ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NO MUNICIPIO DE ATIBAIA, SÃO PAULO



Documentos relacionados
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ÍNDIVIDUOS IDOSOS

Avaliação antropométrica de idosas participantes de grupos de atividades físicas para a terceira idade.

Projeto Ação Social. Relatório equipe de Nutrição Responsável pelos resultados: Vanessa de Almeida Pereira, Graduanda em Nutrição.

Revista de Saúde Pública ISSN: Universidade de São Paulo Brasil

DIFICULDADES ENCONTRADAS NA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE IDOSOS

PERFIL NUTRICIONAL DE PRÉ - ESCOLARES E ESCOLARES DE UMA INSTITUIÇÃO FILANTRÓPICA DA CIDADE DE MARINGÁ, PR

TÍTULO: AVALIAÇÃO DE UM PROGRAMA ESPECÍFICO DE ATENÇÃO À SAÚDE DO ADOLESCENTE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA, VIÇOSA MG.

Perfil Nutricional de Idosas frequentadoras da Faculdade da Terceira Idade. Nutritional profile of elderly who frequent The Third Age Faculty

ANÁLISE DE ASPECTOS NUTRICIONAIS EM IDOSOS ADMITIDOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE ADULTOS E IDOSOS EM UMA UBS DE APUCARANA-PR

10º Congreso Argentino y 5º Latinoamericano de Educación Física y Ciencias

ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE 0 A 10 ANOS COM CÂNCER ASSISTIDAS EM UM HOSPITAL FILANTRÓPICO

Perfil dos indicadores de gordura e massa muscular corporal dos idosos de Fortaleza, Ceará, Brasil

INGESTÃO DIETÉTICA E COMPOSIÇÃO CORPORAL DE DANÇARINAS DA UFPA (BELÉM PA).

Atividade física. Sexo Capital Total n % IC 95%

Vigilância Alimentar e Nutricional SISVAN. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde

1. Tabela de peso e estatura (percentil 50) utilizando como referencial o NCHS 77/8 - gênero masculino

4.6 Análise estatística

ANÁLISE DO PROGNÓSTICO DE PACIENTES INFECTADOS COM HIV DE LONDRINA E REGIÃO DE ACORDO COM PERFIL NUTRICIONAL

RESUMOS SIMPLES...156

Perfil antropométrico de idosos residentes no município de Lindóia. Anthropometric profile among elderly who lived in Lindoia

Perfil nutricional de crianças de 6 a 10 anos de idade das escolas municipais na cidade de Picos/PI.

Novas curvas de avaliação de crescimento infantil adotadas pelo MS

AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE CRIANÇAS DO ENSINO PRÉ-ESCOLAR DA REDE PÚBLICA DO MUNICÍPIO DA AZAMBUJA

Risco cardiovascular e os índices glicêmicos de idosos atendidos em uma clínica de saúde universitária na cidade de São Paulo

A Organização da Atenção Nutricional: enfrentando a obesidade

PERFIL NUTRICIONAL DE PACIENTES PÓS-TRANSPLANTE RENAL 1

CAPACIDADE PULMONAR E FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM OBESOS

AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E CONHECIMENTO ALIMENTAR DE PRÉ-ESCOLARES DE UMA E.M.E.I. NA CIDADE DE SERRA NEGRA SP.

6. Sobrepeso e obesidade Introdução

Nutrição PADRÃO DE RESPOSTA

PROMOVENDO A REEDUCAÇÃO ALIMENTAR EM ESCOLAS NOS MUNICÍPIOS DE UBÁ E TOCANTINS-MG RESUMO

PERCEPÇÃO E REALIDADE Um estudo sobre obesidade nas Américas OUTUBRO 2014

A situação do câncer no Brasil 1

Avaliaç o antropométrica de idosas participantes de grupos de atividades físicas para a terceira idade

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA SEGUNDO A PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DA REDE PÚBLICA INCLUSOS NO PROJOVEM ADOLESCENTE

Os Números da Obesidade no Brasil: VIGITEL 2009 e POF

SAÍDA DO MERCADO DE TRABALHO: QUAL É A IDADE?

Modos de vida no município de Paraty - Ponta Negra

Mudanças demográficas e saúde no Brasil Dados disponíveis em 2008

Capítulo 3. Fichas de Qualificação de Indicadores

Osteoporose. Trabalho realizado por: Laís Bittencourt de Moraes*

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ESCOLARES E A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO CONSUMO DE ALIMENTOS

AVALIAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: UMA ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO FÍSICA ATRAVÉS DAS INTERVENÇÕES DO PIBID/UEPB.

CENSOS 2001 Análise de População com Deficiência Resultados Provisórios

Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia ISSN: revistabgg@gmail.com. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO BALANCEADA EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA

PERFIL NUTRICIONAL DE IDOSOS ATENDIDOS EM HOSPITAL PÚBLICO DA CIDADE DE MARINGÁ

ISSN ÁREA TEMÁTICA:

Avaliação Econômica. Relação entre Desempenho Escolar e os Salários no Brasil

ATIVIDADE PARA O IDOSO. Prof. Dr. Denilson de Castro Teixeira

Mercado de Trabalho. O idoso brasileiro no. NOTA TÉCNICA Ana Amélia Camarano* 1- Introdução

PERFIL NUTRICIONAL DE IDOSOS MORADORES DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA VILA VIDA-TRINDADE-GOIÁS RESUMO

