PEDRO ANDRÉ DE SENE BIERNASKI ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO ANIMAL



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Transcrição:

PEDRO ANDRÉ DE SENE BIERNASKI ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO ANIMAL CURITIBA 2011

PEDRO ANDRÉ DE SENE BIERNASKI ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM REPRODUÇÃO ANIMAL Trabalho apresentado para conclusão do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná. Supervisor: Prof. Dr. Romildo Romualdo Weiss. Orientador: Dr. Adriano Bernardes Silva CURITIBA 2011

DEDICATÓRIA A Deus, por tudo que me proporciona na vida. À minha mãe e meu pai, os quais amo muito, pelo exemplo de vida. A minha irmã, por tudo que me ajudou até hoje. À minha namorada Sarita, pelo carinho, compreensão e companheirismo.

AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, Mário e Tânia e minha irmã Mariana, que tornaram possível esta conquista. Aos meus muitos e verdadeiros amigos que estiveram presentes nos principais momentos de minha vida. Valeu rapaziada! Aos meus mestres, que, com paciência e carinho, me conduziram a esta vitória, e principalmente ao meu orientador Professor Adriano, pelas excelentes dicas, correções e toda atenção oferecida. A todos os funcionários e proprietários de todas as fazendas que visitei, pois contribuíram que este trabalho acontecesse. Aos alunos e técnicos da UFPR, especialmente aos que estão ligados ao curso de veterinária. A minha namorada por todos esses anos, de muito carinho, amizade, companheirismo e felicidade. E finalmente, agradeço a todos que me ajudaram direto ou indiretamente para o desenvolvimento deste projeto.

5 RESUMO A demanda crescente por proteína animal tem exigido que os sistemas de produção sejam cada vez mais eficientes. Dentre os diversos fatores que influenciam a eficiência econômica dos sistemas, pode-se destacar a reprodução como sendo o mais básico de todos, pois sem ela não há a geração de produtos. Assim, quanto mais eficiente for o desempenho reprodutivo, observada a relação custo benefício, maior será a possibilidade de lucro para atividade. Neste contexto, o objetivo do estágio foi ampliar os conhecimentos relacionados à reprodução de bovinos (mais especificamente as técnicas de inseminação artificial em tempo fixo) e possibilitar o contato com profissionais da área contribuindo para a formação profissional neste campo da Medicina Veterinária. Desde já, e importante salientar que tanto a prática quanto a literatura, que serão tratadas a seguir, confirmaram serem as boitécnicas de reprodução ferramentas ímpares em um sistema de produção extensivo de pecuária de corte.

6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa do Estado do Pará Fonte: www.mapasparacolorir.via12.com... 13 Figura 2 - Mapa do Tocantis com destaque para cidade de Itaporã-TO Fonte: www.wikipedia.com.br... 14 Figura 3 - Esquema de protocolo DIB Fonte: Arquivo pessoal... 15 Figura 4 - Esquema de protocolo crestar com gonadiol Fonte: Arquivo pessoal... 15 Figura 5 - Esquema de protocolo crestar com valerato Fonte: Arquivo pessoal... 16 Figura 6 - Esquema de protocolo Crestar para novilhas Fonte: Arquivo pessoal... 16 Figura 7 - Gonadiol Fonte: Arquivo pessoal... 17 Figura 8 - DIB usado Fonte: Arquivo pessoal... 18 Figura 9 - Crestar Fonte: Arquivo pessoal... 18 Figura 10 - Ciosin Fonte:www.schering-plough.com.br... 18 Figura 11 - Exame patológico de sêmem Fonte: Arquivo pessoal... 22 Figura 12 - Visão microscópica do sêmem corado Fonte: Arquivo pessoal... 22 Figura 13 Exame clínico de eqüídeo suspeito papilomatose... 23 Figura 14 - Instalações São Manoel Santana do Araguaia -PA... 23 Figura 15 - Montagem do DIB no aplicador Faz. Boca do Monte... 24 Figura 16 - Instalações Fazenda Boca do Monte... 24 Figura 17 - Calendário Anual de Sanidade e Manejo Faz. São Manoel... 25 Figura 18 - Detalhe Calendário Faz. São Manoel... 25 Figura 19 - Fêmea com Lesão no Globo Ocular... 26 Figura 20 - Pastagem Fazenda Santa Maria Itaporã - TO... 26 Figura 21 Silo Fazenda Santa Maria Itaporã - TO... 27 Figura 22 Programação Adubação Pastagens Faz. Santa Maria Itaporã - TO 27 Figura 23 - Vagão Forrageiro Faz. Santa Maria Itaporã - TO... 28 Figura 24 Ração Destinada para Creep Feeding Fazenda Santa Maria... 28 Figura 25 Depósito de caroço de Algodão Faz. Santa Maria... 29 Figura 26 Mapa piquetes Faz. Santa Maria Itaporã - TO... 29 Figura 27 - Variação das Concentrações de hormônios no Ciclo estral... 35

7 LISTA DE TABELAS TABELA 1: RELAÇÃO DE PROPRIEDADES VISITADAS... 19 TABELA 2: ATIVIDADES REALIZADAS... 20 TABELA 3: CARACTERÍSTICAS DO ESTRO AVALIADAS POR RADIOTELEMETRIA INTERVALOS ESTRO-OVULAÇÃO EM VACAS NELORE (BOS INDICUS), ANGUS (BOS TAURUS) E NELORE X ANGUS (BOS INDICUS X BOS TAURUS).... 37 TABELA 4: PORCENTAGEM DE VACAS NELORE QUE COMEÇARAM (C), TERMINARAM (T), OU QUE COMEÇARAM E TERMINARAM (CT) O ESTRO DURANTE O DIA OU A NOITE.... 37

8 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1- PERCENTAGEM DE VACAS PRENHES INSEMINADAS APÓS OBSERVAÇÃO DE CIO (IA CONVENCIONAL) OU APÓS PROGRAMA DE IATF NO PRIMEIRO DIA DA ESTAÇÃO DE MONTA (EM) ASSOCIADO A IA CONVENCIONAL EM 45 DIAS DE ESTAÇÃO DE MONTA. (ADAPTADO DE BARUSELLI ET AL., 2002)... 39

9 LISTA DE SIGLAS UFTO Universidade Federal do Tocantins IATF Inseminação Artificial em Tempo Fixo IA Inseminação Artificial CL Corpo Lúteo DIB Dispositivo Intravaginal Bovino ECP - (Cipionato de Estradiol) Solução Estéril FSH Hormônio Folículo Estimulante LH Hormônio Luteinizante GnRH - Hormônio liberador de gonadotrofina Kg Quilo Mm milímetros PGF2~ - Prostaglandin Growth Factor 2 IEP Intervalo entre Partos EM- Estação de Monta H horas PG s - Prostaglandinas

