1. Mercantilização do ensino superior no Brasil



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Transcrição:

IES CAPITALISTAS: O ENSINO COMO MERCADORIA 1 Wesley Pereira Lobo de Lima Resumo: O trabalho analisa as Instituições Privadas de Ensino Superior no Brasil (IPES), as quais, a rigor, são IES capitalistas. Parte significativa do ensino superior no Brasil está mercantilizada, diferenciando-se do ensino superior público. Este se diferencia das IPES não somente por não ter no seu ensino a lógica da mercadoria, mas também por: diferença das porcentagens de professores com mestrados e doutorados; menor presença de docentes horistas; qualidade dos cursos; e pela quantidade de matrículas, números de instituições e a qualidade da aprendizagem dos alunos. Podemos observar também que o setor educacional privado se tornou ainda mais rentável, lucrativo para os capitalistas, sobretudo a partir da última década, quando algumas empresas do setor educacional abriram capitais na bolsa de valores para se capitalizar. O que era mercantilizado, agora, além deste aspecto, segue o ritmo e os imperativos do mercado de capitais. Conclui-se que a lógica e a dinâmica capitalista tornaram a educação numa mercadoria ainda mais lucrativa, intensificando a má qualidade do ensino, proporcionando, assim, um estudante sem o domínio do saber científico e tecnológico, sem o fomento da consciência crítica para com a realidade social e para enfrentar os problemas do desenvolvimento do Brasil. Introdução Atualmente, o Brasil enfrenta dificuldades na esfera municipal, estadual e federal em suas políticas educacionais para se expandir na educação com criações de Instituições do Ensino Superior (IES) para assim poder democratizar o ensino superior. Quando se fala em democratizar, entende-se 1 Este texto é resultado de pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Brasil). Uma versão preliminar deste texto foi apresentada no 9no Congresso Internacional de Educação Superior em Havana, Cuba.

que o poder público crie Instituições de Ensino Superior Público, oferte cursos de graduação, mestrados e doutorados; que aumente o número das matriculas, e consequentemente faça que a população tenha acesso a um ensino público o qual, no agregado, é melhor que as universidades particulares/privadas quando se fala em qualidade de ensino e atividades de pesquisa-. Esforços significativos na esfera federal estão sendo realizados através do REUNI Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais_-, para assim chegar próximo a quantidade de matriculas em comparação as IES privadas, as quais que representam uma relevância superior em termos quantitativos, tanto no número de instituições e quanto na quantidade de matrículas; e aumentar o percentual de universitário no campo nacional. Contudo, mesmo com esse (órgão), o setor público não consegue abranger toda a população brasileira em suas instituições, por ter mais demanda do que as IES públicas conseguem atender, o que cria as condições para ser atrativo para as IES Capitalistas que vende o ensino, a educação como e na lógica da mercadoria. Frequentemente, de modo geral, esta tem, péssima qualidade, a rigor, o que impacta em seu valor de uso. Desse modo, o estudo desse artigo está pautado na mercantilização do ensino superior privado brasileiro-e processo este que de fato se inicia em 1980 e vem até os dias atuais_- e na valorização do capital através da mercadoria educação. Nesse contexto, as IES Capitalistas dividem-se em: universidades (algumas dessas com capital aberto no mercado de capitais ), centros universitários e faculdades. Com o intuito de captar este processo de mercantilização da educação, analisaremos também a titulação acadêmica, as jornadas de trabalho docentes das IES privadas, e tentaremos expor em linhas gerais alguns aspectos e motivos da lógica de qualquer empresa educacional que é lucrar. Além dessa Introdução, e das Considerações finais, este artigo é composto por quatro Seções. Na primeira Seção trataremos da mercantilização do ensino superior no Brasil, de como se deu a expansão do ensino superior, quais e de que modo são os acessos dos alunos no estabelecimento de ensino público e

privado. Nessa mesma seção, indicaremos a quantidade de instituições públicas federais, estaduais e municipais; e as instituições privadas brasileiras. Na segunda Seção abordaremos ofensiva neoliberal no setor educacional para promover a acumulação e reprodução do capital. Falaremos ainda, de quem são as empresas educacionais que estão com capital aberto na bolsa de valores no Brasil e os valores de mercado de algumas destas instituições. Na terceira Seção abordaremos as implicações da educação como mercadoria e mostraremos que sendo ela mercantilizada o seu conteúdo não é realizado perfeitamente. Além disso, trataremos do problema da titulação dos docentes nas universidades privadas (aparecendo como adicional de custos); e da quebra do tripé ensino, pesquisa e extensão. Por fim, na última e quarta Seção analisaremos de forma introdutória o que consiste a mercadoria, sendo ela atividade produtiva de serviço, ou seja, a educação como atividade de serviço e sendo capturada pela lógica mercantil. 1. Mercantilização do ensino superior no Brasil Segundo Helena Sampaio (2000), embora o Estado brasileiro detenha o controle do sistema educacional, ele não tem seu monopólio, podendo assim o ensino superior ser oferecido pela iniciativa privada. Para entendermos como se deu essa temática, é necessário recorrermos à história, para assim chegarmos ao nosso objetivo: mercantilização do ensino superior privado. Uma das principais características do desenvolvimento do ensino superior no País, que teve início em 1808, com a vinda da família real portuguesa, foi o controle do governo central sobre o sistema (SAMPAIO, 1991: 116). Após esse período o sistema de ensino superior se abriu à iniciativa privada e também aos governos de estado (SAMPAIO, 2000: 118). Foi somente em 1891 que temos na Constituição da República, a possibilidade do ensino superior ser oferecido pela iniciativa privada (TRISTÃO, 2007: 62). Em 1931 a legislação consolida e reafirma o que estava escrito na constituição de 1891, que era a permissão do ensino superior a iniciativa privada. Essa consolidação e reafirmação são dadas por conflitos entre elites laicas e católicas (TRISTÃO, 2007). Pois, [...] no período imperial a Igreja era uma