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROF. EDGARD SANTOS- UFBA - HUPES

PADRÃO ALIMENTAR DE INDIVÍDUOS ADULTOS NOS PERÍODOS PRÉ E PÓS-CIRURGIA BARIÁTRICA

RELAÇÃO ENTRE INDICADORES DE MUSCULATURA E DE ADIPOSIDADE COM MASSA CORPORAL E RISCO CARDIOVASCULAR EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

PED-RMPA INFORME ESPECIAL IDOSOS

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE EXERCÍCIO DE IDOSOS COM LOMBALGIA E SUA INTERFERÊNCIA NA QUALIDADE DE VIDA

A importância da Albumina Sérica no processo de cicatrização de feridas

SÍNDROMES GERIÁTRICAS: PREVALÊNCIA DE FRAGILIDADE E IMOBILISMO EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS

PERFIL NUTRICIONAL DE PACIENTES ONCOLÓGICOS HOSPITALIZADOS

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE MENINOS DA CIDADE DE AMPARO - SÃO PAULO

Perfil Educacional SEADE 72

IV Jornada de Alimentação Escolar 21/10/2010 Ana Carolina Feldenheimer

RASTREAMENTO DE RISCO NUTRICIONAL EM PACIENTES CIRÚRGICOS COM SOBREPESO E OBESIDADE DO HU/UFGD DOURADOS/MS.

YadaimOvdot Preparatório para Concursos SIMULADO cargo: Nutricionista

MINAS, IDEB E PROVA BRASIL

PREVALÊNCIA DA SÍNDROME DO COMER NOTURNO EM UNIVERSITÁRIAS

DESNUTRIÇÃO DO IDOSO E SAÚDE PUBLICA NO BRASIL

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A COMPOSIÇÃO CORPORAL DE HOMENS TREINADOS E DESTREINADOS Aristófanes Lino Pinto de Sousa David Marcos Emérito de Araújo

Protocolos de Nutrição Clínica

PREVALÊNCIA DE DESNUTRIÇÃO EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

Mostra de Projetos 2011 RISCO DE QUEDAS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NO MUNICÍPIO DE LONDRINA/PR 2011

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

A DEMANDA POR SAÚDE PÚBLICA EM GOIÁS

A influência da prática de atividade física no estado nutricional de adolescentes

ATIVIDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA 3º E.M.

Análise do perfi l alimentar e nutricional de idosos residentes em Instituição de Longa Permanência

AVALIAÇÃO FÍSICA O QUE PODEMOS MEDIR? PRAZOS PARA REAVALIAÇÃO.

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO PROCESSO SELETIVO 2013 Nome: PARTE 1 BIOESTATÍSTICA, BIOÉTICA E METODOLOGIA

OFICINA DE SAÚDE PARA IDOSOS DO GRUPO REVIVENDO A VIDA

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Autor: Francisco das Chagas Cavalcante da Rocha Orientador: prof. MSc. David Marcos Emérito de Araújo

Saúde. reprodutiva: gravidez, assistência. pré-natal, parto. e baixo peso. ao nascer

Nutritional status assessment of institutionalized elderly

ESTUDO DA PREVALÊNCIA DO CÂNCER BUCAL NO HC DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, ATRAVÉS DO CID 10

Teste seus conhecimentos: Caça-Palavras

Introdução. Nutricionista FACISA/UNIVIÇOSA. 2

Introdução: a população idosa está aumentando, e com ela existe a necessidade de estudarmos

Ações Educativas Em Nutrição: Testando a Efetividade de um Modelo para Reduzir a Obesidade Infantil

Anexo II.1 Informações sobre a Cidade e seu Serviço de Transporte Coletivo Atual

Dossier Informativo. Osteoporose. Epidemia silenciosa que afecta pessoas em Portugal

CONSUMO ALIMENTAR E ATIVIDADE FÍSICA DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DA ÁREA DE SAÚDE

A UTILIZAÇÃO DA BANDAGEM CRIOTERÁPICA NA ADIPOSIDADE ABDOMINAL EM MULHERES ENTRE 25 E 30 ANOS

O resultado de uma boa causa. Apresentação de resultados da campanha pela Obesidade do programa Saúde mais Próxima

Quesitos da função prática. Antropometria

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AO RISCO DE DESNUTRIÇÃO EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

RELAÇÃO CINTURA-ESTATURA DE UNIVERSITÁRIOS DE UMA FACULDADE PARTICULAR DO MUNICÍPIO DE PRAIA GRANDE, SP.

Transcrição:

1 ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NO MUNICIPIO DE ATIBAIA, SÃO PAULO NUTRITION STATUS OF INSTITUCIONALIZED ELDERLY IN ATIBAIA, SAO PAULO, BRAZIL Ester de Almeida Ribeiro 1, Maria Fernanda Petroli Frutuoso 2 1 Granduanda do curso de nutrição da Universidade São Francisco Bragança Paulista SP 2 Nutricionista, Doutora em Saúde Pública, Docente do curso de nutrição da Universidade São Francisco Bragança Paulista SP Endereço para correspondência: MFPFrutuoso. Rua Arthur Prado 479 sala 21. Paraíso, São Paulo SP. CEP 01322-000

