AUTONOMIA GERENCIAL PARA UNIDADES PÚBLICAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS DO SUS: OPORTUNIDADE E NECESSIDADE DE REGULAMENTAÇÃO



Documentos relacionados
Diretrizes para os Serviços Públicos de Saneamento Básico

MINUTA DE PORTARIA v

Constituição Federal - CF Título VIII Da Ordem Social Capítulo III Da Educação, da Cultura e do Desporto Seção I Da Educação

DECRETO Nº 713, DE 1º DE ABRIL DE 2013

NOTA CONASEMS Regras para utilização dos recursos transferidos fundo a fundo

Rosália Bardaro Núcleo de Assuntos Jurídicos Secretaria de Estado da Saúde

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE PIRACICABA Estado de São Paulo Procuradoria Geral

CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DE ANÁPOLIS-CMDCA

República Federativa do Brasil Estado do Ceará Município de Juazeiro do Norte Poder Executivo

GRATUITO CURSO COMPLETO DO SUS 17 AULAS 500 QUESTÕES COMENTADAS. Professor Rômulo Passos Aula 09

Lei Ordinária Nº de 13/12/2005 DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Fica modificada a redação da Seção V do Título IV da Lei Complementar nº 49, de 1º de outubro de 1998, que passa ter a seguinte redação:

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS RESOLUÇÃO N 137, DE 21 DE JANEIRO DE 2010.

PROJETO RESSANEAR SANEAMENTO E RESÍDUOS SÓLIDOS EM PAUTA

TERMO DE REFERÊNCIA Nº 78/2012. Acordo de Empréstimo LN 7513 BR COMPONENTE SAÚDE CONSULTORIA PESSOA FÍSICA

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Atualizações das Leis Municipais Encontro Estadual dos Gestores e Técnicos da Assistência Social da Bahia

ORIENTAÇÕES ACERCA DA APLICAÇÃO DA LEI DE 2014

MARCO REGULATÓRIO DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL

a) Estar regularmente matriculados no curso;

DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE) Bom-dia, Excelentíssimo. Senhor Ministro-Presidente, bom-dia aos demais integrantes

NORMA PARA PARCERIAS E DEMAIS ATIVIDADES DE COOPERAÇÃO TÉCNICA PARA PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE CONTEÚDO INFORMATIVO NOR 215

O SUAS e rede privada na oferta de serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais

PORTARIA No , DE 25 DE SETEMBRO DE 2013

Compromisso com um plano de governo

Circular 641/2014 São Paulo, 12 de Dezembro de 2014.

CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO ENCONTRO DOS CONSELHOS DE EDUCAÇÃO DE SERGIPE

Oficina Nacional Planejamento no Âmbito do SUS. Planejamento Regional Integrado

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Gabinete de Consultoria Legislativa

SÚ MÚLA DE RECOMENDAÇO ES AOS RELATORES Nº 1/2016/CE

PLANEJAMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. Brasília, outubro de 2011

REGULAMENTO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DO CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS INGLÊS.

Lei 141/ Comentários

Entenda o PL 7.168/2014 de A a Z

SEGURIDADE SOCIAL DIREITO PREVIDENCIÁRIO SEGURIDADE SOCIAL SEGURIDADE SOCIAL SEGURIDADE SOCIAL PREVIDÊNCIA SOCIAL. Prof. Eduardo Tanaka CONCEITUAÇÃO

Curso Introdutório em Gerenciamento da Estratégia Saúde da Família

Art. 1º O Art. 2º da Lei nº , de 5 de outubro de 2006, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:

Gerência de Contratualização dos Serviços do SUS. Objetivos

PNE: análise crítica das metas

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 114, DE 2015

Defendendo uma sociedade justa e igualitária LANA IARA GOIS DE SOUZA RAMOS PARECER JURÍDICO

Orientações Gerais. Acordo de Cooperação Técnica

Sistema Único de Saúde. Uma construção coletiva

CAPÍTULO I DO PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL E DO PLANO PLURIANUAL

1. Das disposições acerca da avaliação de desempenho no âmbito do PCCTAE

RESOLUÇÃO NORMATIVA 003/06

Descentralização mediante convênio.

Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Sub-E I X O 4-4ª C N S T

CAPÍTULO I DO APOIO A GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE CAPÍTULO II DA CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE SAÚDE

GUIA DE CERTIFICAÇÃO. Exame Nacional do Ensino Médio. Brasília-DF. Guia de Certificação Exame Nacional do Ensino Médio Enem

NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE NBC TSC 4410, DE 30 DE AGOSTO DE 2013

CONSTITUIÇÃO ESTADUAL TÍTULO VI CAPÍTULO II DAS FINANÇAS PÚBLICAS. Seção I. DISPOSIÇÕES GERAIS (Arts. 207 e 208)

NORMAS REGIMENTAIS BÁSICAS PARA AS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº, DE (Dos Srs. Deputados MENDONÇA PRADO e RONALDO CAIADO)

Legislação do SUS Professor: Marcondes Mendes

Atribuições dos Tecnólogos

REGULAMENTO DO PROGRAMA PROFESSOR VISITANTE DA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (PPV-UTFPR)

R E S O L U Ç Ã O. Artigo 2º - O currículo, ora alterado, será implantado no início do ano letivo de 2001, para os matriculados na 5ª série.

PROJETO DE LEI N O, DE 2004

Planejamento Estratégico Setorial para a Internacionalização

FACULDADE DO NORTE NOVO DE APUCARANA FACNOPAR PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL

CONSTRUÇÃO DO SUS Movimento da Reforma Sanitária

Modelo concede flexibilidade a hospitais públicos

PROJETO DE LEI Nº 015/2015, DE 29 DE ABRIL DE 2015.

MINUTA DA RESOLUÇÃO DA COMISSÃO DE IMPLANTAÇÃO DAS 30 HORAS SEMANAIS DO CEFET-MG

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO ATRIBUIÇÕES E PRAZOS INTERMEDIÁRIOS DA LEI Nº , DE 2014

PRODUTOS DO COMPONENTE Modelo de Gestão Organizacional Formulado e Regulamentado

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR RESOLUÇÃO Nº 2, DE 27 DE SETEMBRO DE

PORTARIA No , DE 7 DE NOVEMBRO DE 2013

POLITICA NACIONAL DE ATENÇÃO HOSPITALAR - PNHOSP

CAPÍTULO I DA FINALIDADE BÁSICA DO CONSELHO

UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL UNISC REGULAMENTO DO ESTÁGIOS CURRICULARES OBRIGATÓRIOS E NÃO- OBRIGATÓRIOS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA UNISC

ANTEPROJETO DE DECRETO (OU LEI) (A ser Publicado no Diário Oficial do Município/Estado)

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 1.006, DE 27 DE MAIO DE 2004

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Curso de Formação de Conselheiros em Direitos Humanos Abril Julho/2006

Como se viu, a base dessa estruturação foram os Eixos Referenciais, que passaremos a descrever:

Processos de gerenciamento de projetos em um projeto

Ciência na Educação Básica

CONSELHO DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO DELIBERAÇÃO Nº 68

O Congresso Nacional decreta:

A Organização Federativa e a Política Pública em Educação. Junho de 2013

TERMO DE REFERÊNCIA Nº 2357 PARA CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA PROCESSO DE SELEÇÃO - EDITAL Nº 136/2013 CONSULTOR POR PRODUTO

CÓDIGO CRÉDITOS PERÍODO PRÉ-REQUISITO TURMA ANO INTRODUÇÃO

REGULAMENTO OPERACIONAL DA CENTRAL DE REGULAÇÃO CENTRAL DE CONSULTAS E EXAMES ESPECIALIZADOS

DECRETO Nº ,DE 8 DE JANEIRO DE 2013 CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

