ASSINTEC Associação Inter-Religiosa de Educação



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Transcrição:

ASSINTEC Associação Inter-Religiosa de Educação RESENHA DA CARTILHA: DIVERSIDADE RELIGIOSA E DIREITOS HUMANOS A cartilha enfoca o fato do Estado Brasileiro ser laico, isto é significa que ele não possui identidade religiosa específica. Aponta para o artigo 5º, inciso VI, da Constituição que se refere à liberdade de consciência e crença, que é um dos direitos fundamentais da humanidade. O Brasil deveria servir de exemplo por ser um país pluralista, onde os diversos convivem de forma harmoniosa. Porém, até mesmo aqui o preconceito existe, diferentes formas de discriminação são exercidas, contudo código Penal Brasileiro prevê punição para este crime. O desrespeito às espiritualidades indígenas, aos terreiros de candomblé e umbanda, entre outros é ato contrário ao que propõe o Programa Nacional dos Direitos Humanos. Este programa busca a incentivar o diálogo entre os diferentes segmentos religiosos e promover o reconhecimento e respeito às diferenças. Esta cartilha surgiu como resultado da reflexão de várias tradições religiosas e recebeu o respaldo do atual Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo Secretário Especial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda e Subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Perly Cipriano, entre outros. A cartilha está organizada em cinco capítulos cujo conteúdo será especificado a seguir. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Neste capítulo se apontam considerações acerca do Artigo XVIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o qual se refere à liberdade de pensamento, consciência e religião. Inicia descrevendo a unicidade de Deus, apresentado com diferentes nomes nas diversas religiões e que apresenta a vontade de que as pessoas de todo o mundo vivam em paz e fraternidade. Ao discriminar as pessoas e suas crenças estamos desafiando a vontade de Deus e desconsiderando que as pessoas tem a capacidade e o direito de pensar livremente. 1

Em todo o mundo ocorrem iniciativas por parte de entidades governamentais e não governamentais no sentido de instaurar o Compromisso com a Paz Global, isto gerou um documento. A presente cartilha destaca alguns pontos deste documento: Religiões contribuem para a paz e paradoxalmente criam divisões e alimentam hostilidade; Muitas vezes guerras e violências são perpetradas em nome da religião; Não há possibilidade de paz para a humanidade sem o reconhecimento da diversidade de culturas e religiões. O compromisso com a Paz Global não se restringe apenas aos líderes religiosos, mas se estende à todos os cidadãos e cidadãs do mundo. A intolerância religiosa está muito próxima de todos nós, não podemos fechar os olhos e lavar as mãos, o compromisso com a paz começa no dia-dia. É preciso verificar como nos relacionamos com os outros, familiares ou não e reconhecer o direto à diferença. Quantos de nós já não sofreram algum tipo de preconceito simplesmente por professar ou não uma fé? Para se instaurar esse projeto de Paz Global é preciso superar todas as formas de preconceitos e zelar para que todos tenham direito a uma vida de qualidade. CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA Este capítulo inicia a discussão a partir do artigo 5º, inciso VI da Constituição Brasileira, que trata da inviolabilidade do direito de consciência, crença e exercício de cultos religiosos. As pessoas possuem religião ou não a possuem, conforme seu desejo pessoal. As escolhas devem ser respeitadas, e isto cabe a cada um de nós, e o que cabe ao governo e garantir esta liberdade de escolha. No Brasil, assim como em outros países do mundo, várias iniciativas surgem com o objetivo de combater a discriminação e a intolerância e lutar por melhores condições da vida para todos, sendo que esta cartilha surge como uma dessas iniciativas. 2

PROGRAMA NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS Neste capitulo é apresentada a proposta 110 que trata de prevenir e combater a intolerância religiosa das religiões minoritárias e dos cultos afro-brasileiros, foi implantada em 1996.. Desenvolve o histórico dos objetivos e ações de Gandhi no seu trabalho de libertação da Índia. A partir da não violência ele divulga ações de respeito às minorias, às diferentes etnias e crenças. Este capítulo também discorre sobre as Leis que defendem a liberdade de crença, de forma individual ou coletiva, tanto em público quanto em particular e assinala que as escolas públicas devem respeitar a opção religiosa dos alunos, pertinente ao que está no artigo 33 da LDB/96. Cita, este capítulo, que as maiores vítimas da intolerância religiosa são as religiões afro-brasileiras. Terreiros de candomblé e umbanda têm sido invadidos e seguidores destas religiões desrespeitosamente tem sido chamados de adoradores do diabo. Contudo, para as tradições religiosas afro-brasileiras, o terreiro é considerado um espaço sagrado, local de resistência e preservação da cultura e da memória do povo. O texto discorre sobre um mito da tradição africana, neste encontra-se a explicação do fato da verdade, mesmo sendo única, é percebida de forma fragmentada pelas pessoas. Segundo o mito a verdade não pertence a ninguém. Porém, há um pouco dela em cada lugar, crença e no íntimo de cada ser humano. PROPOSTA 113 DO PROGRAMA NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS Esta proposta apresenta a necessidade de incentivar o diálogo entre movimentos religiosos visando a construção de uma sociedade pluralista e que tem por base o reconhecimento, respeito às diferenças de crença e culto. Cita comportamentos de intolerância praticados, por exemplo: quebrar a imagem da religião do outro, como aconteceu em Brasília no ano 2004, onde alguém motivado por impulsos pessoais, destruiu a imagem de Nossa Senhora da Paz. Outro gesto de intolerância seria a evangelização imposta aos povos indígenas até os dias de hoje. 3

