Desenvolvimento socioeconômico e conflitos territoriais. Pôster Digital



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Transcrição:

1 2º SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE Desenvolvimento, e conflitos territoriais e saúde: ciência e movimentos sociais para a justiça ambiental nas políticas públicas. Desenvolvimento socioeconômico e conflitos territoriais 19-22 de outubro de 2014 MINASCENTRO Belo Horizonte MG Pôster Digital OS EFEITOS DA CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA DO CÓRREGO DE MUMBABA E O RIACHO MUSSURÉ NA VIDA DOS RIBERINHOS JOÃO PESSOA PB. Maria Leônia Pessoa da Silva, enfermeira, Mestre Saúde Pública pela Universidade Federal da Paraíba, e doutoranda em Recursos Naturais UFCG, e- mail leoniapessoa@hotmail.com.

2 OS EFEITOS DA CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA DO CÓRREGO DE MUMBABA E O RIACHO MUSSURÉ NA VIDA DOS RIBERINHOS JOÃO PESSOA PB. 1 Maria Leônia Pessoa da Silva, 2 José Dantas Neto 3 Maria Cristina Basílio Crispim da Silva, RESUMO: Este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade da água do riacho Mussuré e o córrego Mumbaba por meios de parâmetros físico-químicos. Para tanto, delimitou-se como área de estudo a bacia do riacho Mussuré, que está inserida na bacia do rio Gramame, no estado da Paraíba. E o Córrego localizado na comunidade Mumbaba no sudoeste do Município de João Pessoa PB. A metodologia consistiu na análise de dados de qualidade da água. Os dados referentes a parâmetros físicos, químicos, foram analisados ao longo de cinco estações de coleta. Foram constatadas diversas alterações na qualidade da água do riacho Mussuré e o córrego, ao longo de todo seu curso. Os teores de OD estavam muito abaixo do limite estabelecido pela Resolução CONAMA 357/05 para a classe 3 (4,0 mg/l), nas cinco estações monitoradas. A estação situada aproximadamente na metade do curso do riacho apresentou os maiores valores de turbidez, e a pior qualidade da água através do uso dos dois índices citados, fato que se deve ao lançamento de efluentes industriais a montante desta estação. Pelos resultados encontrados conclui-se que o riacho Mussuré, e o córrego apresenta alto grau de degradação e suas águas representam um risco para a saúde da população usuária. Palavras-chave: Efluentes industriais, água residuária, recursos hídricos. 1 Enfermeira, Mestre Saúde Pública pela Universidade Federal da Paraíba, e doutoranda em Recursos Naturais UFCG, e-mail leoniapessoa@hotmail.com. *Parte do projeto de tese do primeiro autor 2 Agrônomo - pela Universidade Federal da Paraíba, mestrado em Engenharia Agrícola UFPB, doutor em Agronomia (Irrigação e Drenagem) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e professor associado IV da Universidade Federal de Campina Grande. 3 Bióloga pela Universidade Federal da Paraíba, doutorado em Ecologia e Biossistemática pela Universidade de Lisboa, pós doutorado na área de ecologia aplicada e professora Associada UFPB. Agrônomo - pela Universidade Federal da Paraíba, mestrado em Engenharia Agrícola UFPB, doutor em Agronomia (Irrigação e Drenagem) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e professor associado IV da Universidade Federal de Campina Grande.

