O E-TEXTO E A CRIAÇÃO DE NOVAS MODALIDADES EXPRESSIVAS. Palavras-chave: texto, e-mail, linguagem, oralidade, escrita.



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Revista Eletrônica Novo Enfoque, ano 2013, v. 17, n. 17, p. 191 195 O E-TEXTO E A CRIAÇÃO DE NOVAS MODALIDADES EXPRESSIVAS MARQUES, Fernanda Vieira ANDRADE, Antonio Carlos Siqueira de Palavras-chave: texto, e-mail, linguagem, oralidade, escrita. Problemática: A partir do uso e disseminação das mídias eletrônicas, a construção de textos assume novas configurações, de acordo com Marcuschi (2005) e Crystal (2001). Para ambos, a escrita eletrônica, principalmente o e-mail, apresenta como características a informalidade, a transgressão de regras ortográficas e a objetividade. Enquadramento conceitual e teórico: Tradicionalmente, o texto possui uma tipologia geral: o descritivo (sequência de aspectos), o narrativo (sequência de fatos ordenados no tempo e/ou no espaço) e dissertativo/argumentativo (sequência de informações ou de opiniões). Articula-se através de níveis da estrutura sintática e da organização semântica (GUIMARÃES, 2005). Numa definição mais abrangente, o texto é um processo global de comunicação e designa um enunciado qualquer oral ou escrito, longo ou breve, antigo ou moderno como linguagem verbal. Essa definição enquadra-se na visão que a escola considera em seus processos de escolarização, alfabetização e letramento (MARCUSCHI, 2003) e Andrade (1998). No plano semiótico, de sentido multidimensional, texto ou discurso engloba as relações sintagmáticas de qualquer sistema de signos: texto cinematográfico, teatral, coreográfico entre outros (GUIMARÃES, 2005). O texto construído e veiculado pela mídia eletrônica requer uma abordagem diferente daquela utilizada no ensino tradicional (ANDRADE, 1997), pois não conta com estudos e sistematização por ser algo recente e também por abrigar simultaneamente características da língua falada. Consequentemente, problema de texto, doravante e-texto, não é apenas fundir uma modalidade discursiva com a outra, mas amalgamar essas duas e construir uma modalidade nova que, longe de ser monológica, é dialógica em sua natureza, onde o

usuário dispõe de um espaço próprio no mundo digital e que pode ser expandido infinitamente. Procedimentos metodológicos: OBJETIVOS A pesquisa teve como propósito: Levantar estratégias de produção textual utilizadas na construção de textos veiculados eletronicamente; Testar hipóteses sobre a natureza híbrida dos gêneros eletrônicos; Estabelecer as relações entre a fala e a escrita, oralidade e letramento; Contribuir de algum modo para o entendimento dos processos de interdiscursividade e de intertextualidade. METODOLOGIA A pesquisa parte da revisão da literatura, quando foram examinadas as principais obras de referência sobre o assunto, embora o tema ainda não apresente pesquisa com segurança e variedade de trabalhos. Assim, a bibliografia específica ressente-se de obras, pois é algo ainda incipiente há muitas obras sobre a internet, alcance de mídia eletrônica, mas muito pouco sobre a sua natureza discursiva, a estruturação e/ou configurações que apresenta. A pesquisa situa-se na área de estudos linguísticos e considera a linha sociointeracionista na composição dos gêneros textuais. O e-texto aqui estudado é o da correspondência eletrônica: o e-mail, em duas modalidades o pessoal (ou privado) e o profissional. A hipótese que norteia o trabalho é: - Há certa regularidade na fusão de características da fala com a da escrita na composição do e-texto. As hipóteses derivadas são: - A construção do e-texto não abriga as repetições do texto falado (ANDRADE, 1988) nem as redundâncias do texto escrito (ANDRADE, 1993); - As estratégias de regularização e normatização que partem da corretude linguística são menos relevantes no e-texto. 192

