Acordam no Tribunal da Relação do Porto I.INTRODUÇÃO:



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Transcrição:

PN2555.05-5;Ap:Tc.P.Ferreira,2J (434.99) Ap.es: Maria Manuela Teixeira Gonçalves, 1 Casais, Carvalho, Celorico de Basto, [rep: Nelson Rafael Gonçalves Ferreira, Hévio José Gonçalves Ferreira, fil.s men], CNP, campo grande, 6, 1700 Lisboa 2, CRSSN, rua António Patrício, 262, Porto 3 Ap.os: Habitâmega, Construções SA., Àgua Nova, Figueiró, Amarante José Manuel Lemos, Água Nova Figueiró, Amarante António Silva Carvalho, 4, Nora, Mancelos, Amarante; Armando Adão Carvalho CC Maria Helena Martins Teixeira, Minhoteira, Refontora, felgueiras Acordam no Tribunal da Relação do Porto I.INTRODUÇÃO: (1) A ap.e. insurge-se contra a absolvição do pedido: condenação dos RR a pagarem-lhe e aos filhos menores uma indemnização no montante de 244 410,97, e os juros desde a citação, fundada em responsabilidade civil extra contratual decorrente de acidente de trabalho. (2) Da sentença recorrida: (a) O porta paletes que atingiu Adriano de Jesus Ferreira e provocou a sua morte caiu porque o anel destinado ao encaixe no gancho da grua foi colocado na extremidade de fora do contrapeso destinado a mantê-lo no lugar, portanto não em virtude de uma qualquer deficiência [desta], designadamente do sistema de segurança do seu gancho. 1 Adv: Dr. Rui Pedro Pacheco, rua Alfredo Meireles, 1 Raimonda, Paços de Ferreira. 2 Adv: dr. António Vences, Av. João Crisóstomo, 67-5º, 1050 Lisboa. 3 Adv: Dr. Miguel Trindade, Av. da Boavista, 1256, Porto. 4 Adv: Dr. Paulo Rebelo, Av Doutor Ribeiro Magalhães, 4610 Felgueiras. 1

(b) E não obstante a responsabilidade pela verificação do gancho da grua, e do cumprimento das regras de segurança dele caber aos RR José Lemos e António Carvalho, atento o motivo que determinou a queda do porta palete, em nada relacionado com questões de segurança do dito gancho, mas respeitante a uma outra actividade cuja execução lhes não competia, não podem ser responsabilizados e qualquer forma pela queda. (c) Deste modo, também a R Habitãmega o não pode ser, quer como comitente, já que aqueles dois RR, enquanto seus comissários, não são responsáveis, artº 500 CC, quer mesmo como proprietária da grua, uma vez esta não ter sido derivado o acidente de mau funcionamento desta. (d) Sendo certo que nem será de ter como comitente em relação ao subempreiteiro, Armando Adão carvalho: o contrato pressupõe a autonomia, não havendo entre as partes, empreiteiro e subempreiteiro, subordinação e obediência a ordens. (e) Este último, era a quem cabia a execução das cargas e descargas em curso, tendo como empregados quer os RR José Lemos e António Carvalho, quer a vítima. (f) Nestes casos podem confluir responsabilidades, quando o acidente de trabalho seja também provocado por terceiros, nos termos das Bases XVII e XXXVII, Lei 2127, 65.08.03. (g) Porém, neste caso, não resultou apurada a existência de culpa do empregador, nomeadamente através da violação das regras de segurança no trabalho. (h) E para além do mais, sendo responsável pela causa do acidente aquele que colocou o anel do porta paletes no gancho da grua, algum dos trabalhadores de Armando, companheiro de trabalho da vítima, contudo não pode ser tido como representante da entidade patronal: delegado em poderes de mando, direcção e fiscalização. (i) Trata-se este de conceito diferente do de companheiro da vítima 5 e o acidente ocorreu unicamente por acção de algum destes. 5 Citou Vítor Ribeiro Acidentes de Trabalho, Reflexões e Notas Práticas, p.232. 2