instituição do estado brasileiro, porém, com a República o movimento por um ensino laico cresce, opondo-se aos interesses da Igreja (Carvalho, 1999 apud TRISTÃO, 2007: 62). [...] A tentativa de conciliação entre elite laica e católica vem com o governo Vargas, que oferece à Igreja a introdução do ensino religioso no ensino básico, o que, no entanto, se mostrou insuficiente para as ambições da Igreja (TRISTÃO, 2007: 62). Nessa insatisfação, a elite católica vence a disputa, e segundo Helena Sampaio, é nesse contexto de disputa pelo controle do ensino superior entre elites laicas e católicas sob a moldura legal centralizadora - como a legislação de 1931 que se consolidou o ensino superior privado no país (Sampaio 2000 apud Tristão 2007: 62). Em 1933, quando foram elaboradas as primeiras estatísticas educacionais no país, o setor privado já respondia por 64,4% dos estabelecimentos e por 43, 7% das matrículas de ensino superior (SAMPAIO, 2000). A taxa do crescimento das matrículas privadas continua aumentando no período de 1960 até 1980. Nessas duas décadas, as matrículas totais em ensino superior cresceram 480,3%, ao passo que as matrículas do setor privado aumentaram 843,7% (SAMPAIO, 2000: 53). Essa expansão se deu através da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1961. De acordo com Cunha (1985) apud Sampaio (2000), essa lei representou a vitória da corrente privatista em detrimento da campanha do ensino público. Segundo esse autor, os interesses privatistas, empunhando a bandeira da liberdade do ensino, impuseram à lei de 1961 a manutenção das escolas particulares pelo Estado primeiro segundo e terceiro grau alegando ser esta condição necessária da garantia do direito, tido como inalienável, de escolha da educação que os pais desejam dar aos filhos (p. 220). Em 1968, já na ditadura militar, temos a Reforma Universitária, o que intensifica a corrente privativa do ensino superior. Sobre isso Minto (2006) apud TRISTÃO (2007: 63) afirma: A Ditadura Militar semeou o terreno do ensino privado, facilitando sua expansão e fazendo deste um período muito importante para o setor. Não porque antes o ensino superior privado fosse insignificante em termos quantitativos ao contrário, mas porque foi com o golpe que se iniciou um

novo período na história educacional brasileira em que a contra-reforma da universidade [Reforma Universitária de 1968] viria selar de vez a intenção de nossas elites em eliminar o caráter crítico da universidade, da produção autônoma de conhecimento, enfim da já parca função pública da universidade, consolidando para esse ensino um modelo pautado, geralmente, no moldes das antigas escolas superiores [do período Imperial]. A iniciativa estatal, nesse período era inexpressivo, o que favoreceu a iniciativa privada ditar as regras do ensino superior. Ela, conforme coloca Minto apud Tristão (2007:63), semeou o terreno do ensino privado, fazendo que o diploma acadêmico tivesse muita relevância na conquista de um emprego no mercado, e consequentemente, aumentasse o número de IES Privadas e de matrículas. Com isso, podemos observar que, entre 1960 e 1980, o ensino superior privado se desenvolve, torna-se predominante, mas este ainda fica refém da formação mais técnica, direcionada ao mercado de trabalho. É a partir de 1980 que definitivamente tem-se a mercantilização do ensino superior, o ensino superior passa a ser deliberadamente um espaço de valorização do capital (SAMPAIO, 2000; Tristão, 2007). Isso se deu, porque em [...] 1980 o setor privado do ensino superior está em crise, há uma queda pelo ensino superior privado (LIMA; LUPATINI, 2014: 8). Desta forma, há uma [...] intervenção da iniciativa privada numa situação de declínio de sua clientela; traduzem, portanto, estratégias do setor privado em se amoldar ao mercado de ensino superior Com a [...] participação do Estado através da Constituição Federal de 1988, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996 e Decretos de 1997 (TRISTÃO, 2007: 65). As IES Privadas se deslocaram para o interior, sobretudo em São Paulo, e para região Norte e Centro Oeste, principalmente. Esse deslocamento e a intervenção do Estado com as leis já citadas promoveram a criação de novos cursos e de novas IES, possibilitando uma oferta de ensino superior em áreas que não tinha acesso a esse serviço (TRISTÃO, 2007). Desta forma, as medidas promovidas surtiram efeitos, pois de 1980 até 2005, o número de IES Privadas aumentou 183,6%, enquanto as públicas cresceram apenas 15,5%. Já o