10 SUMÁRIO SUMÁRIO... 10 1. INTRODUÇÃO... 11 2. OBJETIVOS... 12 2.1 Objetivo Geral... 12 2.2 Objetivos Específicos... 12 3. DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO... 13 3.1 Local e Período... 13 3.2 Descrições das atividades... 14 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 30 4.1 Fisiologia da Reprodução de Vacas... 30 4.1.2 Puberdade... 30 4.1.3 Ciclo Estral... 31 4.1.3.1 Fase Folicular... 32 4.1.3.2 Fase Luteínica... 34 4.2 Inseminação Artificial... 36 4.2.1 Definição e Importância... 36 4.2.2 Vantagens... 36 4.2.3 Limitações... 36 4.3 Inseminação Artificial em Tempo Fixo... 38 4.3.1 Definição e Importância... 38 4.3.2 Comparação entre Programas de IATF e de IA Convencional... 39 4.3.3 Hormônios Utilizados nos Protocolos de IATF... 40 4.3.3.1 Progestágenos... 40 4.3.3.2 Estrógenos... 41 4.3.3.3 Análogos da Prostaglandina ( PGF2α )... 41 4.3.4 Métodos e Protocolos de Sincronização do Estro em Bovinos... 42 4.3.4.1 Estrógeno... 43 4.3.4.2 Progesterona e Valerato de Estradiol... 44 4.3.4.3 Progesterona, Benzoato de Estradiol e Prostaglandina... 44 4.3.4.4 Prostaglandina F2α e seus Análogos... 45 4.3.4.5 GnRH/ PGF2α /GnRH-OVSYNCH... 46 4.3.4.6 CIDR-B (Controlled internal drug releasing-bovine)... 46 4.3.4.7 Crestar (norgestomet)... 47 4.4 Conclusão... 48 4.5 Discussão... 49 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 50 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 51

11 1. INTRODUÇÃO O estágio obrigatório basicamente caracterizou-se pelo acompanhamento da rotina de trabalho do Sr. Adriano Bernardes Silva, Médico Veterinário formado pela UFTO Araguaína que trabalha como autônomo e em parceria com algumas empresas tais como Intervet, ABS Pecplan e PARASUL Agropecuária. Sua região de trabalho é basicamente o sudeste do estado do Pará abrangendo principalmente os municípios de Redenção, Conceição do Araguaia, Santana do Araguaia, Santa Maria das Barreias, Cumaru do Norte, Pau D Arco, Xinguara, Marabá e o noroeste do estado do Tocantins principalmente na região do município de Guaraí TO. Seu trabalho consiste na venda e implementação de protocolos de IATF em rebanhos de bovinos. A orientação do presente trabalho se deu pelo próprio Sr. Adriano Bernardes Silva e a supervisão pelo Prof. Dr. Romildo Romualdo Weiss. A importância do estágio realizado se dá por conta da inegável necessidade de produção tecnologia e formação de novos técnicos capacitados para o desenvolvimento da produção animal o que invariavelmente contribuirá para desenvolvimento em outras áreas.

12 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral O objetivo do estágio foi o aperfeiçoamento profissional na área de reprodução animal e superação de requisito parcial para a conclusão do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná. 2.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos do estágio foram ampliar os conhecimentos relacionados à reprodução de bovinos e possibilitar o contato com profissionais da área contribuindo para a formação profissional neste campo da Medicina Veterinária. E ainda foi o de conhecer a região sudeste do estado do Pará, que na ultima década tem despontado como uma região promissora para o agronegócio e ao mesmo tempo carente de tecnologias e profissionais qualificados para aproveitar seu potencial produtivo.

13 3. DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO 3.1 Local e Período O estágio curricular foi realizado em diversas propriedades no sudeste do estado do Pará e noroeste do estado do Tocantins no período entre os dias 20/12/2010 e 18/02/2011. A freqüência era diária com inicio as 08h00min da manha até as 12h00min, intervalo para almoço e retorno das atividades as 14h00min com término as 18h00min, de segunda a sexta-feira, com carga-horária de 40 horas semanais, totalizando 320 horas de atividades. Esses horários dizem respeito apenas às horas efetivamente trabalhadas, pois em virtude das grandes distâncias entre as propriedades não eram raros deslocamentos nos períodos da madrugada. Os municípios visitados durante o estágio serão a seguir expostos: no Pará Redenção, Conceição do Araguaia, Santana do Araguaia, Santa Maria das Barreias, Cumaru do Norte, Pau D Arco. E no Tocantins o município de Itaporã. Figura 1 - Mapa do Estado do Pará Fonte: www.mapasparacolorir.via12.com

14 Figura 2 - Mapa do Tocantis com destaque para cidade de Itaporã-TO Fonte: www.wikipedia.com.br 3.2 Descrições das atividades As atividades foram basicamente a de implementação e acompanhamento de protocolos de IATF nas propriedades atendidas pelo Dr. Adriano. Essas atividades eram determinadas em função da fase do programa na qual a propriedade estava. Basicamente o que acontecia era em um primeiro momento a avaliação do score corporal dos animais e posterior avaliação da atividade ovariana e diagnóstico de prenhez dos mesmos. Isto feito, eram selecionadas as fêmeas que entrariam no programa de IATF. Para serem selecionadas, as fêmeas multíparas deveriam ter score corporal de 2 a 3 e não necessariamente deveriam estar ciclando. Já as novilhas deveriam apresentar score corporal de 2 a 3 e necessariamente deveriam apresentar CL ao exame de ultrassom. Durante o período do estágio foram trabalhados 4 protocolos diferentes:

15 Figura 3 - Esquema de protocolo DIB Fonte: Arquivo pessoal Figura 4 - Esquema de protocolo crestar com gonadiol Fonte: Arquivo pessoal

16 Figura 5 - Esquema de protocolo crestar com valerato Fonte: Arquivo pessoal Figura 6 - Esquema de protocolo Crestar para novilhas Fonte: Arquivo pessoal

17 Esses protocolos eram escolhidos de acordo com a categoria animal e a conveniência do manejo da propriedade. Os protocolos com implantes de crestar (Figura 9) eram preferencialmente escolhidos para novilhas, pois a fonte de progesterona nesse caso é sintética e bloqueia menos a hipófise mitigando os efeitos colaterais de feedback negativo nesta glândula. Para novilhas também utilizava-se sempre o benzoato de estradiol (Figura 7) em detrimento ao uso do valerato de estradiol e ainda não se utilizava o ECP por conta de respostas irregulares a esse hormônio constatadas pelos técnicos da Intervet. Os outros protocolos eram alternados de forma que poderiam ser implementados em um mesmo momento mas as intervenções seguintes juntamente com a inseminação se dariam em momentos diversos. Por exemplo: no momento da implantação poder-se-ia usar dispositivos intravaginais impregnados com progesterona (DIB) de 1º e 2º usos dividindo assim o momento da inseminação, sendo esta 48h (DIB de 2º uso) ou 56h (DIB de 1º uso) (Figura 8) a partir da retirada do implante. Poder-se-ia ainda usar no momento da implantação protocolos com implante Crestar + valerato de estradiol ou DIB + benzoato de estradiol que acarretaria em momentos diversos tanto para a retirada do implante (D9 para Crestar com valerato e D8 para DIB com Gonadiol) quanto para a inseminação (D10 ou D11/D12). Figura 7 - Gonadiol Fonte: Arquivo pessoal