(j) Logo, não é possível responsabilizar civilmente qualquer dos RR ou o interveniente. II.MATÉRIA ASSENTE: (1) 96.11.26, 14.30h, Paços de Ferreira: Adriano de Jesus Ferreira encontravase a trabalhar na construção da obra PaçoShoping, Av, 1º de Dezembro com a Rua Tem. Leonardo de Meireles, como trabalhador subordinado de Armando Adão Carvalho. (2) Nessa obra operava uma grua, manobrada pelo R. António da Silva Carvalho. (3) Transportava paletes de abubadilhas de um camião estacionado para outra zona da obra. (4) No momento em que o manobrador da grua procedia ao retorno do porta paletes descarregado, em direcção á camioneta, mais concretamente quando já havia elevado a cerca de 17m o cabo onde este estava amarrado, e dado inicio ao movimento de rotação, desprendeu-se do gancho: em queda livre atingiu Adriano de Jesus ferreira, no solo, determinando-lhe morte imediata. (5) O anel do porta paletes, destinado ao encaixe no gancho da grua, por ter sido colocado na extremidade, fora do contrapeso que serve para manter no lugar, soltou-se, e foi lançado no espaço. (6) A R. Habitâmega celebrou com Armando Adão carvalho um contrato de subempreitada, reduzido a escrito, 96.05.21, relativamente á obra PacoShoping, para carga e descarga de todos os materiais a utilizar nos trabalhos de execução das fundações e das láges dos pisos e tectos. (7) No âmbito deste contrato, estipularam a responsabilidade de Armando Adão carvalho por esse tipo de tarefa. (8) Mas pela circunstância deste ultimo não possuir grua e não ter ao seu dispor um gruista, no âmbito do contrato celebrado entre as partes e para execução das tarefas que lhe foram cometidas, aquela R. cedeu-lhe a grua e disponibilizou-lhe um manobrador, R António da Silva Carvalho. 3

(9) Tarefa de encaixar os porta paletes no gancho da grua e da observância das regras de segurança relativamente a cada encaixe pertencia aos funcionários do subempreiteiro que se encontrava no solo. (10) O manobrador da grua trabalhava a 35m de altura e o comprimento da lança era de outro tanto. (11) Os RR. não tinham qualquer autoridade, poder de direcção ou poder disciplinar sobre os trabalhadores de Armando Adão Carvalho, a quem competia encaixar os porta paletes no gancho da grua, para o transporte em causa, em conformidade com o contrato de subempreitada. (12) Na realização das cargas e descargas, o gruísta trabalhava sob ordens, direcção e fiscalização do sub empreiteiro, Armando Adão Carvalho, mas recebendo o salário da parte de Habitâmega. (13) Na determinação do preço da subempreitada foi levada em linha de conta a cedência da grua e do respectivo operador. (14) Eram os trabalhadores que em cada momento, no solo, executavam as tarefas de carga e descarga quem dava as ordens ao operador da grua, lhe indicavam aos locais das operações e orientavam as manobras a levar a cabo. (15) O gancho da grua dispõe de uma patilha de segurança com uma mola de pressão de dentro para fora, impedindo que o anel ou o cabo engatado se solte, tornando-se indispensável que alguém a precione para o interior do gancho a fim de soltar o que quer que lá esteja preso. (16) Sobre o R. José Manuel Lemos, enquanto responsável técnico da obra, e sobre o R. António da Silva Carvalho, enquanto manobrador da grua, impendia o dever de verificar se o gancho na extremidade do cabo satisfazia as regras de segurança inerent6es ao seu bom funcionamento. (17) A R. Habitâmega, é uma empresa de construção civil. (18) Armando Adão Carvalho é empreiteiro da empresa de construção civil em nome individual e é com os lucros dessa actividade profissional que provêm ao seu sustento e do seu agregado familiar. (19) A primeira A. é viúva de Adriano de Jesus Ferreira; Nelson e Hélvio Ferreira são filhos do casal. (20) Adriano nasceu em 70.08.30. (21) Nelson e Hélvio nasceram em 93.07.01 e 96.08.02, respectivamente. 4