número de matrículas mais que triplicou, em 1980, eram 885 mil alunos e em 2005, eram mais de três milhões nas IES Privadas (TRISTÃO, 2007: 65). Podemos salientar que além das medidas já ditas através da intervenção do Estado, outro motivo da expansão das IPES e das matrículas no período mencionado, foi o Decreto nº 2.306 conforme indica essa citação: De 1980 até 1997, embora o objetivo da maioria da IES Privadas pudesse ser o lucro, estas não eram regulamentadas como empresas propriamente capitalistas. Se configurando como fundações filantrópicas ou comunitárias recebiam isenção de impostos, como Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, por exemplo, mas eram obrigadas a reinvestir todo valor recebido, através das mensalidades, na própria instituição. Com o Decreto nº 2.306 as IES Privadas puderam se tornar instituições de dependência administrativa particular com fins lucrativos. As que optaram por isso passaram a responder à legislação pertinente a qualquer outra empresa capitalista. Desmascarou-se, assim, a essência capitalista das IES Privadas. A educação tornava-se mercadoria perante a lei (TRISTÃO, 2007: 68). A educação tornando mercadoria perante a lei possibilitou uma vertiginosa expansão do ensino superior privado e das matrículas conforme revelam os dados da Tabela 1: Tabela 1 Número de IES e matrículas na graduação no Brasil setores público e privado Ano IES Matrículas Públicas Privadas Públicas Privadas 1980 200 682 492.232 885.054 1985 233 626 556.680 810.929 1995 210 684 700.540 1.059.163 1996 211 711 735.427 1.133.102 2001 183 1.208 939.225 2.091.529 2004 224 1.789 1.178.328 2.985.405 2007 249 2.032 1.240.968 3.639.413

2008 236 2.016 1.273.968 3.806.091 2013 301 2.090 1.932.527 5.373.450 Fonte: INEP. Censo da Educação Superior, 2009 e 2014. (Retirada de Tristão, 2007). Mesmo que tenhamos no Brasil 7.305.977 matrículas no ensino superior e milhares de IES, somando IES públicas e privadas, [...] o ensino superior no País não pode ser classificado como um sistema de massa no sentido de ter universalizado o acesso ao terceiro grau [...]. As transformações ocorridas tocaram somente de leve no problema da democratização da educação (SAMPAIO, 2000: 252). Tal fato pode ser comprovado pelo não ingresso ao ensino superior de milhões de pessoas com ensino médio concluído. [...] O Brasil tem 38 milhões de pessoas com ensino médio completo mas que nunca ingressaram no sistema superior de ensino (MÁXIMO, 2014) e apenas 17,8% dos jovens brasileiros na faixa etária dos 18 aos 24 anos estão formados ou matriculados em algum curso superior (REVISTA ENSINO SUPERIOR, 2014: 10). As IES Públicas são divididas em federais, estaduais e municipais. São 63 institutos e universidades federais 2, 39 estaduais e 199 municipais. O acesso as federais se dá através do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 3 em que a nota obtida é empregada pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). 4 Nesse, o estudante através da sua nota, pode optar por uma universidade nas cinco regiões brasileiras. Já as IES Privadas, com exceção das PUCs, Mackenzie, FGV, entre outras 5 ; o acesso se dá também pelo Enem, no entanto é 2 No dia 28/05/2013 o senado aprovou a criação de três novas universidades federais, no Pará, no Ceará e na Bahia. São elas: Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), Universidade federal do Oeste da Bahia (Ufob) e a Universidade Federal do Cariri (UFCA). Disponível em: http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2013/05/28/senado-aprova-criacao-de-universidades-dopara-na-bahia-e-no-ceara. Acesso em: 09/10/2014. 3 O Enem é composto por 180 questões divididas em quatro áreas do conhecimento, sendo elas: Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens e Códigos e Matemática (cada área tem 45 questões) e por uma redação dissertativa. A realização da prova é feita em dois dias (sábado e domingo) e nesse ano será nos dias 8 e 9 de novembro. Para saber quais são os métodos de correção da prova acessar: http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/jogos-multimidia/entenda-prova-enem-690537.shtml. 4 Para saber como é esse sistema acessar: http://sisu.mec.gov.br/inicial. 5 O acesso nessas instituições se dá por vestibular em que a própria instituição ou por um órgão, formulam questões nas três áreas do conhecimento: Ciências humanas, exatas e biológicas estudadas no ensino médio. Além disso, elas não podem ser consideradas como IES Privadas/mercantis, por serem construídas com imagens e semelhanças as universidades públicas brasileiras. Em contrapartida, as

inexpressivo (adiante falaremos sobre ele) e perante o pagamento da mensalidade, ou seja, o aluno não tem o empecilho do vestibular para ter acesso ao ensino. Podemos ainda ver na Tabela 1 em que há uma discrepância entre o número de IES e de matrículas no ensino público para o privado a partir de 1996, pois no ano seguinte é decretada a lei nº 2.207 contida na LDB. Esse decreto possibilita criar os centros universitários. Neles é possível criar e fechar cursos sem a permissão do MEC, que foi atraente para as IES Capitalistas, pois elas fecharam cursos menos freqüentados e abriram outros mais atrativos para a clientela (Ellen Tristão, 2007). Além do decreto nº 2.207, Lima e Lupatini (2014: 04) nos dão informações sobre outros pontos importantes para a expansão das IES Privadas conforme essa citação: Esta expansão do ensino superior privado no Brasil nos últimos anos teve, pelo menos, três elementos importantes para seu fortalecimento, a saber: a) a constituição do PROUNI, em 2004, cujo decreto de criação é de janeiro de 2005, o qual concede isenção tributária às instituições que se credenciam e bolsas (parciais ou integrais) aos estudantes destas instituições de ensino superior privada; b) concepção e estímulo ao Ensino à Distância (EAD); c) processo de financeirização de grandes instituições de ensino superior privada por meio da abertura de capital destas instituições. Além destes três vetores de expansao temos o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) 6, o qual é um programa de política pública que proporciona aos estudantes até 100% do curso desejado a partir de 2010. Portanto foi um dos elementos que estimularam o aumento das matrículas. mercantis são IPES (sem serem instituições católicas ou laicas) que se instalaram ao atendimento da demanda de massa (SAMPAIO, 2010); e especialmente aquelas que são gerenciadas por grandes grupos internacionais, que tem ações na bolsa de valores, e as que vêem no lucro financeiro o seu maior objetivo (MACIEL, 2010, p. 180). 6 Esse fundo quem pode recorrer é estudantes matriculados em instituições de ensino superiores privadas e que tenham renda familiar mensal bruta de, no máximo, 20 salários mínimos. Com taxas de juros de 3,4% ao ano, o programa financia de 50% a 100% do custo das mensalidades. Os estudantes que acessam o Fies só começam a pagar a dívida 18 meses após o encerramento do curso. Encerrado este período, o saldo devedor do estudante será parcelado em até três vezes o período financiado do curso, acrescido de 12 meses (VICTOR VIEIRA, JORNAL ONLINE O ESTADO DE SÃO PAULO).