3 INTRODUÇÃO A qualidade dos ecossistemas aquáticos tem sido alterada nas últimas décadas, vêm sofrendo, devido às ações humanas, sejam elas domésticas comerciais ou industriais, e consequentemente produzindo inúmeros problemas ao seu aproveitamento. Estes usos múltiplos da água pelo homem, os quais acarretaram impactos ambientais como: ocupação do solo indevida, uso indiscriminado da água, desmatamento de matas ciliares, desvios de cursos d água, contaminação, diminuição da matéria orgânica dentre outras degradações, têm contribuído para o desaparecimento de rios e lagos, afetando profundamente o ciclo da água e o clima. A grande maioria da população brasileira está concentrada em cidades próximos de rios e mananciais, desencadeando um duplo impacto negativo para os recursos hídricos: a intensificação do uso e o aumento da poluição. Rios, reservatórios, praias e baías nas proximidades das maiores áreas urbanas do Brasil, encontram-se poluídos em decorrência do destino inadequado dado a esgotos, efluentes industriais e resíduos sólidos. Grandes rios, e mesmo pequenos córregos, que atravessam as áreas urbanas no Brasil são, muitas vezes, usados como receptores de águas servidas e depósitos de lixo. Além de problemas de poluição e de proliferação de vetores, por ocasião de chuvas intensas, esses cursos de água costumam transbordar, ampliando os problemas sanitários e ambientais (BRASIL, 2000). Situação semelhante pode ser encontrada no riacho Mussuré, e no córrego Mumbaba onde são registrados focos de poluição decorrentes da introdução de efluentes de origem doméstica e industrial oriundos do Distrito Industrial de João Pessoa, que provocam alterações diversas na qualidade da água, bem como, na estrutura da cadeia alimentar da biota aquática e até atingir a saúde das comunidades ribeirinhas. Segundo Abrahão (2006), de acordo com a Companhia da Industrialização do Estado da Paraíba (CINEP), das 83 indústrias hoje em funcionamento, 59 lançam, direta ou indiretamente, seus efluentes líquidos no riacho Mussuré. O grande volume de efluentes lançados diretamente no riacho Mussuré prejudica sua assimilação afetando o processo de autodepuração, fazendo com que ele não se recupere totalmente da carga poluidora recebida. Faz-se necessário, uma investigação sobre os impactos destes efluentes na qualidade da água do riacho e o córrego Mumbaba, e implicações para o meio ambiente. Sendo assim, Braga et al. (2003) explicita que é fundamental que os recursos hídricos apresente condições físico-químicas adequadas para a utilização dos seres vivos, devendo conter substâncias essenciais à vida e estar isentos de outras substâncias que possam produzir efeitos prejudiciais aos organismos.

4 No presente trabalho é apresentado um estudo experimental dos parâmetros físico-químicos de amostras de água do Riacho Mussuré e o Corrego Mumbaba, localizados na cidade de João Pessoa PB, com o objetivo de avaliar a qualidade físico-química e observar o estado de conservação do mesmo. Material e métodos A coleta foi realizada no período de janeiro e abril de 2014. Foram estabelecidos cinco pontos de amostragem, sendo três pontos situados ao longo do riacho Mussuré (MS00, MS01, MS01A). A escolha destes pontos se deu pelo fato de que estes atravessam a comunidade Mumbaba. E dois pontos no Córrego (CM01, CM02) na comunidade Mumbaba. O riacho Mussuré está inserido no Distrito Industrial de João Pessoa/PB. O Córrego localizado na comunidade Mumbaba no Município de João Pessoa/PB. Os parâmetros limnológicos da água dos ambientes analisados, tais como, temperatura da água (ºC), oxigênio dissolvido (mg/l), ph, condutividade elétrica (µscm-1) foram determinados através de sonda multiparâmetros, como forma de analisar a qualidade da água. As análises foram feitas pelo laboratório de ecologia aquática do DSE/CCEN da Universidade Federal da Paraíba PB. Resultados e Discussão Parâmetros limnológicos do Córrego Mumbaba e o Riacho Mussuré Para assegurar a manutenção da fauna aquática e garantir a ingestão de substâncias que não sejam nocivas à saúde, alguns parâmetros foram estabelecidos para medir a qualidade da água. De acordo com a CETESB (2008), as variáveis que compõem os parâmetros físico-químicos são: temperatura da água; ph; turbidez; condutividade e oxigênio dissolvido. Essas variáveis são as que mais sofrem influência das estações do ano (SILVA et al., 2007). Os resultados encontrados (ver tabelas em anexo) permitem os seguintes comentários: Tabela 1 Parâmetros físicao-químico da qualidade das águas do Córrego Mumbaba e o Riacho Mussurè referente ao mês de janeiro/abril ano de 2014. Rio Estação Período da coleta Riacho Mussuré MS00 MS01 MS01A MS00 MS01 MS01A Latitude (m) 289921 289808 289405 Longitude (m) 9205243 9205232 9205117 Temperatura ( 0 C) 26,7 28,8 28,6 26,0 25,0 28,6 Turbidez ph OD Condutivida de eletrica 49,0 43,5 14,0 19,0 17,6 66,8 6,6 5,6 11,23 7,24 5,6 11,23 3,92 2.09 2,43 5,0 4,0 3,0 238,2 218,6 134,10 254 253 665 Córrego CM01 CM02 CM01 CM02 0710971 0711260 3454497 3454444 32,6 33,6 32,6 33,6 46,5 26,9 98,0 21,4 7,75 6,82 7,5 6,82 1,78 0,96 1,78 0,96 555,1 924,0 756 1180