FÓRUM AMAZONENSE DE REFORMA

Direito a inclusão digital Nelson Joaquim

EDUCAÇÃO INFANTIL E LEGISLAÇÃO: UM CONVITE AO DIÁLOGO

OFICINA: INOVAÇÃO INSTRUMENTAL NO PLANEJAMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE SARGSUS - MÓDULO DO RELATÓRIO DETALHADO DO QUADRIMESTRE ANTERIOR

Lei nº de 04/04/2013

SEMINÁRIO INTERMINISTERIAL SOBRE A NOVA LEI DE CERTIFICAÇÃO DAS ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Campo Grande-MS

Comentário às questões do concurso do TCE_RS/Oficial_de_Controle_Externo/CESPE/2013

ORIENTAÇÃO NORMATIVA Nº 02/2008.

REGULAMENTO DE COMPRAS E CONTRATAÇÕES COM RECURSOS PÚBLICOS FUNDAÇÃO SICREDI

DECRETO Nº , DE 29 DE AGOSTO DE 2014

RESOLUÇÃO Nº 11, DE 04 DE NOVEMBRO DE Art. 1º Aprovar, na forma do Anexo, a Norma de Capacitação de Servidores da APO.

RESOLUÇÃO N 08/2013 TCE, DE 23 DE ABRIL DE 2013

LEI Parágrafo único - São consideradas atividades do Agente Comunitário

Transcrição:

AUTONOMIA GERENCIAL PARA UNIDADES PÚBLICAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS DO SUS: OPORTUNIDADE E NECESSIDADE DE REGULAMENTAÇÃO Subsidio à Reunião de Planejamento do CEBES de 26 e27/fev/2010 Elaborado com base nas exposições e debates do Seminário do CEBES de 10 e 11/Dez/2009 Nelson Rodrigues dos Santos Diretor do CEBES 18/02/2010

TÓPICOS - Justificativa e Posicionamento Básico - Pressupostos para Proposta de Diretrizes - Diretrizes Propostas - Repercussões na Relação com os Prestadores Privados Complementares do SUS - Repercussões na Relação com Organizações Sociais, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público e Fundações Privadas de Apoio na Área da Saúde

JUSTIFICATIVA E POSICIONAMENTO BÁSICO A necessidade de alternativas de modelos gerenciais na Administração pública, inclusive o gerenciamento de recursos humanos, destinadas às unidades públicas de prestação de serviços de saúde à população, além do modelo existente da Administração Direta e Autárquica, é de amplo reconhecimento e objeto de várias buscas de efetivação, com o objetivo de viabilizar a imprescindível agilidade e eficiência do atendimento. Para os propósitos deste subsidio dispensaremos aqui a repetição das análises, textos e depoimentos que testemunham o anacronismo da Administração Direta e Autárquica brasileira e seus vícios secularmente estruturados na prestação de serviços públicos à população, afora poucas e reconhecidas exceções. Também para os propósitos deste subsídio, está liminarmente excluída qualquer possibilidade interpretativa e operacional, da inabdicável agilidade e eficiência gerencial ser tomada como própria e/ou exclusiva das entidades privadas prestadoras de serviços e do mercado guiadas pela categoria negócio. Sem desconhecer a existência de importantes espaços de interesses comuns com prestadores privados sem fins lucrativos e parcerias imprescindíveis, continua contudo, decisivo para a gestão pública da saúde, que para ela o negócio e o retorno dos recursos investidos, não se encontram no sucesso empresarial, mas sim no reconhecimento e satisfação do direito de toda a população à saúde e aos serviços públicos de atenção integral e equitativa à sua saúde, assim como na realização pessoal, satisfação e adesão dos profissionais de saúde, com boas condições de trabalho, capacitações adequadas e remuneração digna por meio de processos seletivos publicizados, carreiras, cargos e salários. Já foi construído nos últimos anos, amplo consenso de que na base das alternativas de modelos gerenciais inovados, está a autonomia gerencial e o contrato de autonomia entre a gestão pública (Governo) e a gerencia (Direção) da unidade pública prestadora de serviços. Participa neste consenso e deverá participar nas iniciativas da sua efetivação, a riquíssima acumulação, nestes 20 anos, de conhecimentos e experiências de gestão pública, por parte dos gestores públicos do SUS e dos conselhos de Saúde. Qualquer que seja o suporte jurídico legal para o estabelecimento da autonomia gerencial, o eixo orientador básico deve ser obrigatoriamente o exposto nas Disposições Gerais do Capítulo da Administração Pública da Constituição Federal, que dispõe no seu caput - Art. 37 sobre os princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. PRESSUPOSTOS PARA PROPOSTA DE DIRETRIZES I. O processo legislativo nas três esferas de governo tem a prerrogativa constitucional de estabelecer em Lei a autonomia gerencial e o contrato de autonomia, a partir de um suporte jurídico legal a ser identificado, analisado e

