O Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) no Município de Ituiutaba MG Laíza Castro Brumano Viçoso Bolsista de IC/ FAPEMIG - Universidade Federal de Uberlândia UFU E-mail: laizabrumano@hotmail.com Professora Dra.Jussara dos Santos Rosendo Orientadora e Professora -Universidade Federal de Uberlândia UFU E-mail: jussara@facip.ufu.br INTRODUÇÃO O presente trabalho consiste em apresentar os resultados preliminares da pesquisa de iniciação cientifica PIBIC/FAPEMIG intitulada O programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) no município de Ituiutaba MG compreendida pelos anos de 2012 a 2014. O Programa Agricultura de Baixo Carbono, partiu da necessidade do governo em adotar medidas para a redução dos Gases de Efeito Estufa através de tratados firmados na Rio 92. Nessa ocasião foram debatidos por diversos países a necessidade de redução desses gases. Com isso, o programa consiste em uma série de medidas adotadas pelos agricultores que aliada a tecnologia, irá reduzir a emissão dos Gases de Efeito Estufa (GEE) aliados a uma agricultura mais sustentável preservando o meio ambiente. O decreto nº 7.390, de 09 de dezembro de 2010, estabelece as metas de redução de GEE do setor agropecuário em 22,5%, este regulamenta os artigos 6º, 11 e 12, da lei nº 12.187 de 29 de dezembro de 2009, que institui a Política Nacional sobre Mudanças do Clima (PNMC). O parágrafo 1 do referido artigo estabelece as seguintes ações para o setor agrícola: Recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas; Ampliação da adoção de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ilpf) em 4 milhões de hectares; Expansão da adoção do Sistema Plantio Direto (SPD) em 8 milhões de hectares;
Expansão da adoção da Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) em 5,5 milhões de hectares de áreas de cultivo, em substituição ao uso de fertilizantes nitrogenados; Expansão do plantio de florestas em 3,0 milhões de hectares, e; Ampliação do uso de tecnologias para tratamento de 4,4 milhões de m3 de dejetos animais. O Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) surge com uma alternativa para suprir essa demanda do Brasil. O programa ABC é dividido em sete programas que visam adaptar a necessidade de cada agricultor, sendo esses a Recuperação de Pastagens Degradadas, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ilpf) e Sistemas Agroflorestais (SAFs), Sistema Plantio Direto (SPD), Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), Florestas Plantadas, Tratamento de Dejetos Animais e Adaptação ás Mudanças Climáticas (MAPA, 2010). O MAPA (2010) define cada programa como sendo: A integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ilpf) é uma estratégia de produção sustentável que integra atividades agrícolas, pecuárias ou florestais realizadas na mesma área. Os Sistemas Agro florestais (SFAs) são descritos como sistemas de uso e ocupação do solo em que plantas lenhosas perenes são manejadas em associação com plantas herbáceas, arbustivas, entre outras, em uma mesma unidade de manejo, com alta diversidade de espécies e interações entre esses componentes. Já o Sistema Plantio Direto (SPD) consiste em um complexo de processos tecnológicos destinados à exploração de sistemas agrícolas produtivos. A Fixação Biológica de Nitrogênio contribui para o aumento da produção agrícola, além de ser indispensável para a manutenção de vida no planeta e estratégico para a sustentabilidade na agricultura e consequentemente aumenta a fertilidade do solo. O programa Florestas Plantadas tem com principal objetivo promover ações de reflorestamento no país, expandindo a área reflorestada destinada à produção de fibras, madeira e celulose em 3,0 milhões de hectares.
O Tratamento de Dejetos Animais visa contribuir para o descarte correto desses dejetos, reduzir a emissão de metano na atmosfera e contribuir para os processos de biodigestão e compostagem. A adaptação às mudanças climáticas deve ser parte de um conjunto de políticas públicas de enfrentamento das alterações climáticas. A estratégia é investir com mais eficácia na agricultura, promovendo sistemas diversificados e o uso sustentável da biodiversidade e dos recursos hídricos. O foco da presente pesquisa consiste no primeiro programa do Plano de Agricultura de Baixo Carbono a Recuperação de Pastagens Degradas, que segundo MAPA (2011) estabelece que: A degradação de pastagens é o processo evolutivo de perda de vigor, de produtividades e de capacidade de recuperação natural das pastagens para sustentar os níveis de produção e qualidade exigida pelos animais. Este processo também tem impacto na capacidade do sistema de produção em superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras, que culminam na degradação avançada dos recursos naturais, em razão de manejos inadequados. Com o avanço do processo de degradação, verifica-se perda de cobertura vegetal e a redução no teor de matéria orgânica do solo, com resultante aumento da emissão de CO2 para a atmosfera. A recuperação de pastagens degradadas e manutenção da produtividade das pastagens contribuem para mitigar a emissão dos gases do efeito estufa. OBJETIVOS Objetivo Geral Avaliar os reflexos do Programa Agricultura de Baixo Carbono no financiamento da linha de crédito para recuperação de pastagens degradadas no município de Ituiutaba-MG. Objetivos Específicos Levantar dados sobre os investimentos do Programa ABC no município; Identificar o perfil dos produtores solicitantes do crédito;