5 Temperatura da Água O estudo da temperatura da água é um importante fator ecológico, pois segundo Von Sperling, (1996) tanto pela influência que pode exercer sobre os vários tipos de organismos, como pela relação existente entre ela e o teor de gases dissolvidos. Para Vinatea (1997) Quanto maior for à temperatura na água, maior será a velocidade de crescimento dos animais, desde que todas as demais variáveis se conservem em condições favoráveis. Por outro lado, o aumento na temperatura é um fator crítico, que leva a uma diminuição na solubilidade dos gases na água, ao mesmo tempo em que aumenta a demanda de oxigênio dissolvido por parte dos organismos. Os dados do Riacho Mussuré, apresentou o valor mínimo de 26,7 ºC no ponto MS00, e máximo de 28,8 ºC no ponto MS001 nesse mesmo período. No entanto, o córrego apresentou alterações elevadas entre os pontos CM01 32,6 ºC, e no ponto CM02 33,6 ºC. Isto devido a estas estações estarem situadas na desembocadura dos efluentes dos despejos das indústrias poluidoras. Nas três estações estudadas do riacho Mussuré os valores de temperatura foram iguais, 28ºC. Esse resultado significa que a temperatura da água não é afetada pelos lançamentos de efluentes industriais. Os valores da turbidez da água de todas os pontos estiveram dentro dos padrões estabelecidos pelo CONAMA, de até 100 UNT. A turbidez da água no riacho Mussuré e o córrego não apresentou alteração significativa entre as estações MS00, MS01, MS01A e CMOI, CMO2. Porém, os valores na estação MS01A foram altos (140 UNT), fato que tem como uma das causas prováveis o contínuo lançamento de efluentes a montante desta estação. Na avaliação do ph (potencial hidrogeniônico), as águas do riacho Mussuré e o córrego Mumbaba apresentaram valores dentro do padrão CONAMA (entre 6,00 e 9,00) exceto as estações, MS01A foi observada a maior alteração deste parâmetro 11,23 gerando um meio mais alcalino que o permitido pela referida Resolução. Esta alteração deve-se à diversidade dos compostos lançados a montante desta estação. No entanto, a estação MS01 o ph da água apresentou-se próxima da neutralidade 5,6. A introdução de matéria orgânica em um curso de água resulta, indiretamente, no consumo de oxigênio dissolvido (VON SPERLING, 1996). Esta afirmativa pode ser constatada nas águas do riacho Mussuré, onde as concentrações de Oxigênio Dissolvido (OD) estão muito abaixo dos limites estabelecidos pelo CONAMA (4,00 mg/l) para um curso d água de classe 3. A área de concentração crítica de OD, ou seja, a área em que a concentração de oxigênio dissolvido na água atinge os mínimos valores está próxima da estação MS01 2,09 e MS01A 2,43. Com relação ao córrego Mumbaba, as concentrações de OD nas duas estações