Até o primeiro trimestre de 2014, o Fies junto com o ProUni já respondiam por 31% de matrículas nas universidades privadas. Segundo Luciano Máximo (2014), o percentual apresentado representa 1,66 milhões de alunos de um total de 5,34 milhões fazendo cursos presenciais (graduações) em instituições particulares/privadas em 2013. O número de beneficiados pelo Fies pode aumentar, pois o Fies receberá R$ 5,4 bilhões, oriundos da União neste ano, para ser destinado a estudantes de pós-graduação. Essa quantia beneficiará 31,6 mil alunos de 600 programas de mestrado e doutorado em cerca de 170 instituições particulares do país 7 a partir do segundo semestre deste ano (VIEIRA, 2014). Após brevemente termos tratado do FIES, passamos a desenvolver os três elementos/vetores que favoreceram e estimularam a expansão das IES Privadas. Sobre o primeiro elemento, ProUni 8, o Enem também está vinculado a ele, pois com a nota obtida pelo aluno a instituição concede uma bolsa de estudo, sendo ela parcial ou integral para aquele que obteve maior pontuação. Sobre o ProUni, Tristão nos diz: o governo isenta impostos de IES Capitalistas em troca de bolsas para estudantes carentes, o que não representa mais do que um subsídio do governo ao ensino privado com fins lucrativos 9, uma vez que as IES Privadas filantrópicas e comunitárias, já recebiam essas isenções (2007: 70). Sobre o segundo elemento é pertinente destacar a importância da EAD perante as matrículas no ensino superior nos últimos anos. Segundo a Revista Ensino Superior (2014), o número de matrículas em 2002 nessa modalidade de ensino era de 40 mil e em 2012 foi de 1,1 milhão, ou seja, um crescimento de 12,2%. Sobre o último elemento é importante frisar que na década passada, 7 Para aderir ao Fies, a instituição precisa ter cursos bem avaliados pelo Ministério da Educação (MEC). Disponível em: http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/07/mec-amplia-o-fies-para-alunos-demestrado-doutorado-e-curso-tecnico.html. Acesso em: 09/10/2014. 8 Criado em 2004, o ProUni concede bolsas de estudo integrais e parciais em instituições privadas de ensino superior a estudantes que cursaram o ensino médio na rede pública de ensino ou na particular como bolsista integral e que tenham renda familiar de até três salários mínimos. Até o primeiro semestre de 2013, o programa já havia atendido 1,2 milhões de alunos, 68% deles com bolsas integrais. (REVISTA ENSINO SUPERIOR 2014) 9 [...] a legislação prevê que, para ter o benefício fiscal, as IPES devem reservar até 10% das vagas a bolsistas do programa (LUCIANO MÁXIMO, VALOR ECONÔMICO, 2014).

teve início um movimento de capital, com algumas instituições decidindo lançar ações na bolsa de valores para se capitalizar (LIMA; LUPATINI, 2014). Isso se deu, pois com o processo de globalização da economia traduz-se em uma intensa circulação não só de mercadorias, mas também de capitais, levando a uma livre movimentação não apenas do mercado de bens, como também do mercado de capitais (CARCANHOLO, 1997: 200). Este último aspecto, abertura de capital de empresas capitalistas que atuam no setor educacional, será mais bem desenvolvido na próxima Seção. 2. MERCADO DE CAPITAIS No começo da década passada, inicialmente quatro empresas no setor da educação abriram seus capitais para se capitalizar na bolsa de valores, sendo elas: Kroton 10, Anhanguera e Estácio 11. [...] A aposta foi certeira. Os três grupos tiveram um substancial crescimento desde então, e suas ações figuraram entre as mais rentáveis em 2012 dentre todas as que são negociadas na BM&FBovespa (REVISTA ENSINO SUPERIOR, 2014). Estas empresas do setor de educação, que a rigor, são empresas capitalistas e que atuam agora no mercado de capitais estão nos últimos apresentando um desempenho superior a média. O primeiro grupo educacional citado acima, Kroton, vem se destacando na bolsa de valores (daí não retiramos que esta trajetória seja duradoura, mas de todo modo cumpre o objetivo da lógica imediata e especulativa do processo de financeirização das últimas décadas). Enquanto nos últimos anos, sobretudo desde 2009, o índice Bovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, apresenta forte desvalorização (Gráfico 1), o setor de educação mais uma vez foi o destaque do Ibovespa em 2013. Pelo segundo ano consecutivo, a Kroton registrou a maior valorização do 10 No dia 14 de maio o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a fusão das empresas de educação kroton e Anhanguera. Antes da fusão o valor de mercado da kroton era de 15,8 bilhões. Com a fusão, atualmente, o valor da empresa é de R$ 24, 48 bilhões, sendo a 17º maior empresa da Bovespa em termos de valor de mercado e com quase um milhão de alunos no ensino superior. http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2014/07/fusao-da-anhanguera-e-kroton-cria-17-maiorempresa-da-bovespa.html. Acesso em: 09/10/204. 11 Com a aprovação do Cade encontram-se atualmente quatro empresas educacionais com capital aberto na bolsa de valores através do levantamento na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sendo elas: Kroton Educacional S.A; Ser Educacional S.A; GAEC Educação S.A e Estácio Participações S.A. Essa última, no ano de 2012 o seu valor de mercado foi de R$ 3,4 bilhões.