2 ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NO MUNICIPIO DE ATIBAIA, SÃO PAULO Resumo Atualmente, observa-se o fenômeno de transição demográfica, com aumento da expectativa de vida e conseqüente envelhecimento populacional, colocando o grupo de idosos entre as prioridades de enfoque no que diz respeito às políticas públicas de saúde e nutrição. Neste contexto, este artigo avaliou o estado nutricional de idosos institucionalizados, por meio de antropometria e Mini Avaliação Nutricional (MAN). Para avaliação antropométrica, foram utilizados como pontos de corte as propostas da Organização Mundial de Saúde e Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN. Foram estudados 45 idosos residentes em instituições asilares públicas e particulares em Atibaia SP, Brasil. O valor médio encontrado em todas as variáveis antropométricas (peso, estatura, circunferência braquial - CB, circunferência da cintura - CC, circunferência do quadril - CQ, circunferência muscular do braço - CMB e área muscular do braço corrigida - AMBc) foi superior entre os homens quando comparado com as mulheres, exceto para dobra cutânea tricipital - DCT. De acordo com o índice de massa corporal (peso/estatura 2 ), 46,7% dos idosos encontravam-se eutróficos, sendo que 15,5% estavam abaixo do peso e 37,8% acima do peso. Observou-se relação inversa entre idade e variáveis antropométricas reforçando a necessidade de padrões de referência específicos para idosos. Com base nos resultados da Mini Avaliação Nutricional, 71,9% dos idosos não apresentaram risco de desnutrição. Conclui-se que a maioria dos idosos avaliados encontra-se eutróficos de acordo tanto com a avaliação antropométrica quanto aos resultados da MAN. Termo de indexação: idoso; antropometria; estado nutricional; Mini Avaliação Nutricional. Abstract Nowadays, there is a demografic transition fenomena, with increasing of life expectance e consequently ageing, puting the elderly among the priorities related to public health nutrition polices. This paper evaluated the nutrition status among institucionalized elderly using anthropometry and the Mini Nutritional Evaluation (MAN). To antropometric evaluation, we used the cutoff points proposed by World Health Organization and Brazilian Food and Nutrition Surveillance System - SISVAN. We studied forty-five elderly who lived in public and private institutions in Atibaia SP, Brasil. The mean of anthropometric variables (body weight, body stature, arm

3 circumference - CB, waist circumference - CC, hip circumference - CQ, muscle arm circumference - CMB and muscle arm area - AMBc) were higher in men related to women, except for triciptal skinfold - DCT. According to body mass index BMI (weight/stature 2 ), 46.7% were normal, 15.5% low weight and 37.8% overweight. There was inverse relation between age and anthropometric variables, indicating the necessity of reference standards especific to elderly population. According to MAN, 71.9% of elderly showed no risk of subnutrition. We concluded that the maiority of elderly have normal nutritional status related to anthropometric evaluation and MAN. Index terms: elderly, anthropometry, nutritional status, Mini Nutritional Evaluation INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional é parte do fenômeno da transição demográfica caracterizada pela queda rápida das taxas de mortalidade e fecundidade, com impacto nas condições sociais e de saúde de toda a população. Ocorrendo tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, de modo crescente, desperta o interesse das políticas de saúde púbica e representa novo desafio, inclusive nas questões relacionadas à alimentação e nutrição 1,2,3,4. O aumento da expectativa de vida proporciona o surgimento de doenças crônicas, às vezes incapacitantes, podendo afetar diretamente o estado nutricional do indivíduo devido a diversas alterações anatômicas e funcionais como diminuição da secreção salivar e gástrica, falha na mastigação, problemas dentários, constipação intestinal, entre outras. Desta forma, os idosos tornam-se um grupo vulnerável a problemas alimentares e estão sob risco nutricional elevado. O surgimento destas doenças gera dependência de cuidados externos, seja de familiares ou de profissionais especializados no atendimento geriátrico, aumentando o número de instituições de abrigo ou asilos para atender às necessidades desta população 2,1,5,6. Considerando este panorama epidemiológico e as características peculiares da população idosa, políticas públicas de promoção da saúde e prevenção de doenças, em detrimento as ações somente curativas, são imprescindíveis. Adicionalmente, o monitoramento e avaliação continuada dos idosos possibilitariam enfoques específicos que garantem a qualidade de vida desta população 7,8. A utilização da avaliação nutricional permite a identificação de indivíduos com risco aumentado para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis e fornecem subsídios para promoção de saúde e prevenção de doença, melhorando a qualidade de vida de qualquer grupo populacional, inclusive os idosos 4.