6 estudadas CM01(1,7), CM02 (0,96) mostram um ambiente praticamente anóxico. Isto devido a estas estações estarem situadas na desembocadura dos efluentes dos despejos das indústrias poluidoras. Estes resultados indicam uma diminuição considerável na concentração de oxigênio provocado pelos despejos industriais. A condutividade elétrica de uma solução é a capacidade desta em conduzir corrente elétrica através da concentração dos íons presentes (ESTEVES, 1988). A avaliação deste parâmetro permite indicar a presença de sais, minerais ácidos e contaminantes lançados nos sistemas aquáticos (PESCE; WUNDERLIN, 2000). A condutividade elétrica das águas registradas nos pontos de amostragem a cinco metros da jusante da ponte BR101 do Riacho Mussuré e cinco metros a montante do tributário que drena a margem esquerda do Riacho Mussuré, revelou valores diferenciados entre os pontos, MS00 (238,2 µs/cm), MSO1(218,6 µs/cm), MS01A (1341,0). Com relação a condutividade elétrica do Córrego Mumbaba houve diferença significativa nos valores de condutividade elétrica entre as estações CMO1 (555,1 µs/cm ), CMO2 (924,0 µs/cm). Condutividade elétrica (µs/cm), apesar desta variável não se encontrar especificada na Resol.357/05, as águas destes pontos MS00 (238,2 µs/cm), e CMO2 (924,0 µs/cm), apresentam altos valores, ou seja, de pontos mais próximos da introdução de efluentes oriundos de indústrias que se localizam na área ribeirinha. Portanto, a quantidade de sais dissolvidos na água é alterada de acordo com a quantidade e qualidade destes efluentes. Isto pode ser um fator limitante para algumas espécies aquáticas mais sensíveis, é possível perceber que a condutividade elétrica da água apresenta-se mais elevada nas três estações. Os resultados da investigação da qualidade da água superficial do córrego Mumbaba, demonstram que o córrego apresenta um elevado índice de degradação da qualidade de suas águas, devido ao mau tratamento dos lançamentos dos efluentes industriais, e como visto pela falta deste, existe uma população que sobrevive sem a mínima estrutura de saneamento básico e, portanto, também pressiona o córrego com despejo de águas servidas e como destinação final de seus resíduos sólidos. Transformando-o em riscos de saúde à comunidade e ao ecossistema. Algumas pesquisas vêm sendo realizadas na Bacia do riacho Mussuré. Estudos realizados por Abrahão (2006) no riacho Mussuré, atestam em qual estado encontra-se a qualidade da água do referido riacho. A pesquisa analisou os parâmetros de qualidade da água de cinco estações de coleta distribuídas ao longo do riacho Mussuré (MS 00, MS01, MS01A, MS 02 e MS 03). Os resultados demonstram que o riacho apresenta um elevado índice de degradação da qualidade de suas águas. Os parâmetros turbidez, ph e condutividade elétrica estão, acima do permitido pela Resolução CONAMA. O oxigênio dissolvido do riacho Mussuré apresenta-se baixo em todos os pontos. No entanto, os valores da temperatura nas