- A natureza dialógica do e-texto é o fator decisivo na transgressão de regras gramaticais; - O tipo de correspondência (pessoal ou profissional) estabelece regras de construção próprias. COMPOSIÇÃO CORPORA O corpus levantado foi constituído de 43 e-mails de caráter particular ou privado, incluindo suas respostas (correspondência entre pessoas que se relacionam frequentemente fora do ambiente de trabalho) e de 36 emails de caráter profissional, incluindo suas respostas (memorandos, circulares, assuntos ligados ao desempenho profissional do informante). Total de informantes: 79 Os e-mails considerados pela análise foram selecionados levando-se em conta as variáveis apresentadas mais adiante (Imagem 1). Natureza da correspondência: pessoal, ou seja, o intercâmbio de mensagens entre pessoas que cultivem um relacionamento de amizade, que tenham contatos pessoais e virtuais frequentes, que dividam crenças, opiniões, propósitos e tipos de vida. Profissionais, isto é, intercâmbio de mensagens comuns no ambiente profissional: memorandos, circulares, análise de relatórios, pareceres e outros assuntos ligados ao desempenho profissional do informante. A inclusão de mais de um tipo de e-mail, isto é, o particular e o profissional, se pauta pela possibilidade de variação diafásica da mensagem, porquanto o texto se orienta como coloquial/informal de um lado e formal de outro, estabelecendo uma escala que inclui formas de tratamento (pronomes, vocativos), vocabulário neutro ou informal e modo de abordagem de temas. Variáveis Imagem 1 193

Resultados Principais e/ou Considerações Finais: Na fase anterior de nossa pesquisa, a Coleta de Dados, tivemos uma dificuldade para o levantamento do nosso CORPUS, uma vez que os voluntários que concederam seus e-mails para participar de nossa pesquisa pouco utilizavam este meio de correspondência. Como atualmente, a grande maioria de pessoas que se comunica pela internet, seja pessoal ou profissionalmente, possui um perfil em alguma página de relacionamento social (enfatizamos aqui o Facebook até agora o maior responsável pela ausência de comunicação via e-mail) e automaticamente acaba se aproveitando deste também para sua correspondência eletrônica diária. A adoção deste novo método de comunicação nos causou uma imprevista falta de volume de elementos para a análise (como pode ser observado em uma de nossas variáveis Homens 18/30 anos cunho profissional, na qual eram previstas, no mínimo, 10 amostras, porém o quantitativo desta variável foi trabalhado com apenas 6). Portanto, foi constatado que devido à necessidade de velocidade para veiculação de informações, o e-mail, assim como outras mídias, está perdendo a sua força e deixando de ser o meio principal de veiculação digital abrindo um espaço volumoso para a comunicação instantânea nas redes sociais. De acordo com os dados levantados, chegamos às seguintes conclusões em relação às nossas hipóteses: Confirmamos a hipótese principal, de que há regularidade na fusão de características da fala com a escrita na composição do e-texto. Já os e-mails de caráter profissional seguem o modelo de texto escrito, pautado pela norma culta. Fica claro que tanto este tipo de correspondência (a profissional), quanto o outro tipo (a pessoal) têm suas próprias regras de construção, pois o mesmo indivíduo constrói um e-texto profissional e outro e-texto pessoal, este último com marcas de oralidade. Portanto, o quantitativo que correspondeu a nossas hipóteses, os e-mails de caráter pessoal, mostrou que na escrita do e-texto há mais liberdade de expressão. Através da utilização de símbolos gráficos em outro contexto, ou repetições, ou abreviações, com outra finalidade, que não o gramatical, é possível comunicar qualquer tipo de mensagem, conversa, emoção, situação etc. E, de acordo com as respostas destes e-mails, é perceptível o entendimento desta transgressão gramatical como característica desse tipo de texto. Tais transgressões, repetições, irregularidades, são simplesmente 194

características do discurso que se apresenta imediato. A corretude linguística é irrelevante. O diálogo é imediato. E é isso que se observa no texto escrito: um tipo de representação gráfica do que se fala. Referências: GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. São Paulo: Ática, 2006 FÁVERO, L. L. Coesão e Coerência Textuais. São Paulo: Ática, 2004 MARCUSCHI, Luiz Antônio & XAVIER, Antônio Carlos (orgs). Hipertexto e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2003. SALIES, Tâinia & SHEPHERD, Tania. Linguística da Internet. São Paulo: Contexto, 2013. (Julho 2013) 195