4 A utilização da antropometria como indicador nutricional, tem-se mostrado importante à medida que fornece informações sobre a composição corporal e medidas físicas, sendo um método não invasivo, de rápida execução e relativo baixo custo permitindo a identificação de distúrbios nutricionais em idosos 9,10. Tendo em vista a escassez de trabalhos sobre o estado nutricional de idosos e a conhecida relevância da associação entre a alimentação e saúde/doença do idoso, este estudo tem como objetivo avaliar o estado nutricional de idosos institucionalizados no município de Atibaia, São Paulo. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo descritivo e transversal com coleta de dados primários, realizado em três instituições assistenciais de caráter filantrópico e particular da cidade de Atibaia, interior de São Paulo, mediante o consentimento e autorização de cada instituição. Atibaia é a Estância Turística e Climática mais próxima da Capital, distante 65 km, conhecida por seu clima que, segundo especialistas, é um dos melhores do mundo. Segundo IBGE 11, possui 119.166 habitantes, sendo 10.675 são idosos. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade São Francisco de Bragança Paulista SP (CAAE 0073.0.142.000-08), observando-se o cumprimento dos princípios éticos recomendados pelo Ministério da Saúde brasileiro que regulamenta pesquisas com seres humanos. Em todas as instituições foi obtida autorização dos gestores, a partir de assinatura do termo de consentimento livre esclarecido (TCLE). Todos os participantes foram previamente esclarecidos pelos pesquisadores sobre os objetivos do trabalho e as técnicas às quais seriam submetidos e, só fizeram parte da amostra os que concederam permissão para sua execução. A população estudada foi composta por 45 idosos de ambos os sexos e com idade igual ou superior a 60 anos. Foram incluídos no estudo todos os indivíduos que se encontravam em condições físicas e mentais, aptos a serem examinados. Os idosos que se encontravam acamados ou impossibilitados de permaneceram em pé foram excluídos do estudo, sendo este um dos motivos pela redução do número da amostra. A coleta de dados ocorreu no período de Junho a Agosto de 2008. As entrevistas foram realizadas nas instituições, sempre no período da manhã e tarde, durante os dias da semana e finais de semana, de acordo com a disponibilidade do local visitado.

5 As variáveis antropométricas examinadas foram peso, estatura, dobra cutânea tricipital (DCT), circunferência braquial (CB), circunferência da cintura (CC), circunferência do quadril (CQ), circunferência muscular do braço (CMB) e área muscular do braço corrigida (AMBc), sendo os dados anotados em formulário. A tomada das medidas foi realizada por indivíduo treinado com base nas técnicas propostas por Lohman et al. 12. O peso e estatura foram medidos uma e duas vezes, respectivamente, e a dobra e circunferências foram medidas em triplicata para diminuição dos erros de mensuração. O peso foi mensurado em balança eletrônica digital portátil, tipo plataforma, marca PLENNA previamente calibrada, com capacidade máxima para 150 quilos e sensibilidade para 100 gramas. O indivíduo foi pesado descalço, usando roupas leves, em posição ereta com pernas e calcanhares juntos e braços ao longo do corpo. A mensuração da estatura foi realizada utilizando estadiômetro portátil da marca SECA. A estatura foi medida com o indivíduo em pé, com os calcanhares juntos, costas eretas e braços estendidos ao lado do corpo, com a linha dos olhos estando de acordo com o plano de Frankfurt. Para o diagnóstico do estado nutricional dos idosos, foi calculado o IMC considerando a razão entre o peso (Kg) e o quadrado da estatura (m 2 ). Os pontos de corte propostos pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) foram utilizados como critério de diagnóstico do estado nutricional. Tabela 1 - Pontos de corte para IMC em idosos IMC Classificação 22kg/m² Baixo Peso 22-27Kg/m 2 Eutrófico 27kg/m² Excesso de Peso Fonte: SISVAN (2005) Para verificação da circunferência braquial, cintura e quadril foi utilizada fita métrica inelástica da CARDIOMED. A circunferência braquial foi medida no ponto médio entre o processo acromial da escápula e o olécrano (cotovelo). A circunferência da cintura foi medida na cintura natural, ou seja, entre as costelas inferiores e as cristas ilíacas, sendo a leitura feita no momento da expiração. A circunferência do quadril foi verificada no nível da sínfise púbica com a fita circundando o quadril na parte mais saliente entre a cintura e a coxa e com o indivíduo usando roupas finas.

6 O acúmulo de gordura abdominal foi estimado segundo a relação cintura/quadril. Foi considerado acúmulo de gordura abdominal com risco de desenvolvimento de doenças crônicas os casos de idosos com relação cintura/quadril igual ou superior a 0,85 para mulheres e 1,00 para homens, segundo classificação proposta pela Organização Mundial da Saúde 13,14. A dobra cutânea tricipital foi medida com o auxílio de um adipômetro, marca LANGE, no ponto médio entre o processo acromial da escápula e o olécrano, na região posterior do braço. O indivíduo permaneceu com o braço relaxado, estendido e ligeiramente afastado do corpo. A medida da dobra cutânea tricipital indica a quantidade de gordura subcutânea, a partir da classificação da Organização Mundial de Saúde 14. Tabela 2 - Pontos de corte para dobra cutânea tricipital Estado Nutricional Classificação Baixa Quantidade de Gordura P5 Risco de Baixa Quantidade de Gordura P5-P10 Excesso de Gordura >P90 Fonte: OMS (1998) As estimativas da CMB e AMBc foram realizadas a partir das equações citadas por Cuppari 15 e avaliadas segundo as recomendações de Kuczmarski et al 16. A medida da CMB avalia a reserva de tecido muscular e é obtida a partir dos valores da CB e da DCT, segundo a equação CMB(cm) = CB(cm) π x [PCT(mm) 10] A medida da AMBc avalia a reserva de tecido muscular corrigindo a área óssea. Esta reflete mais adequadamente a verdadeira magnitude das mudanças do tecido muscular do que a CMB. É obtida de acordo com o gênero por meio das fórmulas: Homem = AMBc(cm 2 ) = [CB(cm) - π x PCT(mm) 10] 2-10 4π Mulher = AMBc(cm 2 ) = [CB(cm) - π x PCT(mm) 10] 2 6,5 4π Foi aplicado, ainda, a Mini Avaliação Nutricional (MAN), que trata-se de um questionário com 18 perguntas agrupadas em 4 seções, a saber avaliação