7 cinco estações foram iguais 28ºC. Esse resultado significa que a temperatura da água do riacho Mussuré não é afetada pelos despejos domésticos e industriais. O estudo do citado autor, acrescentou ainda a investigação sobre metais pesados nas estações de coletas, com o objetivo de obter as concentrações de chumbo (Pb), cromo (Cr), cobre (Cu), Zinco (Zn) e níquel (Ni) entre os meses de julho e agosto de 2005. Investigação sobre a ocorrência destes metais pesados no riacho Mussuré detectaram concentrações de Níquel (1,830 mg/l) e de Cobre (1,240 mg/l) na estação MS01A, em todas as coletas, valores acima da máxima concentração permitida pela Resolução CONAMA 357/05. A presença de chumbo nas águas do riacho apresentaram, em todas as coletas, valores alarmantes (0,170 mg/l de Pb na MS 01 e 0,220 mg/l de Pb na MS 02), alcançando mais de seis vezes o valor máximo permitido, de 0,033 mg/l. Deste modo, percebe-se que em todas as estações medidas, com exceção do elemento zinco, os limites máximos estabelecidos para estes metais pesados para rio da classe 3 foram ultrapassados. Ressalte-se que, a presença de metais pesados apresenta um grande perigo para qualquer ecossistema, pois a reação desses metais em águas e sedimentos, na prática, não pode ser controlada. As intoxicações, muitas vezes, só podem ser detectadas após anos e mesmo décadas, fazendo, em muitos casos, uma relação indireta com o aparecimento de doenças como câncer, infecções e distúrbios do sistema nervoso. Na grande maioria dos acontecimentos, a causa da morte ou da enfermidade não está relacionada com a exposição aos metais pesados, pois, não há estrutura dos órgãos públicos de saúde tão eficaz para fazer uma investigação da causa da morte. Em suma, a contaminação do riacho pelos efluentes que as indústrias lançam foi responsável pelo desaparecimento de inúmeras espécies animais, vegetais, pela anorexia da água e a inutilização para fins de dessedentação, agricultura e outras finalidades. Somese a isto que extraíram da comunidade ribeirinha a possibilidade de continuarem sobrevivendo como indivíduos e como comunidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados obtidos neste estudo indicam que a capacidade de autodepuração do riacho Mussuré está comprometida. Tudo isso porque, com o excesso de esgoto doméstico e de efluentes lançados em suas águas, o riacho se tornou incapaz de assimilar tanta matéria orgânica. A capacidade de autodepuração no corpo hídrico pode ser prejudicada por substâncias presentes nos efluentes industriais, uma vez que elas têm ação tóxica sobre os microrganismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica. Quanto aos dados levantados neste estudo sobre Córrego Mumbaba, foi possível concluir que: Vários problemas ambientais ocorrem no Córrego, como por exemplo, a destruição das matas ciliares por moradores da área, até os despejos das residências e indústrias ali

8 instaladas. Favorecendo a disseminação de vetores patogênicos e pondo em risco toda a comunidade circunvizinha. Os resultados mostram que, no geral, os parâmetros analisados apresentam-se fora dos limites permitidos pela legislação vigente - Resolução CONAMA n 357/2005. O controle da descarga de efluentes industriais na região do riacho Mussuré, e no córrego Mumbaba estabelecendo critérios de lançamento e exigindo inclusive um pré-tratamento do esgoto antes de serem lançados. Neste sentido, há necessidade urgente de uma maior conscientização dos empresários, políticos e gestores ambientais sobre os efeitos da poluição nos ambientes aquáticos e suas conseqüências sobre a saúde da população humana, bem como, sobre a biota aquática, se quisermos continuar usufruindo dos bens da natureza. Por isso, é importante que a implantação de novas indústrias seja feita de forma planejada, priorizando o tratamento dos efluentes e levando em conta fatores como vazão dos cursos hídricos, clima e presença de outras atividades poluentes. Referências ABRAHÃO, R. Impactos do lançamento de efluentes na qualidade da água do riacho Mussuré. 2006. 140f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) Prodema, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.2006. BRAGA, B.et al. Introdução à engenharia ambiental. 2 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003. 305p. BRASIL. CONAMA. Resolução nº 357 de 17 de março de 2005. Classificação da qualidade da água dos corpos hídricos e também as diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como condições e padrões de lançamento de efluentes. Brasília, DF, 2005. 23 p. Brasil. Gestão dos Recursos Naturais: subsídios à elaboração da Agenda 21 Brasileira. Brasília, 2000. CETESB. Qualidade das aguas. Disponível em: <http://www.uniagua.org.br/website/default.asp?tp=3&pag=qualidade.htm>. Acesso: 19 jun 2013. ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. Rio de : Editora Interciência/Financiadora de Estudos e Projetos. 1988. PESCE, S. F.; WUNDERLIN, D. A. Use of water quality indices to verify the impact of Córdoba City (Argentina) on Suquía River. Water Research. v. 34, n. 11, p. 2915±2926, 2000. SILVA, A.E.P.; ANGELIS, C. F.de; MACHADO, L.A.T. Influência da precipitação na qualidade da água do Rio Purus. In: XIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 13. 2007, Florianópolis. Anais... Florianópolis: INPE, 2007. p.3577-84.

VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 2 ed Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Minas Gerais, 1996. 243p. 9