índice de referência da bolsa, de 73, 21%, a R$ 39, 26, segundo levantamento realizado pelo Valor Data. Em 2012, as ações da rede ensino já haviam subido expressivos 151,5% (VIRI, 2013). Gráfico 1: Evolução mensal do Ibovespa, considerando os fechamentos deste índice 1994 a 2013. Fonte: BMFBOVESPA. http://www.bmfbovespa.com.br. Citado por Lima: Lupatini (2014) Vale mencionar que [...] aliado a este processo de financeirização do ensino superior privado no Brasil constitui-se um intenso processo de centralização do capital neste setor [...] e também pela compra de várias instituições de ensino no Brasil por parte destes grupos nos últimos anos (LIMA; LUPATINI, 2014: 4). A Kroton Educacional desde 2007 até a presente data já adquiriu 20 faculdades 12, enquanto que a Estácio com a compra da Faculdade São Luis 13 e recentemente com a aquisição da Uniseb 14, já soma 34 Instituições de Ensino Superior, entre universidades, centros universitários e faculdades (adiante 12 Para conhecer algumas das faculdades, valorização dos papéis do grupo Kroton e a quantidade de suas matrículas acessar: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/kroton-reorganiza-universidades-do-grupo 13 Disponível em: http://www.djalmarodrigues.com.br/2012/05/29/estacio-compra-a-faculdade-sao-luis-emarca-sua-entrada-no-maranhao/ 14 Disponível em: http://www.jornalacidade.com.br/noticias/economia/not,0,0,880741,estacio+compra+uniseb+por+r61 53+mi+e+eleva+aposta+em+SP.aspx

falaremos sobre a funcionalidade desta organização acadêmica). Outro grupo que é expressivo em suas aquisições, porém não está no mercado de capitais é a Laureate. Esse grupo fatura 3,5 bilhões de dólares por ano e tem cerca de 800 000 alunos em 30 países. Um quarto deles está no Brasil, onde a Laureate é dona de 12 instituições, como a Unifarcs, Fadergs, Anhembi Morumbi e a FMU, comprada em agosto desse ano por cerca de 1 bilhão de reais 15. O mercado de ensino superior do país deve continuar crescendo nos próximos anos e novos grupos educacionais estrangeiros vão chegar aqui, segundo previsão contida na (Revista Ensino Superior, 2014). Para Virgílio Gibbon diretor financeiro da Estácio, o ensino superior é muito importante para a economia nacional, 16 devido, principalmente, ao tamanho da nossa população. Três conglomerados estrangeiros já atuam no país os norte-americanos Laureate International Universities, DeVry Brasil e Whitney University System e um quarto está pronto para desembarcar, o Apollo Group, também dos Estados Unidos (REVISTA ENSINO SUPERIOR, 2014). De acordo com Marcos Boscolo da consultoria KPMG [...] eles iniciaram negociações com uma instituição brasileira neste ano, mas o acordo não se concretizou [...] a chegada deles é uma questão de tempo. (REVISTA ENSINO SUPERIOR, 2014). Nesta mesma direção, Carlos Alberto Degas Filgueiras, presidente da DeVry Brasil, afirma que a DeVry Brasil, por exemplo, dona de 100 campi nos Estados Unidos, onde atua há 80 anos começou a operar no país em 2009 e tem seis escolas no nordeste [...] Em um ano, no máximo, vamos entrar na região Norte. Nossa meta é ser uma das três melhores instituições nos estados onde estamos presente (REVISTA ENSINO SUPERIOR, 2014: 18). 15 Para conhecer o fundador da Laureate e as expectativas de crescimento de sua empresa acessar: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1052/noticias/ele-fugiu-da-escola?page=1. 16 Segundo Rodrigo Capelato diretor executivo e assessor para Assuntos Econômicos do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp) em entrevista dada para a Revista Ensino Superior 2014 o setor educacional privado é responsável por 1% do PIB do país.

A este respeito, expansão do ensino superior, tanto pela via IES Privadas no mercado de capitais e as de capital fechado, como agora com o movimento de vinda de novos grupos estrangeiros no mercado de ensino superior brasileiro, é imperativo para nosso futuro compreender criticamente a educação como mercadoria, implicações para o ensino e para formação das pessoas em termos de conhecimento universal. Nas duas próximas Seções faremos algumas indicações a este respeito. 3. Implicações da Educação Como Mercadoria e a LDB Como vimos à educação (no ensino superior) passou a se expandir seguindo a lógica da mercadoria a partir de 1980, cuja configuração e constituição do março legal ocorreram mais acentuadamente nos anos 1990, na forma da Lei. A partir deste período houve diversas medidas provisórias que favoreceram a iniciativa privada e a mercantilização do ensino superior. Uma delas foi a LDB de 1996 que proporcionou que as universidades se tornassem centros universitários. Além dessa medida em relação à permissão de centros universitários, a LDB retrocedeu na legislação que estava inserido na Constituição Federal de 1988, quanto à indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Ou seja, teve uma omissão da obrigatoriedade do principio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão representando um reforço para o processo da educação como mercadoria. Desta forma, as universidades ficaram ainda mais livres para o cumprimento das três funções de forma associada ou dissociada (MACIEL, 2010). Outra medida foi à exigência que as universidades brasileiras possuam um terço do corpo docente com título de mestre ou de doutor; ou ainda a que estabelece que um terço dos professores universitários tenha contrato de quarenta horas semanais (MACIEL, 2010). Enquanto que os centros universitários são obrigados a contratar no mínimo 20% de mestres ou doutores, com docentes em regime de dedicação exclusiva de 40 horas, (20% frente aos 33% das universidades) (TRISTÃO, 2007). Em contrapartida, as faculdades não são exigidas a cumprir nenhuma das exigências citadas acima.