18 Figura 8 - DIB usado Fonte: Arquivo pessoal Figura 9 - Crestar Fonte: Arquivo pessoal Figura 10 - Ciosin Fonte:www.schering-plough.com.br Além dos protocolos eram realizados com menos freqüências exames clínicos, exames patológicos de sêmem (Figura 11), necropsias, visitas a instalações de propriedades e reunião com produtores. A tabela a seguir elenca as propriedades visitadas durante o período do estágio curricular:

19 TABELA 1: RELAÇÃO DE PROPRIEDADES VISITADAS Nesta esta outra tabela arrola as atividades realizadas no período do estágio com as respectivas cargas horárias.

TABELA 2: ATIVIDADES REALIZADAS 20

21

22 Figura 11 - Exame patológico de sêmem Fonte: Arquivo pessoal Figura 12 - Visão microscópica do sêmem corado Fonte: Arquivo pessoal

23 Figura 13 Exame clínico de eqüídeo suspeito papilomatose Figura 14 - Instalações São Manoel Santana do Araguaia -PA

24 Figura 15 - Montagem do DIB no aplicador Faz. Boca do Monte Figura 16 - Instalações Fazenda Boca do Monte

25 Figura 17 - Calendário Anual de Sanidade e Manejo Faz. São Manoel Figura 18 - Detalhe Calendário Faz. São Manoel

26 Figura 19 - Fêmea com Lesão no Globo Ocular Figura 20 - Pastagem Fazenda Santa Maria Itaporã - TO

27 Figura 21 Silo Fazenda Santa Maria Itaporã - TO Figura 22 Programação Adubação Pastagens Faz. Santa Maria Itaporã - TO

28 Figura 23 - Vagão Forrageiro Faz. Santa Maria Itaporã - TO Figura 24 Ração Destinada para Creep Feeding Fazenda Santa Maria

29 Figura 25 Depósito de caroço de Algodão Faz. Santa Maria Figura 26 Mapa piquetes Faz. Santa Maria Itaporã - TO

30 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.1 Fisiologia da Reprodução de Vacas 4.1.1 Fisiologia Pré-Natal e Neonatal da Vaca O ciclo reprodutivo refere-se a vários fenômenos: puberdade e maturidade reprodutiva, estação de monta, ciclo estral, atividade sexual pós-parto e senilidade. Estes componentes são regulados por fatores ambientais, genéticos, fisiológicos, hormonais, comportamentais e psicológicos. As taxas de fertilidade iniciadas na época da puberdade são mantidas por alguns anos antes de começarem a declinar gradualmente devido à idade. Os animais domésticos destinados à produção, todavia, de um modo geral, são abatidos quando a taxa de reprodução diminui (HAFEZ, 1995). As secreções das gonadotrofinas, FSH (hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante), assim como a dos seus hormônios liberadores hipotalâmicos (GnRH), sempre começam na vida fetal. Na vaca, o início é precoce, logo após a diferenciação sexual (um ou dois meses de gestação). Esta secreção regride temporariamente e é ligeiramente reduzida nos dois meses que antecedem o nascimento. O desencadeamento da secreção gonadotrófica está relacionado à maturação do sistema nervoso central. As concentrações plasmáticas de gonadotrofina permanecem baixas até que se manifeste a puberdade (HAFEZ, 1995). 4.1.2 Puberdade O termo puberdade é usado para definir o início da vida reprodutiva e, para a fêmea, o início da atividade ovariana. Na fêmea a puberdade em geral está associada à primeira aparição do cio; contudo a puberdade também inclui eventos que precedem imediatamente o início da atividade ovariana (MELVIN et al.,1996). A idade à época de maturidade sexual vai depender da raça e alimentação. Tem seu início quando os órgãos reprodutivos iniciam a sua função, sendo

31 representada para a fêmea pelo 1º cio com ovulação. Isto ocorre, entre outros motivos, pelo nível nutricional sob o qual foram mantidas após o desmame, podendo antecipar ou retardar o aparecimento, em aproximadamente seis meses, variando ainda de raça para raça (CUNNINGHAM, 1999; HAFEZ, 1995). Em termos médios, estima-se o seu aparecimento para fêmeas bovinas de raças européias entre os 9 a 12 meses de idade, sendo que para as raças zebuínas, caracteristicamente mais tardias, pode surgir fisiologicamente até os 24 meses e, para fêmeas ½ sangue normalmente entre 12 e 20 meses. Com fins de utilização de novilhas para a reprodução, deverá se observar não só o aparecimento do cio, mas também, a maturidade sexual, ou seja, é importante considerar o desenvolvimento corpóreo a possíveis dificuldades de parto. Não menos importante é o fornecimento de nutrição adequada para as novilhas que emprenharam, de modo que estas se mantenham crescendo, ganhando peso e chegando ao parto em boa condição corporal (VANZIN, 2000). O peso ideal de novilhas nelore, para serem selecionadas ao programa reprodutivo, está em torno dos 270-280 kg peso vivo, por volta dos 25-30 meses (em criações extensivas). Já para as novilhas com sangue europeu, por volta dos 300-320 kg peso vivo, dependendo da alimentação fornecida, a partir dos 12-18 meses. Assim sendo, cada raça tem seu peso ideal à primeira concepção e este peso deve ser respeitado. Mesmo que novilhas entrem em cio antes desta condição, elas não devem ser cobertas, pois se corre o risco de não se manterem as exigências nutritivas ao seu bom desenvolvimento (AMARAL, 2000). 4.1.3 Ciclo Estral Estro ou cio, comumente referido como dia zero do ciclo estral, é o período da fase reprodutiva do animal no qual a fêmea apresenta sinais de receptividade sexual, seguida de ovulação. Em bovinos, a duração média do estro é de, aproximadamente, 12 horas, e a ovulação ocorre de 12 a 16 noras após o término do cio. A duração do cio e o momento de ovulação apresentam pequenas variações entre fêmeas da mesma espécie, em função de fatores endógenos e exógenos. Quando não ocorre a fecundação, o intervalo médio entre os dois cios consecutivos é de 21 dias, e é denominado ciclo estral (LUCY et al.,1992)..

