METODOLOGIA PARA A IMPLANTAÇÃO DE ÁREAS PILOTO DE CONTROLE E COMBATE ÀS PERDAS DE ÁGUA NO MUNICÍPIO DE GUARULHOS-SP. Silvano Silvério da Costa * Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos SAAE Engenheiro Civil pela Faculdade de Engenharia da FUMEC 1986. Mestre em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos pela UnB. Ex-Gerente do Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano FUNASA/MS. Atualmente é Diretor de Operação e Manutenção do SAAE de Guarulhos e Presidente da ASSEMAE. Sérgio Braga Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos SAAE Engenheiro Civil e Sanitarista - Departamento de Operação e Manutenção do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos SAAE. Luiz Eduardo Mendes Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos SAAE Tecnólogo em Obras Hidráulicas pela FATEC SP 1991- Chefe do Centro Operacional Cidade Martins - Departamento de Manutenção e Operação Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos SAAE. Cícero Felipe Guarnieri Ribeiro Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos SAAE Engenheiro Mecânico pela USJT SP 1996.Técnico em Mecânica pela E.Técnica Liceu de Artes e Ofícios SP _ 1990 Chefe do Centro Operacional Gopoúva - Departamento de Operação e Manutenção do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos SAAE. (*) Rua Coral, número 55, apartamento 503 Guarulhos São Paulo Brasil Tel.: +55(11)6475-2385 Fax: +55(11) 6472 5329.E-mail: helianalara@uol.com.br. Palavras Chave: Redução de Perdas, Áreas Piloto Declaramos estar de pleno acordo com as condições estabelecidas pelo regulamento para a apresentação de Trabalhos Técnicos submetendo-nos às mesmas. Luiz Eduardo Mendes
METODOLOGIA PARA A IMPLANTAÇÃO DE ÁREAS PILOTO DE CONTROLE E COMBATE ÀS PERDAS DE ÁGUA NO MUNICÍPIO DE GUARULHOS-SP. 1. Objetivo do trabalho Este trabalho tem como objetivo a apresentação das ações em andamento para implantação de Áreas Piloto destinadas à implantação do Programa Permanente de Combate às Perdas de Água no âmbito desta autarquia. A principal função dessas áreas é a qualificação e quantificação das perdas (reais e aparentes), bem como, possibilitar a construção de indicadores para acompanhamento e comparação, de forma regionalizada explicitando as características principais de cada área. 2. INTRODUÇÃO A partir do inicio do ano de 2001, verificou-se no sistema de abastecimento de Guarulhos um significativo avanço em sua qualidade, esta melhora se deve principalmente às seguintes ações: intervenções no sistema de distribuição de água, geralmente de pequeno porte, que tiveram como principal finalidade à eliminação de limitações na rede; redução do déficit de água, através do aumento de oferta, o que se deu através da perfuração de poços na região dos bairros de São João e das Lavras, construção da ETA Cabuçu e um incremento nas vazões aduzidas através do Sistema Adutor Metropolitano, operado pela Sabesp. Apesar das melhorias mencionadas acima, não foi possível a eliminação da demanda reprimida existente na cidade, motivo pelo qual algumas áreas do município ainda são abastecidas através do sistema rodízio de abastecimento, isso aliado ao elevado índice de perdas vem a enfatizar a necessidade de ações para o controle e redução das perdas. Em vista disso o Comitê de Perdas, responsável pela elaboração das ações de controle e redução das mesmas, optou pela implantação de áreas piloto, onde fosse possível testar as várias alternativas para redução das perdas e mensurar o efeito de cada uma delas, definindo dessa forma as metodologias que podem ser utilizadas nos demais setores de abastecimento do sistema de distribuição do SAAE. 3. METODOLOGIA 3.1. Definição das Áreas Piloto. Para definição dos setores de abastecimento, onde se implantou as Áreas Piloto, foram utilizadas algumas premissas básicas tais como: Facilidade de isolamento do setor; histórico de pressões altas; número de manutenções elevado; abastecimento pleno; 2