(22) Com a morte de Adriano, amantíssimo marido e pai, a A. e os filhos sofreram um profundo abalo moral, que ainda hoje subsiste e subsistirá enquanto forem vivos. (23) Á data do acidente, Adriano era robusto e saudável, com grande apego ao trabalho e gosto pela vida. (24) Exercia funções específicas na construção civil como carpinteiro e auferia a remuneração média de 2,74/h., trabalhando em média 10h por dia, no Inverno, de 11h por dia, no Verão, de 2º a 6º feira. (25) Tal rendimento era o único sustento do agregado familiar da vítima. (26) Adriano de Jesus Ferreira era beneficiário nº 132089413 da Segurança Social Portuguesa. (27) CNP. Pagou aos AA. a título de subsídio por morte e pensões de sobrevivência, no período compreendido entre 12.96 e 07.03, o montante global de 8435,76, sendo 2076,75 de subsídio por morte e 6359,01 de pensões de sobrevivência. (28) CNP. Continuará a pagar de futuro á viúva e filhos de Adriano de Jesus Ferreira, enquanto estes se encontrarem nas condições legais, uma pensão mensal de Pte: 19 560$ 00 para Maria Manuela, de Pte 4089$00 para Nelson e de Pte 5100$00 para Hélvio, incluindo 13º e 14º meses. (29) Em consequência do óbito de Adriano, CRSSP pagou a Maria Manuela, a titilo de subsídio de funeral, o montante de Pte 27 740$00. III. CLS/ ALEGAÇÕES: (a) Aquando da eclosão do acidente em apreço, o manobrador da grua procedia ao retorno do porta paletes, após a descarga, em direcção ao camião que descarregavam, ou seja, já havia feito, pelo menos, uma manobra de carga e outra manobra de descarga. (b) Tendo em conta este dado assente, em cada acto de carga e descarga, o anel do porta paletes não é, porém, desengatado, só o sendo quando a grua é necessária para qualquer outra tarefa, ou seja, o porta paletes, enquanto durava a manobra de descarregamento do camião não foi desengatado do gancho da grua. 5

(c) E uma vez que a grua já havia efectuado, pelo menos, uma manobra de descarga de abubadilhas, o anel do porta paletes teria, pois, de se encontrar permanentemente engatado. (d) O anel do porta paletes, ao contrário das respostas a Q3 e Q4, não poderia ser colocado na extremidade do gancho: a colocação do anel no gancho da grua é levada a cabo no inicio da operação de descarga dos materiais a transportar; Só é retirado no final: só por razões de falha de segurança do gancho da grua aconteceu o acidente. (e) Entretanto, não obstante estar cometida aos trabalhadores do solo a obrigação de orientarem as manobras de carga e descarga e competir-lhes encaixar os portas paletes no gancho da grua, sucede que era sobre o responsável técnico da obra e sobre o manobrador da grua que impendia o dever de verificar se o gancho satisfazia as regras de segurança, facto que indubitavelmente se não verificou. (f) Assim, tendo presente que era ao R. José Lemos, enquanto responsável técnico da obra, e ao R. António Carvalho, enquanto manobrador da grua, que cabia verificar se o gancho, na extremidade do cabo, satisfazia as regras de bom funcionamento, teriam de ser responsabilizados pelas consequências do sinistro, juntamente com a R. Habitâmega, na qualidade de dona da máquina: os requisitos legais estão totalmente preenchidos. (g) Ao mesmo tempo, as regras de experiência e de vivência comum, dizemnos que é inviável, sob o ponto de vista técnico a solução apresentada pelo Tribunal para a queda do porta paletes: um anel cai da extremidade do gancho de uma grua ao menor movimento, mormente de rotação e mesmo quando suporta um porta paletes vazio. (h) Resulta depois da matéria assente e da sentença recorrida que o porta paletes caiu porque o seu anel destinado ao encaixe do gancho da grua, foi colocado na extremidade deste, fora do contrapeso, destinado mantê-lo no lugar, e por isso se soltou, espaço fora. (i) Por conseguinte, não em virtude de uma qualquer deficiência da própria grua, em particular, do sistema de segurança do gancho. 6

