDT, 2014, p. 2 a fotografia funciona como um espelho cultural, que tanto informa quanto constrói interpretações sobre os objetos e sujeitos fotografados. Sendo assim, pode-se extrair da imagem uma parte da história uma vez que os edificios arquetetônicos daquela época era uma reprodução dos predios dos nossos colonizadores. 7

Fotografia 3 - Vista aérea da Cidade de Cametá Fonte: Acervo de Flávio Gaia (Gato) A Fotografia 3 é uma vistá aérea da Cidade de Cametá no início do século XX. Ainda pouco habitada nesse período, ao centro cidade está situado o Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas e (à esquerda) e a sede municipal do poder administrativo (à direita). O Grupo Dom Romualdo de Seixas era referência em ensino nesse período, tanto para a cidade como para o Município de Cametá. Essa importância pode ser observada pela propria localização geográfica em que ele se encontra, pois o mesmo situava-se no centro da cidade ao lado sede execultiva e legislativa do Municipio. Fotografia 4 - Aviões estacionados atrás do Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas Fonte: Acervo de Flávio Gaia (Gato) Após a fundação do Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas, as aulas dividiam espaços com decolagem e pouso de aviões, pois a pista destinada para esse fim 8

localizava-se aos fundos do grupo. A Fotografia 04 mostra aviões estacionados atrás do Grupo Escolar. Hoje, após quase um século da aquisição desta imagem, o aeroporto cametaense ainda funciona, porém somente em situações de emergência. A cidade possui um pequeno aeroporto, mas pouco utilizado. Através da fotografia podemos absorver a relevância que a cidade possuia naquela época, pois apesar de ainda pequena, possuia uma pista de pouso e decolagem onde hoje é o centro da cidade. Outro aspecto que pode ser observado na imagem fotográfica diz respeito a localização geográfica em que a cidade de Cametá está cituada. A pista de pouso com aviões nos permite fazer uma leitura sobre os meios de acesso que se dá a ela. Cametá é considerada uma cidade ribeirinha, o meio de transporte mais utilizado é o maritmo, raramete aereo ou terrestre. Figura 5 - Desfile de Semana da Prátria (1930) Fonte: Acervo de Flávio Gaia (Gato) O Grupo Escolar Dom Rmualdo de Seixas representava naquela época uma instituição de ensino de referência na cidade e na região. Participava, anualmente, dos eventos Municipais. A Figura 04 diz respeito a desfile escolar referente a semana da prátria por volta da década de 1930. 9

Fotografia 6 - Diploma de Estudos Primários Fonte: Museu Municipal de Cametá Conforme descrito por Pollak neste trabalho, as imagens podem representar registros individuais e coletivos. Esses registros são eternos aasim como o conhecimento adiquido ao longo da vida. A cada grau de estudo alcançado, recebemos diplomas ou certificados que são documentos combrobatórios do grau de estudo. O Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas, ao término dos Estudos Primários, emitia diploma de conclusão. A Fotografia 6 é um modelo de diploma de conclusão dos Estudos dos Estudos Primários referente ao ano de 1927. Considerações Finais A pesquisa relacionada ao estudo de imagens fotográficas é muito significativa. Traz a tona materiais que estavam a anos arquivdos e sem consulta. Alguns desses arquivos são públicos e outros particulares. A história, contada a partir da visualização desses materiais, mostra um contexto histórico em particular e acontecimentos significativos e registrados. Os acontecimentos contidos nas fotografias adquirem significado a partir da interpretação dada pelo pesquisador/historiador. Fato acorrido, a partir da análise do contexto em que está inserido. Deve-se salientar também que a aquisição de material (imagens fotográficas) não é um trabalho fácil. Isso ocorre, principalmente, quando se trabalha com arquivos em 10

municípios do interior que não possuiam o hábito de registrar fatos com imagens no início do século XX. Pode-se observar que a implantação do GEDRS foi parte de uma política republicana para melhorar a educação pública no país, decadente no império. Além disso, com a observação de aspectos relacionadas a localização na cidade e arquitetura no grupo, há a possibilidade em se fazer relação com estudo sobre a História da Educação Matemática e de instituições escolares de maneira geral. Outra questão relevante é sua importância na região. Isso se verifica em sua localização na cidade (Centro), a participação em aventos anuais, a emissão de diploma (comum na época para o ensino primário). Completo ainda, que este trabalho faz parte de um estudo relacionado a pesquisa sobre as práticas pedagógicas dos professores de matemática do GEDRS nas décadas de 1960 e 1970. Para tanto, faz-se necessário conhecer pontos históricos sobre o grupo em questão a fim de embasar mais a pesquisa em desenvolvimento. Referências BENCOSTTA, Marcus Levy. Memória e Cultura Escolar: a imagem fotográfica no estudo da escola primária de Curitiba. História. v. 30, n.1, 2011. [p. 397-411] EBERHARDT, Camila. Fotografias de Escola: História, Memória e Representações Sociais em Escolas do Município de Torres durante o século XX. Conversas Interdisciplinares Ano I Vol. 1, 2014. DALCIN, Andreia e BRITO, Arlete de Jesus. O Exercício do Olhar: imagens e história da educação matemática. In: VALENTE, Wagner Rodrigues (org.). História da Educação Matemática no Brasil: problemáticas de pesquisa, fonte, referências teórico-metodológicas e histórias elaboradas São Paulo. Livraria da Física, 2014. MENDES, Iran Abreu. Abordagem dos Conteúdos Matematicos Escolares através da História da Matemática: contribuições para a prática docente. Faculdade de Educação. Universidade Federal do Ceará. Programa de Pós-Graduação em Educação PPGEd/UFRN. Disponível em http://www.ufpi.br/subsitefiles/ppged/arquivos/files/eventos/evento2002/gt.1/gt1_16_2 002.pdf acesso em 21 de Nov de 2014. POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. In: Revista Estudos Históricos. Rio de Janeiro. v. 5, n.10, 1992. [p. 200-2012] 11