Avaliar a destinação dos recursos financiados; Averiguar a maneira como as atividades financiadas contribuirão redução das emissões de GEE. METODOLOGIA Para o desenvolvimento do presente plano de pesquisa a metodologia é composta por revisão bibliográfica, visitas técnicas as instituições bancárias financiadoras, busca de dados em órgãos oficiais, realização de entrevistas, aplicação de questionários, mapeamento das pastagens do município e trabalhos de campo a propriedades rurais no município. Revisão bibliográfica: Nesta etapa foi realizada a busca do conhecimento a partir do que já foi produzido na literatura sobre o tema da pesquisa, sendo assim foram realizadas leituras e análise de livros, artigos científicos, periódicos, sites, artigos de jornais e revistas; Visitas às instituições bancárias financiadoras: a partir destas visitas foram coletadas informações dos procedimentos necessários para aquisição dos recursos; Foram feitas busca de dados em órgãos oficiais.dentre esses foram pesquisados dados em órgãos como MAPA, IBGE, e etc.; Mapeamento das pastagens do município: as pastagens foram, mapeadas por meio da utilização de imagens do satélite TM/Landsat5, por classificação visual em tela do computador (manual) e, conseqüente, avaliação da área; Aplicação de questionários: tais atividades, quando realizadas, terão o intuito de coletar dados para análise da situação atual dos solicitantes da linha de crédito
para melhoria de pastagens degradadas. Sua previsão de realização é pra o segundo semestre de 2014 Trabalhos de campo: serão realizados em algumas propriedades rurais participantes do Programa ABC, também previstos para o segundo semestre de 2014. RESULTADOS PRELIMINARES A presente pesquisa encontra-se em estágio de desenvolvimento, no entanto, algumas etapas concluídas da metodologia possibilitaram a discussão dos resultados preliminares. Entrevista a Agência Bancária Em entrevista realizada no dia 04 de dezembro de 2013 naagência bancária credenciada para fazer os financiamentos para o Programa ABC, ou seja o Banco do Brasil, foi aplicado um questionário semi-estruturado ao gerente responsável pelos empréstimos aos agricultores do programa Agricultura de Baixo Carbono. Dessa forma, a seguir são apresentados os resultados alcançados. Considerando que o programa começou a ser aplicado no Brasil no ano de 2010, no ano 2012 o financiamento foi iniciado no município, a explicação dada foi a pouca divulgação por parte do governo e quase nenhuma procura por parte dos agricultores. Até a data da entrevista, foi informado que a agência do município possui 42 empréstimos realizados para o programa ABC, sendo deste total trinta e oitopara a recuperação de pastagens degradas e quatro para florestas plantadas (Seringueiras). O montante de recursos destinados ao Programa somam R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais). Deste, para a recuperação de pastagens degradas foram destinados cerca de R$ 28.400.000,00 (vinte e oito milhões e quatrocentos mil reais) conforme apresentado nográfico 01. Gráfico 01: Valores dos contratos do Projeto ABC na agência do Banco do Brasil de Ituiutaba.
Para que possam solicitar ao banco o empréstimo do Programa ABC, é necessário que o produtor procure empresas que realizem a elaboração do projeto a ser apresentado ao banco, esse é o principal requisito para a liberação do montante. Os produtores rurais, ao procurarem essas empresas, para elaboração do projeto, e consequentemente obterem solicitação do crédito, que inclui obrigatoriamente, a identificação do imóvel e da área total, o croqui descritivo e histórico de utilização da área a ser beneficiada. O produtor precisa apresentar comprovantes de análise de solo e da respectiva recomendação agronômica. Além de que outro item importante é o ponto georreferenciado por GPS ou outro instrumento de aferição na parte central da propriedade rural. Por último o plano de manejo agropecuário, agroflorestal ou florestal, conforme o caso, da área. Conforme informado, as empresas que realizam esse projeto em Ituiutaba são a Planecom, TecPlan e a Rastro. O gerente informou que a instituição bancária realiza o monitoramento fiscal das propriedades que são beneficiadas pelo empréstimo. Essas visitas são realizadas em um período de dois a três anos, todavia, por não ter sido completado o tempo necessário, até o momento não foi realizado nenhuma inspeção. O entrevistado, ao ser perguntado sobre possíveisdificuldades dos agricultores em conseguir financiamento, informou não existem muitos problemas, pois os produtores que procuram a agência para esse tipo de financiamento são aqueles classificados como médios e grandes produtores. A justificativa para isso é o fato dos pequenos produtores terem acesso àlinha de crédito do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar) em virtude de menores taxas de juros, direcionadasaos pequenosprodutores. Também foi revelado, pelo gerente da agência bancária que o programa ABC, conta com uma linha de credito de 5% de juros (para todas as linhas de crédito) ao ano sendo que cada safra vai do período de junho a julho do ano subsequente. A cada safra, o produtor pode renovar o seu empréstimo no valor de ate R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Mapeamento do Uso da Terra no Município de Ituiutaba/MG O município de Ituiutaba localiza-se entre os paralelos 18º19 e 19º39 S e os meridianos 49º00 e 50º00 O,a oeste do estado de Minas Gerias, ocupando uma área de 2.598,046 Km² (figura 1). Figura 1: Localização do município de Ituiutaba inserida na Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.