32 O ciclo estral dos bovinos pode ser dividido em duas fases distintas. A primeira (fase folicular), é caracterizada pelo desenvolvimento do folículo, estrutura no ovário que contém o óvulo, e culmina com a liberação do mesmo (ovulação). A segunda, (fase luteínica), é caracterizada pelo desenvolvimento do corpo lúteo. Esta estrutura, formada após a ruptura do folículo, produz progesterona, que é o hormônio responsável pela manutenção da gestação. Se o óvulo for fertilizado, o corpo lúteo será mantido caso contrário ocorrerá a regressão do corpo lúteo e terá início uma nova fase folicular. Os eventos que ocorrem durante o cicio estral são regulados basicamente pela interação dos hormônios GnRH (hormônio liberador das gonadotrofinas), FSH (hormônio folículo estimulante), LH (hormônio luteinizante), estradiol e progesterona. O GnRH é produzido pelo hipotálamo, órgão localizado na base do cérebro, e regula a liberação das gonadotrofinas FSH e LH. O FSH e o LH, produzidos pela glândula pituitária (hipófise anterior), são responsáveis pelo desenvolvimento folicular e ovulação. Os hormônios estradiol e progesterona são produzidos pelas estruturas do ovário (folículo e corpo lúteo, respectivamente) e estão ligados à manifestação do cio e manutenção da gestação (CUNNINGHAM, 1999). 4.1.3.1 Fase Folicular O período de desenvolvimento folicular, ou fase folicular, pode ser dividido em proestro e estro. O período de proestro, com duração de dois a três dias, é caracterizado pelo declínio nos níveis de progesterona, pelo desenvolvimento folicular e pelo aumento dos níveis de estradiol no sangue. Nessa fase, a liberação do GnRH pelo hipotálamo estimula a secreção de FSH e LH da glândula pituitária. Os elevados níveis de FSH no sangue induzem o desenvolvimento dos folículos e, em sinergismo com o LH, estimulam a sua maturação. Á medida que o folículo se desenvolve, aumenta a produção de estradiol pelos mesmos, e após uma determinada concentração, o estradiol estimula a manifestação do cio e a liberação massiva do LH, dando inicio à segunda fase. No período de estro, a ocorrência de elevados níveis de estradiol, além de induzirem a manifestação do cio, são também responsáveis pela dilatação da cervix, síntese e secreção do muco vaginal e o transporte dos espermatozóides no trato

33 reprodutivo feminino. Durante o período de manifestação do cio, a vaca ou novilha fica inquieta, monta e deixa-se montar por outras vacas, reduz o apetite, diminui a produção de leite e apresenta corrimento de muco vaginal claro e viscoso. A vulva e a vagina apresentam-se intumescidas e avermelhadas devido à elevada irrigação sanguínea. Normalmente, somente um folículo ovula no ciclo estral em bovinos. Dois folículos ovulam em aproximadamente 10% dos casos, enquanto que três, são raros. Os folículos ovulam em cerca de 60% no ovário direito e 40% no ovário esquerdo. A primeira ovulação após o parto ocorre mais freqüentemente no ovário oposto ao corno uterino previamente gestante (HAFEZ, 1995). Segundo BORGES et al. (2001), a dinâmica folicular em animais mestiços de Holandês-Zebu, caracterizaram a ocorrência de duas ou três ondas, com predominância de ciclos com três ondas em relação ao de duas ondas. Apesar de a maioria das fêmeas apresentarem um padrão de duas ou três ondas, existem aquelas que apresentam somente uma onda (BORGES et al., 2001) e aquelas que apresentam quatro ondas (FIGUEIREDO et al., 1997; BORGES et al., 2001; SILVA et al., 2005). Durante o ciclo estral uma onda de folículos emerge entre os dias 1 e 3 após o estro. São geralmente em torno de 10 a 50 folículos neste grupo com o tamanho em torno de 2 a 3 mm. Nos dias subseqüentes, parte desses folículos cresce para 4 a 6 mm, sendo que 2 a 5 folículos maiores do grupo continuarão a crescer, enquanto que os outros regridem. Neste grupo de folículos, pelo menos um continua a crescer e torna-se o folículo dominante até o momento da ovulação, ou então ocorre a sua regressão e inicia-se uma nova onda de crescimento folicular. O desenvolvimento do folículo dominante é dividido em 3 fases: fase de crescimento, estática e de regressão (SILCOX et al., 1993). A primeira onda de crescimento folicular vai desde a emergência até próximo do oitavo dia após o cio; a fase estática ocorre entre o oitavo e o décimo dia; e aquela de regressão apresentase após o décimo dia. Nesse mesmo dia do ciclo estral começa a segunda onda de crescimento folicular e o processo se repete. O folículo dominante dessa segunda onda de crescimento folicular regride (se houver três ondas), ou se torna folículo ovulatório (se houverem apenas duas ondas). O que determina se irão ocorrer duas ou três ondas de crescimento folicular

34 parece ser a taxa de crescimento e a duração da fase luteínica em ciclos estrais normais e se a regressão do corpo lúteo ocorrer enquanto o folículo dominante da segunda onda for funcional (fase de crescimento ou estática), ele será ovulatório (ciclo estral com duas ondas), porém se o folículo já tiver iniciado a fase de regressão no momento da luteólise, haverá o crescimento de outro folículo dominante da terceira onda de crescimento folicular (KASTELIC et al., 1990). 4.1.3.2 Fase Luteínica Após o término da manifestação do cio, tem início o período de desenvolvimento do corpo lúteo, ou fase luteínica. A fase luteínica pode ser subdividida em metaestro e diestro. O metaestro, com duração de dois a três dias, tem como característica principal a ovulação que é a liberação do óvulo pelo folículo. Em bovinos, a ovulação ocorre geralmente de 12 a 16 horas após o término do cio. Após a ruptura do folículo, o óvulo é transportado para o iscal de fertilização porção média do oviduto, e as células da parede interna do folículo se multiplicam dando origem a uma nova estrutura, denominada corpo lúteo ou corpo amarelo. O corpo lúteo produz progesterona, que é o hormônio responsável pela manutenção da gestação. O período no qual o corpo lúteo passa a ser funcional (representado pela síntese e liberação de elevados níveis de progesterona, é denominado de diestro). Entre as diversas fases do ciclo estral, o diestro é o de maior duração (aproximadamente 15 dias). Se o óvulo for fecundado, o corpo lúteo será mantido e os níveis de progesterona permanecerão elevados durante a gestação. Caso não ocorra a fecundação, o corpo lúteo regredirá (ao redor de 17 dias após o cio) e os níveis a progesterona no sangue diminuirão, permitindo assim o desenvolvimento de um novo ciclo estral. Um dos mecanismos responsáveis pela destruição do corpo lúteo (luteólise) é a ação de uma substância produzida pelo útero, denominada prostaglandina (PGF2). O corpo lúteo é mais sensível à ação luteolítica da prostaglandina à medida que envelhece (amadurece), ou seja, a partir do 10º dia do ciclo estral (KING & KIRACOFS 1982, BERARDINELLI & ADAIR 1989).