No Gráfico 2 a seguir podemos ver a quantidade de docentes, grau de formação e o regime de trabalho dos professores das 2.391 17 IES divididas em IPES (Instituições Particulares de Ensino Superior) e em IES Públicas: Gráfico 2: Quantidade de docentes, formação e regime de trabalho dos docentes nas IES em 2011 e 2012 41.50% DOCENTES 362.732 58.50% Privadas Públicas GRAU DE FORMAÇÃO Graduação Especialização Mestrado Doutorado 51.40% 17.80% 45.50% 29.60% 35.70% 13.20% 5.70% 1% Público Privada 17 Esse número podia ser maior, pois o MEC descredenciou 28 IPES no início desse ano por estarem inativas no Censo da Educação Superior (ou seja, as instituições não tinham alunos matriculados) e por estarem com atos autorizativos vencidos; e mais 2 IPES por terem baixa qualidade acadêmica, grave comprometimento da situação econômico-financeira da mantenedora e a falta de um plano viável para superar o problema, além da crescente precarização da oferta da educação superior. Para saber quais IPES são acessar: http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2014-07/mec-descredencia-28-instituicoesde-ensino-superior e http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2014-01-13/mec-descredenciauniversidade-gama-filho-e-univercidade.

REGIME DE TRABALHO Tempo Parcial Horista Colunas1 7% 13% 41.70% 80% 34.10% 24.20% Público Privada Fonte: Revista Ensino Superior, 2014. Como pode ser percebido pelo Gráfico 2, há uma diferença grotesca no grau de formação e no regime de trabalho entre as instituições privadas (IPES) e as instituições públicas (IES Públicas). Naquelas existe uma precarização do trabalho docente, pois 41,7% dos professores são horistas, ganham por hora aula dadas. Sobre essa questão Tristão nos fala que o professor horista da IES Capitalista, predominantemente especialistas e mestres, normalmente dá aula todos os dias da semana para poder se manter. Ele se transforma assim, num mero reprodutor de conhecimento, pois não tem tempo para se dedicar ao seu aprimoramento, ao estudo, muito menos à busca de qualificação, através de programas de mestrados e doutorados, pois dentro dessas IES cabem apenas 20% de docentes titulados (2007: 83). 18 Além do mais, trabalhando como horista, além de não lhe sobrar tempo para pesquisa e aprimoramento individual, muitas vezes este docente não tem tempo nem para preparar aulas (Ellen Tristão, 2007: 84). Vale chamar a atenção que a pesquisa aí citada não é aquela vinculada no tripé ensino, pesquisa e extensão. Sabemos disso, pois conforme já foi mencionada, a LDB 96 permitiu que as IES Capitalistas omitisse a 18 A autora se refere aos centros universitários.

obrigatoriedade da pesquisa e extensão 19, se limitando somente ao ensino. Como sabemos, é importante o momento de preparar aulas, pois é o exercício que o professor faz antes de entrar na sala de aula, que é de ler os textos ou resolver exercícios que serão explicados e resolvidos no momento da aula. E este processo não é estanque, pois também mais pesquisa e estudo. É descabido quebrar a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão. Contudo, mesmo que o professor horista tivesse tempo para se dedicar ao aprimoramento de sua profissão, ele não teria autonomia de dar aula, pois algumas IES Capitalistas ofertam material didático 20 e tablet, que nesse último encontra-se o conteúdo do curso, das disciplinas, em uma plataforma digital. Com esta, e as demais características dadas ao professor horista, chegamos à conclusão que quem sai mais prejudicado nesse regime de trabalho é o aluno, pois o ensino que eles recebem não atende a necessidade de formação crítica e com conhecimentos universais. Portanto, os estudantes têm uma precária e ligeira formação, a qual não contribui para reflexão crítica de nossa particularidade e tampouco para uma formação sólida em termos de conhecimentos universais (LIMA; LUPATINI, 2014: 7). Além disso, os estudantes não questionam os fatores de atraso do país para programar um desenvolvimento nacional, não desenvolvem o cultivo do saber (Darcy Ribeiro, 1978) e tampouco é desenvolvida, a formação da cidadania como base para a construção da nação (SOBRINHO, 1999). Com isso, podemos nos perguntar o porquê que as IPES não contratam professores em tempo integral semelhante às IES Públicas, conforme nos mostra o Gráfico 2? Pois, conforme Darcy Ribeiro (1978) é nesse regime de trabalho que faz o professor ter uma formação cientifica ou técnica elevada, forçando-o a estudar diariamente, elevando ao máximo sua capacidade, como ordinário de sua própria carreira. Assim, os estudantes receberiam uma 19 Sobre essa questão recomendamos ler a excelente tese de doutorado de MACIEL, A. O princípio da indissociablidade entre ensino, pesquisa e extensão: um balanço do período 1988-2008. Piracicaba, 2010. 20 Darcy Ribeiro (1978) no seu livro A universidade necessária nos diz que para uma universidade que se preze para difundir o saber é necessário que ela tenha responsabilidade de dar liberdade de manifestação para os seus docentes, ou seja, para assegurar ao professor o direito de expressar livremente seu pensamento (DARCY, p. 125), porém essa liberdade não pode acontecer, pois conforme já foi dito, algumas IES Capitalistas fazem com que seus docentes ministrem aulas conforme o material catalogado.