idade das redes primárias e secundárias; existência de áreas não urbanizadas; existência das quatro categorias de consumidores residencial, comercial, industrial e pública. Após verificação nos cadastros do SAAE e levantamentos de campo duas áreas foram selecionadas: 3.1.1.Setor Jardim Munhoz: Setor anteriormente abastecido por derivação de adutora do SAM, onde era aproveitada a pressão residual existente, com a diminuição da mesma foi necessário o abastecimento através de elevatória a partir do Reservatório Gopouva, que é abastecido pelo Sistema Cantareira, abaixo listamos as principais características do setor. Ligações 5049 un; Economias 5822 un; Extensão de Rede 34.000 m; Pressão mínima 12 mca; Pressão máxima 73 mca; Número de manutenções mensal 58 un. 3.1.2.Setor Parque Continental (Zona Média e Alta): Setor com histórico de rodízio por vários anos, a partir de novembro de 2002 com o início de operação da ETA Cabuçu, passou a contar com abastecimento contínuo através de elevatória existente do Reservatório Continental, em função das grandes variações altimétricas existentes, boa parte do setor apresenta pressões acima dos limites da norma. Ligações: 4150 un; economias: 5080 un; extensão de Rede: 23.000 m; pressão mínima 25 mca; pressão máxima 85 mca; número de manutenções mensal: 95 ocorrências. 3.2. Qualificação, Quantificação das Perdas e Construção de Indicadores. 3.2.1. Quantificação dos Volumes Aduzidos e Consumidos. Para quantificação dos volumes aduzidos para as Áreas Piloto, foram instalados medidores de vazão tipo turbina, dotados de totalizadores que indicam o volume total aduzido para o setor. Para garantia da confiabilidade dos dados fornecidos pelo medidor os mesmo foram aferidos através de Tubo de Pitot. Foi necessária a adequação das rotas de leitura para igualar os períodos de leitura dos hidrômetros e da macromedição para o cálculo do índice percentual de perdas. 3
3.2.2. Qualificação das Perdas. A qualificação das perdas dar-se-á através dos recentes estudos concluídos pela IWA-International Water Association, onde foram apresentadas uma série de inovações conceituais já utilizadas em vários países. A metodologia recomendada pela IWA consiste em: Determinação dos componentes das perdas através da realização de um balanço hídrico, conforme apresentados no quadro 01 anexo, e descritos a seguir; Proposição de indicadores padronizados relacionados com as perdas de água; Utilização da vazão mínima noturna como instrumento de avaliação das perdas reais; Adoção do conceito de vazamentos inerentes Introdução de variável relativa à pressão de operação da rede como fator decisivo na quantificação dos volumes de perdas de água. 3.2.3. Descrição dos Componentes do Balanço Hídrico. Coluna 1: VI Volume importado. É o volume anual de água tratada transferida de outros sistemas de abastecimento (por exemplo, os volumes adquiridos, no atacado, da SABESP); VPP Volume proveniente de Mananciais próprios (volumes produzidos nas Estações de Tratamento e nos poços profundos do SAAE); Coluna 2: VDIS volume anual de água tratada que aflui ao sistema de distribuição; Coluna 3: VEx volume exportado para outros municípios, através de derivações da rede de distribuição do SAAE; VU volume retido no próprio município, ou seja, diferença entre o volume de entrada no sistema de distribuição e o volume exportado. Coluna 4: VA volume correspondente ao consumo autorizado. VP Volume de perdas totais (perda real mais a aparente) na distribuição. Coluna 5: VM volume do consumo medido (inclui o volume exportado) - parcela do consumo autorizado que é medido; VE parcela do consumo autorizado que é estimado; 4