35 Na figura a seguir estão representadas as variações observadas nas concentrações dos principais hormônios que regulam o ciclo estral em bovinos. (VALLE, 1991). Figura 27 - Variação das Concentrações de hormônios no Ciclo estral

36 4.2 Inseminação Artificial 4.2.1 Definição e Importância Entende-se por inseminação artificial a transferência de sêmen de um macho fértil para uma fêmea fértil, por via instrumental, no momento oportuno e no lugar certo, para que a fecundação ocorra naturalmente. 4.2.2 Vantagens A utilização da IA apresenta inúmeras vantagens como a padronização do rebanho, o controle de doenças sexualmente transmissíveis, a ordenação do trabalho na fazenda, a diminuição do custo de reposição de touros, etc. Mas a principal vantagem dessa técnica está diretamente ligada ao processo de melhoramento genético e à obtenção de animais com maior potencial de produção e reprodução. Na atualidade existem diversos programas de melhoramento genético, tanto em Bos indicus quanto em Bos taurus, que possibilitam identificar com elevada acurácia indivíduos superiores para utilização em larga escala em programas de IA (BARUSELLI et al. 2004). Outra vantagem da IA é a melhoria decorrente do cruzamento entre raças (PEROTTO et al., 1996; CUBBAS et al., 1996) que, no Brasil, geralmente consiste na utilização de sêmen de touros europeus provados em vacas zebuínas de rebanho comercial. A IA é uma das poucas ferramentas disponíveis ao criador de países tropicais para obter, com sucesso, os ganhos do cruzamento entre Bos taurus e Bos indicus. 4.2.3 Limitações Segundo BARUSELLI, (2000) o estudo das características comportamentais durante a fase estral é de grande relevância para o emprego da IA, uma vez que um dos maiores entraves na eficiência desta biotecnologia é a detecção de cio, que diretamente está associada à baixa taxa de serviço. Trabalhos realizados em fêmeas zebus por detecção visual do estro e radiotelemetria (tab. 1 e 2) indicaram curta duração (cerca de 11 horas) associado à alta incidência de cios noturnos 30% a

37 50% (PINHEIRO et al., 1998; MIZUTA, 2003). Estes dados indicam dificuldade na detecção de cio, o que prejudica a implantação de programas convencionais de IA, daí a importância do emprego de protocolos a fim de sincronizar o estro e a ovulação para o emprego dessa biotecnologia em dias pré-determinados (IATF). TABELA 3: CARACTERÍSTICAS DO ESTRO AVALIADAS POR RADIOTELEMETRIA INTERVALOS ESTRO-OVULAÇÃO EM VACAS NELORE (BOS INDICUS), ANGUS (BOS TAURUS) E NELORE X ANGUS (BOS INDICUS X BOS TAURUS).. TABELA 4: PORCENTAGEM DE VACAS NELORE QUE COMEÇARAM (C), TERMINARAM (T), OU QUE COMEÇARAM E TERMINARAM (CT) O ESTRO DURANTE O DIA OU A NOITE. Outra limitação da técnica de IA é a necessidade de emprego de mão de obra especializada ao longo de toda a estação de monta o que nem sempre é fácil de encontrar e gera custos relativamente elevados. Ainda, há que se falar em anestro pós-parto e puberdade tardia (BARUSELLI et al., 2002) como não menos significantes limitações a IA convencional.

38 4.3 Inseminação Artificial em Tempo Fixo 4.3.1 Definição e Importância A partir do conhecimento detalhado da dinâmica folicular (PIERSON & GINTHER, 1988) tornou-se possível o desenvolvimento de tratamentos hormonais capazes de regular o crescimento folicular e o momento da ovulação, de forma a viabilizar a inseminação artificial com tempo fixo (IATF, ou seja, IA com tempo pré-determinado) em taurinos (THATCHER et al., 1993; PURSLEY et al., 1995) e zebuínos (BARROS et al., 1998; Fernandes et al., 2001). Nos últimos tempos com o avanço tecnológico da pecuária tem se empregado a utilização de tempo fixo para a inseminação artificial. O processo se resume em determinar o dia que um lote de vacas serão inseminadas, obviamente, considerando seu estado corporal e reprodutivo. Com este avanço tecnológico se reduz a estação de monta em um menor número de dias, não se perde com falhas na detecção do cio, uma vez que já não é mais necessária, e o trabalho que seria dedicado a um mesmo lote durante toda a estação de monta fica reduzido aos dias de manejo do protocolo. O aperfeiçoamento e aplicação da IATF incrementam a utilização da inseminação artificial e da transferência de embriões e, conseqüentemente, contribuir para o melhoramento genético, eficiência reprodutiva e produtividade do rebanho nacional. Em meio a tantas vantagens não se pode esquecer de que se deve utilizar os protocolos que apresentam um melhor custo/benefício da introdução da sincronização, levando-se sempre em conta os custos com medicamentos e a taxa de concepção (VASCONCELOS et al., 1997). Quando se pretende testar a eficiência de um sistema de produção de bovinos de corte, avalia-se principalmente as taxas de nascimento e desmame, bem como, o intervalo entre parto (IEP) das matrizes. Portanto, procura-se viabilizar economicamente a atividade com taxa de fertilidade em torno de 85% a 90% e IEP não superior a 14 meses, sendo ideal o de 12 meses. Sendo assim, a sincronização de estro é importante ferramenta, haja vista, que com ela é possível concentrar os

39 partos no momento mais adequado do ano, levando em consideração o aporte forrageiro e as condições climáticas de cada região (LIMA, 2005). 4.3.2 Comparação entre Programas de IATF e de IA Convencional A inseminação artificial em tempo fixo possibilita que as inseminações e as prenhezes se estabeleçam no início da EM, diminuindo o período de serviço e aumentando a eficiência reprodutiva do rebanho. Estudos realizados com vacas Brangus, com bezerros ao pé nos primeiros 45 dias de estação de monta, indicaram aumento significativo da taxa de prenhez em animais inseminados em tempo fixo quando comparados a animais submetidos à detecção de cio e consequente IA convencional (detecção de estro 2 vezes ao dia e IA 12 horas após; Gráfico 1). GRÁFICO 1- PERCENTAGEM DE VACAS PRENHES INSEMINADAS APÓS OBSERVAÇÃO DE CIO (IA CONVENCIONAL) OU APÓS PROGRAMA DE IATF NO PRIMEIRO DIA DA ESTAÇÃO DE MONTA (EM) ASSOCIADO A IA CONVENCIONAL EM 45 DIAS DE ESTAÇÃO DE MONTA. (ADAPTADO DE BARUSELLI ET AL., 2002)