Critica a imprensa por omissão, ou seja, não dar cobertura para as práticas violentas acontecidas contra religiões ditas minoritárias. A cartilha é concluída por meio de uma reflexão sobre os aspectos positivos do diálogo entre os diferentes que acontece em diversos espaços geográficos do Brasil. CONSIDERAÇÕES SOBRE A CARTILHA FEITAS PELA EQUIPE PEDAGÓGICA DA ASSINTEC. 1. A cartilha realiza uma pertinente reflexão sobre a necessidade de combater formas preconceituosas de relacionamento entre pessoas de diferentes crenças, etnias e culturas. 2. Aponta alguns mitos e fatos que podem servir como ponto de partida para aulas de Ensino Religioso. 3. As reflexões recebem respaldo de texto de Lei, trazendo com isto o conhecimento da legislação sobre os aspectos da diversidade religiosa e dos direitos humanos. 4. A linguagem é clara, direta e simples, cumpre bem o objetivo de comunicar, porém se caracteriza ainda como linguagem religiosa e não pedagógica. Ex: Experiências como essas e tantas outras deixam contente o Criador (p. 37) Neste exemplo se evidencia um certo tom catequético, partindo do pressuposto que todos têm a mesma concepção de Deus, quando na realidade existem tradições religiosas que não concebem a existência do Transcendente como criador. 5. Muitas vezes no texto aparece a palavra raças, conforme reflexões atuais antropológicas o mais indicado seria o termo etnias ou grupos humanos. 6. As citações indicadas procuram abranger uma gama significativa de Tradições Religiosas, porém não estão devidamente referendadas, ou seja, apresentam apenas nome do autor ou da Tradição Religiosa, sem detalhamentos sobre a fonte. 7. Reconhecemos que este material pode vir a se tornar subsídio importante para as aulas de Ensino Religioso, vindo a auxiliar o professor no desenvolvimento de suas aulas, por meio de seus conteúdos. 8. Ressaltamos que estes conteúdos podem ser trabalhados em conformidade com a realidade da cultura curitibana. 4

SUGESTÕES DE ATIVIDADES CICLO I PRIMEIRA ATIVIDADE Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião(...) Art XVIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos: Cartilha da Diversidade Religiosa e Direitos Humanos. Refletir com os alunos sobre a liberdade de crenças. Construção da árvore das religiões. O professor faz o desenho, em tamanho grande, do tronco e dos galhos de uma árvore, em papel. Os alunos prepararão as folhas. Estas folhas serão anexadas a arvore, em cada folha o professor poderá escrever o nome da religião do aluno. Deste modo ao final da atividade todos estarão representados na árvore, cada folha simbolizando um aluno e sua crença. Se o aluno for ateu, ou não lembrar do nome de sua religião, poderá escrever sem religião, não me lembro. Pensamento para reflexão: A regra de ouro consiste em sermos amigos do mundo e em considerarmos toda a família humana como uma só família (...) (Gandhi, p.12). 5