Fonte: REZENDE; ROSENDO (2009). Para o mapeamento do uso da terra do município de Ituiutaba, foram realizadas as seguintes etapas: aquisição de imagens do satélite TM/Landsat5 (Órbita 221 e 222, Ponto 73, com data de passagem em junho de 2011); geração da composição colorida 3B4R5G, aplicação de contraste linear, georreferenciamento, mosaicagem e recorte das imagens de acordo com o limite do município no software SPRING 5.2.1;por fim, o mapeamento do uso da terra foi realizado pela interpretação visual das imagens digitais diretamente na tela do computador (classificação visual em tela) por meio do software ArcView 3.2. As imagens foram obtidas pelo banco de dados do Instituto Nacional de Pesquisa (INPE) pelo site: <http://www.dgi.inpe.br/cdsr/>. Espacial (INPE) pelo site: <http://www.dgi.inpe.br/cdsr/>. A técnica de classificação visual em tela foi escolhida por ser considerada mais precisa em virtude das características de padrão, textura e forma da pastagem. Além da área de estudo ser relativamente pequena, se tornando mais precisos os resultados.
A figura 02 ilustra a distribuição do uso da terra no município de Ituiutaba/MG, cuja área predominante é a pastagem. Verificou-se que a área ocupada pela pastagem corresponde a 147.828 ha (gráfico 03). Enquanto outros usos como a agricultura ocupam 12.119 ha; a vegetação natural 70.397 ha; a cana-de-açúcar ocupa uma área de 24.646 ha; a área urbana ocupa uma área de 3.096 ha; os cursos d água ocupam uma área de 1.668 ha e a áreas de reflorestamento cerca de 89 ha. Figura 02: Mapeamento do uso da terra no município de Ituiutaba/MG Tabela 01: Uso da terra no Município de Ituiutaba MG Uso do Solo Área em Hectares Porcentagem Área Urbana 3095,763 1,8 % Vegetação Natural 70396,909 28% Agricultura 12119,291 5% Pastagem 147827,94 57%
Cana-de-açúcar 24645,725 7% Curso D'água 1668,533 1% Total 259754,161 100% Gráfico 03: Uso da terra no município de Ituiutaba ORG: VIÇOSO, L. C. B. Pode-se verificar que a maior parte do município possui a sua área ocupada pela pastagem sendo essa o principal foco dessa pesquisa e consequentemente pelo Programa ABC. Estima-se que parte dessa pastagem esteja em algum processo de degradação
sendo necessário o sua imediata recuperação. Vale ressaltar que é possível a ocorrência de erros no mapeamento realizado, superestimando a área ocupada pela pastagem (em virtude da pesquisa encontrar-se em andamento). O trabalho de campo, objetivando a visita na área de pesquisa, está previsto para o primeiro semestre de 2014. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto nº 7.390 de 09 de dezembro de 2010 que institui a Política Nacional sobre Mudanças no Clima PNMC. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7390.htm>. Acesso em: 24 de fevereiro de 2014. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Dados sobre Programa ABC. 2012. Disponível em <http://www.agricultura.gov.br/>. Acesso em 15 de agosto de 2012. CNA. Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Guia de financiamento para agricultura de baixo carbono. Brasília DF, 2012. 44 p. Disponível em:<http://agriculturabaixocarbono.files.wordpress.com/2012/01/cartilhaabcweb.pdf>. Acesso em: 20 jun de 2012. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Dados sobre pastagens no Brasil, ano base 2006. Disponível em: < http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.asp?z=t&o=11&i=p&c=854>. Acesso em: 20 abr. 2012. MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Programa de Agricultura de Baixo Carbono. Disponível em:<http://www.agricultura.gov.br/abc/>. Acesso em: 01 de agosto de 2013. REZENDE, M; ROSENDO, J. S. Análise da evolução da ocupação do uso da terra no município de Ituiutaba-MG utilizando técnicas de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto. Horizonte Científico. Volume 3, n 1, 2009. Disponível em:
<http://www.seer.ufu.br/index.php/horizontecientifico/article/view/4361>. Acesso em: 22 abr 2012. ZUCCHI, Anderson Adilson; SOARES, Cezar Augusto. Agricultura de Baixo Carbono (ABC): crédito para projetos ambientais sustentáveis. In: Anais do III ENDICT Encontro de Divulgação Científica e Tecnológica, Paraná, 19 a 21 de outubro de 2011. Toledo PR, 2011. 6p. Disponível em: <http://www.utfpr.edu.br/toledo/estrutura-universitaria/diretorias/dirppg/anais-doendict-encontro-de-divulgacao-cientifica-e-tecnologica/anais-do-iiiendict/agricultura%20de%20baixo%20carbono%20_abc_-%20credito%20para%20projetos%20ambientais%20sustent-uveis.pdf>. Acesso em: 01 de agosto de 2013