aplicado no âmbito do Direito Público, do Direito Sanitário e do próprio Legislativo. O suporte jurídico legal que no momento vem sendo mais debatido e aplicado encontra-se nos incisos V e XIX e no parágrafo 8º do Artigo 37 da Constituição Federal, que remetem a iniciativa de Lei Especifica e Lei Complementar. II. A comprovada elevação da agilidade e eficiência com o desenvolvimento da autonomia gerencial e do contrato de autonomia deve ser contextualizada e inserida na complexa implementação da política publica de saúde SUS, que carrega nos seus 20 anos de implementação, graves obstáculos e distorções consequentes ao pronunciado sub-financiamento e às relações do mercado na saúde com o governo e os serviços públicos de saúde, desregulamentadas, anti-republicanas e predatórias. Sem a reversão desses obstáculos e distorções, ainda que gradativa, a implementação do contrato de autonomia atingirá apenas parcialmente seu potencial de inovação do modelo de oferta de serviços à população. Por isso as unidades públicas com autonomia gerencial estarão compelidas e desafiadas a participar dos esforços e mobilizações junto aos gestores do SUS, aos conselhos de saúde, aos movimentos sociais e ao Legislativo, pela retomada e implementação dos rumos do SUS pactuados na Constituições Federal e Lei Orgânica da Saúde. III. O avanço e inovação da autonomia gerencial e dos contratos de autonomia, por meio de processos legislativos nas três esferas de governo 5.564 Municípios, 27 Estados e DF e União deve reconhecer a inevitabilidade de receber a mesma pressão por parte dos interesses e lobies que vem obstaculizando e distorcendo o SUS nestes 20 anos, e por isso o desafio de formular e realizar ao nível nacional, um conjunto de diretrizes inequívocas, orientadoras das legislações complementares e especificas que estabelecem a autonomia e os contratos. Estas diretrizes seriam mais apropriadas em Lei Nacional abrangente, regulamentadora dos referidos processos legislativos, sem prejuízo da expedição de instruções no âmbito jurídico legal por Tribunais superiores ao nível nacional. DIRETRIZES PROPOSTAS DIRETRIZES GERAIS 1 As unidades públicas de prestação de serviços de saúde com autonomia gerencial devem ser instituídas e mantidas pelo poder público, por meio de Leis especificas e complementares de iniciativa do poder executivo; 2 Devem ser estabelecidas regras indispensáveis para sua subordinação aos princípios constitucionais da Administração Pública, sendo sua gestão obrigatoriamente pública, e a remuneração compatível com os custos, por meio de repasses globais à unidade, ficando abolido o pagamento por produção de procedimentos; 3 Deve ser adotado modelo jurídico compatível com a Constituição Federal e indispensável para a atuação eficiente e eficaz do Estado na área social;