40 4.3.3 Hormônios Utilizados nos Protocolos de IATF 4.3.3.1 Progestágenos O progestágeno é utilizado para inibir o desenvolvimento de um corpo lúteo em fêmeas que ovularam recentemente (próximo a data da colocação do implante) ou inibir a ovulação se a fêmea estiver no final do ciclo estral (ODDE, 1990). Porém, dispositivos de progestágenos implantados na ausência de corpo lúteo provocam a formação de um folículo dominante persistente que quando ovula produz um ovócito de baixa qualidade (Smith & Stevenson, 1995). Isto se deve à alteração do padrão secretório de LH (alta freqüência e baixa amplitude), característico da fase folicular (RAJAMANHENDERAN & TAYLOR, 1991), e não um padrão de alta amplitude e baixa freqüência, característico do diestro provocando então uma manutenção prolongada do folículo dominante, interrompendo o padrão usual do crescimento folicular em ondas. Este padrão secretório desencadeia o mecanismo de maturação nuclear, porém, insuficiente para promover a ovulação, no entanto, esta se torna presente quando é interrompida a administração do progestágeno (MADUREIRA, 2000). À medida que os conhecimentos sobre a dinâmica folicular e efeitos de progesterona e progestágenos sobre o desenvolvimento folicular foram crescendo durante a década de 90, alteraram-se os princípios empregados na concepção de protocolos de sincronização de cio. Talvez um dos principais conceitos introduzidos, neste momento, tenha sido o de que incrementos na taxa de concepção poderiam ser obtidos com a atresia do folículo dominante, no início do tratamento com progestágenos, impedindo assim, a formação de folículos persistentes, permitindo o desenvolvimento de uma nova onda folicular da qual resultaria o folículo dominante ovulatório apto à fertilização (MADUREIRA, 2000).

41 4.3.3.2 Estrógenos Pelo seu efeito de feed back positivo para LH e FSH o 17-estradiol é utilizado para induzir o estro em vacas no pós-parto. Segundo PETERS (1984), um implante de estradiol administrado por cinco dias em vacas nos dias entre 10 e 17 pós-parto, é capaz de induzir o início de ondas de LH e FSH. Em outro trabalho, GARCIA-WINDER et al. (1988) utilizaram implante de estradiol em vacas por 21 dias, a partir do 26 dia pós-parto, e observaram um aumento nas taxas de ovulação das vacas. O uso de estradiol após um curto período de exposição à progestágenos é aplicado em vacas leiteiras em anestro a fim de incrementar a indução e detecção do estro e precisão da ovulação (DAY et al., 2000). 4.3.3.3 Análogos da Prostaglandina ( PGF2α ) A PGF2α é um grande agente natural e o principal responsável pelo encerramento da fase luteínica, realizando assim a regressão do corpo lúteo e como conseqüência, é também responsável pela eliminação de gestações indesejáveis. Dentre suas funções principais, as prostaglandinas têm um modo de ação na contração de musculatura lisa no trato reprodutivo e gastrintestinal e na luteólise. (HAFEZ, 1995). A prostaglandina controla apenas o corpo lúteo, não alterando assim a onda de crescimento folicular. Segundo PURSLEY (1996), quando a prostaglandina foi injetada no sétimo ou oitavo dia do ciclo estral, as vacas mostraram cio 62 + 9h após a aplicação e quando a prostaglandina foi injetada no décimo dia do ciclo estral, as vacas mostraram cio 100 + 35h após a sua aplicação. Portanto, conclui-se que o tempo em que a vaca ou novilha vai apresentar manifestações de estro após a aplicação da prostaglandina, irá depender diretamente do estágio em que se encontra o folículo dominante e a presença do corpo lúteo. Se o folículo dominante estiver em fase de

42 desenvolvimento, a vaca ou novilha ovula mais rápido, do contrário, ou seja, se estas estiverem em fase inicial de desenvolvimento folicular, o tempo para a manifestação de estro e ovulação é mais demorado. Muitos estudos citam que a concepção de vacas e novilhas sincronizadas com prostaglandinas são similares. MOODY & LAUDERDALE (1977) observaram que vacas ou novilhas cobertas 12 horas após a detecção do cio após uma sincronização de estro utilizando prostaglandina, apresentaram uma taxa de concepção de 59%. Comparadas com um lote de vacas que não foram sincronizadas, mas que foram cobertas nas mesmas condições, estas tiveram uma taxa de concepção de 62%. Contudo, é possível que nos zebuínos a variação do momento de ovulação após luteólise induzida por prostaglandina seja mais ampla (CAVALIERI et al., 1997), resultando em baixos índices de fertilidade quando uma única IA for realizada em tempo fixo após a sincronização. Os efeitos sazonais sobre a manifestação de estro induzido em zebuínos foram relatados por RUBIO et al. (1989). Segundo os autores, ocorreu maior intervalo da administração de prostaglandina ao início do estro na estação seca. 4.3.4 Métodos e Protocolos de Sincronização do Estro em Bovinos Na literatura nacional e internacional, existe um enorme leque de protocolos para a sincronização do estro e da ovulação em bovinos. Esses diferentes métodos variam desde a aplicação isolada de derivados de estrógenos, como no caso do valerato de estradiol, que atuam na supressão da secreção do FSH e no estímulo da liberação do LH pela hipófise, até o benzoato de estradiol (BÓ et al., 1994; HANLON et al., 1996). Entretanto, outros autores optaram pela associação de derivados da progesterona, associados ao valerato de estradiol, (BARUSELLI et al., 2002) metodologia eficiente, que foi utilizada durante o período de estágio, ou ainda a associação desses últimos hormônios, com a PGF2α, a fim de promover a supressão da secreção de progesterona pelo corpo lúteo, devido a luteólise que é provocada nesta glândula temporária (BARUSELLI et al., 2002).