SEGUNDA ATIVIDADE: utilizando o simbolismo da abelha. ABELHA: serzinho de asas que foi por vezes considerada uma gota de luz caída do Sol na aurora Símbolo do trabalho e do amor. Também considerada no ocidente como símbolo da alma As abelhas produzem o mel.ser doce como o mel pode significar ser uma pessoa suave, que produz boas ações no mundo. Os preconceitos, sejam eles de cor de pele, de sexo, de religião, entre outros, é combatido vigorosamente por todos aqueles que desejam construir um mundo de paz. Que tal realizar uma pesquisa de campo com seus alunos, por meio de uma entrevista onde eles pesquisarão quais sãos as ações que os seguidores de determinada tradição religiosa executam, em comunidade, a fim de construir um mundo melhor? (A tradição pode ser aquela que o aluno freqüenta ou qualquer outra, no caso de não participar de qualquer religião, ele não se sentirá excluído, pois pode realizar a pesquisa conforme seu desejo). Construir em cartolina uma colméia, tradições religiosas estarão ali representadas. O objetivo é refletir com os alunos a participação de todos na construção de um mundo mais solidário. Onde pessoas diferentes trabalham juntas na construção das culturas de paz. Para refletir sugerimos os três primeiro itens da cartilha Diversidade Religiosa e Direitos Humanos, encontrados na página 12, a saber: As religiões têm contribuído para a Paz no mundo, mas também têm sido usadas para criar divisão e alimentar hostilidades ; O nosso mundo está assolado pela violência, guerra e destruição, por vezes perpetradas em nome da religião ; Não haverá Paz verdadeira até que todos os grupos e comunidades reconheçam a diversidade de culturas e religiões da família humana, dentro de um espírito de respeito mútuo e compreensão. 6

CICLO II PRIMEIRA ATIVIDADE Conforme a Cartilha sobre Diversidade Religiosa e Direitos Humanos o Ser Sagrado aparece nas diferentes religiões com nomes diversos. Deus, Alá, Javé, Olorum, O Grande Espírito, A Deusa, Brahman...São muitos os nomes pelos quais os seres humanos chamam o Criador. Mas a vontade dele é uma só: que todos seus filhos e filhas vivam em Paz, como irmãos e irmãs (p. 10). Para certas tradições uma palavra pode proteger ou destruir uma pessoa. Um nome é um tom, é onde o espírito recebe um som para identificá-lo. Para a cultura Guarani, segundo Jecupé (1998), o ato de dar nomes é a manifestação da parte céu de um ser, na parte terra. Cada pessoa tem seu tom, seu nome, e este nome é a música que acompanha cada um do seu nascimento até sua morte. Sugere-se fazer uma pesquisa sobre os diferentes nomes dados a Deus ou Deusa nas diferentes religiões. Curiosidade: o ato de dar nome aos meninos e meninas no judaísmo. Aos oito dias de vida o menino é circuncidado, para mostrar sua entrada no pacto de Abraão. Ele recebe um nome judaico e todos rezam para que seja abençoado. A menina pode receber o nome na sinagoga, pelo pai, logo depois de nascer ou então em cerimônia especial. Em certa tradição indígena quando alguém dá seu nome a um bebê, fica sem nome e vai buscar outro para si. Nomes bíblicos são muito comuns para crianças cristãs, como: Maria, José, Mateus... Nomes são sons, uma combinação de vogais e consoantes que servem para identificar uma pessoa. Antigamente se dizia Não é o nome que faz a pessoa, mas sim esta que faz o nome. 7

O professor pode sugerir que cada aluno pesquise junto à sua família, quem foi que lhe escolheu o seu nome, de onde veio a inspiração, significado, homenagem... Elaborar um quadro informativo dos diferentes nomes dados à divindade, conforme pesquisa que os alunos realizaram. SEGUNDA ATIVIDADE Segundo a cartilha sobre Diversidade Religiosa e Direitos Humanos, em agosto de 2000b centenas de representantes das diferentes religiões do planeta entenderam que a chegada do novo milênio era uma boa oportunidade, mais uma, para nos amarmos como irmãos e irmãs. E de darmos as mãos pela Paz na Terra. (...) Juntos firmaram um compromisso que se chamou o Compromisso com a Paz Global (p. 11) Sugerimos que os alunos elaborem um texto no qual desenvolvam suas idéias acerca dos elementos necessários para a vivência da Paz Global. Estes textos poderão ser entregues na panificadora do bairro, no mercado... a fim de serem distribuídos para a comunidade, com a finalidade de inspirar comportamentos éticos na sociedade. Os alunos poderão ser divididos em equipes.cada equipe elabora um cartaz contendo a frase de alguma liderança religiosa que transmita mensagens de Paz. As mensagens aqui sugeridas foram extraídas da cartilha: O Supremo Senhor do universo, que tem diferentes nomes em diferentes culturas, ama a todos. Dele emana toda a liberdade de pensamento, religião ou de consciência (Igreja Metodista, p. 10). Se eles se inclinam à Paz, inclina-te tu também a ela e encomenda-te a Deus... (Maomé, p.14) Toda crença é respeitável, quando sincera e conducente à prática do bem (Allan Kardec, p. 15). A meta última da religião é o amor (...) (Hinduísmo, p. 19) Não terás nenhum pensamento de ódio contra teu irmão (Moisés, p. 26) 8