excelente aprendizagem favorecendo a preparação deles para a vida, para valores humanos e para a consciência crítica (desde que o professor tivesse autonomia intelectual em ministrar suas aulas). No entanto, essa não é a lógica das IES Capitalistas. Estas IES conhecem o mercado e sabem que muitos de seus alunos as procuram para adquirir o diploma de ensino superior, e não conhecimento (TRISTÃO, 2007: 84). Portanto, as IES estão interessadas na venda de diplomas e não o que o saber docente pode oferecer: conhecimento e aprendizado (TRISTÃO, 2007: 84). Ora, tala fato nos encaminha para respondermos a pergunta feita acima. Os professores em tempo integral requerem mais custos para as IPES por trabalharem 40 horas semanais. Além disso, metade desse tempo é usada para ministrar aula nas salas e a outra deve ser usada na pesquisa e extensão. Contudo, essa não é a lógica das IPES que trabalham como empresas de ensino superior com extração da mais valia para obtenção de lucros e implementam políticas neoliberais para diminuir os custos dos salários. A lógica delas não é prezar por qualidade e ter a indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão (patamar mínimo de qualidade). Para João Carlos Di Gênio, proprietário da Unip pesquisa é inutilidade pomposa, é uma perda de tempo federal (MINTO, 2006: 263 apud TRISTÃO, 2007: 70). O proprietário da instituição falou isso por ter ele o respaldo da lei. Conforme já foi dito, as universidades têm o livre cumprimento através do artigo 8º do decreto nº 3.860 do ano de 2001 de ofertar as três funções (ensino, pesquisa e extensão) de forma regular (associada ou dissociada) (MACIEL, 2010). Contudo, as universidades são obrigadas a manterem cursos de Pós- Graduação e oferecer cursos em pelo menos três áreas de conhecimento. Enquanto que o Decreto nº 2.207/1997 possibilitou a não obrigatoriedade de pesquisa e extensão, restringindo somente ao ensino para os centros universitários. Além disso, eles não são obrigados a manterem cursos de Pós- Graduação e podem oferecer cursos em apenas duas áreas de conhecimento (TRISTÃO, 2007).

Isso permite que o empresário da Estácio de Sá diga: Depois que o governo criou a figura do centro universitário, ninguém mais quis abrir universidade. Porque (...) não precisa fazer pesquisa e nem precisa ter um terço dos professores em tempo integral, como a universidade (...) eu não me interessei (...) e nem acho que tenha uma pessoa muito interessada pela educação. (...) Eu estou interessado no Brasil? Não, não estou interessado no Brasil. Na cidadania? Também não. Na solidariedade? Também não. Estou interessado na Estácio de Sá (MINTO, 2007 apud TRISTÃO, 2006: 69-70). Ademais, conforme a Revista Ensino Superior (2014) aproximadamente 88% das IPES se concentram na organização acadêmica como faculdade com 2.027.982 matrículas. Isso ocorre porque elas podem ter apenas um curso na instituição, facilitando a sua abertura (ainda que não tenham independência formal para esta prerrogativa, o que faz necessitar autorização prévia) e por não ter a obrigatoriedade que a LDB exige ter em relação aos centros universitários e universidades. Contudo, a maioria delas funcionam como IPES, exercendo a atividade educação como serviço, como mercadoria. 3. A educação como mercadoria: uma introdução a sua forma específica Um dos elementos do nosso trabalho até aqui foi o ensino superior - sobretudo o privado e a mercantilização do ensino nesse setor a partir de 1980. Constatamos também que o Estado foi responsável para essa ocorrência, ou seja, para que houvesse uma expansão significativa do ensino superior privado em relação ao público. Contudo, sem o professor universitário ministrando suas aulas, oferecendo seu saber para as IPES, nada disso aconteceria. O saber do professor é imprescindível para que os empresários da educação de ensino superior lucrem. Sem o docente não há matrículas, não há alunos, não há disciplinas para serem ofertadas e muito menos o capital buscaria valorização no ciclo de reprodução ampliada típico D M P M D (Ddinheiro; M-mercadoria; P-produção; M mercadoria prenhe de mais valia; D dinheiro acrescido). Além do mais, não aconteceria juntamente com esse processo à busca na aparência a sua valorização no mercado financeiro (D-D ).