43 Da mesma forma, os análogos da PGF2α também apresentam resultados satisfatórios quando comparados a outros métodos citados na literatura. Outras associações de hormônios, tais como o método (Ovsynch) preconizado por (WILTBANK, 1997; PURSLEY et al., 1995; BARROS et al.,2000 e BARUSELLI et al., 2002), que associam preparações a base de GnRH+ PGF2α +GnRH, têm sido utilizado com sucesso em bovinos Bos taurus taurus, mostrandose, contudo, ineficazes no caso de zebus, Bos taurus indicus e suas cruzas. 4.3.4.1 Estrógeno Os estrógenos são hormônios esteróides, que estão distribuídos por todo corpo e se acumulam no tecido adiposo, tendo sua eliminação principalmente pelo metabolismo hepático. Esses hormônios quando combinados com soluções oleosas, são absorvidos rapidamente podendo ainda permanecer sua absorção por vários dias depois de sua administração intramuscular (BÓ et al., 2006). Na reprodução animal, são utilizados os estrógenos esterificados como o cipionato de estradiol, valerato de estradiol e o benzoato de estradiol. A esterificação do grupo hidróxilo do estradiol 17β leva a proteção deste grupo contra o ataque metabólico e prolongam seu efeito, sendo assim, o cipionato de estradiol que é produzido a partir da esterificação do estradiol com o ácido ciclopentanepropiônico, tem uma atividade biológica muito mais prolongada em relação aos outros estrógenos. O benzoato de estradiol tem um período de ação mais curto e o valerato é de ação imediata. Uma vez na circulação, esses hormônios são hidrolisados e a atividade biológica volta a ser do estradiol 17β normal, portanto, a duração da ação dos estrógenos no organismo depende da absorção e do metabolismo (BÓ et al., 2006). BÓ et al., (1994) citam que os efeitos dos estrógenos, valerato de estradiol e 17β-estradiol (E2), sobre o desenvolvimento folicular ocasionam a supressão de FSH, a liberação de LH ou um efeito direto sobre os ovários. O benzoato de estradiol tem sido bastante utilizado para sincronizar a ovulação, possivelmente pelos mesmos mecanismos citados anteriormente, com a indução do pico pré-ovulatório de LH, pelo feedback positivo do E2, sobre a liberação do GnRH e LH, quando administrado na ausência da progesterona plasmática (HANLON et al., 1996).

44 4.3.4.2 Progesterona e Valerato de Estradiol Os progestágenos são sincronizadores de estro sendo utilizados para aumentar a vida útil do corpo lúteo (CL), porém, associado ao valerato de estradiol permite que as vacas apresentem regressão do CL e conseqüentemente o surgimento do estro, em um mesmo período. Existem no mercado fármacos eficientes que liberam progestágenos (Norgestomet-17α- acetoxi, 11β-metil-19- norpreg-4en-3,30-diona) com a finalidade supracitada. Esses produtos são administrados por via auricular subcutâneos ou por implantação intravaginal de dispositivos impregnados com progesterona, por um período que varia de oito a nove dias e tem como finalidade suprimir a liberação endógena do LH, simulando a fase luteínica do ciclo estral. A regressão luteínica é alcançada pela aplicação de valerato de estradiol no início do tratamento ou pela aplicação de prostaglandina no momento da remoção do implante (BARUSELLI et al., 2002). Os trabalhos que utilizaram implante de norgestomet em bovino demonstram que mais de 90% dos animais manifestam estro após a retirada do implante com taxa de concepção variando de 33% a 68% (ODDE, 1990; BARUSELLI et al., 2002). Animais em anestro no início do tratamento também manifestaram estro após a retirada do implante, porém, apresentaram menor fertilidade que animais cíclicos (ODDE, 1990). Os trabalhos em geral recomendam a IA dos animais após 48-54 horas da retirada do implante que variam conforme a origem do progestágeno (sintético ou natural) e quantidade de usos, com taxas de concepção aceitáveis acima de 50% (BARUSELLI et al., 2002). 4.3.4.3 Progesterona, Benzoato de Estradiol e Prostaglandina No mercado encontra-se usualmente implantes intra-vaginais contendo progesterona natural. Estes produtos permanecem na vagina do animal por um período de sete a 12 dias com a finalidade de manter altos os níveis de progesterona para bloquear a liberação endógena do LH, simulando a fase luteínica do ciclo estral. A regressão luteal é alcançada pela aplicação de estradiol no início

45 do tratamento ou pela administração de prostaglandina no momento da remoção do implante (BARUSELLI et al., 2002). BÓ et al., (1995) demonstraram que a associação de progesterona e estrógenos no tratamento, provoca a atresia do folículo dominante e induz a emergência de uma nova onda de crescimento folicular, com uma média de 4,3 dias após a aplicação. Da mesma forma, à aplicação de ambos os hormônios apresenta também ação luteolítica, provavelmente por aumentar os níveis de PGF2α com ação luteolítica, agindo diretamente sobre o CL, promovendo a luteólise (KESLER; FAVERO, 1996). 4.3.4.4 Prostaglandina F2α e seus Análogos Há pelo menos três décadas iniciaram-se estudos com as prostaglandinas (PG s). Inicialmente detectou-se PG s no líquido seminal de carneiros provavelmente secretados pela próstata, daí sua denominação. Os análogos sintéticos (cloprostenol, dinoprost e outros) têm sido relatados como mais potentes quando comparados com PG s naturais e, funcionam como agentes luteolíticos em vacas com CL funcional determinando prontamente a queda dos níveis de E2, desenvolvimento folicular e, pico de LH dentro de três dias. A responsividade iniciase no quinto dia do ciclo estral, aumentando até o 12 dia, e permanece em fase de platô até o 17 dia, quando se inicia a regressão espontânea pela PGF2α endógena (LARSON; BALL, 1992). Duas aplicações de PGF2α, teoricamente com intervalos de 11 a 14 dias induzem o estro em grande proporção com fêmeas ciclando, enquanto que fêmeas em anestro ou ciclando irregularmente não respondem ao tratamento. No entanto, mesmo após a aplicação de duas doses de PGF2α, tem-se observado grande variação na detecção do estro e na ovulação. Este dado indica que o tratamento com PGF2α sincroniza com eficiência o momento da luteólise e não o estágio de desenvolvimento do folículo ovulatório. Portanto, protocolos que visam utilizar a inseminação artificial em tempo fixo, apenas com a utilização de PGF2α não têm apresentado bons resultados.

46 4.3.4.5 GnRH/ PGF2α /GnRH-OVSYNCH Esse protocolo utiliza uma seqüência de GnRH, PGF2α, GnRH (para a IATF), com a finalidade de provocar a ovulação e formação de um CL ou luteinização do folículo dominante, para posterior luteólise com aplicação de PGF2α, sendo o processo ovulatório e, conseqüente, ovulação sincronizada, provocado pela segunda aplicação de GnRH (WILTBANK, 1997). Alguns trabalhos demonstram que folículos com 0,9 a 1,0 cm de diâmetro em crescimento ovulam mesmo na presença do CL funcional, com altas visíveis de progesterona (WILTBANK, 1997). PURSLEY et al., (1995) detectaram ovulação em 18 de 20 vacas (90%) e em 13 de 24 novilhas (54%) tratadas com GnRH, independentemente da fase do ciclo estral. Portanto os autores não recomendam o emprego do método ovsynch para novilhas devido à baixa resposta ovulatória do GnRH e devido ao fato de que a ausência de ovulação não sincronizar o desenvolvimento de uma nova onda de crescimento folicular. BARROS et al., (2000) e BARUSELLI et al., (2002) demonstraram que o protocolo ovsynch apresenta baixa eficiência em vacas zebuínas e em suas cruzas com animais taurinos criadas a campo e indicam o uso deste protocolo somente em rebanhos com altas taxas de ciclicidade, o que não é comum em rebanhos zebu criados nos trópicos. 4.3.4.6 CIDR-B (Controlled internal drug releasing-bovine) De acordo com Silva et al. (2007), a IATF utilizando o protocolo com CIDR-B, demonstrou uma boa eficiência na concentração de fecundação em um único dia, pois alcançou resultados próximo de 70%, o que sugere uma redução do custo da mão-de-obra na parição. Segundo Almeida et al. (2006), a eficiência da reutilização dos implantes intravaginal CIDR-B, mostrou bons resultados com o protocolo, totalizando uma