4 Essas unidades devem atuar em área territorial e populacional definida pelo gestor público; 5 Os processos formais de compras, concursos, planos de cargos, carreiras e salários, para celetistas e estatutários cedidos, devem seguir as diretrizes do Gestor do SUS e dos colegiados interfederativos de gestão, e devem ser plenamente publicizados. A remuneração do pessoal, além do salário-base, poderá contar com adicionais por desempenho de equipe a serem estipulados sob diretrizes dos colegiados interfederativos do SUS e aprovados nos conselhos de saúde, ficando abolida a remuneração do pessoal por produção; 6 Estas entidades públicas autônomas não podem e não devem: a) mediante lei específica, desvincularem-se da Administração Indireta, tornando-se fundações ou empresas civis privadas, e b) vender serviços públicos no mercado sob o pretexto de captação de recursos adicionais e justificar o sub-financiamento público, atendo-se por isso, exclusivamente aos usuários do SUS; 7 Devem ser reconhecidas as peculiaridades da legislação especifica que rege várias entidades públicas autônomas existentes, desde que não colidam com as disposições aqui expostas; 8 É da responsabilidade dos Colegiados Gestores Interfederativos do SUS a definição do grau de complexidade gerencial e de produção de ações e serviços de saúde, que justifica a criação de unidade com autonomia gerencial porte hospitalar, laboratorial, de distrito sanitário e outros assim como o cronograma e acompanhamento dos processos legislativos que criam essas unidades. DIRETRIZES PARA OS CONTRATOS DE AUTONOMIA 1 O planejamento das atividades do ente público gerido mediante contrato de autonomia, deve estar voltado para a política pública disposta nos princípios e diretrizes constitucionais e da legislação infra-constitucional, com destaque à inserção no planejamento e orçamentação ascendentes no âmbito dos entes federados, com base nas necessidades da população local e regional; 2 Assunção de compromisso de metas quantitativas e qualitativas a serem realizadas, sob as diretrizes da Universalidade, Equidade e Integralidade, em articulação com as metas das demais unidades do SUS da rede regionalizada; 3 Exercício da autonomia gerencial, orçamentária e financeira. Na contratação, reposição e alocação de pessoal, cumprir as diretrizes emanadas do Gestor e Colegiados Gestores, para os celetistas e estatutários cedidos, com vistas à adesão e estabilização das equipes junto à população adscrita;

4 Submissão ao controle público (interno e externo) e social, incluindo o conselho de saúde, com destaque aos resultados (indicadores sociais e de pesquisas de satisfação da população adscrita), com vistas ao cumprimento das metas, do desempenho e da efetivação da responsabilidade sanitária. O controle público, no âmbito do controle da Administração Pública, não deve cingir-se a posteriori da utilização dos serviços nem às atividades meio (processo), distorção que corroe a capacidade de cumprir a missão institucional com a população e produz efeito engessador na administração pública. Deve por isso privilegiar o planejamento e a oferta/utilização dos serviços e demais atividades finalísticas; 5 Participação efetiva dos conselhos de saúde na aprovação do planejamento/orçamentação, com destaque ao estabelecimento de prioridades, de etapas e no cumprimento de metas. REPERCUSSÕES NA RELAÇÃO COM OS PRESTADORES PRIVADOS COMPLEMENTARES DO SUS Estes serviços privados conveniados e contratados sob as normas do Direito Público devem prestar atendimento sob as normas técnicas e administrativas e aos princípios e diretrizes do SUS (Art. 24,25 e 26 da Lei nº 8080/1.990), isto é, devem atender como se públicos fossem. Por isso o processo de contratualização destes prestadores privados devem confirmar ou incorporar as diretrizes aqui propostas salvo disposições legais em contrário. REPERCUSSÕES NA RELAÇÃO COM ORGANIZAÇÕES SOCIAIS, ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO E FUNDAÇÕES PRIVADAS DE APOIO NA ÁREA DA SAÚDE A criação e o desenvolvimento da autonomia gerencial e contratos de autonomia na gestão pública deverá substituir gradativamente os atuais contratos governamentais com entes privados para estes assumirem responsabilidades e competência de gerenciamento de unidades públicas. Enquanto não houver essa substituição, os referidos governos deverão adequar esses contratos às diretrizes aqui propostas.