CNA volume referente aos consumos não autorizados em áreas ocupadas irregularmente, ligações clandestinas e fraudes, ligações cortadas por inadimplência e outros consumos não autorizados; VET Volume resultante do erro de medição (micro e macromedição) e de incorreções no tratamento de dados pelo sistema comercial nos procedimentos internos à Autarquia.. VPRS Volume de perdas em reservatórios (extravasamentos, lavagens e vazamentos), elevatórias e boosters. VPAD vazamentos em adutoras e redes. VDA descargas em adutoras, redes e lavagens de reservatórios domiciliares (em casos de alteração da qualidade da água). VPL Vazamentos em ramais de ligação até o ponto de medição do cliente. Coluna 6: VM1 volume micromedido em ligações ativas (residencial, comercial, industrial e público). VM2 volume fornecido por caminhões pipa (parcela medida e vendida). VM3 Volume medido nos próprios do SAAE. VM4 - volume fornecido por caminhões pipa (parcela medida e não vendida). VM5 Outros volumes autorizados, medidos e não vendidos. VE1 Volume estimado por média em ligações hidrometradas, nos casos onde não é realizada a leitura; VE2 Volume estimado em ligações sem hidrômetros; VE3 Volume estimado nos próprios do SAAE. Será eliminada brevemente, em função da instalação de hidrômetros neste locais; VE4 Volume limpeza e desinfecção de redes de água; VE5 Volumes de coletores de esgoto; VE6 Volume de lavagem programada de reservatórios; VE7 Volume utilizado no combate a incêndios; VE8 Outros volumes autorizados, estimados e não vendidos. VPA1 - consumo não autorizado em favelas e invasões; VPA2 consumo em outras ligações clandestinas; VPA3 consumo não autorizado em ligações cortadas; VPA4 volumes de fraudes em ligações ativas; VPA5 Outros consumos não autorizados; VPA6 - Erro de macromedição; VPA7 Erro de micromedição; VPA8 Erros na estimativa de consumo em ligações sem hidrômetros; VPA9 Perda referente a consumos acumulados antes da primeira leitura e não vendidos (esta variável deverá ser eliminada); VPR1 Vazamentos em reservatórios de distribuição; VPR2 - volumes de lavagem de reservatórios em função de problemas operacionais; VPR3 Extravasamentos em reservatórios de distribuição; 5
VPR4 Vazamentos em estações elevatórias e boosters; VPR5 Vazamentos nas adutoras e subadutoras; VPR6 vazamentos nas redes de distribuição; VPR7 Descargas em manutenção de redes e adutoras; VPR8 - Descargas sanitárias em redes e adutoras, motivadas pela ocorrência de alterações na qualidade da água distribuída; VPR9 Volume de lavagem de reservatórios domiciliares em função de contaminação da rede; VPR10 Vazamentos nas ligações prediais (trecho desde a conexão de derivação da rede até o hidrômetro) Coluna 7: Volume Adicional faturado pela cobrança de consumos mínimos: diferença entre os volumes faturados e os volumes efetivamente medidos; Somatória dos volumes exportados. Volume de compensação com SABESP ; VC Volumes vendidos ou volumes comercializados (geradores de receita) VNC - Volumes não vendidos ou não comercializados (não geradores na receita) VPA Volume de perda aparente na distribuição. VPR Volume de perda real na distribuição. 3.2.3. Levantamento das Variáveis Para o levantamento das diversas variáveis que permitirão a obtenção dos valores necessários para o balanço hídrico dentro das áreas piloto serão obtidos da seguinte forma; 1. Vazão mínima noturna: Será obtida através dos macromedidores instalados na entrada dos setores; 2. Medição dos consumos autorizados e não pagos: Instalação de medidores para mensurar esses volumes, quando houver; 3. Levantamento dos diversos volumes faturados: a serem fornecidos pelo Departamento Comercial; 4. Levantamento dos volumes não faturados: Nesse item haverá o fornecimento de dados do Departamento Comercial, tais como os relativos a erros de leitura, e os provenientes de volumes perdidos com vazamentos em redes, a serem obtidos a partir da vazão mínima noturna e aos diversos consumos noturnos. 3. Construção de Indicadores Para um efetivo gerenciamento das intervenções, acompanhamento dos resultados obtidos e comparação entre as duas áreas escolhidas, bem como, com o restante do município faz-se necessário a construção e utilização de diversos indicadores, tais como: 3.1. Indicadores Percentuais de Perdas Índice de Perdas de Faturamento; índice de Perdas Totais; índice de Perdas Reais; 6