7 antropométrica (peso, altura, e perda de peso); avaliação geral (estilo de vida, uso de medicamentos, mobilidade); avaliação dietética (número de refeições, ingestão de alimentos, autonomia para comer sozinho) e auto avaliação (percepção da saúde e do estado nutricional). As primeiras seis perguntas (alteração na ingestão alimentar, perda de peso, mobilidade, estresse psicológico, problemas neurológicos, IMC) compreendem a triagem nutricional. Cada resposta recebeu um valor, os quais foram somados perfazendo um escore final. As próximas doze perguntas compreendem a avaliação global. Um escore total (soma dos pontos da triagem e da avaliação global) maior ou igual a 24 indica um bom estado nutricional, de 17 a 23,5 risco de desnutrição e abaixo de 17, desnutrição 17. Os idosos foram agrupados segundo sexo e grupo etário (60-69 anos, 70-79 anos e 80 anos e mais). As variáveis antropométricas foram apresentadas sob a forma de média e desvio-padrão. O teste t de Student foi aplicado para comparação entre as médias dos grupos e os testes de associações entre as variáveis foram obtidos segundo a distribuição qui-quadrado e por meio do teste exato de Fischer. Foi estabelecido nível de significância de 5% para os testes estatísticos. Os cálculos estatísticos foram realizados com o auxílio do programa Stata 10.0. RESULTADOS A amostra foi constituída por 45 idosos, sendo 31 (68,8%) do sexo feminino. A idade dos idosos estudados variou de 60 a 99 anos, com média etária (desvio-padrão) de 76,9 anos (8,4), sendo 78,5 (8,0) para mulheres e 73,3 (8,4) para os homens, com diferença estatisticamente significante (p<0,05). Tabela 3 Média e desvio-padrão das variáveis antropométricas de idosos institucionalizados, segundo sexo e grupo etário. Atibaia SP, Brasil, 2008. Variáveis antropométricas Homem Mulher Peso (kg)* Total 78,9 (20,5) 58,1 (10,2) 60-69 83,2 (23,6) 56,7 (5,5) 70-79 79,7 (23,7) 58,7 (13,6) 80+ 70 (7,2) 57,9 (8,8) Estatura (m)* Total 1,65 (0,06) 1,50 (0,06) 60-69 1,65 (0,08) 1,53 (0,06)

8 70-79 1,66 (0,08) 1,48 (0,05) 80+ 1,62 (0,05) 1,49 (0,05) IMC (kg/m 2 ) Total 28,8 (7,0) 25,9 (4,4) 60-69 30,3 (7,2) 23,9 (1,3) 70-79 28,7 (8,8) 26,6 (5,3) 80+ 26,4 (2,3) 26,1 (4,4) CC (cm)* Total 98,5 (15,3) 82,6 (11,6) 60-69 100,2 (18,6) 74,9 (16,5) 70-79 100,3 (16,9) 82,2 (13,1) 80+ 91,8 (6,1) 84,7 (9,3) CQ (cm) Total 100,2 (7,3) 95,9 (8,2) 60-69 99,9 (5,7) 91,1 (4,1) 70-79 101,6 (9,5) 95,4 (10,0) 80+ 97,7 (6,0) 97,4 (7,6) RCQ* Total 0,96 (0,09) 0,85 (0,08) 60-69 0,98 (0,12) 0,82 (0,17) 70-79 0,97 (0,09) 0,85 (0,07) 80+ 0,93 (0,04) 0,86 (0,05) CB (cm)* Total 28,8 (4,2) 26,6 (3,0) 60-69 29,7 (3,8) 24,8 (0,8) 70-79 29,4 (5,2) 27,0 (3,0) 80+ 26 (1,7) 26,7 (3,3) DCT (mm) Total 16,5 (12,1) 19,2 (5,1) 60-69 17,3 (7,1) 15,5 (4,4) 70-79 18,3 (17,4) 20,2 (5,9) 80+ 11,6 (6,6) 19,6 (4,5) CMB (cm) Total 23,4 (2,6) 20,5 (2,1) 60-69 24,3 (2,7) 20,1 (0,9) 70-79 23,7 (2,3) 20,6 (2,2)

9 80+ 21,4 (2,7) 20,6 (2,2) AMBc (cm 2 ) Total 34,1 (9,6) 27,3 (7,1) 60-69 37,4 (10,3) 25,6 (3,1) 70-79 35,1 (8,7) 27,7 (7,5) 80+ 26,8 (9,2) 27,5 (7,7) IMC: Índice de massa corporal; CC: Circunferência da cintura; CQ: Circunferência do quadril; RCQ: Relação cintura quadril; CB: Circunferência do braço; DCT: Dobra cutânea tricipital; CMB: Circunferência muscular do braço; AMBc: Área muscular do braço corrigida *Diferença estatisticamente significativa dos valores médios entre os sexos Na Tabela 3, são apresentados os valores médios de cada uma das variáveis antropométricas, segundo sexo e grupo etário, sendo possível identificar que os valores médios das variáveis peso, estatura, IMC, CC, CQ, CB, CMB e AMBc entre os homens são superiores aos das mulheres. Enquanto para DCT, os valores foram superiores no sexo feminino, quando comparado ao masculino. É possível identificar, ainda na tabela 3, os valores médios das variáveis de acordo com o grupo etário, com tendência de declínio dos valores com o avançar da idade. Tabela 4 Estado nutricional de idosos institucionalizados, segundo os indicadores IMC, RCQ, CMB, AMBc e DCT. Atibaia SP, Brasil, 2008. Índices Homens Mulheres Total IMC n % n % n % Baixo Peso 2 4,4 5 11,1 7 15,5 Eutrófico 4 8,9 17 37,7 21 46,7 Excesso de Peso 8 17,8 9 20 17 37,8 RCQ Sem risco 10 22,2 13 28,9 23 51,1 Com risco 4 8,9 18 39,9 22 48,9 CMB