No entanto, é necessário diferenciar a produção de mercadorias (objetos) e de mercadorias (serviços), conforme essa passagem: [...] Enquanto na produção de mercadorias (objetos) o produto de P é materialmente diverso dos elementos do capital produtivo utilizados na sua elaboração e o consumo do produto final está separado no tempo e no espaço da sua produção, na produção de mercadorias (serviços) não se produz nenhuma mercadoria palpável. Os serviços são produzidos no mesmo momento em que são consumidos. O produto de P tem a mesma forma de uso dos elementos da produção (RIBEIRO, 2009: 70). É nessa temática que o ensino superior privado se encontra como uma mercadoria de serviços. Além do mais, esse serviço só pode ser executado com o saber do professor, pois ele é um dos elementos centrais do processo de trabalho, não podendo alienar-se ou ser separado do processo de produção, além de concepção do trabalho a ser executado, ele é o próprio objeto de trabalho docente (TRISTÃO, 2007: 73, Grifo nosso). Isso pode ser representado conforme essa fórmula: Observa-se que é consumido o próprio processo de produção e não um produto dele separável (RIBEIRO, 2009: 70). Portanto, [...] o saber é força produtiva, é um meio de produção, [...] que não se extingue após a execução, o meio de produção, o produto do trabalho e o processo produtivo se fundem em um só momento (SAVIANI apud TRISTÃO, 2007: 73). Logo, o produto do trabalho do professor é a aula, e com a interação professor/aluno (sem a qual o processo educacional não pode se manifestar) o saber é transmitido, sendo produzido e consumido simultaneamente. Além do mais, o professor não pode ser intercambiável 21 (TRISTÃO, 2007). 21 Enquanto que na produção de mercadorias (objetos) o capitalista pode retirar o trabalhador de sua tarefa e colocar outro, o mesmo não pode ocorrer na mercadoria (serviços) ensino. O trabalho do trabalhador professor é dar aula. Desse modo, não tem como o capitalista retirá-lo de sua atividade e colocar outro professor, pois a aula não é fragmentada, parcelarizada como na produção de mercadorias objeto.

Tristão nos fala que na produção capitalista o que interessa ao capital é exatamente a desqualificação do trabalho. Porém, atributos humanos muitas vezes se tornam indispensáveis para o processo global de produção capitalista. Tanto para a produção da mais-valia, quanto para sua realização. Criatividade, comunicação, informação são cada vez mais indispensáveis [...] (2007: 79). Portanto, mesmo que os empresários de algumas IPES contratem horistas, desqualificando-os como forma para explorar o trabalho docente para aumentar seus lucros, há limites e contradições para o capital em sua valorização com esta atividade, a subsunção do trabalho será sempre formalmente, conforme nos revela a citação abaixo (Ellen Tristão, 2014). [...] a essência da aula e da produção de conhecimento é o saber, e o saber é um atributo imanentemente humano. A subsunção real do professor ao capital tornaria o capital detentor desse saber, desqualificando o trabalhador e contrapondo esse saber ao próprio homem, como trabalho objetivado. Porém, nem o saber pode ser objetivado nem o capital pode ser detentor desse saber, pois se o fosse o capital igualaria sua forma à essência humana (TRISTÃO, 2007: 79). Ou seja, mesmo que o professor em regime de trabalho horista tenha um atividade docente precária e pouco qualificada, o saber que ele carrega consigo perante o processo produtivo, não pode ser subsumido realmente pelo capital. Pois, para que isso ocorresse o capital precisaria criar uma máquina dotada de inteligência, sentimentos, criatividade, sensibilidade, intuição, enfim, teria que igualar essa máquina ao homem (TRISTÃO, 2007: 90). Logo, o saber é imanentemente humano, não podendo ser subsumido realmente pelo capital, tornando essa forma de trabalho inadequada à natureza capitalista (TRISTÃO, 2007). Considerações finais Foi possível observar que o Estado brasileiro promoveu o crescimento do setor privado de ensino até que ela se tornasse mercadoria após 1980. A partir dessa data, a LDB possibilitou que as exigências de ter um terço do corpo docente de mestres e doutores e que a pesquisa e extensão não sejam

obrigatórias cumprir; além de flexiblizar a criação de diferentes IES comprometendo o padrão de qualidade. Desse modo, a LDB favoreceu a IPES a lucrar e se lançarem no mercado de capitais, pois a não obrigatoriedade dessa lei estimulou os empresários a contratar professores sem nenhum vínculo exclusivo à dedicação ao ensino, muito menos a pesquisa, e sim a contratar professores horistas (ganhos com aula dada) sem aparecer como adicional de custos para o empresário do setor educacional. Contudo, essa política implica na qualidade do ensino no setor privado por fragmentar o corpo docente e não incentivar o aperfeiçoamento do professorado para a produção de conhecimento, levando o professor horista a uma má qualificação que acarreta em uma educação que altera profundamente a cultura, as formas de sociabilidade e o ensino. Percebemos também que os conceitos mais elevados para os indicadores de titulação acadêmica e jornada de trabalho docente estão concentrados no setor público. Portanto, nossa práxis é por um ensino público, gratuito e nacional. Referências Bibliográficas CARCANHOLO, Marcelo (1997). Globalização e neoliberalismo: os mitos de uma (pretensa) nova sociedade. In: MALAGUTI, Manoel Luiz; CARCANHOLO, Marcelo D.; CARCANHOLO, Reinaldo A. (Organizadores). A quem pertence o amanhã? Ensaios sobre o neoliberalismo-são Paulo, SP: Edições Loyola, pp.199-214. LIMA, Wesley Pereira Lobo de; LUPATINI, Márcio (2014). Mercantilização e Financeirização do Ensino Superior no Brasil. Projeto de Pesquisa. Programa Institucional de Iniciação Científica e Tecnológica, FAPEMIG MACIEL, Alderlândia (2010). O princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão: um balanço do período 1988-2008. Tese doutorado. Piracicaba-SP: Universidade Metodista de Piracicaba. MÁXIMO, Luciano (2014). Fies e Prouni já respondem por 31% de matrículas de universidades privadas. São Paulo, Jornal Valor, Março de 2014. Disponível em: http://www.valor.com.br/brasil/3456822/fies-e-prouni-jarespondem-por-31-de-matriculas-de-universidades-privadas. Acesso em 09/10/2014.

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