47 média de 52,7%, tanto na primeira, como na segunda e terceira utilização da progesterona. De acordo com MENEGHETTI et al. (2005), numa estação de monta de 37 dias com a sincronização da ovulação utilizando o CIDR-B, permitiu emprenhar 50,6% dos animais na IATF. Associando a observação do retorno ao cio de 18 a 24 dias, a ressincronização resultou em 69,3% de vacas gestantes por IA. Estudando alternativas para indução de atividade cíclica ovariana em vacas de corte no pós-parto, BORGES (2003), obteve 65% de prenhez com o protocolo usando CIDR-B na IATF, sendo que os bezerros sofreram desmame precoce com 75 dias. Para avaliar o efeito do protocolo de sincronização na ovulação da taxa de prenhez em vacas leiteiras mestiças mantidas a pasto no verão, GARCIA (2003), chegou ao resultado de 50% de prenhez, os quais foram influenciados pela condição corporal e a ordem de lactação. 4.3.4.7 Crestar (norgestomet) Ao avaliar a eficiência da reutilização dos implantes auriculares (Crestar ), ALMEIDA et al. (2006), alcançou um resultado mais satisfatório do que o protocolo utilizado com o CIDR, resultando em uma taxa de prenhez de 5% a mais. De acordo com MOREIRA (2002), o uso do Crestar em vacas de corte, alcançou 61% de prenhezes positivas, em vacas vazias e com bezerro ao pé, o que leva a um resultado muito satisfatório, pois as vacas encontravam-se com os ciclos desordenados. A reutilização de implantes contendo progestágenos (Crestar ) para o controle farmacológico do ciclo estral e ovulação em vacas de corte, foi avaliado por MALUF (2002), que encontrou uma média de 40% de prenhez em vacas com bezerro ao pé e solteiras, onde todas estavam com escore corporal bom, e afirmou que quando reutilizado os implantes não afeta o resultado da taxa de prenhez. O desempenho reprodutivo alcançado por BARUFI et al. (1999), quando avaliou o uso do Crestar no desempenho reprodutivo de vacas de corte com

48 bezerro ao pé, foi satisfatório, pois observou 67,8% de prenhez, o que permite afirmar a eficiência de sincronização do estro. MURTA et al. (2001) encontraram um resultado de 67% de prenhez, quando, avaliaram a taxa de prenhez em vacas nelore com a utilização do protocolo Crestar, para a sincronização do cio. 4.4 Conclusão Esta revisão bibliográfica explanou alguns pontos acerca da fisiologia reprodutiva bovina e ainda elencou algumas possibilidades de protocolos de IATF disponíveis tanto na literatura quanto no mercado. Como visto, estes diversos protocolos podem ser moldados às mais variadas situações de produção, cabendo a nós técnicos a disseminação dessas tecnologias com a responsabilidade inerente às nossas atividades. Ainda, é de suma importância, ao escolher um desses protocolos, avaliar a relação custo benefício dos mesmos para que sua implementação seja viável não só no ponto de vista produtivo mas no ponto de vista financeiro.

49 4.5 Discussão A preocupação com a implantação de tecnologia na produção animal para aumentar a produtividade, qualidade e lucratividade vem se tornando uma realidade inconteste. A demanda por técnicos e tecnologias vem crescendo dia após dia, tanto por uma regulação de mercado como por uma conscientização individual de produtores e consumidores. Mesmo sendo a aplicação das biotécnicas de reprodução uma tarefa árdua e que mobiliza uma certa quantidade de pessoas e capital em uma propriedade rural, seus benefícios são incontroversos. A prática confirmou a teoria. Minha maior realização no período do estágio foi a de constatar ser plenamente possível a implementação de tecnologias em áreas que até pouco tempo eram consideradas ermas.

50 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso de modernas tecnologias tem cada vez mais contribuído para o avanço da reprodução animal dentro da produção animal. O estágio curricular supervisionado foi muito importante, pois, sem duvida a melhor forma de aprender é praticando diariamente e enfrentando as mais diferentes situações da prática profissional. A grande quantidade de propriedades visitadas e por conseqüência o contato com uma infinidade de pessoas contribuiu para a compreensão das diferentes linhas de pensamentos acerca da produção animal.

51 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, T.B. Condição corporal e eficiência reprodutiva em vacas de corte.in: Seminário da disciplina de zootecnia do curso de mestrado em zootecnia da Ufmg 2000. Belo Horizonte. Disponível em: <http://www.cnpgc.embrapa.br>. Acesso em: 15 set. 2011. BARROS, C.M; MOREIRA, M.P.B.; FIGUEIREDO, R.A.; TEIXEIRA, A.B.; TRINCA, L.A. Syncronization of ovulation in beef cows (Bos indicus) using GnRH, PGF2α, and estradiol benzoate. Theriogenology, v.53, p. 1121-34, 2000. BARUFI, F.B.; MADUREIRA, E.H. MARQUES, A. et al. Avaliação do uso de Crestar ou CIDR-B + benzoato de estradiol, seguidos ou não pela aplicação de gonadotrifina coriônica eqüina (ECG), no desempenho reprodutivo de vacas de corte com bezerro ao pé. Rev. Soc. Bras. Reprod. Animal, v. 23, n. 3, p. 332-333, 1999. BARUSELLI, P.S. Controle farmacológico do ciclo estral em ruminantes. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Reprodução Animal, Universidade de São Paulo, 2000. BARUSELLI, P.S.; MARQUES, M.O.; CARVALHO, N.A.T.; MADUREIRA, E.H.; CAMPOS FILHO, E.P. Efeito de diferentes protocolos de inseminação artificial em tempo fixo na eficiência reprodutiva de vacas de corte lactantes. Rev. Bras. Reprod. Animal, v. 26, p. 218-221, 2002. BARUSELLI, P.S.; MARQUES, M.O.; NASSER, L.F.; REIS, E.L.; BÓ, G.A.; Effect of ecg on pregnancy rates of lacting zebu beef cows treated with cidr-b devices for timed artificial insemination. Theriogenology, v.59, p.214, 2003. BARUSELLI, P.S.; AYRES, H.;SOUZA, A.H.; MARTINS, C.M.; GIMENES, L.V.; TORRES JR, J.R.S. Impacto da IATF na eficiência reprodutiva em bovino de corte. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE REPRODUÇÃO ANIMAL APLICADA