10 Normal 6 13,3 16 35,5 22 48,9 Declínio de massa 8 17,8 15 33,3 23 51,1 muscular AMBc Normal 6 13,3 15 33,3 21 46,7 Declínio de massa muscular 8 17,8 16 35,5 24 53,3 DCT Normal 7 15,6 26 57,8 33 73,3 Baixa quantidade 2 4,4 2 4,4 4 8,9 de gordura Risco de baixa 1 2,2 2 4,4 3 6,7 quantidade de gordura Excesso de Gordura 4 8,9 1 2,2 5 11,1 A Tabela 4 mostra que pouco menos da metade da população estudada (46,7%) encontra-se eutrófica, sendo que 15,5% está abaixo do peso e 37,8% acima do peso. Mais da metade dos idosos analisados (51,1%) não apresentam risco de desenvolver doenças crônicas, segundo valores da relação cintura/quadril, enquanto a prevalência de idosos com declínio de massa muscular é 51,1%, considerando a circunferência muscular do braço e área muscular do braço corrigida. Em relação à DCT, a maioria (73,3%) dos indivíduos está eutrófica e apenas 8,9% apresentam baixa quantidade de gordura, 6,7% apresentam risco de baixa quantidade de gordura e 11,1% encontra-se com excesso de gordura. Realizou-se a Mini Avaliação Nutricional (MAN), em 32 idosos, capazes de responder as questões, sendo que 22 (48,9%) eram mulheres. Destes, 09 (28,1%) apresentavam risco de desnutrição e 23 (71,9%) estavam normais sem risco de desnutrição. Entre os avaliados, somente um (3,1%) referiu diminuição moderada da ingestão alimentar. Adicionalmente, 15,6% (n=5) relataram perda de peso, sendo 3,1% (n=1) perda superior a 3kg e 12,5% (n=4) perda de 1 a 3kg. Dos estudados, 12,5% (n=4) deambulavam, mas não eram capazes de sair de casa e 10 pacientes (31,2%)

11 possuíam algum grau de demência ou depressão e somente um idoso havia passado por estresse psicológico ou doença aguda nos últimos três meses antes da pesquisa. DISCUSSÃO A maior parte da população analisada foi constituída por idosos do sexo feminino (68,8%). Segundo Santos & Sichieri 18, essa diferença significativa é caracterizada pelo processo de envelhecimento e observa-se, em toda a população brasileira, a maioria de idosos composta pelo sexo feminino 19. Analisando as variáveis antropométricas, pode-se observar que o valor médio do peso dos homens é superior ao das mulheres, com diferença estatisticamente significativa para peso, estatura, CB, CC e RCQ. Dados semelhantes foram encontrados em diferentes investigações nacionais e internacionais 10,20. Estudos demonstram que o aumento de peso no homem ocorre até os 65 anos de idade e, a partir desta idade observa-se diminuição. Já para o sexo feminino, o aumento se dá até os 75 anos e, apenas a partir desta idade, há perda de água corporal, redução no peso das vísceras, além de declínio de tecido muscular 21. Em relação à estatura, os homens apresentaram média superior às mulheres. Quanto ao grupo etário, houve diminuição em ambos os sexos. Verificando os dados de acordo com sexo e grupo etário, identifica-se que a diminuição da estatura das mulheres ocorre com maior intensidade no grupo de 80 anos e mais. Entre o sexo masculino, nesta mesma faixa etária, o declínio chega a ser de 4 cm quando comparado aos idosos de 70 a 79 anos. Estudo realizado por Perissinotto et al. 22 verificou diminuição significativa da estatura com o avançar da idade, com decréscimo de 2 a 3 cm por década, enquanto o Euronut Sêneca Study quantificou diminuição na altura de 1 a 2 cm em 4 anos. Borba et al. 23, analisando a estatura em adultos e idosos, aponta que, por volta dos 40 anos, inicia-se o declínio desta variável antropométrica que se torna mais acentuado com o passar dos anos. Diversos estudos demonstram esta tendência de declínio 10,24,25, e as razões para este declínio se devem, principalmente, ao achatamento das vértebras, redução dos discos intervertebrais, cifose dorsal, escoliose, arqueamento dos membros inferiores e/ou achatamento do arco plantar 26. Constatou-se, no presente estudo, que o valor médio do IMC foi superior entre os homens em relação às mulheres (28,8±7,0 vs 25,9±4,4). Porém, houve uma diminuição progressiva do IMC entre os homens com o avançar da idade, que pode ser atribuída à diminuição da massa muscular corporal e redução da gordura corporal, que tende a diminuir depois dos 70 anos 10.