(j) Ora, estamos aqui perante uma contradição interna e insanável da matéria assente 6. (k) Na realidade, são-nos apresentados dois sistemas de segurança do gancho da grua: um de patilha, outro de contrapeso, contraditórios. (l) Em fim, tanto que se encontra assente ser dotado o gancho da grua de uma patilha de segurança com mola de pressão de dentro para fora, não podia ter sido dado como provado que o anel do porta paletes tinha sido colocado de fora do contrapeso destinado a mantê-lo no lugar. (m) Daí que a sentença recorrida tenha infringido o artº 483/1 CC. (n) Deve ser revogada e substituída por acórdão que condene os RR. ou que mande repetir o julgamento. IV. CONTRA ALEGAÇÕES: (1) São duas as questões que a Ap.e. suscita: (i) se existe responsabilidade civil de algum dos RR, face à matéria assente; (ii) se existe contradição insanável na matéria de facto dada como provada. (2) Não lhe assiste qualquer razão, devendo ser inteiramente mantida a sentença em crise. (3) Em primeiro lugar, a Ap.e. faz por duas vezes, uso de matéria dita assente que não está: não pode ser utilizada. (4) Na verdade, alega: (i) em cada acto de carga e descarga, o anel do porta paletes não é desengatado; (ii) o gancho da grua que suportava o anel do porta paletes não se encontrava em condições de segurança: não ficou provado. (5) Desconsiderados estes factos, que são premissas basilares da impugnação da sentença, o recurso tem de soçubrar; (6) E é seguramente entendimento exorbitante afirmar que segundo as regras da vivência e experiência comuns, se impõem aquelas duas conclusões de facto. 6 Vd. II (5) e II (15) 7

(7) Mais além, para defender a contradição interna da matéria assente, volta a Ap.e. a alegar matéria que não ficou assente: estamos perante dois sistemas de gancho da grua incompatíveis. (8) Ora, sobre tal circunstância, temos que dizer ser desconhecido esse facto de ser antagónica a afirmação da existência de uma grua com sistema de contrapeso e de patilha de segurança com mola, aliás como todos os pormenores dos tipos de gruas e seus modos de funcionamento, conhecimentos que não são comuns; logo, deveriam corresponder especificamente a matéria provada, que não o foi. V. RECURSO: Pronto para julgamento nos termos do artº 705º do CPC. VI. SEQUÊNCIA: (a) Impressionam sem dúvida os argumentos da recorrente no que diz respeito á contradição entre respostas a Q3 e Q4, as quais apontam para a queda do empilhador de paletes, transportado pela grua, a partir de um erro humano, dos trabalhadores do solo, quanto ao prendimento do anel no gancho, que teria ficado numa extremidade, sem contrapeso, e o que resultou logo da matéria assente no saneador, quanto ao sistema de segurança desse mesmo gancho montado na grua: mola de pressão de dentro para fora; 7 (b) Na verdade, este sistema parece excluir uma extremidade contrapesada: haverá que repetir a prova para avaliar, com segurança, a causa do desprendimento, através de perícia, diligência que cabe de oficio no julgamento, visto o artº265º/3 CPC, (c) Ora, perante esta, quando menos, ambiguidade do provado, colocada sob a égide do artº 712º/4 CPC, não pode ajuizar-se das responsabilidades coenvolvidas na produção do sinistro, o que o mesmo é dizer ter de ficar diferida a sentença. 7 E certo que foi presente na audiência o gancho da grua no qual se encaixava o porta paletes, constando da acta, 03.10.20, fl. 160, que foi inspeccionado, verificando-se a sua forma de funcionamento e os seus componentes, e designadamente o seu sistema de fecho por uma patilha, sem qualquer mola.contudo, apenas foi observado e não examinado por peritos, a quem poderia ter sido pedido que estimassem a causa do desprendimento. De qualquer modo, não foi dada solução ao problema de a observação do gancho na Audiência afinal contrariar matéria, em princípio, fora da agenda dos debates, muito embora se compreenda a relevância que lhe foi dada na condução do julgamento, tendo em vista o preceito legal que, todavia, vai ser convocado no seguimento da presente reapreciação do caso: artº265º/3 CPC. 8

(d) Com efeito, a dialéctica de contraponto - desprendimento súbito/ meia manobra executada - sendo que a outra meia é de repetição, não basta, na dúvida que instala, para excluir a hipótese do erro humano do pessoal do solo. (e) Portanto, vistos os artigos de lei, supra citados, vai anulado o julgamento da matéria de facto para que se averigúe e fique claro o modo de ocorrência do desprendimento do porta paletes fatal, através, de perícia oficiosa, mais avisada, que não excluiu todavia as reinquirições, se se mostrarem bastantes. VII. CUSTAS: por quem vier a sucumbir. 9