Prevenir a intolerância é assumir que nenhuma verdade é única. É reconhecer que o outro tem livre arbítrio (...) Esse reconhecimento pressupõe garantir-lhe o direito de pensar; de crer, de amar, de doar, de rezar, de ser gente religiosa. Gente que exercita a missão sagrada de reconhecer no outro a imagem e semelhança de Deus, Olorum, ou Javé (Religiões afro-brasileiras, p. 35) A cartilha apresenta muitas outras frases que poderão ser aproveitadas. Cabe lembrar que o caderno nº 1 de Ensino Religioso de 2004, entregue às escolas municipais, elaborado pela equipe da ASSINTEC e da SME, apresenta na página nº 33, a regra de ouro do cristianismo, islamismo, judaísmo, budismo, hinduísmo e taoísmo, bem como o símbolo de cada uma destas tradições. Este conteúdo pode ser aproveitado. Os alunos poderão aprender a identificar os símbolos de cada Tradição, para isto sugere-se trabalhos com desenho, pintura e modelagem. Ex: Cristianismo Confucionismo Islamismo 9

Budismo Hinduísmo Judaísmo Taoísmo SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA QUINTAS SÉRIES A página 32-33 da cartilha apresenta o seguinte texto: No momento em que o grupo de trabalho encerrava em Brasília, a produção desta cartilha sobre Diversidade Religiosa e Direitos Humanos, a capital do Brasil assistia a mais um ato explícito de intolerância religiosa. Cerca de 3 mil católicos participavam de uma celebração na Catedral Militar Rainha da Paz, em Brasília, quando um homem subiu no altar, ergueu e jogou no chão a imagem de Nossa Senhora da Paz, quebrando-a em pedaços. O homem acreditava que seu gesto era bom, porque combatia o pecado da idolatria. è o dia mais feliz da minha vida. Deus está contente porque eu quebrei a imagem!, disse ele, depois de ser preso. 10

Abrir um debate com os alunos sobre esta questão. O professor poderá trazer outros exemplos de intolerância religiosa, entre eles: a catequização imposta aos povos indígenas, no passado e na atualidade, os cultos de umbanda e candomblé que são intitulados de cultos satânicos (por pessoas preconceituosas), os ateus que são discriminados pelos seguidores de crenças religiosas e os religiosos que são discriminados pelos ateus. Sugere-se uma atividade que evidencie o valor da vida de cada aluno e localize aquilo que lhe é mais importante no momento, seu coração. A margarida da vida O aluno desenha uma margarida, com um núcleo e com pétalas ao redor e depois vai escrevendo no interior de cada pétala uma atividade que ele exerce no mundo. Ex: aluno, amigo, espírita, filho...após uma pausa para que ele se concentre em sua vida, contemple as pétalas de suas atividades, deverá então preencher o centro da margarida com a palavra, ou desenho que represente aquilo que ele considera como um valor importante em sua vida. Exemplos: amor, coragem, criatividade. Na segunda etapa de atividade o aluno fará a margarida das religiões. Ele constrói diversas margaridas, do mesmo modo, porém agora a primeira coisa que ele completa é o centro das margaridas, com o nome de alguma tradição religiosa. Cada margarida para uma religião. Após pesquisa deverá preencher as pétalas com palavras que façam parte da vida daquela tradição. Ex: No centro da margarida ele escreve a palavra: Hinduísmo e nas pétalas palavras que expressem valores importante para esta religião: não-violência, Brahma, Vishnu, Shiva, Rio Ganges Outro exemplo Igreja Presbiteriana, escrito no centro e as palavras: pastor, Jesus Cristo, Bíblia e cruz, nas pétalas. A margarida da vida pode ser elaborada em horário escolar, porém para a elaboração da margarida das religiões será necessária uma pesquisa prévia sobre as religiões que serão representadas. 11

Seria interessante, ao término destas atividades, voltar a reflexão para tema gerador da atividade: o desrespeito e a intolerância religiosa. A atividade prática da elaboração das margaridas sugere ligações importantes com esta temática: 1. Cada margarida individual é a representação de alguém, suas atividades no mundo e o seu motivador principal (núcleo), desconsiderar qualquer uma delas significa desprezar e desrespeitar a pessoa que está representando. 2. Cada margarida é diferente, mas assim é a biodiversidade, cada um é importante para formar a beleza e o colorido da vida. 3. Do mesmo modo, se desrespeitamos crenças alheias estamos ferindo sentimentos das pessoas que colocam nestas crenças seu modo de ver o mundo e de ser feliz. Intolerância Religiosa é, também, desrespeito aos Direitos Humanos. E é crime, previsto no Código Penal Brasileiro. (Cartilha da diversidade Religiosa e Direitos Humanos, p. 35) Elaboração da Equipe pedagógica da ASSINTEC: Borres Guilouski, Diná Raquel Daudt da Costa e Emerli Schlögl. 12