12 Segundo Garcia et al. 1, há dificuldade no emprego do IMC em idosos, em função da diminuição da estatura com a acentuação da cifose dorsal, redução da massa corporal magra, acúmulo da gordura visceral ou subcutânea e redução da quantidade de água no organismo, alterações estas inerentes ao processo de envelhecimento. Adicionalmente, o uso do IMC como indicador de risco em idosos tem sido considerado de difícil interpretação, por não refletir principalmente a distribuição regional da gordura e por ser medida indireta de obesidade 27. Os valores médios da circunferência do braço nos homens são superiores em relação ao das mulheres, apresentado diminuição com o avançar da idade somente no sexo masculino. Esta diminuição pode estar relacionada ao declínio da massa magra acompanhada do processo de envelhecimento. A circunferência braquial tem sido sugerida como medida adicional ou indicador substituto do IMC para avaliar o estado nutricional de populações 28. Segundo Menezes & Marucci 10, a circunferência do braço não é considerada o melhor indicador de massa muscular, uma vez que sofre alterações com o decréscimo da quantidade de massa magra e representa o somatório das áreas constituídas pelos tecidos ósseos, muscular, gorduroso e epitelial do braço. Em relação ao percentil, ao analisar a circunferência braquial entre os homens, 04 encontram-se abaixo de P10, 10 entre P10 e P90 e nenhum acima de P90. Enquanto as mulheres, 10 encontram-se abaixo de P10, 21 entre P10 e P90 e nenhuma acima de P90. Os valores médios da DCT são semelhantes aos disponíveis na literatura, que indicam maior acúmulo de gordura nas extremidades das mulheres, quando comparada aos homens 29,10,30. Houve diminuição significativa da variável entre as mulheres de 60-69 anos e, entre os homens, observou-se aumento de um grupo etário para o outro, até os 79 anos de idade, com posterior diminuição. A relação inversa entre DCT e idade verificada neste estudo é semelhante ao do estudo de Velázquez- Alva 25. Diante disto, é possível observar que independente do grupo etário, existe maior propensão de depósito de gordura entre as mulheres e a diminuição de massa gorda é mais pronunciada nos idosos de maior idade. Ao analisar o percentil da dobra cutânea tricipital, entre os homens, 02 estão abaixo de P10, 08 entre P10 e P90 e 04 acima de P90. Em relação às mulheres apenas uma está abaixo de P10 e 30 entre P10 e P90. Quanto aos indicadores de massa muscular (CMB e AMBc) constatou-se valores médios superiores entre os homens quando comparados com as mulheres, sendo que entre os homens houve um maior declínio com o avançar da idade, mais acentuado nos idosos com 80 anos e mais, resultado semelhante a outros estudos 31,20. Entre as mulheres verificou-se declínio com a idade, com discreto crescimento entre

13 os grupos etários de 70-79 anos e 80 anos e mais. Esse fato é incomum a outros estudos, sendo que o indicador de massa muscular, nesses grupos etários apresentou-se os menores valores quando comparados aos demais, em ambos os sexos 16,20. Diante dos resultados apresentados, é possível observar que em todas as variáveis, assim como no estudo de Menezes & Marucci 10, os valores médios dos homens são superiores ao das mulheres, exceto para DCT, além da influência da idade exercida em algumas variáveis antropométricas. Em relação ao percentil da CMB observa-se que 08 idosos do sexo masculino encontram-se abaixo de P10 e 06 entre P10 e P90. Quanto às mulheres, 13 estão abaixo de P10, 17 entre P10 e P90 e somente 01 acima de P90. De acordo com a MAN, 71,9% dos indivíduos não apresentaram risco de desnutrição, sendo este dado compatível com os indicadores antropométricos no qual observa-se, na maioria dos índices, normalidade, exceto para os indicadores de massa muscular (CB, CMB e AMBc), uma vez que o declínio de massa muscular é observado entre a população idosa e característico ao processo de envelhecimento. Segundo Sampaio 21, devido à perda de água corporal, redução do tecido muscular e diminuição da gordura nos membros, há perda da elasticidade e maior compressibilidade dos tecidos, interferindo principalmente na verificação das pregas cutâneas, com dificuldade na separação do tecido muscular do adiposo. Outra dificuldade consiste nas medidas das circunferências, principalmente no momento de ajustar a fita métrica e na identificação do local correto para realizar a medida, sendo a mensuração e uso destas medidas recomendados com cautela. Além disso, destacam-se outras limitações na avaliação nutricional de idosos quanto aos dados e padrões de referência para medidas antropométricas, incluindo características metodológicas, diferenças de idade entre outros 10. Apesar da população deste estudo ser institucionalizada e, possivelmente apresentar características diferenciadas da população não institucionalizada, identifica-se relação inversa entre as variáveis antropométricas e idade, seguindo os achados de estudos realizados com população idosa. Porém os valores médios e percentis dos indivíduos são diferentes, provavelmente pelas diferenças de raça e nível socioeconômico. Conclui-se que a maior parte dos idosos avaliados encontra-se eutróficos, de acordo tanto com a avaliação antropométrica quanto aos resultados da MAN.