índice de Águas não Comercializadas. 3.2. Indicadores Técnicos de Perdas Índice de Perda Total por Ramal; índice de Perda Real por Ramal; índice de Perda Aparente por Ramal; índice de vazamentos de infra-estrutura; índice de Perdas Reais Associados à Pressão. 3.3. Indicadores de Infra-estrutura Índice de Macromedição; índice de adequação da macromedição; indicador do nível de hidrometração; indicador do nível de adequação dos hidrômetros; índice de vazamentos visíveis na rede; índice de vazamentos visíveis no ramal; índice de vazamentos em cavaletes; índice de pressão adequada. 3.4.Indicadores das ações de controle de perdas Índice de detecção de vazamentos; índice de vazamentos detectados, por extensão de rede; tempo médio de atendimento a reparos de rede; indicador do nível de ligações inativas; indicador de oferta de água bruta por economia residencial; indicador do consumo de água por economia residencial. 4.Resultados Esperados Após a implantação da totalidade das ações expostas acima se espera conseguir uma metodologia confiável para a mensuração, controle e redução perdas de água e que essa metodologia possa ser aplicada para os outros setores de abastecimento do sistema do SAAE de Guarulhos, bem como para as demais empresas e autarquias do setor de saneamento. 7
QUADRO 1: QUADRO PROPOSTO PELA IWA - INTERNATIONAL WATER ASSOCIATION PARA A REALIZAÇÃO DO BALANÇO HÍDRICO 1 2 3 4 5 6 7 Volume importado SABESP (VI) Volume de mananciais próprios (VPP) Volume de entrada no sistema de distribuição de água de Guarulhos (VDIS) Volume exportado para outros municípios (VEX) Volume utilizado no sistema de distribuição de água de Guarulhos (VU) Volume autorizado (consumo) (VCA) Volume de perdas na distribuição (perda total na distribuição) (VPT) Volume medido (consumo medido) (VCM) Volume estimado (consumo estimado) (VCE) Consumo não autorizado (VNA) Erro de medição & erro no tratamento de dados (VET) Perdas em reservatórios, elevatórias e boosters (PRT) Vazamentos em adutoras e redes (VAR) Descargas em adutoras, redes e lavagens de reservatórios prediais (VDA) Derivação 1 (VEX1) Derivação 2 (VEX2) Derivação n (VEXn) Volume micromedido em ligações ativas (residencial, comercial, industrial, público) (VCM1) Volume fornecido por caminhão pipa (parcela medida e vendida) (VCM2) Volume medido nos próprios do SAAE (VCM3) Volume fornecido por caminhões pipa (parcela medida e não vendida) (VCM4) Outros volumes autorizados medidos e não vendidos (VCM5) Volume estimado por média em ligações hidrometradas (VCE1) Volume estimado em ligações sem hidrômetro (VCE2) Volume estimado nos próprios do SAAE (VCE3) Limpeza e desinfecção de redes de água (VCE4) Limpeza de coletores de esgoto (VCE5) Volume de lavagem programada de reservatórios (VCE6) Volume utilizado no combate a incêndio (VCE7) Outros volumes autorizados estimados e não vendidos (VCE8) Consumo não autorizado em favelas e invasões (VPA1) Consumo em outras ligações clandestinas (VPA2) Consumo não autorizado em ligações cortadas (VPA3) Volumes de fraudes em ligações ativas (VPA4) Outros consumos não autorizados (VPA5) Erro de macromedição (VPA6) Erro da micromedição (VPA7) Erros na estimativa de consumo em ligações sem hidrômetros (VPA8) Perda referente a consumos acumulados antes da primeira leitura e não vendidos (VPA9) Vazamentos em reservatórios de distribuição (VPR1) Volume de lavagem de reservatórios em função de problemas operacionais (VPR2) Extravasamentos em reservatórios de distribuição (VPR3) Vazamentos em estações elevatórias e boosters (VPR4) Vazamentos nas adutoras e subadutoras (VPR5) Vazamentos nas redes de distribuição (VPR6) Descargas em manutenção de redes e adutoras (VPR7) Descargas sanitárias em redes e adutoras (VPR8) Volume de lavagem de reservatórios domiciliares em função de contaminação da rede (VPR9) Vazamentos em ramais até o ponto Vazamentos nas ligações prediais (trecho desde a conexão de derivação até de medição do cliente (VRL) hidrômetro) (VPR10) Volume adicional faturado pela cobrança de consumos mínimos (VAJ) Compensação na adução-sabesp Volume vendido (VV1) Volume não vendido (VNV1) Volume vendido (VV2) Volume não vendido (usos próprios e operacionais legítimos) (VNV2) Volume não vendido (VNV3) Volume de perda aparente na distribuição (VPA) Volume de perda real na distribuição (VPR) 8
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