14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Garcia ANM, Romani SAM, Lira PIC. Indicadores antropométricos na avaliação nutricional de idosos: um estudo comparativo. Rev Nutr. 2007; 20(4):371-378. 2. Toral N, Gubert MB, Schmitz BAS. Perfil da alimentação oferecida em instituições geriátricas do Distrito Federal. Rev Nutr. 2006; 19(1):29-37. 3. Campos MTFS, Monteiro JBR, Ornelas APRC. Fatores que afetam o consumo alimentar e a nutrição do idoso. Rev Nutr. 2000; 13(3):157-165. 4. Campos MAG, Pedroso ERP, Lamounier JA, Colosimo EA, Abrantes MM. Estado nutricional e fatores associados em idosos. Rev Assoc Med Bras. 2006; 52(4):214-21. 5. Cesar TB, Wada SR, Borges RG. Zinco plasmático e estado nutricional em idosos. Rev Nutr. 2005; 18(3):357-365. 6. Vannucchi H, Cunha DF, Bernardes MM, Unamuno MRDL. Avaliação dos níveis séricos das vitaminas A, E, C e B 2, de carotenóides e zinco, em idosos hospitalizados. Rev Saúde Pública. 1994; 28(2):121-6. 7. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de atenção básica: saúde e envelhecimento do idoso. nº. 19, Brasília, 2006 8. Sichieri R, Coitinho DC, Monteiro JB, Coutinho WF. Recomendações de alimentação e nutrição saudável para a população brasileira. Arq Bras Endocrinol Metab. 2000; 44(3):227-32. 9. Rauen MS, Moreira EAM, Calvo MCM, Lobo AS. Avaliação do estado nutricional de idosos institucionalizados. Rev Nutr. 2008; 21(3):303-310. 10. Menezes TN, Marucci MFN. Antropometria de idosos residentes em instituições geriátricas, Fortaleza, CE. Rev Saúde Pública. 2005; 39(2):169-75. 11. [IBGE]. Fundação IBGE. Censo demográfico 2000 com divisão territorial 2001: População e Domicílios. Atibaia; 2001. 12. Lohman TG, Roche AE, Martorell R. Anthropometric standardization reference manual. Illinois: Human Kinetics Books; 1988. 13. World Health Organization. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Report of a WHO Expert Committee. Geneva, World Helath Organization, 1995. Technical Report Series No. 854 14. World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO Consultation. Geneva, World Health Organization; 1998. Technical Report Series, 894..

15 15. Cuppari L. Guia de nutrição: nutrição clínica no adulto. 2ª. ed. Barueri: Manole; 2005. 16. Kuczmarski MF, Kuczmarski RJ, Najjar M. Descriptive anthropometric reference data for older Americans. J Am Diet Assoc 2000; 100:59-66. 17. Emed TCXS, Kronbauer A, Magnoni D. Mini avaliação nutricional como indicador de diagnóstico em idosos de asilos. Rev Bras Nutr Clin. 2006; 21(3):219-23. 18. Santos DM, Sichieri R. Índice de massa corporal e indicadores antropométricos de adiposidade em idosos. Rev Saúde Pública. 2005; 39(2):163-8. 19. Fundação IBGE. Censo demográfico 2000: características da população e dos domicílios: resultado do universo. Rio de Janeiro; 2000. 20. Suriah AR, Zalifah MK, Zainorni MJ, Shafawi S, Mimie Suraya S, Zarina N, et al. Anthropometric measurements of the elderly. Mal J Nutr. 1998; 4:55-63. 21. Sampaio LR. Avaliação Nutricional e envelhecimento. Rev Nutr. 2004; 17(4):507-514. 22. Perissinotto E, Pisent C, Sergi G, Grigoletto F, Enzi G. Anthropometric measurements in the elderly: age and gender differences. Br J Nutr. 2002; 87(2):177-86. 23. Borba AMNL, Wolff JH, Liberali R. Avaliação do perfil antropométrico e alimentar de idosos institucionalizados em Blumenau Santa Catarina. Rev Bras Obes Nutr Emagr. 2007; 1(3):11-18. 24. Frisancho AR. Anthropometric Standards for the assessment of growth and nutritional status. Ann Arbor (MI): University of Michigan Press; 1990. 25. Velázquez AMC, Castillo ML, Irigoyen CE, Zepeda MA, Gutiérrez RLM, Cisneros MP. Estúdio antropométrico em um grupo de hombres y mujeres de La tercera edad em La ciudad de México. Salud Publica Mex. 1996; 38:466-74. 26. Jacob Filho W, Souza RR. Anatomia e fisiologia do envelhecimento. In: Carvalho Filho ET, Papaléo Netto M. Geriatria: fundamentos, clínica e terapêutica. São Paulo: Atheneu; 2004. p. 31-40. 27. Sampaio LR, Figueiredo VC. Correlação entre o índice de massa corporal e os indicadores antropométricos de distribuição de gordura corporal em adultos e idosos. Rev Nutr. 2005; 18(1):53-61. 28. James WPT, Mascie-Taylor GCN, Norgan NG, Bistrian BR, Shetty PS, Ferro-Luzzi A. The value of arm circumference measurements in assessing chronic energy deficiency in Third World adults. Eur J Clin Nutr. 1994; 48:883-94. 29. Burr ML, Phillips KM. Anthropometric norms in the elderly. Br J Nutr. 1984; 51:165-9.

16 30. Falciglia G, O Connor J, Gedling E. Upper arm anthropometric norms in elderly white subjects. J Am Diet Assoc. 1988; 88:569-74. 31. Kuczmarski MF, Kuczmarski RJ. Nutritional assessment of older adults. In: Schlenker ED. Nutrition in aging. St. Louis: Mosby-Year Book; 1993. p. 255.